Teatro
“Se Deus fosse preto” retorna em cartaz no Teatro Solar Boa Vista


Foto – Guilherme Malaquias/Max Fonseca
Em uma atuação marcante, inquietante, com um cenário e ambiente angustiantes, o ator Sergio Laurentino (Bando de Teatro Olodum) propõe uma intensa reflexão sobre uma série de questionamentos.
Em “Se Deus Fosse Preto – O Legado de LHOID”, seu primeiro solo,Sérgio apresenta Lhotam Omi Imbó do Dendê (Lhoid), um homem negro preso injustamente pelo assassinato de sua filha e de sua esposa.
Nos dias 13 (sexta), 19 (quinta) e 20 (sexta) de janeiro, o solo chegará ao Teatro Solar Boa Vista (Engenho Velho de Brotas), com apresentações às 19h30 e ingressos a R$20/10.
Ao longo do solo, Lhoid escreve textos baseando e fundamentando uma nova religião universal. Entre ficção e realidade, sua escrita chega aos anos 3 mil, um futuro que prenuncia a queda das religiões vigentes e o surgimento de um novo messias.

Foto: Lúcio Adeodato
“O solo é a inquietude de ser negro e não se ver representado, perceber que todo e qualquer passo que a sociedade dá a um futuro próximo e “próspero”, um passado ancestral é colocado de lado por estórias dominantes que vem se fortalecendo assustadoramente. A injustiça vista na peça é a forma de se discutir o quanto de intolerância religiosa, racial, de gênero – diria humana – nós praticamos nos dias de hoje. Isso nos afasta das questões mais importantes de conviver com o outro: o amor, o cuidado, a justiça, a sobrevivência. Nosso templo é o nosso corpo, é o Deus que habita aqui e enxerga o deus que habita aí”, reflete Jean Pedro, diretor da peça.
Teatro
Teatro Sesc-Senac Pelourinho recebe espetáculo “FURACÃO”

Morar em um país atingido por um fenômeno meteorológico de grande proporção, capaz de isolar totalmente comunidades, abandonadas por dias pelo poder público. Esse é o tema do espetáculo “FURACÃO”, baseado na obra homônima do francês Laurent Gaudé e dirigido por Ana Teixeira e Stephane Brodt, em curta temporada no Teatro Sesc-Senac Pelourinho, que ocorrerá de 27 a 29 de março, com sessões de quinta a sábado, às 19h, e na sexta-feira tem sessão extra às 15h. Veja teaser aqui.
“O cacau vai cair”. Esta é uma expressão muito utilizada na Bahia para chamar a atenção que vem fortes chuvas. É um alerta principalmente para que comunidades periféricas e pessoas em situação de vulnerabilidade social possam se resguardar. Os riscos: deslizamentos, municípios e bairros inundados, boca de lobos entupidas, famílias desabrigadas – muitas delas, negras, comunidades quilombolas isoladas, entre outros transtornos.
Esses são alguns dos agravos causados por questões ambientais somadas à falta de ações dos poderes públicos nas áreas de saneamento básico, esgotamento sanitário, iluminação, calçamento e demais outras necessidades importantes para comunidades periféricas, grande parte delas ocupadas por pessoas pretas. É o que podemos chamar de racismo ambiental.

