Políticas
Coletivo de Entidades Negras e Instituto AVON juntos em campanha contra violência de gênero


Foto: Ruy Barbosa Pinto
A partir desta sexta (25), o Coletivo de Entidades Negras (CEN) inicia, em Salvador e Região Metropolitana, ações pautadas na campanha dos “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, em parceria com Instituto Avon e a Prefeitura de Salvador.
A campanha envolve uma extensa programação que começa com a iluminação especial do maior símbolo de Salvador – o Elevador Lacerda. Desta sexta até dia 10 de dezembro, o Elevador refletirá a cor laranja – em solidariedade à luta pelo enfrentamento a todas as formas de violência sofridas pelas mulheres.

Banco de Imagens
Tradicionalmente, é de 16 dias, mas este ano, para evidenciar a maior incidência da violência de gênero que vitimiza mulheres negras, a Campanha foi antecipada para o dia 20 de novembro, culminando os 21 dias em 10 de dezembro. As ações que serão realizadas pelo CEN, a partir desta sexta (25), envolvem a sociedade civil, o aparato de segurança pública (Polícia Militar e Sistema Penitenciário), Universidades Públicas e órgãos do Legislativo e do Executivo.
“A mudança começa onde o silêncio termina”
Com este mote, a Campanha busca, nestes 21 dias, ressaltar a “violência invisível”, com o intuito de provocar uma mudança de comportamento, em especial dos homens. É voltada para a violência doméstica, propagada por companheiros, maridos, namorados, pais e demais familiares do sexo masculino, mais próximos das vítimas.
“Muitos homens justificam seus atos violentos contra as mulheres com base no amor, dizem que amam demais, que sentiram ciúmes demais e vários outros motivos, sempre baseados no amor. A imprensa costuma chamar esses casos de “crimes passionais”, como se eles tivessem sido motivados por amor. Mas amor não mata! O que mata é a sensação de poder que o agressor tem sobre a vítima”, diz Iraildes Andrade, coordenadora de Gênero do CEN.
Banco de Imagens
Conforme dados do Ligue 180, no primeiro semestre de 2016 foram registrados cerca de 68 mil relatos de violências, sendo mais de 86% delas referentes situações previstas na Lei Maria da Penha. Na Bahia, criada em 2015 no âmbito da Polícia Militar da Bahia, a Ronda Maria da Penha – comandada pela Major Denice Santiago – tem atuado no policiamento ostensivo a estas chamadas.
Para sensibilizar os profissionais que atendem estas mulheres, em Delegacias ou ocorrências, o Coletivo de Entidades Negras, em parceria com a Ronda, promoverá formações junto a policiais e comandantes no dia 29 de novembro e 5 de dezembro. “Mulheres sofrem quando tentam fazer uma denúncia, são desanimadas pela atitude de alguns profissionais, então precisamos falar sobre isso”, enfatiza Iraildes.
“Quanto mais invisível for a violência, mais difícil dela ser identificada e mais prejudiciais e profundos são os danos causados por ela. Por isso, não podemos partir da premissa de que apenas apontar o erro já é suficiente para provocar uma mudança de comportamento. Precisamos que as pessoas sejam protagonistas e passem a reconhecer que existe um problema que é de todos nós e só pode ser enfrentado com mudanças de atitude”, afirma Mafoane Odara.
O gênero no cárcere
As mulheres encarceradas também terão atenção especial ao longo desta Campanha. No Presídio Feminino, em Salvador, o Coletivo de Entidades Negras realizará, dia 28, uma “Oficina de Estética”. Na ocasião, serão ofertadas aulas de auto maquiagem – com produtos da AVON -, cuidados com os cabelos, além de conversa sobre violência de gênero.
“Fomentar estas discussões junto às mulheres do sistema penitenciário é trazer à baila uma discussão ainda incipiente e que precisa acontecer para que o chamado empoderamento feminino possa fortalecer as mulheres. É fazê-las, a cada dia, mais autônomas e capazes de refutar todas as formas de violência”, enfatiza Andréa Mércia, coordenadora geral da Central de Apoio e Acompanhamento às Penas e Medidas Alternativas (CEAPA).

