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Opinião

ABRAM ALAS

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Criatividade, tecnologia, coragem, ousadia, sensibilidade, quando articuladas com inteligência e maestria se transformam em palavras poderosas para atrair e difundir ideias, também poderosas, sobre a arte de viver numa cidade periférica do terceiro mundo, impregnada de preconceitos. E se essas palavras estiverem temperadas com o sabor da luta pela igualdade, da firmeza no combate às discriminações e da defesa da liberdade de expressão, em todas as suas dimensões, aí deixam de ser meras palavras ou sonhos de uma noite de verão e passam a ocupar nosso cotidiano como um poderoso bálsamo a curar as nossas feridas e indicar novos caminhos.

Assim percebi o surgimento do SoteroPreta – Portal AfroCultural de Salvador. Novos tempos exigem novas formas, novos conteúdos, novos talentos, para que enfrentemos o desafio diário da sobrevivência com dignidade e sabedoria numa cidade chamada Salvador. Até porque, viver Salvador não é fácil, ainda mais se for jovem e preta, mais ainda se for jovem, preta e ousar ser cidadã. Se quiser ser dona do seu nariz, do seu corpo, dos seus desejos e de suas vontades… Aí, viver Salvador será muito mais que um experimento rico, instigante e desafiador, como gostam de afirmar os literatos. Será algo extremamente perigoso.

Mas, se “viver é não ter a vergonha de ser feliz”, teremos que estar atentos e fortes, para brigarmos de forma criativa, serena, firme e inteligente. Pois, se é verdade que esta cidade de Oxum, cantada em prosa verso por poetas, seresteiros e batuqueiros, encanta a todos que a conhecem, também é verdade que nela lateja a intolerância, viceja a violência, e campeia a discriminação.

Portanto, abram alas para as soteropretas, pois a arte, a cultura, a inteligência e a liberdade quer passar.

Toca a zabumba que a terra é nossa!

Zulu Araújo é natural de Salvador, militante do movimento negro do Brasil, possui trajetória marcada por trabalhos de promoção, pesquisa e divulgação da Cultura Negra, experiência adquirida na gestão de diversos eventos culturais no país e no exterior. Foi presidente da Fundação Cultural Palmares (2007-2010) e, em 2015, assumiu a Fundação Pedro Calmon, vinculada à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.

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#Opinião: O sentido oculto da sexta-feira 13 – Por Januário

Ana Paula Nobre

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januario
Foto: Divulgação

Em 13 de outubro de 1307, Filipe IV, rei da França, ordenou que os Cavaleiros Templários fossem presos, sob a acusação de heresia. A maioria dos membros desta ordem foi para a fogueira, entre eles, o grão-mestre Jacques de Molay. Ante a morte, de Molay lançou uma maldição sobre a linhagem de Filipe IV: todos os seus três filhos homens morreriam, o que viria a se concretizar, ao longo de 13 anos seguidos.

Na mitologia nórdica, vemos Loki, o 13º deus adentrar ao banquete em Valhalla, morada dos deuses, sem ser convidado. Ardiloso, ele incita seu irmão Hoder, que era cego, a matar Balder, um deus amado por todos. Igualmente ardiloso foi Judas Iscariotes, que, de acordo com o relato bíblico (Mateus 26), trai Jesus por 30 moedas de prata, valor pago para comprar uma pessoa escravizada, de acordo com a Lei Mosaica (Êxodo 21:32). Judas também era a 13ª pessoa presente na Última Ceia, haja vista, os 11 apóstolos estarem ao lado de Jesus, quando Iscariotes come o pão dado pelas próprias mãos do Mestre.