Foto: Renato Mangolin
Katrina – 20 anos
“Furacão” apresenta Joséphine Linc Steelson, “uma velha negra de quase cem anos”, moradora de Nova Orleans, que enfrenta sozinha a fúria do Katrina, furacão que há 20 anos devastou o sul dos Estados Unidos (2005). Uma mulher marcada pela segregação racial cuja voz ecoa como um grito na cidade inundada e abandonada a própria sorte.
A obra reflete sobre questões climáticas, racismo ambiental e retorno à ancestralidade alcançando questões éticas complexas: para aqueles que não se lembram, antes do Katrina atingir os EUA, os moradores dos bairros ricos de Nova Orleans, ocupados principalmente por pessoas brancas, foram desocupados enquanto os bairros periféricos e a sua comunidade preta, ficaram largados à própria sorte.
No espetáculo, teatro e música compõem um ato único. A riquíssima cultura musical negra estadunidense (em particular, o blues) é a referência para a criação de uma linguagem cênica híbrida: o espetáculo apoia-se tanto no teatro como na música para instaurar a cena ritual e cerimonial que caracteriza os trabalhos do Amok.
Josephine é uma espécie de griô norte-americana – alertando para a situação dos excluídos diante das catástrofes climáticas que devastam o planeta. O espetáculo segue a trajetória desta mulher cuja história poderia ser também a história de tantas outras mulheres brasileiras.
No elenco de FURACÃO, estão em cena as atrizes Sirlea Aleixo, a atriz e cantora Taty Aleixo – mãe e filha, na vida real – e os músicos Anderson Ribeiro e Rudá Brauns. Sirleia integrou o processo formativo que abriu o projeto “Trilogia da África” do Amok Teatro – que abrange, além de “Furacão”, as obras “Salina – A última vértebra” (2015) e “Os cadernos de Kindzu” (2016).
Ocupação Ancestral
Crítico e político, “Furacão” estreou em agosto de 2023 no Rio de Janeiro. Inédita em Salvador, a peça da premiada companhia carioca, além das sessões no Teatro Sesc-Senac Pelourinho, será apresentada gratuitamente em dois Quilombos – Alto do Tororó (25) e Dandá (30), sessões que receberão também os quilombos São Thomé e Tubarão; e Macacos e Pitanga dos Palmares, respectivamente.
O espetáculo fala sobre resistência de um povo, que chegou forçosamente em terras americanas. A ambientação cênica é inspirada no Preservation Hall, espaço de resistência e preservação da música e cultura de Nova Orleans, considerado um “templo do Jazz” . A música desempenha em “Furacão” um papel central na narrativa.
Oficinas
Além das apresentações de “FURACÃO”, o projeto irá promover uma oficina gratuita voltada a profissionais, estudantes e coletivos teatrais, destacando a importância do intercâmbio artístico e ações educativas. Em Salvador, a oficina “Treinamento-Improvisação” será ministrada pela diretora Ana Teixeira, nos dias 28 e 29 de março, dentro das dependências da Escola de Teatro, da Universidade Federal da Bahia (ETUFBA), integrando a Semana Pedagógica da Instituição. As inscrições podem ser feitas através de formulário disponível no perfil @amokteatrorj.
Espaços ancestrais da cultura negra brasileira, os Quilombos Alto de Tororó e do Dandá receberão a oficina “Olelê – Brincando Bantu”, ministrada pelo músico, pesquisador e arte-educador Fábio Mukanya, que através da transmissão oral crianças, jovens e adolescentes aprenderão brincadeiras tradicionais dos povos de Angola, Moçambique e Congo, além de criarem brinquedos como o pião de cabaça, bonecos de manipulação e instrumentos musicais.
AMOK TEATRO: formação e teatro político-social
O Amok Teatro é um grupo carioca de teatro de pesquisa com 27 anos de trajetória, dirigido por Ana Teixeira e Stephane Brodt desde sua fundação em 1998. O grupo é reconhecido pela crítica e pelo público, tendo recebido diversos prêmios, e é considerado uma das companhias mais prestigiadas da cena carioca contemporânea, com grande reconhecimento internacional. O trabalho do Amok Teatro se caracteriza pela pesquisa contínua sobre a arte do ator e as linguagens da cena, buscando rigor formal e intensidade. Os projetos do grupo exploram diferentes caminhos de pesquisa cênica e treinamento para o ator, dialogando com diversas tradições e culturas. Os espetáculos abordam temas contemporâneos e questões fundamentais de nossa época, sempre com uma linguagem poética e a cena como espaço cerimonial.
Serviço
O quê: Espetáculo FURACÃO, uma obra da Trilogia da África, do Amok Teatro
Quando: 27, 28 e 29 de março de 2025 – quinta e sábado, às 20h, e sexta, sessões às 15h e 19h
Onde: Teatro Sesc-Senac Pelourinho – Largo do Pelourinho, 19 – Pelourinho
Ingressos: R$20 e R$10 (na bilheteria ou antecipados pela plataforma Sympla
Mais informações: @amokteatrorj
Duração: 70 minutos | Classificação: 12 anos
O quê: Oficina de “Treinamento-Improvisação”, para atores e estudantes de teatro
Quando: 28 e 29 de março, de 09h às 13h
Onde: Teatro Sesc–Senac Pelourinho
Inscrições: @amokteatrorj
Serviço – Ação nos Quilombos
Quilombo Alto do Tororó
Apresentação de “FURACÃO” – 25/03, terça –19h | acesso gratuito
+ oficina “Olelê – Brincando Bantu”, com Fabio Mukanya – 29/03, sábado – 14h
Quilombo do Dandá (Simões Filho)
Apresentação de “FURACÃO” – 30/03, domingo – 19h
+ oficina “Olelê – Brincando Bantu”, com Fabio Mukanya – 30/03, domingo – 14h
Teatro
Indicações pretas aquecem torcida para o Prêmio Bahia Aplaude

