Connect with us

Formação

Mestras e Doutoras negras incentivam produções acadêmicas sobre racismo e gênero

Jamile Menezes

Publicado

on

Florita Cuhanga

Florita Cuhanga

A assistente social e doutoranda em Estudos sobre Gênero e Mulheres pela Ufba, Carla Akotirene, a historiadora Viecha Vinhático e a formanda em Psicologia,  Laura Augusta se uniram para solucionar um cenário no mínimo urgente: mulheres candidatas a Mestrandas e Doutorandas que precisam de apoio e instrumentos para elaborar projetos de pesquisas voltados para as temáticas do racismo institucional, violências de gênero, saúde da mulher e prisionização. Alem de elaborar também dar seguimento a estas linhas de pesquisa. Para consolidar essa ajuda, formou-se o Coletivo Opará Saberes que, com a parceria do Ministério Público do Estado, vem relaizando sua primeira ação, com debates sobre pesquisa em gênero e raça nas Universidades – o evento “Vamos Opará Saberes?”.

“Entendemos que deveríamos chamar as intelectuais negras que já estão nos espaços da Academia e já cumulam saberes sobre estas temáticas que, embora sejam bem levantadas no âmbito da militância antiracista e feminista, tem pouca produção com recorte de gênero e raça na Universidade”, explica Carla Akotirene. Para a iniciativa, foram convidadas as intelectuais Zelinda Barros, Claudia Pons, Emanuelle Aduni Góes, Ana Claudia Pacheco, Denise Ribeiro, Ana Luiza Flauzina, Salete Maria, Denise Carrascosa e Elisabete Pinto. Para abrir os trabalhos, em setembro, o Coletivo convidou Dra. Florita Cuhanga de Kinjango para a Conferência Magna, na qual falou do tema “África e Feminismo Negro: A descolonização do conhecimento”. Florita falou com o Portal SoteroPreta sobre o tema e a iniciativa:

14440698_676707152480067_9142177353465345709_n

Carla Akotirene

PortalSoteroPreta – O que é preciso atentar quando se propõe a descolonização do conhecimento?

Florita Cuhanga – A descolonização de conhecimento não é um tema recente, ele vem sendo explorado desde o século passado, especialmente por autores/as latino americanos, africanos e indianos. Não se trata de uma produção que nasce na defensiva da produção hegemônica, mas sim da visibilidade de outra forma de conhecimento, que obedece a raciocínios e modos de exposição diferenciados. Não se trata, portanto, de um saber residual ou marginal, mas sim de uma perspectiva que leva em consideração as grandes partes das características dos chamados “países do terceiro mundo”. Então, é preciso atentar a isso.

PortalSoteroPreta – Como você avalia a iniciativa do Coletivo Opará Saberes em reunir negras acadêmicas em torno do auxilio à produção intelectual de mulheres?

Florita Cuhanga – A inciativa é excelente, apesar de chegar atrasada, se me permitem, pois, essa lacuna vem causando um défice significativo na produção e divulgação de outros saberes e outras formas de fazer ciência. Sabemos que as mulheres negras ainda travam uma luta desigual para ascender aos espaços acadêmicos, pior ainda, para serem protagonistas nestes espaços. Por isso, é fundamental que outras iniciativas do gênero surjam. Que esta tenha sustentabilidade para assegurar a criação e manutenção de um foro que permita as mulheres (com)partilhar saberes e conhecimentos.

Laura Augusta

Laura Augusta

PortalSoteroPreta – Qual seria o ponto (ou os pontos) de intersecção entre o Feminismo Negro em África e no Brasil?

Florita Cuhanga – Os feminismos negros têm a particularidade de nascerem no seio de uma classe extremamente marginalizada, as mulheres negras, isso é um ponto fundamental, pois, tanto as negras escravizadas, sequestradas de vários países de África, quanto as que estão no continente, sofreram e ainda sofrem, em decorrência não só do seu sexo, como também – e ao mesmo tempo-, por sua cor. Em se tratando das mulheres africanas, ainda carregamos os estigmas da localização geográfica e decorrentes da visão mundial do continente em si. Então, a questão racial e de gênero acaba sendo um ponto crucial de interseção determinante entre os movimentos feministas negros e africanos, incluindo aqui todos os países africanos e suas relações – não só com grande parte dos países do continente americano- mas de modo especial com o Brasil, que recebeu um número grande de escravizadas/os, assim como os EUA. Estes dois pontos são causadores de outras discriminações e estereótipos em torno desta questão.

Viecha Vnhático

Viecha Vinhático

Dia 11/10, no Auditório do Ministério Público (Nazaré), o encontro será a partir das 9h, com Denise Carrascosa”, que falará do tema “A prisão na Bahia: Literatura e produção subjetiva de mulheres encarceradas” e, às 14h, com a professora Ana Flauzina, discutindo o tema “Prisionização e questão racial: Um olhar da criminologia”.  Na ocasião será lançado seu livro “Discursos Negros: legislação penal, política criminal e racismo”.