Tanto os eventos históricos, quanto aqueles narrados pelas tradições religiosas, deixaram uma profunda marca cultural no Ocidente: a sexta-feira 13 é considerado um dia amaldiçoado, em que precisamos estar mais atentos a possíveis ataques espirituais. Contudo, a Numerologia nos oferece outra perspectiva: o número 13 é formado por 1 e 3, que, respectivamente, simbolizam a coragem e a iniciativa, a autoconfiança e a liberdade. A soma desses números resulta em 4, símbolo da estabilidade, em contraposição ao azar. Por sua vez, encontramos A Morte, na Carta 13 do Tarot; longe de ser um símbolo negativo, esse arcano indica o necessário fim de um ciclo e a abertura de outro. Devemos deixar o passado para trás, a fim de iniciar um novo estágio em nossas vidas.

Um dia de passagem abençoado pela Espiritualidade, a sexta-feira 13 nos oferece a oportunidade de recomeço, de vivificação de novos projetos. Para quem busca A Verdade, é uma excelente ocasião de se conectar com O Todo, intrínseco e universal. Desfrutemos desse ponto de virada, com a mensagem do Grande Avatar da Era de Peixes. Ela caminha pelas águas do nosso ser: “Quem nasce de pais humanos é um ser de natureza humana; quem nasce do Espírito é um ser de natureza espiritual” (João 3:6 – Nova Tradução na Linguagem de Hoje).

Armando Januário dos Santos é Trabalhador da Luz, Mestre em Psicologia, Psicólogo (CRP-03/20912) e Palestrante. Contato: (71) 98108-4943 (WhatsApp).

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#Opinião: O que falta para existir R4cism0 R3vers0: Um breve histórico para o letramento racial – Por Aline Lisbôa

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Aline Lisbôa
Foto: Divulgação

Combater o racismo no Brasil, é diariamente ter que falar o óbvio, e nessa missão, por vezes, desmistificar o conceito de que o racismo neste país, que vendeu, matou e escravizou pessoas negras, é apenas um preconceito contra a raças — seja ela qual for–. O fato, é que o pacto do grupo opressor, conhece o lugar que subverte a opressão de um povo em emancipação, O LUGAR DA LUTA, e por isso, dissemina a não existência de um protagonismo negro nessa luta que é nossa.

Um breve histórico da construção social do racismo estrutural, pode explicar, o que falta, para a suposta existência de um racismo contra br4nc0s no Brasil.

O racismo se estabelece através do conceito de raça, que surge para classificar grupos naturalmente contrastados. Na história da ciência, esse termo serve para a classificação de determinados grupos da zoologia e da botânica, com a finalidade de contrastar categorias maiores subdivididas em categorias menores, em seguida subcategorias e assim por diante, conforme os estudos de Kabengele Munanga (2003).

Munanga ainda afirma, que para toda classificação, é necessário utilizar critérios de diferenças e semelhanças, assim, no século XVIII, a cor da pele foi utilizada como critério de divisão em raças e no século seguinte, outros critérios como forma do nariz, lábios, formato do crânio, foram utilizados para aperfeiçoar essa classificação. Entretanto, sabe-se que essa classificação não se limitou apenas às características físicas e sim a utilização destas como forma de hierarquização, estabelecendo uma relação desvinculadas entre o biológico e as qualidades morais, intelectuais e psicológicas, decretando desta forma a raça branca como superior à raça negra. Isso justificou a colonização e o imperialismo das nações europeias sobre outras sociedades humanas, fenotipicamente, diferentes, sobretudo as pessoas indígenas nas Américas e as negras do continente africano.

Assim, muito além dos traços físicos de determinado grupo, o conceito de raça exprime a ideia de que esse grupo e seus traços culturais, religiosos, linguísticos, etc. são naturalmente inferiores aos “traços brancos”, além disso, a ideia de que características biológicas, são capazes de explicar as diferenças morais, psicológicas e intelectuais entre as raças foi uma teoria que teve muito prestígio no século XIX, chamada racismo científico, difundido no Brasil por figuras como Raimundo Nina Rodrigues e Sílvio Romero.

