Literatura
Coletânea “Antinegritude” é lançada na Katuka Africanidades dia 22
Os pesquisadores Osmundo Pinho (UFRB), Luciane Rocha (Universidade do Texas/EUA), Carla Matos (UERJ) e Beatriz Giugliani (UFBA) estarão na Katuka Africanidades (Praça da Sé) dia 22 de setembro, às 19h. O encontro é para lançar a coletânea Antinegritude: O Impossível Sujeito Negro na Formação Social Brasileira, organizada por Osmundo e João H. Costa Vargas (Universidade/Texas). A obra integra a coleção UNIAFRO, que reúne 22 obras organizadas por pesquisadores (as) de diversos estados e países. A coleção tem como tema central a Lei nº 11.645, que torna obrigatório o ensino de História, Cultura Afro-brasileira e Indígena nas escolas de educação básica.
No livro, o leitor vai encontrar textos reunidos nessa coletânea abordam o sobre RAP dos Racionais MC’s e o pagode baiano; a “sujeição criminal” na favela e a luta das mães que perderam seus filhos para a violência no Rio de Janeiro. Além isso, os autores escreveram sobre a escola pública e a reprodução das desigualdades de raça e gênero no Recôncavo Baiano; as categorias raciais no MST, a produção teatral negra e as politicas raciais de patrimônio no “berço do samba” carioca; as representações da masculinidade no filme Cidade de Deus e o significado do “rolezinho”. Conheça abaixo os autores.
Osmundo Pinho
Professor no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais e no Mestrado Profissional em Historia da África, Da Diáspora e dos Povos Indígenas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia; e no Programa de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos da Universidade Federal da Bahia.
Luciane Rocha
Doutora em Antropologia Social e Estudos da Diáspora Africana pela Universidade do Texas em Austin (2014). Pesquisadora de pós-doutorado no NEPP-DH/NECVU/UFRJ. Pesquisadora do Núcleo de Estudos sobre a Violência na Baixada Fluminense da UFRRJ.
Carla Mattos
Pós-doutoranda no Instituto de Estudos Sociais e Políticos – IESP UERJ (2016) e no Na Margem – Núcleo de Etnografia Urbana da UFSCar (2015). Doutora em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro com apoio da FURS – Fundation for Urban and Regional Studies.
Beatriz Giugliani
Doutoranda do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Coordenadora de campo do Projeto “Brincadeira de Negão”: Subjetividades e Identidade de Jovens Homens Negros na Bahia.
Literatura
Escritora Aislane Nobre lança livro “Jimú: Memória das Águas”
A escritora itaparicana, Aislane Nobre, lança o livro “Jimú: Memória das Águas”, dia 9 de novembro (sábado), às 14h, na Casamendoeira, localizada no Povoado do Cruzeiro, sede da Andarilha Edições, editora da publicação. A casa que é um borrar de memórias ancestrais será espaço para o espiralar de histórias, escritas da oralidade familiar, dos olhos que escutam, dos ouvidos que sentem. Contos vividos a partir das andanças pelos caminhos encantados das ruas da Ilha de Itaparica.
A obra, que será distribuída gratuitamente no evento e em instituições culturais e educacionais do Recôncavo da Bahia, se baseia nas memórias de Edith Nobre, que desde a infância vivencia os mistérios da religiosidade afro-brasileira e é inspiração para a personagem principal, a menina Jimú. O livro oferece ao leitor uma imersão nas tradições religiosas afro-brasileiras – orixás e egunguns.
As narrativas – que capturam a rica conexão espiritual e cultural familiar – foram escritas e ficcionadas pela artista visual Aislane Nobre, sua sobrinha e, vez por outra, testemunha ocular dessas andanças ficcionadas. “As histórias de Jimú fazem parte de quem eu sou. A história da Blusa Bordô, por exemplo, aconteceu comigo. E muitas vezes sou Jimú, pois o livro foi construído a partir das memórias de minha tia e das minhas’’.
Distribuição
Além da Ilha de Itaparica e do Povoado do Cruzeiro, “Jimú: Memória das Águas” também será lançado no dia 13 de novembro, às 15h, no Museu Afro-Brasileiro da Universidade Federal da Bahia (MAFRO/UFBA), em Salvador. Aislane lança o livro também em Paulo Afonso, em três datas diferentes, dias 18, 22 e 23 de novembro, ambos às 09h, no Colégio Democratico Quiteria Maria de Jesus, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – IFBA e no Instituto SER TÃO Cultural – Povoado Juá, respectivamente.
