Música
Roda de Samba Terreiro de Crioulo chega a Salvador com Feijoada na Liberdade!

Há seis anos nascia em Realengo, zona oeste subúrbio do Rio de Janeiro, a Roda de Samba Terreiro de Crioulo, um encontro todo primeiro sábado do mês. lá, tudo gira em torno do samba: a decoração do espaço, os convidados, os ritmos tocados, que vão do Partido Alto, Samba de Terreiro, Samba Enredo, Samba de Roda, Jongo ao Maculelê. E tudo isso vai chegar em Salvador para apresentações especiais no bairro da Liberdade neste sábado – dia 8. O Portal SoteroPreta conversou com Renata Nerys, produtora da Roda sobre essa vinda à terrinha, veja:
Portal Soteropreta – Conte-nos um pouco sobre como a Roda tem se reverberado RJ…
Renata Nerys – Atuamos no subúrbio do RJ no bairro de Realengo há seis anos e na Roda temos músicos renomados e importantes para o movimento sambístico. Destacamo-nos pois o Terreiro de Crioulo não é somente musical, trabalhamos com o resgate da cultura de nossos ancestrais. Em toda roda de samba fazemos o “Minuto da Cultura” e nele falamos de diversas pessoas importantes que contribuíram com a luta dos negros, pobres, sambistas, oriundos de comunidade e excluídos da participação plena nos processos produtivos e políticos formais, perseguidos. Nossa ideia é sempre reconstruir o samba na nossa e em outras comunidades e, há pouco mais de um ano, levamos este projeto pra cidade de São Paulo nas zonas Leste e Sul.
Portal Soteropreta – Quem são os músicos que compõem a Roda e quais suas histórias?
Renata Nerys – O samba é composto por 11 músicos. Paulo Henrique Mocidade na voz e pandeiro, ele foi intérprete da escola Mocidade Independente de Padre Miguel, estandarte de ouro como Revelação no ano de 2000, partideiro da melhor qualidade que faz um samba de improviso. Um dos pioneiros a introduzir o samba na zona oeste do RJ. Tem Luciano Pereira Santos (voz e cavaquinho), músico, cantor e compositor prestes a lançar seu primeiro trabalho “Luciano Bom Cabelo em Gambiarra”. É compositor do samba mais tocado nas rodas de samba do país (“Nossa Escola”). Marcio Vanderlei na voz e banjo que está há mais de 13 anos na banda oficial da cantora Beth Carvalho. Tem Fellipe Feijão, um dos mais considerados violão 7 cordas, tocando por varias Rodas e Escolas de Samba como Império Serrano, Vila Isabel, Unidos e Mocidade Independente de Padre Miguel…o Abidu e Marcelo Gomes, percussionistas de primeira integrantes do grupo Autonomia Brasil, Rogério Família na voz e cavaco, Arifan Junior (voz e banjo) e integrante do grupo Soul + Samba. Tem também Nene Brown – Repique de mão e Percussão geral e Feijão no Pandeiro e percussão.
Portal Soteropreta – Como surgiu a ideia de vir a Salvador e qual está sendo a expectativa?
Renata Nerys – Nosso objetivo maior é propagar o samba, nossa linha de criação é o Partido Alto, Samba de Terreiro, Samba Enredo, Samba de Roda, Jongo, Maculelê…Nosso evento é mensal no RJ e em SP e não conta com nenhuma ajuda governamental. O que nos move é a paixão pelo gênero musical. A ida a Salvador é mais um sonho “Nosso samba vai além…”. Sentimos o dever de difundir nosso movimento e cultura e agregar com as culturas de outros estados. A expectativa é de reconhecimento do trabalho!
Do Rio, Roda de Samba Terreiro de Crioulo chega em Salvador para lançar DVD na Liberdade!
Música
Artistas baianos lançam EP “Olhos de Sol” com afrobeats, R&B e pagotrap

