Religião
Povo de Santo se mobiliza para Caminhada nesta terça (15)

Eles e elas se vestem de branco, caminham pelas ruas do Engenho Velho da Federação entoando cânticos, pedidos e mensagens de paz. São filhos e filhas, mães de santo que, há 12 anos, realizam a “Caminhada pelo fim da violência, da intolerância religiosa, pela paz”.
Este ano ela acontecerá no dia 15 de novembro, próxima terça-feira, e traz um tema muito oportuno: “Professoras e professores, alicerces e pilares da educação”.
Ekede do Terreiro do Bogum, um dos articuladores da Caminhada, Jandira Mawúsi é professora, pedagoga e enaltece esta homenagem. “Somos nós que educamos, que fazemos a diferença no início, meio e no fim de qualquer profissão. Nada mais justo que homenagear estes profissionais, que não tem reconhecimento e respeito por parte do Estado, não tem devida atenção. Somos sim o alicerce da Educação”, afirma.
Por todos estes 12 anos, o dia da Caminhada é o mesmo – 15 de novembro – seja fim de semana ou não. E não é apenas caminhar, a proposta é envolver, debater e multiplicar a mensagem de paz e de união entre as crenças, o respeito mútuo.
Antes de cada edição, são realizadas atividades para mobilizar a comunidade e demais terreiros. Já foi feito Seminário abordando questões ambientais e a religiosidade, reuniões, bingo, tudo no intuito de integrar apoiadores à luta.
“Esse ano o debate no Seminário abordou o papel do professor, tendo em vista que é na escola que também acontece o desrespeito religioso e o professor e a professora são importantíssimos no processo de construção ou desconstrução desse fato.” – Antonio Cosme Onawalê, professor e Ogan do Terreiro do Cobre
Roteiro e integração
A Caminhada sai do final de linha do Engenho Velho da Federação, passa por todo bairro, segue a Cardeal da Silva em direção à Vasco da Gama e retorna ao Engenho Velho com a realização do Amalá – comida ritual do Orixá Xangô, considerado guardião da Justiça, pauta de toda a Caminhada e da luta contra o ódio religioso.
“Saímos às ruas dizendo quem são os agressores, os desrespeitosos que colocam panfletos em nossas caixas postais, nos param nas ruas dizendo que cultuamos o demônio e que o grande salvador é Jesus Cristo. É uma conquista passar de branco, cantando homenagens aos nossos caboclos, orixás, inquisses e encantados”, relata Jandira.
No entanto, a integração entre os religiosos do Candomblé precisa ser fortalecida, segundo a ialorixá Valnízia Pereira, liderança do Terreiro do Cobre, que iniciou a Caminhada. “Quanto ao Cobre, melhorou muito, não há mais abordagens como antes. Mas precisamos de maior participação dos Terreiros também de outros bairros, porque não adianta melhorar aqui e o nosso irmão em outro lugar ser agredido. Não temos representação onde se fazem as leis, então, precisamos ainda avaliar nosso papel nisso tudo, precisamos de mais união”, afirma Mãe Val.
A concentração no Engenho Velho da Federação é a partir das 15h e o convite é para todos e todas que entendem a importância do respeito entre religiosos de todas as crenças. É para que vão às ruas de branco, pautando a paz nas vestes e, principalmente, nas atitudes.
Fotos: Paulo Pinto/Terreiro Tanuri Junsara
Religião
Terreiro Zoogodò Bogum Malè Rundò recebe roda de conversa sábado (29)

O Zoogodò Bogum Malè Rundò, um dos mais tradicionais terreiros de Candomblé de Salvador, recebe o Projeto Okàn Dúdù para mais uma etapa do ciclo educativo. A roda de conversa será sobre saúde mental no candomblé e acolhimento aos yawò, neste sábado (29), a partir das 10h. Criado por Laísa Gabriela de Sousa, o projeto visa fortalecer os laços entre os membros da comunidade de axé, promovendo um espaço de escuta, troca de experiências e valorização das tradições afro-brasileiras.
“Nossa história é marcada pela resistência e pela força dos nossos ancestrais. O Okàn Dúdù vem para fortalecer essa caminhada, trazendo reflexões e conexões fundamentais para a nossa existência e continuidade”, destaca Laísa.
Fundado no século XIX, o Terreiro Bogum, liderado por Naadoji Índia Mello, é um importante referencial da nação Jeje-Mahi e tem papel fundamental na preservação da cultura e espiritualidade negra. “O Okàn Dúdù tem criado um espaço de diálogo que respeite a hierarquia do Candomblé, mas, também, que abre caminho para discussões sobre temas essenciais para a nossa comunidade, como acolhimento, combate ao racismo religioso, coletividade e pertencimento”, explica Laísa Gabriela, idealizadora do projeto.

