Formação
#OparáSaberes – Carla Akotirene, da revolta à ascenção negra em Mestrados e Doutorados!


Foto Andreia Magnoni
Ela é assistente social, recém integrada no quadro de docentes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), pesquisadora da Epistemologia Feminista Negra, Mestra, Doutoranda em Estudos de Gênero, Mulheres e Feminismo (UFBA) e idealizadora do Opará Saberes.
Opará é uma iniciativa que visa auxiliar estudantes negros e negras nos cursos de nível superior nas Universidades estaduais e federais. Carla Akotirene é nossa entrevistada e falou pra nós sobre a iniciativa, que chega a sua 2ª edição na próxima terça-feira (24). Confira:
Portal Soteropreta – De onde veio a ideia do Opará Saberes?
Carla Akotirene – Duma revolta intelectual, vontade de superar aquela inércia política durante o Mestrado, quando eu era única negra da turma e perdia nas disputas de cosmogonias e pensamento. Apesar de ter feito dissertação denunciando o racismo institucional imposto às mulheres negras encarceradas, nada de substancial estava fazendo para trazer outras negras para o Mestrado/Doutorado e, assim, aumentar o front. Na graduação havia idealizado o NUMAR – Núcleo Matilde Ribeiro, proporcionando discussões curriculares antirracistas e de gênero para o Serviço Social mas, no Mestrado, a apatia impediu de ajudar com unhas e dentes outras mulheres.
Portal Soteropreta – O que te deu o gatilho para criar esta formação?!
Carla Akotirene – Quando a jornalista Sueide Kintê lançou a “Campanha Mais Amor em Nós”, fiquei tocada no espírito. Após um banho de rio comentei com a historiadora Viecha Vinhático sobre a ideia de fomentar outras epistemologias às candidaturas de Mestrado e Doutorado, especialmente àquelas dedicadas nas pesquisas sobre racismo institucional, violência letal e encarceramento de mulheres negras. Sonhei, então, com a ideia do Opará Saberes, como yabá disposta a enxergar outros conhecimentos, não olhando exclusivamente para mim. Escrevi para as professoras Zelinda Barros, Ana Flauzina, Denise Carrascosa, Claudia Pons, Emanuelle Góes, Denize Ribeiro, Ana Claudia Pacheco e Elisabete Pinto, que aceitaram prontamente a instrumentalizar candidaturas negras para seleções de Mestrado e Doutorado. Ainda com Josane Silva, Dayse Sacramento, as parcerias foram se estabelecendo.
Portal Soteropreta – O que o Opará Saberes trouxe para nós?
Carla Akotirene – Estima-se 20 aprovações no Mestrado e Doutorado após a iniciativa. Dentre elas, Vagner Rocha no Doutorado CEAO/UFBA, Monica Santana em Artes Cênicas e Shirlei Sanveja no Mestrado PPGNEIM, esta que agora será uma das formadoras nesta segunda edição.
Portal Soteropreta – O que você espera deste novo Ciclo?
Carla Akotirene – Consolidar a plataforma moodle criada pelo Grupo Gira- UFBA, parceiro da Opará Saberes, como ferramenta colaborativa para revisar projetos e socializar glossário de conceitos chave nas provas teóricas dos estudos feministas e das ciências sociais aplicadas. Nesta ferramenta, vamos direcionar os projetos para pesquisadorxs afins. A prova de proficiência em língua inglesa, por exemplo, contará com a Dra. Raquel Luciana, tão conhecida pela tradução política. Outro ponto é a abordagem psicossocial da Rede Dandaras. Laura Augusta foi uma das parceiras no primeiro ciclo e agora vem como psicóloga nesta edição.
No dia 24 de outubro, o 2º Ciclo Formativo Opará Saberes será aberto pela conferência “Teoria do Pensamento Branco: Branquitude e Branquidade”, com o professor Lourenço Cardoso, às 14h. Será no auditório da Faculdade de Arquitetura da UFBA (Federação). Só chegar!
Tem muito mais, veja programação:
https://portalsoteropreta.com.br/oparasaberes-djamila-ribeiro-trara-o-pensamento-de-simone-de-beauvoir-sob-o-olhar-de-uma-filosofa-negra/
Formação
Imersão ‘Cartografias do Sentir’ propõe reconexão para mulheres negras

No dia 17 de maio, a partir das 14h, o Espaço Shasta, será palco da imersão “Cartografias do Sentir”, uma vivência dedicada à reconexão com o corpo, a ancestralidade e o prazer. Voltada para mulheres e pessoas AFAB (designadas mulher ao nascer) de todas as etnias e sexualidades a partir dos 16 anos, a atividade propõe um mergulho em si mesma.