Fotos: Guido Sampaio/Revista Quilombo

 14502812_676707289146720_4727360832710496379_n

Formação

Projeto Encontros Negros recebe Djamila Ribeiro no Julho das Pretas

Jamile Menezes

Publicado

on

Djamila Ribeiro

A filósofa, escritora e ativista Djamila Ribeiro estará em Salvador no dia 25 de julho, às 18h, para uma roda de conversa gratuita na Biblioteca Central do Estado da Bahia, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A atividade integra a terceira edição do projeto Encontros Negros, realizado pela Umbu Comunicação & Cultura e que contará com mediação da jornalista baiana, Val Benvindo.

Em julho, Encontros Negros propõe uma escuta coletiva sobre os desafios históricos e atuais enfrentados pelas mulheres negras no Brasil e nas Américas, além de fortalecer as narrativas de resistência, ancestralidade e protagonismo feminino negro. A ação tem como objetivo reunir estudantes, educadores, artistas e o público em geral para refletir sobre os caminhos possíveis para uma sociedade mais antissexista e antirracista.

“Com muita honra e alegria, participarei do Encontros Negros em Salvador no 25 de Julho, celebrando a força e a sabedoria das mulheres negras da América Latina e do Caribe”, destaca a professora Djamila Ribeiro, uma das principais vozes do pensamento negro contemporâneo e autora de livros como Lugar de Fala, Quem tem medo do feminismo negro? e Pequeno Manual Antirracista.

Reconhecida internacionalmente, Djamila também atua como colunista, pesquisadora e consultora em temas ligados à justiça social, com forte influência nos campos da educação, cultura e políticas públicas. Encontros Negros Especial 25 de julho conta com apoio do Governo do Estado da Bahia, através das Secretarias de Educação (SEC) e de Cultura (SecultBa)- através da Fundação Pedro Calmon, e também conta com a parceria do Portal Soteropreta, da Livraria LDM e da Imagem Digital. As vagas são limitadas e as inscrições devem ser feitas gratuitamente pela plataforma Sympla.

Inauguração – O Encontro será realizado na Biblioteca Central, um dos espaços públicos mais importantes, referência em promoção de conhecimento, leitura e cultura. Na data, a escritora Djamila Ribeiro também participará da inauguração de um novo espaço dedicado ao fortalecimento das políticas públicas de incentivo à leitura e a dinamização da cadeia produtiva do livro: a Sala Mestres e Mestras da Palavra. O espaço é localizado na Bicentenária Biblioteca, equipamento da Fundação Pedro Calmon (FPC/SecultBA).

A Sala Mestres e Mestras da Palavra é um espaço que tem como objetivo principal, proporcionar à comunidade literária e artística da Bahia, recursos estruturais e tecnológicos. Ela também agrega à política de fomento ao livro, leitura e produção cultural, consolidando esse local na criação, divulgação, promoção da literatura e espaço de referência para os escritores e produtores da arte.

De acordo com o diretor geral da Fundação Pedro Calmon, Sandro Magalhães, a Sala Mestres e Mestras da Palavra será um espaço de valorização e cuidado com as escritoras e os escritores baianos. “Incentivar a literatura baiana é essencial para consolidar uma política do livro e da leitura no nosso estado, fortalecendo quem dá vida às palavras e inspira a construção de uma sociedade mais leitora, crítica e sensível.” Ele ainda destaca que “será um grande momento inaugurar esse espaço no Dia Nacional do Escritor e Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, recebendo Djamila Ribeiro, uma das grandes referências da literatura brasileira contemporânea, cuja escrita ecoa vozes, lutas e esperanças”.

O Encontros Negros é um projeto contínuo da Umbu Comunicação & Cultura que, desde sua criação, se propõe a criar espaços de articulação a partir de marcos simbólicos da luta antirracista, oferecendo rodas de conversa, oficinas, conferências e ações culturais que valorizam a cultura afro-brasileira e o pensamento negro. Esta é a terceira vez que a Bahia recebe o projeto, que visa fortalecer a identidade e a conscientização racial da população negra, destacando narrativas positivas e emancipadoras. Na edição passada, o encontro trouxe as vozes de nomes como Elisa Lucinda, Pierre Onassis, Tiago Banha, Quito Ribeiro, Ryane Leão, Nina Santos, Igor DSN, Edilene Alves, Livia Natalia e André Santana.

 

SERVIÇO

Evento: Encontros Negros – Especial 25 de Julho com Djamila Ribeiro

Data: 25 de julho de 2025 (quinta-feira)
Horário: 18h
Local: Biblioteca Central do Estado da Bahia – Salvador/BA

Continuar lendo

Formação

Instituto Quilombo GBESA abre inscrições para pré-vestibular gratuito para estudantes negros

Iasmim Moreira

Publicado

on

pré-vestibular

Estão prorrogadas até o próximo dia 29 de junho as inscrições para o curso pré-vestibular do Instituto Quilombo GBESA (IQG), que chega à sua 6ª edição com foco em estudantes negros, egressos da rede pública de ensino e em situação de vulnerabilidade socioeconômica. A formação é gratuita e será ofertada nas modalidades presencial e online. Os interessados devem acessar o site quilomboeducacionalgbesa.com.br para conferir o regulamento e preencher o formulário de inscrição.

