Moda
Angola – Carol Barreto desfila coleção inspirada em religiões de matriz africana


Foto: Helemozão Fotopoesia
Por ter um pé fincado no passado e outro no futuro, o faro criativo de Carol Barreto tem uma forte conexão com o contemporâneo. Talvez seja por isso que a produção de moda da baiana esteja pronta para alçar mais um voo internacional, chegando, dessa vez, em Luanda. A nova coleção da estilista será desfilada durante a Angola Fashion International Show, que acontece nos dias 2 e 3 de dezembro. Além de integrar o evento, a marca Carol Barreto passa a fazer parte do casting de descobertas internacionais da agência de moda Adama Paris.
A nova empreitada da designer de moda, que também é professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), entra para uma lista de experiências fora do país que inclui participação numa exposição no Canadá (Toronto), palestra nos Estados Unidos (Chicago) e desfiles na França (Paris) e Senegal (Dakar).
“Tenho refletido sobre os impactos que essas vivências causaram no meu processo criativo. Em 2013, por exemplo, quando fui para o Senegal, me confrontei com muitas questões. Estava indo para África, que é a minha grande referência, mas é preciso ter cautela para não acreditar que as interpretações pessoais sobre culturas africanas são as melhores, mais verdadeiras ou universais”, destaca Carol.

Foto: Helemozão FotoPoesia
Na nova coleção, que será desfilada em Angola sob o título Asè, a estilista pensa espaços religiosos de matriz africana como quilombos urbanos, também responsáveis pela manutenção da saúde, intelectualidade e espiritualidade das pessoas negras no Brasil.
“Expando essa abordagem para refletir sobre o protagonismo das mulheres negras nas religiões de matriz africana, de modo geral. Parto tanto das nações de Candomblé quanto da Umbanda, Xangô do Nordeste, Jurema, e outras formas de expressão que foram se constituindo no Brasil”.
A mola propulsora usada por ela para a criação dos 15 looks, compostos por saias e vestidos brancos, veio da sua memória afetiva: a colcha richelieu que sempre cobria a cama de casal dos seus avós e data do casamento deles lá pelos idos da década de 1950. “Isso foi usado a vida inteira lá em casa, assim como as toalhas de mesa feitas em crochê, por exemplo.
Esse é o ápice de outras histórias que foram contadas em coleções passadas, como Fluxus e Vozes”. Decidida a trabalhar com fazeres artesanais, Asè também apresenta o resultado de um arquivo de peças em richelieu, renda renascença e renda filé colhidos em cidades como João Pessoa (PB), Recife (PE) e Salvador (BA).

Foto: Helemozão Fotopoesia
Processo colaborativo
No trajeto entre definição conceitual e execução das peças, aconteceu o encontro de uma equipe engajada no compromisso com a criação. Além de contar com a assessoria técnica da modelista e pesquisadora Cllaudia Soares, Carol Barreto resolveu se aventurar num processo em colaboração. “Queria saber o que acontece quando nos abrimos ao outro também no contexto criativo. Me senti como aprendiz e criadora todo o tempo”, comenta.
Numa primeira reunião com profissionais que já trabalharam com ela em coleções anteriores, a designer de moda sentiu a autonomia da equipe para interferir no resultado.
“Eles tinham liberdade para dizer: ‘você está fugindo do traço autoral’, ‘não queira simplificar para ser mais rápida’, ‘não abandone a complexidade do seu trabalho’”, completa. Além disso, Carol Barreto convocou, via Facebook, voluntários para ajudar na execução da imagem de moda da coleção.
Produzida numa parceria entre a estilista e o Centro Técnico do Teatro Castro Alves (TCA), que cedeu espaço e equipamentos, a coleção Asè tem a marca de muitas mãos e vozes. “Esse foi um laboratório criativo, de costura e confecção. Um processo que partiu dos tecidos, das conversas entre a equipe e meu arquivo afetivo”, finaliza.

