Música
Violonista Thon Nascìmêmtos abre chamada para criação da “Camerata Wa Bayeke”
Já imaginou um grupo de estudos em violão no estilo africano, formado por músicos negros, estudantes e interessados, impulsionada por uma proposta de formação teórica e prática? É a Camerata Wa Bayeke, idelaizada pelo violonista, professor de Música e pesquisador de Música Africana, Thon Nascìmêmtos. Interessados podem se inscrever até o final deste mês e participar da seleção.
“O nome “Wa Bayeke”, é inspirado em Jean Bosco Mwenda (1930–1991), um importante guitarrista africano que influenciou várias gerações de músicos na África. Nascido no Congo viveu a maior parte da vida no Zaire e usava o pseudônimo de Mwenda wa Bayeke (que significava um título de nobreza), alegando uma ascendência nobre do povo Sanga de Bayeke. Portanto, Camerata Wa Bayeke: Camerata de Bayeka (Província de Katanga, sul do Congo)”, explica Thon.
Segundo ele, ainda é escasso o conhecimento dos brasileiros a cerca da produção científica, cultural e artística dos povos africanos, sendo um dos intentos da Camerata contribuir para a mudança deste quadro. “No Brasil, as músicas de origem africana sofrem uma grande invisibilidade, já que são geralmente tratadas e percebidas a partir de visões estereotipadas, generalistas e pouco apoiadas em conhecimentos empíricos consistentes ou pesquisas científicas da área. É neste sentido que se faz necessário um olhar sobre as culturas afro-brasileiras e africanas, capaz de estimular o conhecimento e o orgulho dos nossos jovens para os seus antepassados, de si mesmos e do grande futuro que lhes pertence como brasileiros que são”, diz.
Os encontros estão acontecendo todas as quarta-feiras, das 18h às 20h, na sede do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra (CDCN), R. do Passo, 42 – Pelourinho. Mais informações podem ser obtidas nos telefones(71) 99288-3995 / 98546-2556.
Música
Portella Açúcar lança primeiro EP “Mayday in Bahia”
O nome dele é Portella Açúcar. Quem não conhece essa irreverência, potência vocal e presença marcante nos palcos de Salvador? A “Simbiose Rítmica” Portella Açúcar une justamente toda sua versatilidade e um toque ácido de humor em seu primeiro EP intitulado “Mayday in Bahia”, que traz sua identidade, performance e interpretação em ritmos que passeiam pelo axé music até o Rock in Roll.
O lançamento acontece no dia 04 de dezembro, das 19h às 22h, na ABOCA, em Salvador.
Com direção musical de Vinícius Passarinho, Marcelo Brasil e Thiago Lira, arranjos de Marcelo Brasil, Thiago Rosa e Marcio de Oliveira, “Mayday in Bahia” conta com as participações de Aloísio Menezes, Veko Araújo, Silvio Neto, Vinícius Passarinho, Daniel Lima e Dyego Michael, em canções que segundo ele, “contam as histórias dissonantes do nosso dia a dia”.
“Se preparem que ainda vamos tirar muita coisa do nosso recheado baú”, afirma ele que chega cheio de identidade e vaidade em seu primeiro EP originalmente baiano.
As canções trazem um jeito único do soteropolitano, do Pelourinho, que transforma toda Quarta, Quinta, Sexta ou qualquer feira, em um encontro único com as artes e suas infindáveis possibilidades.
Ageumbó (Portella Açúcar e Aloísio Menezes), Cabeça de Prego (Portella Açúcar e Daniel Lima), Refavelafro (Portella Açúcar e Aloísio Menezes), Samba pra Angelina (Vinícius Passarinho), Planeta Solidão (Portella Açúcar), Não Quero Mais (Portella Açúcar e Silvino Neto), José (Diego Mykel), Esse Menino (Binícius Passarinho e Portella Açúcar), receberam o luxuoso tratamento dos músicos Gaby Guedes, Mestre Madureira, Mestre Olho de Vidro, Paulo Bass e Ícaro Sá.
As canções exploram a diversidade da música baiana, com letras que vão desde reflexões sobre a realidade social até toques de nostalgia, uma fusão única de ritmos e sonoridades que refletem a energia contagiante que fez de Portella um fenômeno no cenário musical baiano.
