Música
Corisco – Marcia Short celebra 30 anos de carreira com shows, DVD e reflexões
Um espetáculo de luzes, folhas, cores e canções. Com repertório especial, mesclando inéditas e antigas canções, Marcia Short apresentou aos soteropolitanos, nos dias 30/9 e 1/10, o seu show “Corisco”, uma realização de Fred Soares, com direção musical de Yacoce Simões. Celebrando 30 anos de carreira, Marcia é maturidade artística, galgada em uma trajetória que merece a chama que dá nome ao seu show. Está tudo registrado no que será seu primeiro DVD, gravado ao vivo nestas apresentações.
A casa lotada e a interação nestes dois dias revelaram o carinho e respeito do público para com esta artista que, do tabuleiro de acarajé junto com as irmãs aos palcos, trilhou um caminho de autodescobertas e lutas. “Chegar a esta etapa é algo que achava tão distante, nunca achei que fosse ser cantora, viver disso como meta e ideal de vida”, ela lembra.
Quando o primeiro filho Daniel chegou – com uma lesão no sistema nervoso central-, os desafios se engrandeceram. Sua hiperatividade e necessidade de cuidados especiais andavam junto com a música, na Banda Mel, por exemplo, quando levantou vôo. “Uma passagem fundamental, mas que não me contemplava, pois eu precisava dizer outras coisas. A cada fase da minha vida profissional, fui falando de minha história, desabafei e falei das minhas memórias afetivas, que me ajudaram a acreditar no que eu sou”, diz.
Mas como estar entre as melhores, ela se perguntava. Buscou fazer como elas: Ângela Maria, Elizete Cardoso, Maria Betânia, Gal Costa, Billie Holiday, Ella Fitzgerald foram algumas das fontes em que bebeu. “Neste show Corisco eu volto para estas memórias, faço o que fazia no espelho desde pequena. Dou tudo que tenho, é uma maneira de reafirmar minha personalidade, pois não sou flor que se cheire, definitivamente (risos)”, sorri Márcia. Força, ferro, fogo por Xangô e Iansã, mas com Iemanjá para acalmar, ela define esta fase como um portal de oportunidades para sua carreira, mas também um momento de muita análise – de si e do cenário que lhe cerca.
“Tem público pra tudo. O público de 35 a 50 anos não tem pra onde ir nesta cidade, não há qualidade no que se ouve. As pessoas viraram metralhadoras giratórias, tem de fazer de tudo pra se manter, eu não quero isso. Quero me apropriar do sambareggae sempre, sei que quem me mandou vir aqui fazer música, não quer que eu pereça”, diz Márcia. Vivendo – exclusivamente – de sua arte, Márcia se intitula “resistência”. “Vivo numa terra que se olha no espelho e não se vê. A cor dessa cidade sou eu, mesmo que me negue. Quando vejo as grades e programações, se confirma que não querem que esqueçamos que a senzala ainda está aberta e que, a qualquer momento, a gente volta, se vacilarmos deixando todos se apropriarem das nossas coisas menos nós”.
Ela é categórica: “a gente não se fortalece, precisamos pular da tela da rede social. A ONU precisa saber como essa terra – a cidade da música – trata os músicos”. Como Marcia mesmo definiu no início da conversa, “Corisco” é chama, é uma explosão de novas parcerias e novas portas. Que elas sigam sendo abertas por mais outros 30, 40…..
Música
Drag Queen Barbárie Bundi estreia temporada da performance “AMÒ”
A Drag Queen Barbárie Bundi estreia uma temporada da sua nova performance “AMÒ” na Sala do Coro do Teatro Castro Alves, em dezembro. Em “AMÒ” ou “AMỌ”, a artista parte do conceito de Afro-Fabulação em uma jornada de autodescoberta e conexão com suas raízes ancestrais em terra firme, utilizando o barro como uma poderosa metáfora e lançando um olhar sobre as histórias das bixas pretas que moldaram sua jornada. Serão seis apresentações na Sala do Coro do TCA nos dias 13, 14 e 15 de dezembro. Os ingressos estão à venda pelo Sympla e custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).
Idealizada por Bundi em março deste ano, “AMÒ” contou com apresentação única, ainda em fase de experimentação, durante o evento Vila Lacre: pequena mostra LGBTQIAPN+, e uma segunda apresentação em julho durante o Festival del Caribe, em Cuba. O solo surge a partir dos estudos da artista do conceito de Afro-Fabulação proposto por Tavia Nyong’o, e lança seu olhar para uma nova etapa de seu processo criativo iniciado pelo projeto intitulado Aquátika, em que a água foi o elemento central explorado.
Ritual O termo “amọ”, que significa argila na língua Iorubá, não é apenas um material físico, mas também um símbolo de criação, transformação e conexão com a terra e o que nos compõe enquanto bixas pretas na contemporaneidade.
Amò é uma jornada performativa que mergulha na ancestralidade e nas memórias silenciadas das bixas pretas, se debruçando em temas de resistência, identidade e conexão com a terra. Guiada pelas baleias Jubartes, Barbárie Bundi, evoca raízes ancestrais aquáticas para pisar em terra firme, a narrativa atravessa o profundo oceano das histórias esquecidas e emerge em arquipélagos simbólicos, onde cada ilha representa uma etapa do ciclo da vida e da ancestralidade.