Foto: Acervo Pessoal
Texto de Luis Fernando Lisboa – Jornalista e pesquisador na área de moda. Mestrando do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (Pós-Cultura) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), integra o Grupo de Pesquisa Corpo e Cultura (UFRB/CNPQ). Atuou como colunista de moda e repórter de cultura no jornal A TARDE.
Moda
Afro Fashion Day 2024 seleciona modelos plus size e LGBTQIA+

O Afro Fashion Day (AFD), projeto pioneiro na moda negra no país, este ano celebra uma década de história. Para isso, a iniciativa vem tradicionalmente realizando seletivas em bairros de Salvador, buscando democratizar o acesso ao mundo da moda a talentos e modelos não profissionais. Nesta edição, duas seleções do tipo foram feitas durante o mês de setembro: uma na Barroquinha e outra em Cajazeiras, um dos maiores conjuntos habitacionais da América Latina.
Mais de 230 pessoas participaram das seletivas do AFD 2024, sendo que 30 foram pré-selecionados para a fase final, realizada nesta terça-feira (24), no Teatro Gregório de Mattos. Dez nomes foram escolhidos, são eles: Ana Paola Simas, 14 anos, da cidade de Lauro de Freitas; Dandara Neri, 17 anos, de Paripe; Genê Góes, 33 anos, de Simões filho; Luan Sales, 22 anos, do Nordeste de Amaralina; Rafael Menezes, 25 anos, da Boca do Rio; Kaline, 13 anos, do Engenho Velho de Brotas; Laura Guimarães, 19 anos, de Fazenda Grande 4; Luane Gonçalves, 23 anos, do município de Itaparica; Maurício Rosário, 31 anos, do IAPI; e Iasmin Lima, 19 anos, do Arraial do Retiro.
Todos os selecionados irão se juntar a outros modelos profissionais para o desfile (previsto para às 19h) que acontecerá em 1º de novembro, na Praça do Campo Grande. O evento gratuito irá abrir o mês em que se celebra a Consciência Negra, com o tema “Música – Resgatando raízes e elevando vozes”. A programação inicia às 11h com a Feira da Sé, oficinas e atrações musicais.
A diversidade dos selecionados
A diversidade deu o tom em mais uma final da seletiva de bairros do AFD. Para participar, a pessoa negra precisava ter idade a partir de 13 anos. Não tinha critério de idade máxima ou algum padrão de beleza durante a seleção. Desde sua primeira edição, o Afro Fashion Day tem sido um importante ponto de partida para grandes talentos baianos que desejam carreira de modelo, mas ainda esbarram nas dificuldades de acesso ao mercado.
O mais votado pelos jurados foi Luan Sales, de 22 anos. O modelo é do bairro de Nordeste de Amaralina e falou sobre a emoção de ser selecionado para desfilar na passarela mais negra do país: “Eu sou uma pessoa preta, LGBTQIA+, não-binária, de periferia. Então, esse resultado me faz acreditar. Eu fico muito feliz, e com isso tudo eu só tenho a agradecer”.
Genê Góes, de 33 anos, saiu de Simões Filho para participar pela terceira vez das seletivas de bairro. No ano passado, ela chegou a passar para a final, porém precisou interromper a busca do sonho de desfilar no AFD por conta do tratamento contra o câncer de mama. “A minha terapia acabou me fazendo um pouquinho mal e eu fiquei internada com dor no coração porque eu tinha ficado lá no hospital. Mas esse ano eu tentei de novo e agora estou aqui muito grata. E com a responsabilidade de representar a minha categoria no plus size e as mulheres que lutam por outro câncer de mama também”, disse.
Maurício Rosário, 31 anos, é do bairro do IAPI. Depois de dois anos tentando se inscrever, ele, que é uma pessoa surda, não conteve a emoção ao ser selecionado para a desfilar na passarela mais negra do país: “Estou muito emocionado. Eu sou um jovem negro, surdo e me sinto capaz de ir para qualquer lugar. Independentemente, qualquer pessoa é capaz de realizar seus objetivos. Me sinto representando a minha comunidade surda”.
O júri foi formado pela DJ, modelo e dançarina Lunna Montty, pelos maquiadores Dino Neto e Roma Aragão, pelos estilistas Fagner Bispo, Najara Black e Filipe Dias e pelo diretor de teatro Fernando Guerreiro, além do diretor artístico do projeto Gil Alves, da editora chefe do CORREIO, Linda Bezerra, e da gerente Comercial e Marketing do CORREIO, Luciana Gomes.
Mais informações no perfil do Instagram @afrofashionday (https://www.instagram.com/
Moda
Brota Arte no Engenho: expo mostra coleção de Cid Brito

