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Religião

Terreiro do Bate Folha abre as portas para celebrar 100 anos

Jamile Menezes

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Terreiro Bate Folha
Terreiro Bate Folha

Foto: Marisa Vianna

Um Terreiro centenário, com muitas histórias de resistência religiosa e cultural negra. É o Terreiro do Bate Foilha, que celebrará esta trajetória com Seminário no próximo sábado (3) e domingo (4), no Terreiro, localizado no bairro da Mata Escura.

Na ocasião, a Casa vai abrir suas portas para debater e apresentar sua história, tendo como foco a salvaguarda o culto afro-brasileiro de Nação Congo-Angola (ou apenas Angola) na Bahia. É aberto ao público e são esperadas cerca de 200 pessoas.

Terão conferências e palestras com a proposta de preservar o legado histórico dos 100 anos do Terreiro. No sábado (3), a programação será iniciada às 9h30 com as falas dos zeladores do terreiro Nengua Gaguanssesse, Tata Muguanxi e Tata Kissendu, presidente da Sociedade Beneficente Santa Barbara.

Terreiro Bate Folha

Foto: Marisa Vianna

Às 10h40, o diretor geral da Fundação Pedro Calmon/SecultBA, Zulu Araújo – que apoia o Centenário do Bate Folha – fará palestra com o tema “Preservação de espaços sagrados: a importância da memória para terreiros de candomblé”. Na ocasião, será oficializado convênio entre a Fundação e o Terreiro para a constituição do Memorial Terreiro Bate Folha. 

Pela tarde, a programação retorna com a conferência “Terreiro Bate Folha – espaço de salvaguarda da memória afrodescendente”, com a participação de Yeda Pessoa de Castro e de Ordep Serra, ambas da UFBA. A mediação será de Rogério Lima Vidal, da Uneb. Às 16h30, será lançado Selo Comemorativos aos 100 anos do Terreiro Bate Folha e, encerrando o primeiro dia do evento, às 17h, terá a presentações do Bloco Alvorada e do músico Gerônimo.

Domingo – 4 de dezembro 

Neste dia, as atividades começam com a mesa “Protagonismos das religiões de matriz africana”, às 9h30, com Erivaldo Nunes, da UFBA, Camilo Afonso, Adido cultural de Angola, e Tata Tauá, do Terreiro Bate Folha. A mesa “O candomblé de Angola e sua resistência cultural” será apresentada às 14h com os palestrantes Tata Nzazi, do Terreiro Tumbansé, João Monteiro, do Ilê Ogum Maata, e Carla Nogueira, do Terreiro Bate Folha.

terreiro Bate Folha

Foto: Marisa Vianna

A conversa será mediada pelo professor da UFBA, José Roberto Severino. Por fim, encerrando a programação de atividades comemorativas do terreiro, será realizado o show de encerramento, às 17h30, com apresentação do Maracatu Nação Raízes de Pai Adão.

Exposição

Com a curadoria da fotografa Marisa Vianna, de 3 a 18 de dezembro, estará aberta à visitação uma exposição fotográfica sobre os 100 anos do Terreiro. Nela, são apresentados documentos, fotos antigas e atuais, estabelecendo uma linha do tempo neste centenário. Estão retratadas lideranças religiosas, além da da área geográfica do Terreiro – conhecida pelo amplo espaço de vegetação, são 16,5 hectares de Mata Atlântica – além das casas e outros aspectos arquitetônicos. A exposição é resultado do acompanhamento da fotógrafa, nos últimos dois anos, das atividades do Terreiro.

Terreiro Bate Folha

Foto: Marisa Vianna

 

Religião

Seminário “Seu caminhar, nosso viver: 50 anos de iniciação da Makota Valdina” emocionou plateia

Ana Paula Nobre

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Foto: Ana Paula Nobre

Em um auditório lotado que leva o seu nome, Makota Valdina foi a grande homenageada do Seminário “Seu caminhar, nosso viver: 50 anos de iniciação da Makota Valdina”, que ocorreu nos dias 24 e 25 de janeiro, no Arquivo Público Municipal de Salvador, localizado no bairro do Comércio. Inspirado no título do seu livro “Meu caminhar, meu viver”, lançado em novembro de 2013, o evento teve a iniciativa da comunidade do Nzo Onimboyá, sob a liderança de Nengwa Angélica Pinto, para celebrar os 50 anos de iniciação de Makota Valdina Pinto, uma das figuras mais influentes da cultura, religião e ativismo negro no Brasil, honrando seu legado.