Disponível nas plataformas: OUÇA AQUI.
O projeto foi contemplado pelo edital Gregórios – Ano III, com recursos financeiros da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador e da Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura e Governo Federal.
Sobre Portella Açúcar
Integrante icônico do Bloco “Cortejo Afro” em Salvador, como uma Simbiose Rítmica que é, trilhou em sua jornada artística os maiores pilares estéticos dessa cidade carnavalesca, a exemplo: Coral de São Bento, Balé Folclórico da Bahia e Bando de Teatro Olodum. E foi com essa vontade incessante de produzir e realizar que junto com o Fotógrafo e Produtor Vinícius Passarinho deu origem ao Coletivo Musical “ A Outra Banda da ABOCA”, formado pelos seu parceiros da vida e dos palcos, o dublê de possibilidades Veko Araújo, Marcelo Brasil (Bateria(, Milton Pelegrini (Baixo), Marcio de Oliveira (Guitar) e Mestre Paulinho (Percussão).
Foto: Vinicius Passarinho
Música
#Favellê – Do Nordeste de Amaralina, Paulagringa lança sua primeira música e clipe
Com seu primeiro single “Empoderada”, a dançarina e cantora Paulagringa é cria do Nordeste de Amaralina, e estreia na música pelo Favellê Music, selo musical que impulsiona talentos independentes das periferias de Salvador. Disponível nas plataformas digitais, a parceria também gravou um clipe, que pode ser conferido no canal do projeto no YouTube. “Empoderada” traz elementos do rap, funk e pagode baiano.
“A música fala um pouco da mulher empoderada que corre atrás do seu e que não liga para o que os outros irão falar. Fala de uma mulher forte, mesmo com suas fraquezas, e que veio do gueto e entra em qualquer lugar sendo ela mesmo”, explica Paulagringa, que se inspira em artistas como Beyoncé, Ciara e Ludmilla.
A música foi produzida por Marivaldo dos Santos, que também dirigiu e produziu o videoclipe. O produtor musical e compositor nascido e criado nas periferias da capital baiana é o nome à frente do Favellê Music. A sua reconhecida carreira acumula trabalhos com artistas como STING, Lauryn Hill, Fugees, Joshua Bell, Ceelo Green e muitos outros. Recentemente, ele assinou a direção musical do filme “Música”, pela AMAZON USA, ao lado de Rudy Mancuso.
“Minha expectativa é grande para este lançamento. Eu acho que hoje em dia tem muitas mulheres que vão se identificar com minha música e estou muito ansiosa e cheia de pensamentos positivos com a oportunidade que o Favellê Music me deu”, finaliza Paulagringa.
Música
Festival UBAQUE impacta a cena musical de Salvador
Quem esteve na Arena Jardim dos Namorados neste domingo (01), em Salvador, percebeu que a cena musical dita como alternativa, não é preferência de pequenos guetos criados em bairros da capital baiana. Nomes da cena pagotrap como Gibbi, do reggae Migga, da MPB, Cabuloso – O Trio e da “batedeira baiana” do Attooxxá, aumentam o som cada vez mais amplificado na playlist de jovens das comunidades periféricas de Salvador. Tudo isso diante dessa diversidade de gêneros musicais que atendem as suas expectativas quando o assunto é narrativa urbana e sonora da sua realidade local. A Devassa foi a cerveja oficial do Festival UBAQUE
Idealizado pela produtora cultural Camila Rebouças, o Festival UBAQUE, em seu segundo dia de programação musical, contou com a presença de personalidades baianas como a empresária e jornalista Monique Evelle. “Ainda bem que existe o Festival UBAQUE, para que possamos fortalecer os novos talentos da Bahia que por acaso são pretos e pretas. A gente precisa entender que essa nova geração da música baiana é preta, tem nome e sobrenome e eu estou aqui para prestigiar cada um deles e cada uma delas”, disse a empresária que iniciou a sua carreira empreendedora ainda aos 16 anos, no Subúrbio Ferroviário de Salvador.