Com aulas híbridas e uma abordagem afroperspectivada, o cursinho busca não apenas preparar para o Enem e vestibulares, mas também fortalecer identidades negras e oferecer suporte integral ao estudante. Para a modalidade presencial, serão disponibilizadas 40 bolsas mensais no valor de R$ 200 como auxílio permanência. Já na versão online, serão oferecidas 100 vagas sem bolsa. As aulas acontecem de segunda a sexta-feira, das 18h30 às 21h, além de aulões aos sábados.

A formação contempla disciplinas exigidas nos principais exames de acesso ao ensino superior, mas vai além do conteúdo tradicional, incluindo debates sobre relações étnico-raciais, vivências culturais, atividades artísticas e acompanhamento psicossocial. Após o período de provas, os estudantes também recebem suporte para inscrição em programas como SISU, Prouni e Fies.

A grande novidade da edição de 2025 é a entrada do Instituto na Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP), uma iniciativa do Ministério da Educação que visa ampliar o acesso ao ensino superior para grupos historicamente marginalizados. A partir dessa integração, o IQG passa a contar com maior apoio para ações em escolas públicas e para a permanência dos alunos, reforçando sua atuação territorial e digital.

Sobre o Instituto Quilombo GBESA

Criado em 2020 por um coletivo de educadores, psicólogos, comunicadores e agentes culturais negros, o Instituto Quilombo GBESA é uma organização sem fins lucrativos que promove a educação antirracista e a valorização das identidades negras, alinhando sua atuação às Leis 10.639/03 e 11.645/08.

Além do pré-vestibular, o IQG mantém projetos como o Quilombo Doutor, voltado à formação de pessoas negras interessadas em ingressar na pós-graduação, e o Ajeum Literário, que utiliza a arte como ferramenta para debater relações étnico-raciais e de gênero.

Serviço

Pré-vestibular 2025 – Instituto Quilombo GBESA
Inscrições prorrogadas até 29 de junho de 2025
Modalidade: Presencial e Online | Gratuito
Local (presencial): Colégio Estadual Euricles de Matos – Rio Vermelho, Salvador/BA
Mais informações: www.quilomboeducacionalgbesa.com.br
Redes sociais: @quilomboeducacionalgbesa

Continuar lendo

Formação

MOVER oferece 15 mil bolsas para curso de inglês para profissionais negros

Iasmim Moreira

Publicado

on

MOVER

O MOVER (Movimento pela Equidade Racial) abriu as inscrições para a nova edição do Mover Hello, programa gratuito de capacitação em inglês voltado exclusivamente a pessoas negras. Serão disponibilizadas 15 mil bolsas integrais para um curso 100% online, com duração de seis meses e foco no inglês técnico, acadêmico e de negócios. As inscrições seguem até o dia 24 de junho e podem ser realizadas pela plataforma Mover Talentos.

Em 2025, o MOVER irá conceder um total de 34 mil bolsas afirmativas para cursos de inglês, contemplando colaboradores das 53 empresas associadas e o público em geral. A iniciativa faz parte dos esforços do movimento para enfrentar desigualdades raciais estruturais, promovendo qualificação profissional e maior inclusão no mercado de trabalho.

“A falta de fluência em inglês já me fez perder muitas oportunidades. Em uma seleção, ouvi de uma recrutadora que eu tinha todas as competências para a vaga, mas o idioma ainda era uma barreira”, relata Daniel Costa de Souza, ex-participante do programa.

Cada participante recebe um plano de estudos individualizado, com base em seu nível de proficiência e objetivos pessoais. O curso abrange mais de 16 níveis de fluência, com conteúdos voltados ao inglês geral, técnico e para negócios.

Segundo Fernando Soares, gerente de projetos do MOVER, o programa já tem impactado positivamente a trajetória de milhares de profissionais negros. “O Mover Hello nasceu para democratizar o acesso ao inglês, hoje uma competência essencial no mercado de trabalho. Ver pessoas que antes viam o idioma como algo distante conquistando certificados e se sentindo capazes é transformador”, afirma.

Sobre o Movimento pela Equidade Racial

O Movimento pela Equidade Racial (MOVER) é uma associação sem fins lucrativos que reúne 53 empresas com o objetivo de promover a equidade racial por meio da formação, empregabilidade e inovação inclusiva. Mais informações estão disponíveis no site www.somosmover.org e nas redes sociais oficiais do movimento (Instagram | LinkedIn | YouTube).

Continuar lendo

EM ALTA