As manifestações culturais e religiosas do Engenho Velho de Brotas inspiraram a nova coleção assinada pelo estilista Cid Brito — nascido e criado na região. As peças ficarão em cartaz na Galeria da Cidade (Teatro Gregório de Mattos), com visitação gratuita entre os dias 20 de julho e 10 de agosto, das 14h às 18h (de quarta a sábado), e curadoria de Alberto Pitta.
Ao todo, 32 peças integram a coleção, bem como acessórios produzidos durante uma oficina de confecção promovida pelo projeto com moradores do bairro em maio.
“O Engenho Velho sempre me inspirou enquanto artista, por toda potência cultural que existe aqui. É o bairro onde nasceram e moraram grandes artistas da cena baiana com destaque nacional. As pessoas do Engenho Velho reconhecem essa potência do bairro e é isso que inspira a coleção”, explica Cid Brito.
O projeto Brota Arte no Engenho foi contemplado pelo edital Territórios Criativos, com recursos financeiros da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador e da Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura, Governo Federal.
Moda
Artista Rafael Oliveira lança marca de moda streetwear

Unindo arte e moda, o artista Rafael Oliveira lança a ROLÊ89, marca de moda streetwear que assina toda a concepção das peças de roupa e acessórios. O lançamento será na próxima sexta-feira (10/05), a partir das 18h, na loja CyberVolt (Pituba). Serão apresentadas as primeiras peças de roupa e o filme manifesto “Rolê se faz junto”. A partir do dia 10 de maio, as primeiras peças estarão à venda na loja virtual: role89.lojavirtualnuvem.com.br A noite contará ainda com a discotecagem do DJ Iano.
Reconhecido também por seus trabalhos como ilustrador e designer, Rafael é skatista e construiu sua marca de moda streetwear, com um toque soteropolitano. ROLÊ89 remonta memórias pessoais e conta histórias que motivam pessoas e a comunidade na qual está inserida. A linguagem e as inspirações vêm das vivências da rua, “em especial do universo do skate, arte urbana, basquete, que são expressões que eu me envolvo e me identifico”, explica o artista.
“Rolê se faz junto”! É uma marca que faz, vende e entende a moda com um olhar para a comunidade. “A ideia é que as pessoas se identifiquem a partir dessa sensação de construção coletiva, feita a várias mãos”, conta Rafael.
Rafael Oliveira é ilustrador e designer, amante da cultura skateboard, moda e cultura street com experiência em desenvolvimento de identidade visual, ilustração digital e tradicional, estamparia e muralismo. Trabalhou em diversos lugares como TVE Bahia, Souldila (marca fashion), ZSU Skate Shop, além de ter desenvolvido projetos autorais e com outros profissionais da área.
SERVIÇO
Premiere “Rolê se faz junto”
Lançamento da marca Rolê89
role89.lojavirtualnuvem.com.br
Data/Hora:10/05, a partir das 18h
Local: Ciber volt (Av. Paulo VI, 1535, Pituba, Salvador/BA)
Discotecagem: DJ Iano