Idealizada como um espaço de acolhimento, escuta afetiva e fortalecimento, a vivência nasce com foco especial em corpos negros, indígenas e pardos — sujeitos que carregam histórias atravessadas por marcas, dores e memórias, mas também por prazeres, resistências e potencialidades. O convite é para trilhar um caminho de suavidade, presença e cura.
A imersão contará com a condução de três facilitadoras:
Preta Kiran, que guiará práticas sensoriais voltadas ao despertar do potencial orgástico e expansivo do corpo;
Yasmin Morais, que trará saberes sobre a anatomia do clitóris e a história das mulheres;
Sávia Luz Cabocla, que integra à jornada a força das matas por meio de incensos, meditações e registros afetivos.
Com vagas limitadas a apenas 30 participantes, os ingressos já estão disponíveis, com valores de R$ 65 para mulheres negras e indígenas, e R$ 70 para mulheres não-negras e não-indígenas.
Sobre as facilitadoras:
Preta Kiran é uma artista da dança, atriz, candomblecista, terapeuta corporal e mulher afro-indígena de Salvador. Ela é conhecida por seu trabalho com a valorização das culturas de matriz africana, especialmente no âmbito da dança e do teatro. Yasmin Morais é escritora, atriz, comunicóloga / jornalista UFBA, palestrante internacional e ativista social. Sávia Luz Cabocla é Cientista Social, Fotógrafa e Artista.
SERVIÇO
O quê: Imersão Cartografias do Sentir
Quando: 17 de maio de 2025 (sábado), às 14h
Onde: Espaço Shasta – Salvador/BA
Para quem: Mulheres e pessoas AFAB a partir de 16 anos
Ingressos:
Vagas: Limitadas (30 pessoas)
Formação
Haitiano Rodney Saint-Éloi participa de conferência na ALB

A Academia de Letras da Bahia (ALB), em parceria com a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), promove no dia 23 de abril (quarta-feira), às 18h, a conferência “A arte e a importância da diversidade cultural”, com o poeta, ensaísta e editor Rodney Saint-Éloi. O evento, gratuito e aberto ao público, será realizado na sede da ALB, no bairro de Nazaré. Haverá entrega de certificados aos participantes.
Radicado no Canadá, o autor haitiano é reconhecido internacionalmente por seu trabalho à frente da editora Mémoire d’Encrier, dedicada à publicação de autores ameríndios e imigrantes francófonos. Entre suas obras mais conhecidas estão Os racistas nunca viram o mar (2021) e Não trairemos o poema (2019), que abordam temas como identidade, migração e resistência cultural. Ele também é membro da Academia de Letras do Québec.
A mediação será da professora e escritora Licia Soares de Souza, professora emérita da UNEB. Segundo ela, a conferência pretende refletir sobre como superar traumas históricos e construir caminhos de transformação em um mundo marcado por desigualdades coloniais.
“É um debate voltado para todos que se interessam pela literatura migrante, estórias de travessias e, especialmente, para quem atravessa o mar e ainda encontra discriminação do outro lado”, destaca Licia.
Lançamentos durante o evento
Durante a conferência, também serão lançados dois livros:
“Como se faz um deserto – Semiosferas do Bioma Caatinga”, de Licia Soares de Souza (Editora Mondrongo) – A obra analisa o semiárido nordestino a partir de Os Sertões, de Euclides da Cunha, e de obras contemporâneas, mostrando como o sertanejo sobrevive em meio a um bioma moldado por séculos de exploração colonial.
“Signos em transe – Uma fortuna crítica da Semiótica de Licia Soares de Souza”, organizado por Taurino Araújo (Editora ZL Books) – O livro reúne textos de pesquisadores do Brasil e do exterior, com foco na semiótica peirceana, no ensino do francês e na literatura comparada, especialmente entre Brasil, Québec e América Latina.
Participam da coletânea nomes como Zila Bernd, Euridice Figueiredo, Rita Olivieri-Godet, Leonor Abreu, Brigitte Thiérion e Bernard Andrès, entre outros.
Para o presidente da ALB, o escritor Aleilton Fonseca, a conferência e os lançamentos reforçam o papel da instituição como promotora de diálogo e diversidade cultural.