Os artistas baianos João Merín, Laiô e Yaan se juntam em um novo projeto musical: o EP “Olhos de Sol”, já disponível nas plataformas de streaming. A obra apresenta um mergulho sonoro que conecta afrobeats, R&B e pagotrap, estilos que têm ganhado força na cena contemporânea da música baiana.
Com quatro faixas, o EP é resultado do encontro criativo entre três artistas com trajetórias distintas, mas que compartilham temas em comum como ancestralidade, resistência, amor, prazer e pertencimento. O trabalho propõe uma escuta sensorial e reflexiva, misturando texturas musicais e poéticas que revelam as identidades de seus criadores.
A construção de um som coletivo
Ao longo das faixas, os artistas costuram elementos da cultura baiana com sonoridades contemporâneas, celebrando a diversidade rítmica do estado e suas influências afro-diaspóricas.
A faixa “Deixar Queimar” abre o EP com sensualidade e intensidade, enquanto “Olhos de Sol”, que dá nome ao projeto, aposta em uma atmosfera intimista e afetiva. “De Quebradinha” traz o swing e a vibração carnavalesca das ruas da Bahia, e “Filhos de África” encerra o álbum com um manifesto sonoro de orgulho e resistência negra.
Quem são os artistas
João Merín, rapper e cantor de Salvador, iniciou carreira solo em 2018 e recentemente ressignificou sua identidade artística. Com forte influência do reggae e das lutas do povo negro, traz à tona letras que unem espiritualidade, cotidiano e política.
Laiô, de Ilhéus, é cantora, compositora e gestora cultural com quase 20 anos de trajetória. Suas canções falam sobre afeto, afrodengo, amor próprio e identidade lésbica negra. Define sua música como afro-baiana.
Yaan, músico e produtor formado em Artes pela UFBA, atuou como baixista e guitarrista em diversas bandas e é fundador do selo Mouseíon Beats. Atua hoje na Mercúrio Studios, em Salvador, conectando produção musical com performance ao vivo.
🎧 Ouça o EP “Olhos de Sol” completo aqui: https://tratore.ffm.to/olhosdesolep
Música
“O samba é feminino”: Roda de Mulheres celebra legado de Dona Ivone Lara e mulheres sambistas na Bahia

Por Lorena Ifé
Quando Vinicius de Moraes compôs Samba da Benção e escreveu “porque o samba nasceu lá na Bahia”, ele com certeza evidenciou o legado da baiana Tia Ciata — natural de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano — uma das precursoras do samba. Ao se mudar para o Rio de Janeiro, ela abriu sua casa para este movimento. Mas há evidências de que, antes disso, o samba de roda já havia surgido pelas ruas da Bahia.
Seguindo esse legado, há quase dois anos, a sambista e empresária Patrícia Ribeiro abre as portas da casa onde morou o sambista Oscar da Penha — o Batatinha — no Largo dos Aflitos, 68, em Salvador, para realizar a Roda de Mulheres do Batatinha Bar. Mais uma edição da roda foi realizada na noite do último sábado (12), em celebração ao Dia Nacional da Mulher Sambista, comemorado em 13 de abril, data oficializada em 2024 por meio de sanção presidencial.
A lei homenageia o nascimento de Dona Ivone Lara, cantora, compositora e instrumentista. Falecida em 2018, ela deixou um legado como um dos maiores nomes do samba no país. Foi exemplo de resistência e luta ao romper barreiras machistas — como ter sido a primeira mulher a compor um samba-enredo, em 1965, para a escola Império Serrano.
“Havia uma real necessidade de ter uma lei e de dar importância à mulher que canta samba, porque o samba veio pelas mãos de uma mulher, que foi Tia Ciata”, relembra Patrícia, gestora do Batatinha Bar e cofundadora da Roda de Mulheres. Ela também destaca o protagonismo e os desafios enfrentados por Dona Ivone Lara: “Ela foi sabotada. Por ser mulher, não podia assinar algumas músicas, e acabava cedendo muitas de suas letras para que homens as cantassem”, relembra.
Uma das convidadas para a roda foi a cantora Josi Climaco, fundadora da banda Terreiro da Preta, que começou interpretando clássicos de Dona Ivone Lara e relembrou sua trajetória no samba: “É uma herança de família. Cresci nesse meio, cantando, aprendendo e organizando o samba. A gente sabe que o samba é feminino, mas o capitalismo apagou nossas histórias. Ainda assim estamos aqui, mostrando que a gente canta, empreende, toca, compõe, bate palma e dança”.
A roda foi conduzida pela banda base formada pelas artistas Ella Beatriz, Geovana Franco, Juliana Almeida, Jake Cruz, além de Patrícia Ribeiro e Clara Elisa, fundadoras da Roda de Mulheres. As cantoras Josi Climaco, Raíssa Araújo e Maíra foram as convidadas. Gal do Beco, conhecida como A Dama do Samba na Bahia, não pôde estar presente, mas teve sua trajetória lembrada. Nascida no Rio de Janeiro, foi na Bahia que, como ela mesma diz, “se tornou sambista”. Na década de 1980, abriu um bar na Avenida Vasco da Gama, o Beco de Gal, e criou um importante espaço de encontro para sambistas.
A Roda de Mulheres surgiu em dezembro de 2023, como celebração do aniversário de Patrícia e Clara Elisa. Juntas, decidiram oficializar o movimento, que acontece mensalmente. “A ideia principal é ocupar este espaço. O samba é majoritariamente ocupado por homens, e ao Patrícia assumir o bar, vimos uma oportunidade de firmar este espaço para as mulheres — uma roda aberta, dinâmica, onde somente mulheres participam”, explicou Elisa. A entrada custa R$20 e o espaço é aberto para artistas mulheres que queiram cantar, tocar ou recitar.
A mulher no samba
A origem do samba é marcadamente feminina. Entre os grupos fundamentais para sua formação estão as tias baianas, mulheres vindas de comunidades de terreiros — a partir das confrarias religiosas — que desempenharam papel essencial na construção da cultura popular das cidades, como no caso de Tia Ciata, que participou da fundação da Irmandade da Boa Morte.
No entanto, muitas mulheres sofreram apagamento por causa do machismo. “Todos os dias a gente sofre microviolências, assédios, desvalorização. Tem sempre algum homem vindo dizer o que a mulher tem que fazer, sendo ela especialista naquilo. Isso não é diferente no samba. A Roda de Mulheres é esse espaço seguro para a gente celebrar”, diz Elisa.
Em Salvador, além de referências como Gal do Beco, Josi Clímaco, Juliana Ribeiro e Mariene de Castro, têm surgido cada vez mais grupos formados por mulheres que protagonizam o samba, como Samba de Oyá, Samba das Cumades, Sambaiana, Terreiro da Preta, Samba Ohana, Roda de Samba Mulheres de Itapuã, Samba Clara, entre outras.
Patrícia reitera que existem várias casas de samba, mas nenhuma voltada especificamente para mulheres — e que o Batatinha Bar tem se tornado esse espaço. “Nossa equipe é formada majoritariamente por mulheres, gerida por uma mulher e feita para que as mulheres cantem, toquem, dancem e sejam felizes aqui.”
Música
Cantor Emmerson Alves celebra 10 anos de carreira no Teatro Gamboa