Foto: Charles Guerra / Agencia RBS
O debate continuará no dia 5/12, com a Roda de diálogos sobre Racismo e Gênero, na sede a OAB, em Salvador, onde 25 mulheres que cumprem pena alternativa estarão presentes. Já em Lauro de Freitas – Região Metropolitana de Salvador -, no dia 7 de dezembro, o diálogo chegará à juventude.
“Temos percebido discursos e comportamentos por parte de jovens daquela região, que reproduzem violências de gênero, então precisamos também conversar com eles de forma mais direta”, aponta Iraildes, que coordena toda a programação que o Coletivo realiza neste período.
Ao longo dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres também serão realizadas diversas intervenções na cidade: a cor laranja estará nas gordinhas de Ondina, na Reitoria da UFBA, na Estação da Lapa, na Fábrica da AVON – em Simões Filho -, e na Caminhada do Samba, em Salvador, neste final de semana (27/11). No Shopping Barra, uma ação fotográfica reúne 42 personalidades, incluindo artistas, que aderiram à Campanha. O Portal SoteroPreta fará matérias especiais sobre a programação.
Confira aqui algumas das peças já criadas pelo Instituto AVON que podem ser compartilhadas nas redes sociais, com a hashtag #vamosconversar.
Políticas
‘Positivar Masculinidades’ debate sobre desmarginalização da negritude

A Jornada Positivar Masculinidades dá continuidade à sua programação em maio com um ciclo de encontros voltado ao fortalecimento de vínculos, identidade e autocuidado entre homens negros. O próximo evento acontece na quarta-feira, 14 de maio, às 18h30, no Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA (CEAO), com o tema “Desmarginalizando a Negritude”.
O debate será conduzido por dois importantes nomes do movimento negro: Dudu Ribeiro, historiador e fundador da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, e Silvio Humberto, economista, professor e doutor em Administração. O encontro propõe uma reflexão sobre os impactos das estruturas sociais na vida de homens negros, especialmente nos campos da política, economia e direitos.
O evento é gratuito, aberto ao público e as inscrições podem ser feitas pelo Sympla: clique aqui
Um espaço seguro para reflexões e fortalecimento de vínculos
Criada pelo ativista Tiago Azeviche, a jornada teve início em abril com a palestra “Inspirando-nos na ancestralidade para construir um legado próspero”, conduzida pelo capoeirista Mestre Roxinho e pelo filósofo Sérgio São Bernardo. A iniciativa tem como foco a construção de espaços de escuta ativa, cuidado coletivo e troca de saberes entre homens negros.
“Temos muitas questões na agenda externa e coletiva, e essa jornada é um chamado para que possamos escutá-las e enfrentá-las juntos”, afirma Azeviche, que é empreendedor, estudante de Administração e idealizador do projeto iniciado em 2019, após uma vivência imersiva em Gana.
Próximos encontros e imersão final
Além do debate do dia 14, a programação de maio segue com outros dois encontros no CEAO/UFBA:
21/05 – “Nós, homens negros, a sociedade e a mídia”, com o professor Richard Santos
31/05 – Imersão prática “O Chamado do Alacorô”, com atividades integradas ao longo do dia, incluindo yoga kemética com Jorge Bispo e diálogo com Tiago Azeviche
A jornada propõe mergulhos em temas como identidade, afetividade, saúde emocional e espiritualidade, promovendo um cuidado integral com base nas tradições africanas e nas práticas coletivas de autocuidado.
SERVIÇO
Jornada Positivar Masculinidades – Salvador (BA)
📅 Próximas datas: 14, 21 e 31 de maio de 2025
🕕 Horário: 18h30 (dias 14 e 21/05); 9h às 18h (dia 31/05 – imersão final)
📍 Local: CEAO – UFBA (Praça Gen. Inocêncio Galvão, 42 – Dois de Julho, Salvador)
🎟️ Evento gratuito e aberto ao público
🔗 Inscrições: Sympla
📱 Mais informações: @positivarmasculinidades | positivarmasculinidades.com.br
Políticas
Jornada Positivar Masculinidades promove troca de saberes