Ainda que se tenha o contexto histórico vergonhoso da branquitude do Brasil, que pode ser ilustrado nas teorias de Nina Rodrigues, mostrando o nível de brutalidade “incivilizada”, do suposto povo superior e civilizado, esta hierarquia do conceito de raça segue elegendo a esta branquitude, como superior e “normal”, desumanizando a população negra que não se assemelha fisicamente com essa normalidade eurocêntrico, constituindo a base de uma estrutura social.

Desta forma, entendendo o processo estrutural que hierarquiza as raças através dos traços biológicos, entende-se racismo como:

(…) uma forma sistemática de discriminação que tem a raça como fundamento, e que se manifesta por meio de práticas conscientes ou inconscientes que culminam em desvantagens ou privilégios para indivíduos, a depender do grupo racial ao qual pertençam. (ALMEIDA, Silvio, 2019, p.23).

Pode-se então, considerar que o racismo não é um problema negro no Brasil e sim um problema na relação de dominação e supremacia da branquitude para com os negros do Brasil, que mantém os privilégios de um grupo, enquanto nega as mínimas condições de vida a outros.

Raça, Racialização, Racismo científico e racismo estrutural. No Brasil o racismo tem e sempre teve um alvo, corpos negros.

Artigo de Aline Lisbôa

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#Opinião: A figura paterna – Por Ana Paula Nobre

Ana Paula Nobre

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Ana Paula Nobre
Foto: Bruna Bahia

Todo mundo tem pai. Mesmo quem não o conhece, não convive, não tem a sua presença física. Mesmo quem nunca ouviu falar dele, não se deparou com ele ou não concebe a sua existência. Não existem erros no universo. Tudo é milimetricamente articulado nos planos divinos.

De ausência paterna, eu entendo. Não tenho contato físico com o meu pai biológico há 28 anos. De certa forma, tive a possibilidade de conviver com meu pai até os 12 anos, portanto, conheço o seu rosto. Há quem nunca o tenha visto, mas seus traços revelam. Pra quem não o conhece, olhe para o seu rosto. Ele tá aí.

Há quem tenha pai presente fisicamente e ausente na disponibilidade afetiva e de proteção. Isso configura ausência também. Há quem tenha o pai já em outro plano, mas ele foi tão importante que se torna presente no presente.

O fato é que a figura paterna – principalmente no Brasil, onde na maioria das casas brasileiras existe um vácuo da presença masculina -, muitas vezes é expoente de dor, carências emocionais, afetivas e memórias traumáticas. Falar de pai chega a ser desafiador.

Como olhar para essa relação de um lugar maduro e ressignificado? Não existe outra forma a não ser se olhando. Falar de pai é falar da gente. Eu não existiria se não fosse esse pai, Paulo. Minha mãe não seria mãe se não fosse o meu pai.

O pai biológico tem o seu lugar, e aqui falo como consteladora. Falar do meu pai sem revisitar sofrimentos só é possível graças a muita terapia. Compreender a mulher que sou hoje é herança da força que vem dele e da superação de muitas dessas questões.

A carga genética, o espermatozoide e o óvulo, nesse cruzamento mágico, faz com que sejamos quem somos. Reconhecer nosso pai em nós e dar-lhe um lugar no coração para além dos seus equívocos apazigua a alma.

Nós, assim como o universo, dispomos de energias duais: a masculina e a feminina. Fora de nós, os primeiros referenciais materializados são painho e mainha. Sigo inteira com todas as minhas partes em reintegração. Não é fácil, mas é alcançável.

O Sol representa o masculino, o pai. Deus, o Grande Espírito, o Pai Céu, o Criador de Tudo que É, meu pai divino, contempla a paternidade da minha essência.

Ana Paula Nobre é jornalista, repórter do Portal Soteropreta, terapeuta integrativa, consteladora xamânica, artista e trabalha unindo comunicação, espiritualidade e arte em seus atendimentos.

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