O cantor e compositor Emmerson Alves vai realizar o show “Uma década de música” no próximo sábado (12), a partir das 17h, no Teatro Gamboa, celebrando seus 10 anos de carreira. O repertório contará com músicas autorais gravadas nos EPs “Demagogia” (2023) e “Swing Colorido” (2024) e canções de outros compositores brasileiros, trazendo como base a MPB e a Axé Music para difundir o seu som com pitadas de Soul, Pop e Black Music.
“Será um espetáculo especial, que está sendo produzido com todo carinho para festejar e celebrar a resistência de ser artista em uma cidade extremamente musical, que mesmo com suas barreiras e dificuldades para realizar seu ofício, não desiste do que mais deixa feliz e realizado”, pontuou o artista.
O show contará com convidados especiais, como os artistas Marcus Ornelas, Abissales, Nino Santana, Cláudia, Iuri Nery, Anny Dumm e outros. “Vou dividir o palco com uma galera massa, que sempre estiveram comigo. São artistas que compõem o diverso universo artístico da Bahia. Vai ser bonito. Faço o convite especial ao público. Compareçam”, convidou Emmerson Alves.

Foto: Divulgação
Sobre o artista
Emmerson Alves já lançou dois EPs: “Demagogia” (2023) e “Swing Colorido” (2024), com vídeos clipes. Em 2023, ganhou o prêmio de melhor cantor, com voto popular, no Festival Boca de Brasa. Apresenta um quadro no Estação Podcast, no qual bate um papo descontraído e musical com diversos convidados, chamado “Vivendo da Música”, onde leva novos artistas do cenário baiano.
Em 2023, apresentou ao público o show “Emmerson Alves canta a sua Bahia”, cantando grandes compositores baianos e levando ao palco um elenco diversificado com músicos, atores e drag queens. Em 2024, apresentou o espetáculo “Djavan: Sangrando toda palavra sã”, em homenagem ao grande cantor e compositor alagoano.
Serviço
O quê: Show “Emmerson Alves – Uma década de música”
Quando: Sábado (12), às 17h
Onde: Teatro Gamboa – Rua Gamboa de Cima, 3, Largo dos Aflitos
Quanto: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), pela plataforma Sympla