Para o vocalista Ricardo Correa, da banda “Cabuloso – O Trio”, festivais como o UBAQUE só fortalecem a cena musical baiana. “Acabamos de fazer um showzaço aqui na Arena UBAQUE e foi maravilhoso mostrar nosso trabalho para toda a cidade através de uma rede bem bacana. E já avisando pra galera que em janeiro de 2025 já começamos a ‘fervura’ de Salvador e que o Cabuloso – O Trio está preparado pra tocar em todos os espaços culturais possíveis da grande Salvador. Vamos fazer nossa música, trazendo nossa raiz que tem origem no bairro do Cabula, tocando nossa história, nossas canções em formato ‘power trio’, com meus irmãos Jacson Almeida e Paulo Beis”, enfatizou Correia.
Com a força do pagode e a energia do trap, o jovem Gibi trouxe ao palco do UBAQUE Musical toda sua narrativa dos becos e vielas da capital baiana aliada às expressões corporais do seu corpo de balé – um capítulo à parte em suas apresentações. Amor, desafios profissionais, dores da adolescência e a violência que existe nas comunidades periféricas de Salvador são alguns dos temas abordados em suas letras autorais ou em parceria com outros cantores da cena musical pagotrap.
“Tô muito feliz em cantar nessa primeira edição do Festival UBAQUE. Preparei um show muito lindo, fervendo e ‘daquele jeito’. Um pagotrap que vocês gostam de escutar e gostam de dançar”, agradeceu. A sonoridade desse gênero combina o rap com sintetizadores, a percussão presente no pagode baiano e a presença do cantar do trap.
Migga Freitas, filho do cantor Carlinhos Brown, também fez sua estreia nos palcos baianos. Cantor e compositor revelado em 2022 como integrante do quarteto baiano Filhos da Bahia, Miguel Freitas faz da base do reggae seu código, mistério e competência musical, que aplaudida pelo público da Arena Jardim dos Namorados.
“Estava ansioso, feliz e animado pra estrear no palco da UBAQUE. Preparamos um repertório bonito, com canções autorais e homenagens. Foi massa”, disse Miga após seu show.
Artista dos palcos e das telas, Elísio Lopes Jr. também estava lá. Roteirista, dramaturgo, escritor, diretor artístico, autor e novelista, ele chegou na Arena Jardim dos Namorados acompanhado de sua família e contou para o Portal Soteropreta o que achou do Festival UBAQUE.
“Eu acho que a música de Salvador está se renovando a cada dia e tem um monte de artista precisando de palco e o Festival UBAQUE está trazendo isso pra gente, está divulgando esse material novo; é a coroação disso tudo. Eu acho que é um trabalho importantíssimo que precisa continuar e ter várias vezes durante o ano pra que a gente possa curtir, ouvir a obra e a criação dos novos baianos de verdade”, enfatizou.
Pedro Fonseca, músico e instrumentista citado várias vezes pelos artistas no palco da UBAQUE, falou sobre a importância de ter festivais na capital baiana onde se possa prestigiar o som de artistas como Migga, Cabuloso – O Trio, Felipe Barros, o grupo Attooxxá. “Meu desejo é de vida longa ao Festival UBAQUE”, disse.
Encerrando as apresentações da primeira edição do Festival UBAQUE, o grupo Atooxáa subiu ao palco da Arena Jardim dos Namorados às 22h e se apresentou por 1h30 para turistas, baianos e fãs que vieram de todos os bairros de Salvador.
“Pra gente é um prazer demais abrir esse verãozão aqui no Festival UBAQUE. Evento gratuito pra qualquer pessoa que quiser colar aqui com uma galera muito da hora daqui da Bahia. Gente de várias gerações como Migga, Gibbi, Atooxxa, Nêssa, Vandal, Cabuloso – O Trio. Mostrar essa pluralidade da Bahia que vai do arrocha, passando pelo pagodão ao reggae. Espalhe a palavra que o Atooxxa esteve na casa”, celebraram os vocalistas baianos.
Texto de Patrícia Bernardes Sousa, jornalista colaboradora do Portal Soteropreta, redatora e integrante de projetos de impacto social, letramento, educação e cultura.
Fotos: Patrícia Bernardes Sousa