Nesta primeira edição impressa, revisada e ampliada, o livro conta com 22 textos. A escritora disponibiliza ainda 10 vídeos que narram algumas das histórias presentes no livro, que podem ser acessados no site oficial do projeto e no YouTube, com áudio e tradução em Libras, ampliando a experiência de leitura para um público mais inclusivo.
A edição conta com a apresentação de Juliana Piauí, o prefácio de Cléo Martins, diagramação de Thais Mota e Andréia Silva, capa e grafismos de Tassila Custodes, e ilustrações de Ludmila Mendes de A. Nobre, Nathália Nobre da Silva, Luiza da S. Nobre, Isabelle Mendes de A. Nobre, Maria Júlia Nobre da Paixão e Aislane Nobre e posfácio de Edith Nobre e Maisa Paulo. Vale pontuar que, após os lançamentos, o livro será vendido no site www.universojimu.com.br.
Nascida na Ilha de Itaparica, Aislane é uma artista visual, escritora e candomblecista, cujas obras são profundamente influenciadas pela espiritualidade e tradição afro-brasileira. Atualmente realiza seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV-UFBA). Em sua atual pesquisa, intitulada “Ewás, uma poética da transformação: cor da pele e afetividade de uma família inter-racial no processo criativo contemporâneo”, investiga questões de cor e afetividade, utilizando como base a cosmovisão Yorubá.
O projeto de lançamentos de “Jimú: Memória das Águas” foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022.
Serviço:
O quê: Lançamento “Jimú: Memória das Águas”, da escritora itaparicana Aislane Nobre
Quando: 9 de novembro, às 14h
Onde: Casamendoeira, Povoado do Cruzeiro
Entrada gratuita, com distribuição de livros
Mais informações: @universojimu
Literatura
Escritora baiana Fabiana Cardeal estreia com livro infantil
A psicóloga e pedagoga baiana, Fabiana Cardeal, define “com muita ousadia” sua estreia como escritora. Mãe de João Pedro, de 3 anos, é especialista quando o assunto é protagonismo negro. Através da literatura, a educadora resgatou sua criança interior e escreveu seu primeiro livro: ‘Era uma vez uma menina preta’. Aos 41 anos, a autora colocou no papel sua essência ao trazer Bia, uma menina sonhadora que tinha muitas ambições desde pequena.
Ressaltando o protagonismo negro em sua primeira obra, Fabiana anseia seguir escrevendo novas histórias com representatividade para os pequenos. “Adoro ver o brilho no olhar das crianças ao se identificarem com Bia. Depois que escrevi o livro, percebi que me tornei uma inspiração para meus alunos e isso me alegra constantemente. Fazer com que o público infantil negro se identifique através da minha escrita virou uma grande realização de vida”, celebra a autora.
Egressa de escola pública, Fabiana Cardeal fez duas graduações simultaneamente, uma no período da manhã e outra no turno da tarde. Formada em Psicologia pela FTC e Pedagogia na Universidade Estadual da Bahia (UNEB), trabalha atualmente unindo as duas formações – psicologia e pedagogia – para atender crianças com necessidades especiais na Escola Municipal Ana Maria Alves dos Santos, localizada em Feira de Santana, na Bahia. “Sempre soube que uma profissão andava de mão dada com a outra. Meu maior desafio trabalhando no âmbito escolar e psicopedagógico é poder acolher não só as crianças, mas também as famílias”, pontua.
A literatura é mais um caminho de fortalecimento desta mensagem. “A vida tem muitas batalhas, mas também abre um portal para infinitas possibilidades”, sinaliza a escritora, lembrando que a menina Bia sabe que o caminho não é fácil, mas segue costurando sonhos e, nesse caminhar, percebe que podia ser o que desejasse e ir aonde o sonho a levasse.
A importância da representatividade
As imagens de personagens negras no cenário cultural brasileiro e mundial sempre foram tratadas em segundo plano. Desde princesas da Disney até livros e contos clássicos, a supremacia dos brancos era quase unanimidade. Mas, poupo a pouco, essa história vem mudando. “E as crianças pretas estão amando se ver em livros, contações de história, em bonecas”, comemora a escritora.
Quando pequena, Fabiana Cardeal já entendia o significado da luta que enfrentaria só por ter nascido com pele retinta. “A principal mensagem que quero passar com este meu primeiro livro é a de que os nossos sonhos podem ser alcançados. Não estou dizendo que a trajetória para nós negros será fácil, mas quero enfatizar que podemos inspirar uns aos outros. Se eu consegui, certamente outras crianças negras também conseguirão”, reflete a autora.