O diálogo entre homens negros em Salvador segue se fortalecendo. Em 2025, o projeto Positivar Masculinidades, idealizado e liderado por Tiago Azeviche, retorna com novo fôlego e formato: nasce a Jornada Positivar Masculinidades, uma série de cinco encontros voltados para a escuta, o debate e a troca de saberes entre homens negros da cidade, reunindo diferentes identidades, gerações e trajetórias profissionais.
Com atividades programadas para os dias 09 e 23 de abril e 14, 21 e 31 de maio, os encontros acontecerão no Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (CEAO/UFBA) – localizado na Praça Gen. Inocêncio Galvão, 42, bairro Dois de Julho – sempre às 18h30. Gratuita e aberta ao público, com inscrições através do Sympla, a jornada será encerrada no dia 31 de maio com o encontro “O Chamado do Alacorô”, em formato de imersão, das 9h às 18h, no mesmo local.
A proposta é abordar, ao longo dos dias, temas como identidade, saúde emocional, relações sociais, afetividade e autocuidado, reunindo convidados especiais, palestras, rodas de conversa e práticas integradas de cuidado.
“A ideia é seguir construindo espaços seguros onde homens negros possam refletir sobre si, repensar suas trajetórias e fortalecer vínculos. Temos muitas questões na agenda externa e coletiva, e essa jornada é um chamado para que possamos escutá-las e enfrentá-las juntos”, afirma Tiago Azeviche.
Ativista das causas das masculinidades negras, empreendedor e estudante de Administração, Azeviche dá continuidade a um trabalho iniciado em 2019. Após uma experiência imersiva em Gana, no continente africano, o projeto ganha agora uma nova roupagem, inspirada na ancestralidade e em práticas coletivas e afetivas.
Para Mestre Roxinho, do Instituto Cultural Bantu, a proposta do encontro representa uma oportunidade rara e necessária: “Este espaço de escuta e acolhimento voltado ao homem preto é uma iniciativa potente, que contribui significativamente para o desenvolvimento emocional e para o enfrentamento de traumas que muitas vezes são silenciados. Ainda são poucas as oportunidades de diálogo sobre masculinidades, especialmente entre homens negros, que historicamente não encontram lugares seguros para falar sobre sentimentos, questões sociais e afetivas. Por isso, participar dessa jornada é motivo de alegria. É um momento de aprendizado, troca e construção coletiva”, conclui.
O encerramento da jornada será marcado por “O Chamado do Alacorô”, um dia inteiro de atividades vivenciais e oficinas que integram mente, corpo e espírito — um momento de reconexão com o cotidiano e com a ancestralidade.

Foto: Divulgação
Sobre o idealizador
Tiago Azeviche é um homem negro com raízes no Recôncavo Baiano e possui forte presença no ativismo negro e nas pautas das masculinidades negras. Estudante de Administração e empreendedor no ramo da moda, Azeviche comanda um estúdio de serigrafia, onde também oferece oportunidades para que outros homens da sua comunidade aprendam o ofício e desenvolvam autonomia profissional.
Programação
09/04/2025
Palestra: Inspirando-nos na ancestralidade para construir um legado próspero
Mestre Roxinho – Capoeirista (Instituto Cultural Bantu)
Sérgio São Bernardo – Professor, advogado e filósofo
23/04/2025
Palestra: Cuidando da saúde integral – corpo e mente
George Barbosa – Psicólogo clínico e social, escritor e criador do projeto Terapia no Bairro
Dr. Osei Akuamoa – Urologista
14/05/2025
Palestra: Corpo negro, o Judiciário e a política de segurança pública
Fernando Santos – Advogado
21/05/2025
Palestra: Nós, homens negros, a sociedade e a mídia
Professor Richard Santos
31/05/2025
Imersão prática: O Chamado do Alacorô
Diálogo com Tiago Azeviche
Yoga kemética com Jorge Bispo
Demais atividades do dia serão divulgadas em breve
Serviço
O quê: Jornada Positivar Masculinidades
Quando: 09 e 23 de abril; 14, 21 e 31 de maio
Horários: 18h30 (dias 09, 23/04 e 14, 21/05); 09h às 18h (dia 31/05)
Onde: CEAO – UFBA (Praça Gen. Inocêncio Galvão, 42 – Dois de Julho, Salvador)
Quanto: Gratuito e aberto ao público com inscrições no Sympla
Programação sujeita a alterações. Acompanhe em: www.positivarmasculinidades.
Políticas
Kabengele Munanga fará palestra magna no lançamento da IV CONEPIR