O objetivo foi promover a reflexão acerca da contribuição de Valdina, a Makota Zimewanga, para a cultura afro-brasileira e a diáspora negra. Parceiros, colaboradores e admiradores do seu trabalho marcaram presença, acompanhando as mesas que contaram com a participação de integrantes da Família Pinto e pessoas muito próximas à sua história, contando fatos de quando ela ainda estava em vida. Sua trajetória foi marcada pela defesa do meio ambiente, pela conexão entre as cosmologias Bantu-Kongo, indígenas e afro-brasileiras e pela luta contra o racismo estrutural, se destacando como intelectual, ativista e líder espiritual.

Foto: Ana Paula Nobre

Sua contribuição para a preservação ambiental, por meio de projetos como os no Parque de São Bartolomeu e sua atuação contra a intolerância religiosa, junto aos blocos-afros Ilê Aiyê e Olodum, são exemplos de seu legado. Além de sua atuação política em coletivos negros e na criação da SEPROMI, ela orientou importantes lideranças políticas, sempre com um compromisso inabalável com a construção de um Brasil mais justo e igualitário.

Na noite da sexta-feira (24), cânticos foram entoados em abertura, com todos vestidos de branco e profundamente emocionados. Iniciando a roda de conversa, para falar sobre ‘Legados teóricos, culturais e literários de Makota Valdina’, a professora Tainã Cardoso foi a primeira convidada. Em seguida, Muzenza Lendoluanko, Tata Muntoloji e Muzenza Mutalameso discorreram sobre a ‘Preservação da memória material e imaterial de Makota Valdina’. A Mesa 1: Musoni foi composta pelo Ogã Valter Neves, Mametu Kamurici, membros da Família Pinto e teve mediação de Tata Kumbakeji.

Foto: Ana Paula Nobre

Apoiado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), unidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBa), a chefa de gabinete, Josy Santos, prestigiou o encontro levando em palavras a mensagem da diretora, Sara Prado, destacando que “estamos animados não apenas pela grande figura da Makota Valdina, mas também pela sua contribuição à história de políticas públicas e promoções, sendo referência de cultura para direitos humanos e justiça social. A Funceb só agradece a oportunidade de ser parceira no aniversário de 50 anos de iniciação de Makota Valdina. Que Oyá a mantenha em espírito elevado”.

Na manhã do sábado (25), a Mesa 2: Kala foi mediada por Muzenza Mutalameso e recebeu a Profa. Dra. Maria Nazaré, Profa. Dra. América Cézar e Profa. Dra. Ana Célia da Silva como convidadas. A Mesa 3: Tukula teve mediação de Muzenza Kisimbilucaya e convidados Tata Landemunkosi, Ebomi Vanda Machado e Tata Nlundyandembu. A Mesa 4: Luvemba foi mediada por Muzenza Lendoluanko e contou com as participações de Nengwa Vulasese, Tata Zingelunbondo, Muzenza Ngembwakele e Muzenza Twalebenkosi.

Foto: Ana Paula Nobre

No encerramento, toques, cânticos e muita gratidão, como declarou Cândida Silva, assessora técnica da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado (SPM). “Foi um seminário cheio de generosidade, por se dispor a compartilhar o legado histórico de Makota Valdina. Memórias, lembranças e escritos para transformar a consciência de todo um povo. Sou só gratidão”.