Serviço:
O quê: Lançamento do livro Era uma vez uma menina preta (Editora Usina de Textos)
Quanto: R$ 40,00 (pode ser adquirido no Instagram da autora ou no Mercado Livre)
Literatura
Estudantes da rede pública se revelam futuros escritores na Flica 2024
O destaque da tarde do último sábado (19) na Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica 2024) foi o Sarau Literário Casa do Governo, fruto de um projeto estruturante da Secretaria de Educação (SEC), o TAL (Tempos de Arte Literária), pelo qual estudantes do Ensino Médio produzem textos orientados por um professor e participam de uma seletiva anual que tem culminância num encontro de estudantes. A programação contou com uma efervescência estudantil que jogaram luz aos projetos de secretarias estaduais voltados a duas grandes bases transformadoras da sociedade: educação e cultura.
No caso das escolas pertencentes ao núcleo de identidade territorial do Recôncavo, esse encerramento ganhou um palco na FLICA desde a edição do ano passado, e o resultado são estudantes protagonizando momentos antes nunca sonhados, em que suas performances musicais e criações literárias ganham voz num dos maiores eventos literários do Brasil com plateia lotada.
“Estou muito nervosa e feliz. Vou mostrar um poema falando sobre as memórias póstumas de Clodoaldo Brito, que foi um filho de Salinas das Margaridas, onde eu moro. Foi compositor, fez várias obras, várias coisas e marcou Salinas. Escrever ajuda a me expressar, porque coloco para fora uma coisa que fica dentro do meu peito”, revelou a estudante Deyliane Marinho, 16 anos, que cursa o segundo ano do Colégio Estadual de Tempo Integral de Salinas das Margaridas.
“Trouxemos vários estudantes de todas as escolas do Recôncavo para oportunizar a participação deles que vêm produzindo textos de vários gêneros literários com orientação dos seus professores, que também estão aqui para esse momento esperado”, conta o coordenador de Execução e Logística na Superintendência de Políticas para a Educação Básica da Secretaria de Educação (SEC), Alexandre Santana (Xandão).
A estudante Fabiane Ramos, 17 anos, do Colégio Estadual Nossa Senhora da Conceição, em Varzedo, foi selecionada pelo projeto TAL e se preparava para recitar seu poema sobre a força das mulheres negras. “É uma emoção muito grande fazer parte desse evento e mostrar um poema que fala sobre mulheres negras. Eu senti um desabafo quando escrevi ele. Não é de hoje que as mulheres negras pedem socorro, né? Eu passei uma situação muito complicada, desabafei através desse poema e isso melhorou bastante o meu psicológico. Quem sabe um dia eu esteja aqui lançando um livro?”, apostou Fabiane.
Professores que inspiram
A professora de Linguagens Ana Patrícia Giffoni, do Colégio Estadual João Cardoso dos Santos, em Valença, estava acompanhando seus alunos e também lançando seu livro, “Em Todo Azul do Mar”. “Isso aqui é uma vivência incrível, principalmente para estudantes que moram aqui no interior, que não têm muita oportunidade de conhecer outras coisas, não têm muitas possibilidades. De repente, vir para cá e ter todo esse evento de graça, chegar perto de escritores e também mostrar o que escreveram, vivendo tudo isso, é fantástico para eles. Eu adiei muito tempo até me sentir pronta para lançar meu livro. Quem sabe eles não possam estar preparados para isso bem antes?”, pontua ela.
Casa do Governo
Na edição 2024 da FLICA, o espaço contou com a participação 15 secretarias e vinculadas que mesclaram suas atividades com ações colaborativas e acesso gratuito. “O desafio de montar esse quebra-cabeça foi intenso e muito satisfatório. Não tenho dúvida que a arte, a cultura, em todas as suas nuances, são agentes transformadores e, sobretudo, têm a capacidade de salvar vidas”, realçou a produtora cultural Flávia Motta, curadora da Casa do Governo na FLICA 2024.
FLICA – Na edição 2024 da FLICA, os principais espaços são a Tenda Paraguaçu, Fliquinha e Geração Flica, além da programação artística, dividida entre o Palco Raízes e o Palco dos Ritmos. Todos os espaços têm indicação etária livre e contam com acessibilidade, tradução em libras e audiodescrição. A curadoria da FLICA é formada por Calila das Mercês, Emília Nuñez, Deko Lipe e Linnoy Nonato. A Coordenação Geral é assinada por Vanessa Dantas, CEO da Fundação Hansen Bahia.
A 12ª FLICA é uma realização da Fundação Hansen Bahia (FHB), em parceria com a Prefeitura de Cachoeira, LDM (livraria oficial do evento), CNA NET (internet oficial do evento) e conta com o apoio da Bracell, ACELEN, Bahiagás, Governo do Estado da Bahia, através da Bahia Literária, ação da Fundação Pedro Calmon/Secretaria de Cultura e da Secretaria de Educação, Caixa e Governo Federal.