A IV Conferência Estadual de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CONEPIR) será lançada nesta sexta-feira (21), Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial, pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (SEPROMI). O evento acontece na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, a partir de 8h30, e contará com uma palestra magna do professor e especialista em antropologia da população afro-brasileira, Dr. Kabengele Munanga. Ele vai mobilizar reflexões sobre os desafios e perspectivas das políticas de promoção da igualdade racial no Brasil.
Na relevante data instituída pela ONU em 1996, Kabengele Munanga, conhecido por introduzir a questão racial nos temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais de maneira pioneira, fará uma troca importante sobre as construções e expectativas para as políticas públicas de promoção da igualdade racial na Bahia. Com o tema “Igualdade e Democracia: Reparação e Justiça Racial” e realizada entre os dias 20 a 22 de agosto de 2025 , em Salvador, o momento marca o início da mobilização das etapas municipais da Conferência em pelo menos 13 territórios de identidade da Bahia, sucedida da etapa estadual com a participação de 800 delegados(as) e convidados(as).
Coordenada pela SEPROMI, o Conselho de Defesa dos Direitos da Comunidade Negra (CDCN), o Conselho Estadual para a Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais (CESPCT) e o Conselho Estadual dos Direitos dos Povos Indígenas do Estado da Bahia (COPIBA), o ato pretende reunir cerca de 120 representantes dos Conselhos do segmento, sociedade civil, representantes das universidades estaduais e federais, intelectuais, blocos afros, a Rede de Combate ao Racismo, parlamentares, fórum de Gestores(as) Municipais, além de lideranças religiosas de organismos internacionais e secretarias do Governo do Estado.
Convocada por meio do Decreto nº 12.192 de 20 de setembro de 2024,conforme deliberação da 90ª reunião do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, o principal objetivo da IV CONEPIR é movimentar o cenário da Política Estadual de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais. No momento que destaca com mais detalhes os eixos temáticos, etapas e expectativas para o processo conferencial, o público encontrará análises sobre o racismo e suas consequências na sociedade.
A Secretária Ângela Guimarães avalia que, de um ponto de vista transversal, este é um encontro valiosíssimo para a mobilização da agenda que vai pensar as políticas de promoção da igualdade racial da Bahia para a próxima década.
“Enquanto sociedade organizada, junto a muitas mãos e instituições relevantes para a luta pela superação do racismo, balizaremos os rumos que já tomamos até aqui com vista no futuro, pensando coletivamente as prioridades e os desafios para construirmos políticas públicas ainda necessárias para a formação de uma sociedade cada vez mais justa e equitativa para todos e todas, especialmente para a população negra e as comunidades tradicionais” disse.
O encontro também conta com a apresentação do Observatório da Promoção da Igualdade Étnico-racial – ODS 18, da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, pela Dra. Maria do Carmo Rebouças dos Santos, coordenadora do Observatório. Ligado a Universidade Federal do Sul da Bahia – UFSB, pelo Grupo de Pesquisa Pensamento Negro Contemporâneo UFSB/CNPq e da Fundação Escola Politécnica da Bahia, o Observatório é um espaço acadêmico de formação, pesquisa, monitoramento e produção de análises do progresso do ODS 18.
Além disto, na oportunidade de celebrar as conquistas alcançadas na luta por uma sociedade mais justa e igualitária e atenta às ainda necessárias demandas por reparação histórica e justiça racial, o encontro conta também com uma programação regada a momentos culturais e com atração musical da Banda Yayá Muxima.
Serviço
O quê: Ato de lançamento da IV CONEPIR e palestra magna com Kabengele Munanga
Quando: 21 de março de 2025 | 08h30 às 12h30
Onde: Auditório Jornalista Jorge Calmon, ALBA – Assembleia Legislativa da Bahia | CAB