Em três ciclos – Ilha da Água de Menines, Ilha dos Paraísos Perdidos e Ilha do Assentamento Futuro – Barbárie passa por rituais de descoberta e reconexão com o passado, a infância com amores e lutas. Entre águas e raízes, o espetáculo transforma a cena em um espaço ritualístico onde corpo, terra e memória se entrelaçam.
Barbárie Bundi Criada pelo multiartista Thiago Romero, Barbárie Bundi é uma Drag Queen Diaspórika que há 12 anos atua como cantora, performer, artista visual, diretora artística e figurinista. Sua pesquisa se concentra nas artes pretas da diáspora, buscando ampliar as narrativas afirmativas LGBTQIAPN+. “AMỌ” marcou o início de uma nova fase no trabalho da artista, em março. Além da performance, este ano, Barbárie encabeçou o projeto “Kiandas Ocupam o Centro”, que movimentou a cena drag queen preta de Salvador durante três meses, estreou seu novo show ao vivo “Kitanda”, mesmo nome do próximo EP, com lançamento previsto para janeiro de 2025.
Serviço
“AMÒ” – Barbárie Bundi
Data: Dias 13, 14 e 15 de dezembro (sexta-feira a domingo)
Horário: 20h Local: Sala do Coro do TCA
Classificação: 14 anos Ingressos – R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)
Vendas: Sympla no link
Música
Salutari fecha o ano com show completo de “DESPACHE”
O artista soteropolitano, Salutari, apresenta o show de estreia do seu primeiro disco, DESPACHE, no Espaço Cultural da Barroquinha, neste sábado (14), às 20h. O trabalho mergulha em uma pesquisa sobre a “sacromusicalidade afrodiásporica” desenvolvida pelo próprio artista. O álbum, inédito na Bahia, dedica-se a homenagear Exu(s). Por meio de 12 faixas, é um convite ao público para sentir o perfume de dendê e mel, ao mesmo tempo em que exala a sabedoria ancestral dos protetores dos caminhos. A entrada é gratuita.
“Cada faixa carrega um pouco da minha história, das lutas e resistências que me trouxeram até aqui, mas também celebra os caminhos abertos por Exu e a força de quem nunca desistiu de sonhar”, afirma o artista.
Além disso, será lançado no dia 20 deste mês, no YouTube, o documentário “Despache – De Agô à Bandagira”, filme que narra a história do artista e todo o processo de construção do disco e trechos de alguns shows realizados durante esse período.
O projeto DESPACHE é fruto de um trabalho de mentoria e incentivo às iniciativas culturais, como parte do Programa Boca de Brasa de Aceleração de Iniciativas Culturais e Criativas. Essa realização acontece por meio de um termo firmado entre a Fundação Gregório de Mattos, a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Emprego e Renda, a Prefeitura Municipal de Salvador, e a Associação Conexões Criativas, com recursos provenientes do Edital Polos Criativos Boca de Brasa.
Sobre o artista
Salutari é cantautor, artista plástico, gestor cultural e figurinista. Graduando em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da UFBA, também é formado em Gestão de Espaços Culturais pelo projeto Boca de Brasa, da Fundação Gregório de Mattos.
Sua trajetória é marcada pela resistência e pela superação. Contra todas as adversidades, Salutari ousou sonhar e seguir o que o coração lhe indicava, mesmo ouvindo que seus sonhos eram grandes demais ou inalcançáveis. Inspirado por ídolos que vieram de lugares similares aos seus, ele escolheu nadar contra a corrente e transformar suas aspirações em realidade, tornando-se referência de perseverança e criatividade.
Gastronomia
Gal do Beco, Aloísio Menezes e Taian Paim encerram Culinária Musical de 2024
No dia 15 de dezembro (domingo), o Afrochefe Jorge Washington vai realizar a última edição do Culinária Musical do ano, na Casa do Benin (Pelourinho). A festa será a partir das 12h e terá a sambista Gal do Beco como atração principal. No Menu especial, ele vai preparar sua famosa feijoada com 37 tipos de carne e 25 tipos de temperos.
Sambista da velha guarda, consagrada nas rodas de samba da cidade, Gal fará seu show recheado de clássicos do samba e terá convidados especiais: o neto do saudoso Riachão, cantor, compositor, multi-instrumentista Taian Paim, idealizador do Suco de Bahia, evento que resgata e celebra a cultura da Bahia, já em sua 8ª edição. Além do cantor Aloísio Menezes, que se unirá a esta tarde, que será também de homenagens ao sambista Riachão, que faria aniversário no dia 14 deste mês.
No Cantinho da Empreendedor, o Afrochefe convida o artista visual, Dão Lobo, que vai levar suas pinturas contemporâneas para o público.
Também terá lançamentos de livros da escritora e doutoranda em Letras, Vânia Melo: “Sobre o breve vôo da borboleta e suas esquinas” (2018), da editora Organismo. E “Aroeira” (2021), editora Segundo Selo.
Comandando a cozinha, o Afrochefe Jorge Washington vai preparar sua muito pedida Feijoada, com 37 tipos de carne e 25 tipos de temperos. Além de Arrumadinho de Fumeiro, e a opção vegana, Feijão com Legumes. O público também terá à disposição, os tira-gostos casquinha de siri e moela com pão.
SERVIÇO:
O que: Culinária Musical com Gal do Beco, Aloísio Menezes e Taian Paim
Quando: 15 de dezembro (domingo), 12h às 17h
Quanto: entrada R$30, pratos R$80 (p/ 2 pessoas)
Onde: Casa do Benin (Pelourinho)