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#Soteropoesia – Alex Bruno, de repente nasce um texto!
Leo escreve desde a infância, entre os 10 e 12 anos, e revela que tinha a mania de relatar os seus afazeres em “diários”, por apenas algum tempo, mas que os textos foram logo perdidos…
Aos 18 anos ele diz que começou a compor uma obra que considera realmente literária, com uma compilação de textos de onde nasceu um romance, hoje, já esquecido. A partir de então, a escrita lhe acompanha, o que tem desenvolvido o hábito da leitura e que, com uma pausa aqui outra ali, escreve poemas, crônicas, resenhas filosóficas e atualmente, voltou à escrita dos diários.
Leo não tem preferência por uma temática específica. Segundo ele, “de repente nasce um texto, porém, hoje tenho dado prioridade aos textos que analisem a minha existência Homem – Artista – Criador – Cidadão de um meio conflituoso e complexo como o mundo moderno”.
Sua pretensão na poesia é “Apenas dizer… Dizer o que no geral, as pessoas fecham os ouvidos. Trazer à tona tudo que é dissimulado. A poesia é uma forma de dizer para mim mesmo, em primeiro lugar, o que acontece ao meu redor, contemporâneo a minha existência”.
O sentido da poesia para Leo é a catarse, desabafo, na mesma linha do que Freud definiu na Psicanálise. Uma forma de terapia, nos moldes em que os gregos faziam quando levavam para os palcos as grandes tragédias que relatavam os anseios e as adversidades da vida. Como a vida do poeta é repleta desses questionamentos, a fonte de inspiração não termina nunca!
A atuação de Leo não se limita à escrita, apesar de ter livro solo e textos divulgados em sites e blogs, o que ele considera “passado”, um lugar onde ele não pode mais alcançar. Na atualidade, ele transita pelo teatro, música, dança e segue filosofando, poetizando, como na descrição sobre si.
Leo por ele mesmo:
Estranho escrever sobre si. Eu poderia escrever sobre tantas coisas. Sobre o mar, o vento, os sonhos que não existem mais. Acho que todo o ser é latente. Move-se o tempo inteiro. Está acima dos gêneros, das raças, da conta bancária, da roupa que veste ou do corte do cabelo. Todo ser é antes ser.
Posso dizer que ainda estou numa descoberta, que se abre a cada dia. Surpreso pelas ironias da vida, não devia, mas é difícil não surpreender.
Daí penso, Aristóteles estava certo quando disse que a filosofia nasce do espanto – surpresa. Então nasce a filosofia. Hoje, posso dizer que sou um ser filosófico, tenho mil questões ainda, sem respostas, mas a cada dia, sinto que construo um degrau. E sinto que é preciso continuar, mesmo que um tsunami de caos e desilusões venha se abatendo sobre mim, é preciso continuar, implacavelmente deve-se continuar, afinal, é para isso que estamos aqui.
Por Valdeck Almeida de Jesus para o espaço “Poesia Soteropreta”, que vai evidenciar, divulgar e fortalecer a Poesia Preta, Periférica e de Resistência do cenário literário de Salvador.
CABULA
“Pela decisão dos anjos, e julgamentos dos santos. Excomungamos, expulsamos, execramos e mal dizemos” (Baruch de Espinosa). Verdadeiramente maldito é o homem detido em sua arte diante do poder e do Estado. As suas fábricas infestam os nossos céus com suas cores artificiais. A vitrola em seu gabinete, toca uma melódica de mentiras.
Tupi, índio guarani, Angola, Guiné, Negros Bantos e seus orixás, AXÉ! A câmara de gás engolindo os olhos no holocausto. A ciência desenvolve armas para conter as mentes mais exacerbadas, a cura? Está na moeda! O governo recruta uma polícia especializada em disseminar uma doença racista.
Bala! E Fogo, comem carne preta!
Adriano de Souza Guimarães, Agenor Vitalino dos Santos Neto, Bruno Pires do Nascimento, Caíque Bastos dos Santos, Évison Pereira dos Santos, Jeferson Pereira dos Santos, João Luís Pereira Rodrigues, Natanael de Jesus Costa, Ricardo Vilas Boas Silva, Rodrigo Martins Oliveira, Tiago Gomes das Virgens, Vitor Amorim de Araújo
Aos 12 mortos do Cabula! E por mais que vocês nos matem, eu renasço!