“Em tempos que exigem mais escuta e compreensão, a literatura e as artes são ferramentas essenciais para construirmos pontes entre culturas”, afirma.
SERVIÇO
O quê: Conferência “A arte e a importância da diversidade cultural”, com Rodney Saint-Éloi, e lançamentos dos livros Como se faz um deserto (Licia Soares de Souza) e Signos em transe (Taurino Araújo)
Quando: 23 de abril (quarta-feira), às 18h
Onde: Academia de Letras da Bahia – Av. Joana Angélica, 198, Nazaré, Salvador (BA)
Quanto: Gratuito
Haverá entrega de certificados aos participantes
Formação
Janahina Cavalcante e Poliana Bicalho realizam oficina no MUNCAB

A oficina “Olhares Sensíveis: A Arte como possibilidade Pedagógica”, que acontece no dia 25 de abril (quinta-feira), das 14h às 17h, no Museu Nacional da Cultura Afro-brasileira (MUNCAB), está com inscrições abertas e gratuitas. A atividade integra a programação do PETIZ – Festival de Arte para Infância e Juventude e é voltada a educadores, agentes culturais e comunitários.
A oficina propõe práticas que unem consciência corporal, sensibilização artística e mediação cultural, destacando a importância da arte como linguagem transversal no ambiente escolar. São oferecidas 30 vagas, com direito a certificado virtual.
Com orientação de Poliana Bicalho e Janahina Cavalcante, pesquisadoras com ampla atuação em arte-educação e cultura, a formação busca promover um olhar mais atento e afetivo sobre os processos pedagógicos mediados pela arte.
As inscrições podem ser feitas gratuitamente pelo Sympla. Mais informações estão disponíveis no site www.festivalpetiz.com.br e no Instagram @festivalpetiz.
SOBRE:
POLIANA BICALHO – Mãe, educadora, pesquisadora e mediadora cultural.
Doutoranda pelo Programa Multidisciplinar Cultura e Sociedade │ UFBA (2021), Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas│ UFBA (2016), com pesquisa voltada para o campo da mediação cultural, Especialização em Política e Gestão Cultural│UFRB (2021), graduada em Licenciatura em Teatro│UFBA (2011) e Comunicação Social – Jornalismo│UESB (2008). É coordenadora artístico -pedagógica do PETIZ – Festival de Arte para Infância e Juventude e Gerencia a CRIARE – Projetos Culturais e Educacionais. É integrante do grupo de pesquisa Coletivo Gestão Cultural (UFBA │ CNPq) e do grupo CRICA: Criar para Crianças: núcleo de estudos das artes e culturas da e para a infância da (UFRB).Professora de teatro da Rede Municipal de Educação de Salvador (BA). Trabalhou como professora no Curso Profissional Técnico Nível Médio em Dança da Escola de Dança da Fundação Cultural do Estado da Bahia, de (2012│2016) e como Técnica Cultural, no Teatro SESC-SENAC Pelourinho, com foco nas ações de formação de espectador – Mediação Cultural (2013│2015).
JANAHINA CAVALCANTE – artista da dança, bailarina intérprete, educadora e mãe. As experiências perpassam pelo ensino da dança, produção, gestão e mediação cultural. Mestra em Dança pelo PPGDança-UFBA, com Especialização em Estudos Contemporâneos em Dança, Graduada em Pedagogia e Dança-UFBA. Estudante de psicopedagogia. Atuou no Projeto Dança para Crianças do Núcleo Viladança, na Escola de Dança da Fundação Cultural do Estado da Bahia -FUNCEB, foi professora no curso preparatório, nos cursos livres e no curso técnico. Foi coordenadora pedagógica do Curso Técnico em Dança. Esteve como Coordenadora de Dança do estado da Bahia. Atualmente está na assistência da CRIARE Mediações Culturais e Educacionais; professora de Dança na FOCO Usina de Teatro; assistência de coordenação de tutoria online do curso de licenciatura em Dança- EAD/UFBA ; professora da rede municipal de Lauro de Freitas.
SERVIÇO
Oficina “Olhares Sensíveis: A Arte como possibilidade Pedagógica”
25 de abril (quinta-feira)
Das 14h às 17h
MUNCAB – Museu Nacional da Cultura Afro-brasileira (R. das Vassouras, 25 – Centro, Salvador)
Público-alvo: educadores, agentes culturais e comunitários
Gratuito | Com emissão de certificado
Inscrições via Sympla
Vagas limitadas: 30 participantes