Literatura
#DiálogosInsubmissos – Debates serão encerrados com Conceição Evaristo e sua “Escrevivência”

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Em uma favela da Zona Sul de Belo Horizonte, em 1946, a história da literatura brasileira ganhava mais uma estrela. Dali sairia, Conceição Evaristo, rodeada de palavras.
E não é pura simbologia aqui: sua mãe guardava em um diário as memórias de suas dificuldades no dia a dia do ofício de lavadeira. Conceição foi empregada doméstica e, aos 25 anos, concluiu o Curso Normal. As palavras sempre a acompanharam e a fizeram. É mestra em Literatura Brasileira pela PUC-Rio, e doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense.
“A nossa Escrevivência não pode ser lida como histórias para ninar os da casa grande e sim para incomodá-los em seus sonos injustos!” (C.Evaristo)
Conciliando seus estudos com os afazeres, Conceição veio a se tornar uma das principais expoentes da Literatura Brasileira e Afro-Brasileira. Hoje ela é estrela junto a outras tantas mulheres negras que fazem da arte literária uma bandeira de afirmação – pessoal e coletiva.
Esta luta, trajetória e “escrevivência”, como ela intitula, estarão no centro dos Diálogos Insubmissos, ciclo de debates em que intelectuais negras baianas se debruçarão sobre os contos de sua obra “Insubmissas lágrimas de mulheres”, lançada em 2011. Será em Salvador, no mês de julho e a programação já está fechadinha. A própria Evaristo virá para encerrar os debates – em agosto, então já se programem. Os Diálogos acontecerão no Espaço Cultural da Barroquinha, no Sarau da Onça (Sussuarana) e no PAFF III da UFBA, em Ondina.
Serão nos dias 11, 15 e 20 de julho e no dia 11 de agosto. Este último dia, com Evaristo. Em “Insubmissas lágrimas de mulheres”, Evaristo traz um retrato de solidariedade e afeição feminina, em especial, mulheres negras. Seus afetos, reflexões e deslocamentos são desenrolados ao longo dos contos.
“Então, as histórias não são inventadas? Mesmo as reais, quando são contadas. Desafio alguém a relatar fielmente algo que aconteceu. Entre o acontecimento e a narração do fato, alguma coisa se perde e por isso se acrescenta. O real vivido fica comprometido. E, quando se escreve, o comprometimento (ou o não comprometimento) entre o vivido e o escrito aprofunda mais o fosso. Entretanto, afirmo que, ao registrar estas histórias, continuo no premeditado ato de traçar uma escrevivência”. (Evaristo, 2011)
Convidadas

Literatura
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Literatura
Meg Heloise lança livro ‘Na Beira’ no Museu de Arte da Bahia

A escritora e pesquisadora Meg Heloise lança no próximo dia 13 de junho seu primeiro livro solo de poesias, Na Beira, publicado pela Editora Segundo Selo. A obra reúne 45 poemas que atravessam memórias, afetos e vivências de uma mulher negra em constante processo de resistência e reinvenção. O lançamento acontece às 19h, no Museu de Arte da Bahia (MAB), com sessão de autógrafos e presença da autora.
A coletânea marca a estreia de Meg como autora solo, após participações em antologias nacionais e internacionais. A pré-venda do livro já está disponível e segue até o dia 11 de junho, ao valor de R$ 40.
“Na Beira é onde estou. À margem da sociedade, à margem de mim mesma, buscando compreender a minha trajetória, minha ancestralidade e os afetos que me atravessam. Escrevo para me manter viva, para não naufragar”, diz a autora, que é doutora em Literatura e Cultura pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e também atua como curadora da Festa Literária de Aratuípe (FLITA), no Recôncavo baiano.
A obra tem prefácio assinado pela escritora Luciany Aparecida e orelha de Silvana Carvalho, e propõe uma travessia poética sensível e potente sobre ser mulher, negra e nordestina. Com textos escritos entre 2017 e 2024, a publicação nasceu do desejo antigo de reunir anotações que há anos habitavam blocos e cadernos. “Em 2020, comecei a organizar os poemas, mas só agora pude dar corpo a esse sonho, que foi sendo adiado pelas múltiplas tarefas e demandas da vida acadêmica e profissional”, conta Meg.
Natural de Nazaré, no Recôncavo baiano, a escritora começou a escrever ainda na infância, incentivada pela mãe e por professores da rede pública. Desde 2021, tem atuado nos bastidores da cena educacional e cultural, especialmente na formação de professores e na assessoria técnica da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação).
Inspirada por autoras como Conceição Evaristo, Lívia Natália, Calila das Mercês, Maya Angelou e Luciany Aparecida, Meg acredita na escrita como ferramenta de resistência, reconhecimento e prazer. “A escrita é uma possibilidade de existência. Quando escrevo, acolho a menina que fui e digo a ela: a escrita é possível, é necessária.”
Mais do que uma conquista individual, a publicação de Na Beira reflete o fortalecimento de um movimento maior: a democratização do acesso ao livro e à leitura, especialmente nos interiores. “Tenho acompanhado esse processo de interiorização das festas literárias e de formação de novos leitores e escritores. A leitura não deve ser uma prática mecânica, e sim uma descoberta prazerosa. Em minha memória, ler sempre esteve associado ao afeto, ao prazer, à liberdade”, afirma a autora.
SERVIÇO
O quê: Lançamento do livro Na Beira, de Meg Heloise
Quando: 13 de junho (quinta-feira), às 19h
Onde: Museu de Arte da Bahia (MAB) – Salvador
Quanto: R$ 40,00
Instagram @meg_heloise
Literatura
5ª edição do ‘História de Raiz’ leva cultura ancestral ao Parque da Cidade

A 5ª edição do projeto cultural História de Raiz será realizada neste domingo (25), às 10h, no Parque da Cidade, em Salvador. Com entrada gratuita, o encontro lúdico e educativo celebra a ancestralidade por meio da contação de histórias inspiradas em lendas, mitos e tradições da literatura de matriz africana.
Idealizado pela Colecult – Coletivo Cultural e Cerqueira Produções, o projeto reúne os contadores de histórias Joice Paixão, Lara Simplício e Eduardo Odùdúwa, que darão vida a narrativas que resgatam saberes ancestrais e fortalecem a identidade cultural afro-brasileira. A atividade será realizada na área verde do parque.
Voltado para públicos de todas as idades, o evento propõe um espaço de convivência e aprendizado a partir da oralidade, prática ancestral valorizada em diversas culturas africanas. O projeto foi contemplado pelos Editais da Paulo Gustavo Bahia e conta com apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura, em conformidade com a Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar nº 195/2022), criada para garantir suporte emergencial ao setor cultural.
SERVIÇO
O que: História de Raiz – Contação de Histórias de Matriz Africana
Quando: 25 de maio (domingo), 10h
Onde: Parque da Cidade (área verde), Salvador – BA
Gratuito
Mais informações: @cerqueiraproducoes
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