Vejam nossas maternidades agora, estão cheias do choro da vida. Martin Luther King, Malcom X!
Meus heróis tombaram pela intolerância de seus Estados! O desatino da sucessão de novidades vazias, não varrerá da história o que foi escrito com sangue…
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#Opinião: Os ensinamentos de Nossa Senhora Aparecida – Por Januário
O dia infrutífero deixava João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia, tristes. Os três pescadores haviam tentado por várias vezes retirar das águas o seu sustento, mas, todo o esforço foi em vão. Contudo, um deles, ainda esperançoso, lançou a rede ao mar e ao retirá-la, identificou uma imagem de madeira negra, sem a cabeça. Lançando novamente a rede, a cabeça foi achada. Era Nossa Senhora da Conceição.
Daí por diante, os peixes encheram as redes dos pescadores. Compreendendo que foram abençoados, um deles levou a imagem para a casa. Entre rezas e graças atendidas, a devoção se espalhou, rápida e fervorosa. Nascia ali o maior culto popular do cristianismo brasileiro: a devoção por Nossa Senhora Aparecida. A fé se tornou tão ardente que em 1929, o Papa Pio XI proclamou Nossa Senhora, Padroeira Oficial e Rainha do Brasil.
Alguns detalhes na imagem encontrada pelos pescadores nas águas do Rio Paraíba do Sul nos convidam a uma reflexão profunda sobre o sentido de Nossa Senhora em nossas vidas. Todavia, antes de trazer esses aspectos, afirmamos o respeito a todas as crenças e não-crenças. O nosso objetivo é abordar a mensagem silenciosa trazida pela aparição: mesmo sem falar, a imagem de Nossa Senhora ensina muito. Feita em terracota, resultado do cozimento da argila no forno, a imagem nos transmite calor e conforto, tal qual a mãe que abriga o filho amado em seus braços. As mãos em prece remetem a humildade de quem sabe estar na presença de Deus.
Encontramos a meia lua sob os pés da Mãe do Mestre Maior: esse símbolo, retratação do Sagrado Feminino de Tempos Ancestrais, brilha para nós, através do Sol. Jesus, o Sol para nosso mundo, na mística cristã, emana a Sua vibração para Maria, a Lua Amorosa, iluminar o caminho daqueles nas trevas da noite dos extremismos, da ignorância, ainda tão escravizados aos pseudos prazeres que dilaceram a própria condição humana.
Negra e descoberta antes da abolição oficial do sistema escravagista, Nossa Senhora Aparecida nos convoca a destronar a branquitude e o machismo dos seus opressivos tronos. Sem dúvida, é obrigação diária contribuir para o surgimento de uma sociedade equitativa e firme no combate à discriminação racial e à desigualdade de gênero. Somos chamados pela Doce e Sagrada Mãe Aparecida, encontrada por pescadores, ao empoderamento de quem respeita as diferenças e se dedica a eliminar com luzes do conhecimento as trevas do ódio.
Armando Januário dos Santos é Trabalhador da Luz, Mestre em Psicologia, Psicólogo (CRP-03/20912) e Palestrante. Contato: (71) 98108-4943 (WhatsApp).
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#Opinião – A função esotérica do incenso – Por Januário
Há quase dois milhões de anos, os povos denominados pela arqueologia como primitivos “conheceram” o fogo. Além de preparar alimentos, clarear ambientes e enfrentar predadores, percebeu-se A Tarefa Superior desse elemento: iluminar o caminho até A Grande Consciência Cósmica. O plasma formado por átomos livres, resultantes da combustão, revela a sutileza d’A Sabedoria Universal.
Paralelo a esse conhecimento, os humanos também identificaram como determinados aromas produzem alterações psicológicas, exercendo efeitos nos sete centros energéticos do corpo, os chakras[2] da cultura hindu. Logo, aquecer ervas aromáticas ao fogo tornou-se costume entre nossos ancestrais. Nasciam as primeiras tradições místicas, reconhecendo os efeitos terapêuticos do incenso, um importante amplificador da consciência e purificador de ambientes.