Com a missão de incentivar a produção teatral baiana, tanto na capital quanto no interior do estado, o prêmio Bahia Aplaude – antes prêmio Braskem de Teatro – avaliou 52 montagens, entre peças de teatro e performances. O resultado é uma lista das indicações às categorias Espetáculo Adulto, Espetáculo Infantojuvenil, Direção, Ator, Atriz, Texto, Revelação, Performance e Categoria Especial.
Em sua 30ª edição, o novo título homenageia as origens da premiação, que começou como Troféu Bahia Aplaude e agora expande sua assinatura para novas parcerias. O intuito é fortalecer a cadeia criativa do teatro, dando possibilidade de agregar outras marcas que acreditam no grande potencial transformador da arte, assim como a Braskem, forte impulsionadora do teatro baiano.
Artistas negros e negras de Salvador e produções afro-centradas integram a super lista de indicações, a exemplo dos espetáculos Candomblé da Barroquinha e Torto Arado, categoria Espetáculo Adulto; o ator e diretor Thiago Romero (Candomblé da Barroquinha), na categoria Direção; Diogo Lopes Filho (Torto Arado), indicado como Melhor Ator; Vika Mennezes (Mukunã) e Larissa Luz (Torto Arado) na categoria Melhor Atriz; Aldri Anunciação, Fábio Espírito Santo e Elísio Lopes Júnior (Torto Arado), Gildon Oliveira (Nó), Mônica Santana (Sr. Oculto), em Melhor Texto; Filêmon Cafezeiro e Liz Novais (composição de Mukunã: do fio à raiz), Mafá Santos (sonoplastia de Bicho de duas patas). E na Categoria Especial, as indicações de Jarbas Bittencourt (direção musical e composição de Torto Arado) e Thiago Romero (direção de arte de Candomblé da Barroquinha).
Já assistiu?
Os espetáculos indicados nas categorias Adulto, Infantojuvenil e Performance farão parte da Mostra Bahia Aplaude, que acontece em espaços culturais de Salvador em data anterior à da cerimônia de premiação, como mais uma oportunidade para o público conhecer os finalistas à premiação.
Confira lista completa de indicados no perfil @bahia.aplaude e já fique na torcida!
Música
Musical “Se Acaso Você Chegasse” terá sessão extra no Teatro Moliére

O musical “Se Acaso Você Chegasse” terá sessão extra no domingo, dia 30 de março, no Teatro Moliére da Aliança Francesa. O espetáculo, que homenageia a cantora Elza Soares, já está em cartaz há 15 anos. Os ingressos podem ser adquiridos pelo Sympla ou no local da apresentação.
Escrito por Elísio Lopes Jr. e dirigido por Antônio Marques, o musical retrata diferentes fases da carreira de Elza Soares, tendo três atrizes no papel da artista: Aline Nepomuceno, Denise Correia e Lívia França, que dão vida a diferentes períodos de sua trajetória. O elenco ainda inclui Agamenon de Abreu, Cristiane Florentino, Gilson Garcia, Lycia Pestana, Leonardo Freitas e Madah Gomes.
A montagem, que recebeu a presença da própria Elza Soares em 2010, se destaca pela intensidade dramática e pela fidelidade à história da cantora, uma artista revolucionária, que uniu elementos do jazz, rock e outros estilos ao samba tradicional, deixando um legado de inovação e resistência.
Com mais de seis décadas de carreira, Elza Soares eternizou sucessos como “Se Acaso Você Chegasse”, “A Carne” e “Lama”. Além de sua importância musical, também se destacou como uma voz ativa na luta pelos direitos das mulheres e da população negra no Brasil. Falecida aos 91 anos, em janeiro de 2022, Elza deixou um impacto cultural que segue vivo em espetáculos como este.
Sobre o musical
O musical estreou em 2010, no Theatro XVIII, e desde então tem sido apresentado em diversos espaços culturais de Salvador. A obra, escrita por Elísio Lopes Jr, autor do musical D. Ivone Lara e da novela Amor Perfeito (Globo), integrou a programação de festivais e projetos como “A Cena tá Preta”, Festival de Teatro do Subúrbio, Festival Banco do Nordeste, Festival Cine Cena Unijorge e Festival Vozes no Teatro Castro Alves.
O espetáculo, prestigiado pelos cantores Elza Soares e Milton Nascimento, também recebeu durante a temporada diversos artistas baianos, que cantaram a música “A Carne”, como Carla Visi, Márcia Short, Lazzo Matumbi, Juliana Ribeiro e Magary Lord.
Serviço
Espetáculo “Se Acaso Você Chegasse”
Data: 30 de março (domingo)
Horário: 17h
Local: Teatro Moliére da Aliança Francesa
Ingressos: R$40 (inteira) e R$20 (meia)
Vendas: Sympla ou no local, no dia da apresentação
Classificação: Livre
Informações: (71) 99269-8274