Para a jornalista Maria Auxiliadora Santos, “como mulher preta que tem suas raízes familiares em religiões de matriz africana, achei de suma importância a realização do seminário pela memória de Makota Valdina. Foi uma linda homenagem da família ao legado deixado por ela, tanto nos 50 anos de iniciação na religião quanto em vida social. É muito importante constatar que seus familiares sanguíneos se misturam aos seus familiares de axé e que toda essa comunidade trabalha unida para preservar a história e o legado deixado por ela”.

Foto: Ana Paula Nobre

Mais sobre a homenageada

Valdina Pinto de Oliveira, a Makota Valdina, nasceu em 15 de outubro de 1943, no bairro do Engenho Velho da Federação, e faleceu no dia 19 de março de 2019, aos 75 anos. Ocupou o cargo religioso de Makota do Terreiro de Candomblé Angola Tanuri Junsara, no bairro onde nasceu, desenvolvendo importantes ações educacionais. É reconhecida na constante luta pelos direitos das mulheres, contra o racismo e a intolerância religiosa, pela igualdade de direitos e por uma sociedade sem preconceitos.

Além de religiosa e ativista política, Valdina Pinto foi professora aposentada da rede pública municipal, educadora e membro do Conselho de Cultura da Bahia. Após formar-se educadora, ensinou na sede da Associação de Moradores, em Barracão de Terreiro de Candomblé, escolas, na própria casa e também nas Ilhas Virgens, quando foi convidada para lecionar português a um grupo de estrangeiros que viria para o Brasil.

Foto: Ana Paula Nobre

Em novembro de 2013, lançou o livro de memórias intitulado ‘‘Meu Caminho, Meu Viver’’. Durante os mais de cinquenta anos de ensinamentos e atividades em prol da preservação do patrimônio cultural afro-brasileiro, Makota Valdina recebeu diversas condecorações como o Troféu Clementina de Jesus (UNEGRO), Troféu Ujaama, Medalha Maria Quitéria e Mestra Popular do Saber.

Texto de cobertura de Ana Paula Nobre (jornalista e repórter do Portal Soteropreta)

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Religião

M.E. Ateliê da Fotografia realiza expo “Mães do Mundo – Mulheres de Axé”

Jamile Menezes

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M.E. Ateliê da Fotografia realiza expo “Mães do Mundo - Mulheres de Axé”

No próximo dia 12/12, o M.E. Ateliê da Fotografia realiza o projeto “Mães do Mundo – Mulheres de Axé”, com lançamento do calendário anual junto a uma exposição na Ladeira do Boqueirão, Santo Antônio Além do Carmo.

Com o objetivo de valorizar e reverenciar o legado das mulheres que contribuem para a preservação e reverberação das religiões de matriz africana, o M.E. Ateliê da Fotografia traz pra exposição artistas convidados e suas obras autorais. O projeto tem uma seleção de 13 imagens de mulheres, sejam elas Mães de Santo ou não, e que tenham atuação ou trabalho sociocultural muito relevante na comunidade onde atuam, com destaque para Mãe Carmen, Egbomi Nice (Casa Branca) e Mãe Ana de Xangô.

Conhecida por Mãe Carmen do Gantois ou Mãe Carmen de Oxalá, Carmen Oliveira da Silva comanda o Candomblé do Ilé Iá Omi Axé Iamaxé, Terreiro do Gantois, em Salvador, desde que assumiu o posto de Ialorixá. Sendo iniciada no Candomblé para Oxalá, ao longo dessa trajetória, desempenha um papel fundamental na preservação das tradições de sua família, que possui ancestralidade africana, dando seguimento à missão que os Orixás designaram. Por seu trabalho, a Ialorixá já recebeu a Medalha 02 de Julho, pela Prefeitura Municipal de Salvador, entregue a personalidades baianas de destaque.

Outro nome na exposição é Egbomi Nice, uma das principais lideranças religiosas da Bahia, com história marcada pela defesa da cultura afro-brasileira. Mãe Egbomi recebeu a medalha Zumbi dos Palmares na Câmara Municipal de Salvador e foi a primeira ialorixá a ganhar uma comenda no Ministério Público da Bahia. Egbomi Nice tem cargo no Terreiro da Casa Branca, é IYÁ MASSÔ OYÁ- OXUM e IYÁ LULURE, no Rio de Janeiro, e Mãe ANIRERÊ da Casa de OXUMARÊ, em Salvador.