Foto: Divulgação
O ciclo educativo, que está em suas últimas rodas de conversa da circulação, abordou sete temáticas que dialogam com as vivências do povo de axé, incentivando a troca de conhecimentos entre gerações. A iniciativa, também, pretende ampliar seu impacto com a produção de um documentário e a realização de palestras em escolas, levando as discussões para diferentes espaços da sociedade.
Serviço
O quê: Roda de conversa do projeto Okàn Dúdú
Quando: 29 de Março de 2025 às 10h
Onde: Zoogodò Bogum Malè Rundò (Engenho Velho da Federação)
Entrada: Gratuita
Audiovisual
Mostra “Entre Axé” exibe curtas inéditos no Museu Afro-Brasileiro

Salvador completa 476 anos e o Instituto Calu Brincante, em parceria com a produtora Menina Bonita, realiza a mostra cinematográfica “Entre Axé” no Museu Afro-Brasileiro (MAFRO). Serão exibidos os curtas “Ecos de Cura” e “Roncó: No Mesmo Passo”, que exploram saberes, rituais e a resistência da cultura afro-brasileira na cidade mais negra fora de África.
O curta “Ecos de Cura”, dirigido por Cassia Valle e Luane Souto, desdobra o espetáculo Memórias Povoadas, mergulhando nos saberes ancestrais das mulheres negras e ressaltando a cura e o cuidado como formas de resistência. Já “Roncó: No Mesmo Passo”, dirigido por Anjos de Castro, mostra a fundação de um terreiro de candomblé nos arredores de Salvador, entrelaçando as histórias de três irmãos em uma jornada de fé e tradição.
Os curtas fazem parte da primeira edição do Cinerê – Circuito de Produção Audiovisual para Novos Cineastas Negros, realizado pela Pé de Erê Produções.
A Mostra “Entre Axé” veio para reafirmar Salvador como um centro de diversidade cultural e criatividade, onde novas histórias, protagonizadas por negros e negras, ganham cada vez mais visibilidade.
“Ao celebrar suas raízes, Salvador se coloca como um farol de resistência e afirmação cultural, onde as narrativas negras não só são preservadas, mas também projetadas para o futuro, construindo um legado de protagonismo e visibilidade para as gerações vindouras”, diz Cassa Valle.
A sessão é gratuita e aberta ao público. Sujeita a lotação.
SERVIÇO
O quê: Exibição dos curtas Ecos de Cura e Ronco no Mesmo Passo – Mostra “Entre Axé”
Onde: MAFRO – Museu Afro-Brasileiro, Pelourinho, Salvador
Quando: 29 de março de 2025, às 15h
Quanto: Gratuito
Fotos: Luane Souto
Religião
Terreiro Axé Omin Ifan recebe roda de conversa sobre legado ancestral

O Terreiro Ilê Axé Omin Ifan, em São Tomé de Paripe, em Salvador, receberá uma roda de conversa sobre acolhimento à população LGBTQIAPN+ e o legado ancestral através das gerações no candomblé, dia 22 de março (sábado), a partir das 10h.
A ação integra o projeto Okàn Dùdù, que articula saberes ancestrais e contemporâneos, conectando o candomblé às questões sociais.

Foto: Divulgação
A primeira edição do projeto conta somente com as pessoas de terreiro para debater importantes temáticas dentro da religião, como seus desafios e aproximações com a nova geração, compreendendo que a tradição depende da continuidade.
“Realizar itinerários formativos que fertilizam e diluem pontes entre os mais velhos e a juventude no candomblé é uma responsabilidade de todos nós, uma vez que a tradição implica em continuidade”, afirma Almerson Cerqueira, Bàbá Egbé do Ilê Axé Omin Ifan.