A palavra latina incendere, literalmente, acender ou queimar, remete às escolas herméticas do Antigo Egito, passando pelas tradições da umbanda, candomblé, xintoísmo, budismo, judaísmo e cristianismo, encontramos a utilização do incenso como chave para acessar os Planos Espirituais. Diversas escolas esotéricas, como a maçonaria, o martinismo, o rosacrucianismo, o sufismo e algumas tradições do Yoga guardam consigo os segredos do preparo de incensos específicos para a transmutação do espírito, buscando a perfeição.
São raras as pessoas que conhecem o sentido profundo do incenso. A superstição vulgarizou o uso, distorceu o seu propósito original, substituindo-o por dogmas. Não obstante, encontramos nos livros adotados por várias religiões, referências ao incenso como presente para celebrar o nascimento de alguns avatares: foi assim com O Mestre Jesus[3].
Tecnologia espiritual, útil para queimar miasmas e larvas astrais, o incenso protege, purifica e auxilia a entrar em contato com O Caminho Ancestral Superior. Um meio para REunir-se aos Arcanos do Conhecimento Eterno. A fumaça que se desloca pelo ar da aspiração humana, rumo A União Secreta e Suprema com O Todo.
[1] Armando Januário dos Santos é Trabalhador da Luz, Mestre em Psicologia, Psicólogo (CRP-03/20912) e Palestrante. Contato: (71) 98108-4943 (WhatsApp).
[2] Em artigo posterior, falaremos sobre os sete chakras e a sua importância para equilibrar os nossos sete corpos: físico, mental, emocional, astral, essencial, espiritual e energético.
[3] “Entraram na casa e encontraram o menino com Maria, a sua mãe. Então se ajoelharam diante dele e o adoraram. Depois abriram os seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra” (Mateus 2:11).
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#Opinião – João: um sol místico na Judeia – Por Armando Januário
Entre os santos mais populares do Brasil, São João Batista é uma das figuras mais importantes na tradição judaico-cristã. Reverenciado pela cultura nordestina nas celebrações de junho, o Batizador de Jesus, desde os primórdios da sua existência, cultivou intimidade com os arcanos da Sabedoria Universal.
João foi educado nos preceitos judaicos e logo adentrou ao nazireado, costume típico do judaísmo, no qual algumas famílias destinavam seus filhos para uma vida ascética: os nazireus deixavam crescer a barba e os cabelos, se privavam de bebidas alcoólicas e uvas, e não tocavam em cadáveres. Essa moral era o caminho encontrado para a introdução em conhecimentos profundos sobre A Energia Criativa. O Batista afirmava que batizava em água, contudo, viria Aquele que batizaria em fogo, sendo maior que ele (Mateus 3:11). Essa passagem bíblica dá a entender que João já conhecia a iminente Manifestação Crística em Jesus de Nazaré. Com efeito, ele é o filho de Isabel, que ainda no ventre da sua mãe, pula de júbilo quando ela ouve a saudação de Maria, grávida de Jesus (Lucas 1:41-44). Esse momento indica que João e Jesus se conheciam de outras existências.
Antes de o imperador Justiniano, no Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 553, condenar a reencarnação, o cristianismo primitivo encarava a pluralidade das existências como realidade. Por isso, quando Jesus afirmou que João “[..] é Elias, que havia de vir” (Mateus 11:14), o Mestre alude a vida pregressa do Batista, algo que certamente não causou surpresa aos presentes. A própria encarnação de João, anunciada pelo anjo Gabriel confirma a existência pretérita de João como Elias: “[…] e [João] irá adiante dele com o espírito e a virtude de Elias, a fim de reconduzir os corações dos pais para os filhos” (Lucas 1:13).
João Batista é uma figura tão especial que os festejos em sua homenagem uniram certas tradições antigas[1], na qual a data está inserida no solstício de verão, quando o ângulo do sol se distancia ao máximo da Terra. Esse fenômeno ocorre apenas duas vezes por ano: em junho, no Hemisfério Norte e em dezembro, no Hemisfério Sul. Temos, portanto, dois sóis: João, o sol que vem para anunciar a chegada de outro sol, reluzente e soberano: Jesus, o Cristo Planetário.
[1] Os celtas comemoravam o solstício de verão em honra ao deus Sol, para o qual pediam proteção contra maus espíritos e pragas nas colheitas. As festas incluíam fogueiras e fartura, apontando para o desejo de prosperidade espiritual e física.