Já Ana Verônica Bispo dos Santos, conhecida como Mãe Ana de Xangô, é a sexta Ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá em Salvador. Iniciada no candomblé com 23 anos por Mãe Stella de Oxóssi, é pedagoga e tinha como cargo anterior ao de Ialorixá, Otum Ogalá (substituta da responsável por cantar cânticos do Candomblé). Ela foi escolhida como líder religiosa do terreiro em dezembro de 2019,  após o jogo de Ifá realizado por Balbino Daniel de Paula.

A mostra também conta com fotografias de Vovó Cici (Fundação Pierre Verger), Edvana Carvalho, Mãe Ana (Ilê Axé Opô Afonjá), Mãe Filhinha (Irmandade da Boa Morte), Negra Jhô, Rita Santos (Coordenadora Nacional da ABAM), Luedji Luna, Dete Lima (Ilê Aiyê).

Entre os artistas convidados estão Goya Lopes com ilustração no calendário e na exposição; Bida, com temática sobre Yansã; Oliver Dórea, sobre Ewa; Willi Carvalho, Oxum; Rodrigo Neri, Nanã; além de Junior Pakapin e Necko, com obras com foco em Iemanjá; Luciana Galeão, com releitura do Pano da Costa; e Faraó Tattoo, com um mosaico.

 

SERVIÇO: 

“Mães do Mundo – Mulheres de Axé” [exposição] do M.E. Ateliê da Fotografia

Data: 12/12/2024

Horário: a partir das 19h30

Local: M.E. Ateliê da Fotografia, Ladeira do Boqueirão, 6 – Santo Antônio Além do Carmo

ATIVIDADES: lançamento do Calendário, exposição, bate-papo, exibição de documentário e oficinas.

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Religião

Ilê Opô Oyá Sojú completa 40 anos em celebração com homenagens

Ana Paula Nobre

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Ilê Asé Opô Oyá Sojú
Pai Igor de Odé | Foto: Divulgação

O Ilê Asé Opô Oyá Sojú completou 40 anos no último sábado (14), e a celebração foi marcada pelo acirramento de uma placa e homenagens a personalidades importantes para a história do Terreiro, fundado em 1984 e tombado como Patrimônio Cultural de Lauro de Freitas, em 2022. Durante a festa, o Babalorixá Igor Mascarenhas (pai Igor de Odé) contou a trajetória do terreiro fundado por Mãe Elza de Oyá e entoou o hino, lançado na ocasião. O evento teve o apoio do Governo da Bahia através da Superintendência de Fomento ao Turismo (Sufotur).

Foto: Divulgação

“Ilê significa casa, Axé a força, Opô é coluna, sustentação, Oyá é a nossa Guerreira Iansã, Sojú é olhar, cuidar, tomar conta. A casa tem força e é sustentada e governada pela guerreira que cuida, esse nome que carrega a nossa Casa, diz muito sobre a nossa missão”, disse Pai Igor.

Ajodun para Yemanjá e Gamela de Xangô, foram homenageados Pai Ari de Ajagunā – Presidente da FENACAB e fundador do Ilê Axé Opô Ajagunã; Mameto Kamuricy do Terreiro São Jorge Filho da Gomeia – Portão; Obá Tossí – Ilê Asé Opô Oyá Sojú; Mãe Mariinha de Oyá – Yakekerê do Ilê Axé Opô Ajagunã; Pai Cesário de Xangô filho do Ilê Axé Opô Afonjá; Egbomy Cátia de Oyá – Primeira filha iniciada por Pai Igor; Egbomy Cláudia de Oyá – Otun Yakekerê do Ilê Axé Opô Ajagunã; Pai Luiz de Oxum – Axogun do Ilê Axé Opô Ajagunã; Pai Raykil de Oxaguiãn – Primeiro filho iniciado por Mãe Elza e Dra Sônia Neves filha biológica de Mãe Elza.

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