Literatura
#PoesiaSoteropreta – Indemar Nascimento, poesia de carne, osso e pulsação!
Indemar Nascimento escreve desde 2011, pretende levar mensagem e virar espelho pra sua comunidade e todas as perifas, e declara: “minha escrita não é a que seja preferida, mas necessária, racial e social”. Indemar se identifica tanto com a poesia, que se enxerga como uma poesia, de carne, osso e pulsação:
“Eu costumo dizer que eu sou a poesia; então, ela não é o que pra mim e sim eu sou ela”. As referências para escrever vêm de filmes, escritores, pessoas que são referências pessoais e para a humanidade. Seus textos trazem a intenção de conscientizar e fazer a perifa entender e passar a questionar sobre tudo que acontece ao redor: racismo, homofobia, machismo, genocídio.
A poesia de Indemar Nascimento não se escreve somente nos papéis, nas folhas de caderno, na tela de um celular ou computador. Ele encarna poemas em seu próprio viver diário, como dito anteriormente: Ele é a poesia.
E essa poesia também se revela na capoeira, luta ancestral que dá início a todos os seus questionamentos. É através da capoeira, também, que Indemar tira exemplos e passa aos alunos: recortes, história, ancestralidade sobre de onde eles vieram, os porquês de onde eles estão.
Poesia são pessoas e pessoas formam a família real de Indemar.
“Na real, família pra mim foram pessoas que encontrei no andar da minha vida. Poesias que se modificam; algumas dessas pessoas/poesias não estão mais aqui, mas continuam poesias, virando poesias”. E exemplifica: “Sant em uma música diz “no rap prega família, mas a nossa de sangue nem existe”. Família pra mim são pessoas que te fortalece e muitas das vezes não significa que será encontrada em casa”.
A música é outro espaço que abriga o poeta. Suas incursões no universo do RAP estão nas redes sociais, em CD, EP etc, plataformas que funcionam como braços e pernas do jovem artista da palavra. Na caminhada cultural e poética, Indemar marca seu espaço na cena da poesia, e emociona quem o conhece. A potência de sua palavra está em todas as quebradas, desde a Baixa da Soronha, onde vive, no bairro Itapuã, a Sussuarana, Vila Verde (Estrada Velha do Aeroporto), Olaria, (Nordeste de Amaralina), enfim, por toda a cidade.
Nos Slams e saraus de Salvador, ele é marca registrada e, em uma batalha emocionante no Slam BA realizado em Sussuarana, Indemar ficou classificado, juntamente com Juh França (Coletivo Zeferinas), como representante da Bahia para disputar o Slam BR em São Paulo – entre os dias 14 e 17/12.
Na literatura, foi classificado e teve um poema publicado pelo “Prêmio Galinha Pulando de Literatura – 2015”. Estas conquistas servem de incentivo para continuar: “me fazem sentir que isso não é em vão. Tento buscar o que possa ser melhor pra nós”, resume.
Pior que não sei…
Hoje olho pra minha velha, me sinto um merda, quantas quedas
planos, a geladeira vazia e eu me fudendo aos 23 anos
sentado no canto, pranto, pratos quebrados
aprendi que esse ditado não é pra peri: “colhemos o que plantamos”
eu sei que não sou desse mundo, meu coração anda podre demais mesmo sendo puro
olhar vendo pessoas não enxergando a dor do outro. Onde chegamos ? me diz…!
na diáspora, campo de pólvora. Os do lado de cá chora
escondem a neblina de dentro sorrindo pra fora
mãe África implora, vários tirados do ventre, do berço
o barranco desliza, fé, lágrimas recomeço
Se Deus existe será que ele não erra? A divisão foi injusta. Desculpa esses gritos
os suspiro de um filho que nem sabe se tá sendo ouvido
carrego o peso do mundo nas costas, isso me fode literalmente
uma chance de frustrar literalmente em mim quem aposta
vivemos no inverno, constante
será que tudo mudou, ou apenas que cresci e não via a beleza como via antes?
daqui pra frente carrego o meu próprio peso. Sem machucar mais ninguém pelo que me tornei
toda vez que eu caí, foi pros braços seu que retornei
quantos questionamentos, quantos momentos
das minhas dores?? Só sei que tudo sei!
será que até nisso errei?
Indemar Nascimento
Texto de Valdeck Almeida para a coluna #PoesiaSoteropreta. Confira mais aqui!
Literatura
FLICAJ 2024 destaca ancestralidade e cultura periférica
A Festa Literária de Cajazeiras (FLICAJ) começa nesta quinta-feira (5) com uma celebração vibrante da diversidade cultural e das raízes afro-brasileiras. Com o tema ‘Africanidades Brasileiras e Cultura Periférica’, o evento reunirá importantes nomes da música, literatura e artes em geral, promovendo reflexões sobre ancestralidade e resistência cultural no Ginásio Poliesportivo de Cajazeiras.
A programação começará às 8h30 com a Batalha de Fanfarras, seguida das falas institucionais e um show de Sued Nunes. No Espaço Conversando com a FLICAJ, às 10h, a roda de conversa ‘A oralidade como tecnologia ancestral e de resistência periférica’ reunirá nomes como Negafyah, Jenifer Oliveira (Coletivo Zeferinas) e Rool Cerqueira, abordando a importância da oralidade na preservação das tradições periféricas.
A manhã será encerrada na Arena FLICAJ com a mesa literária ‘É a Bahia: Grande celeiro de literatura e outras artes no Brasil’. Participam Edvana Carvalho e Sulivã Bispo, com mediação de Ismael Carvalho, reforçando o papel central da Bahia na cultura brasileira.
A tarde será marcada pela performance Realeza Blocos Afro com figuras icônicas como Jeferson Mendes, Siry Brasil e Larissa Valéria, que vão exaltar a força dos blocos afros. Na sequência, a roda de conversa ‘Ancestralidade e Memória: 50 anos de Ilê Aiyê’ contará com o líder histórico Antônio Vovô do Ilê, Edmilson Lopes e a historiadora Valéria Lima.
A programação da tarde também incluirá lançamentos literários, como o livro do Professor Emiliano, com Lucas Reis e mediação de Daniele Costa, e, no Espaço Conversando com a FLICAJ, os livros ‘Contos para Erê’ e ‘Heroínas da Liberdade’, da autora Cássia Valle. O dia contará com a apresentação da Camerata da OSBA na Rota Cultural FLICAJ oferecendo ao público uma experiência musical diferenciada.
No final da tarde, a roda de conversa ‘A comédia baiana como instrumento de entretenimento e crítica social’ reunirá Matheus Buente, Naiara Bispo (Clube Daz Minina) e Nininha, prometendo uma discussão leve e provocativa. O encerramento do dia ficará por conta do show da cantora Raquel Reis que trará sua música para fechar o primeiro dia com entusiasmo.
FLICAJ: Uma celebração da diversidade cultural
A FLICAJ 2024 propõe um espaço de convergência cultural, reunindo grandes nomes da literatura e da música, além de promover oficinas, rodas de conversa e apresentações artísticas. Com o tema Africanidades Brasileiras e Cultura Periférica, o evento busca valorizar as raízes africanas e as manifestações culturais das periferias brasileiras, dialogando diretamente com o público jovem.
Durante os três dias de programação (de 5 a 7 de dezembro), Cajazeiras se transforma em um território vivo de arte e resistência, reafirmando seu papel como centro cultural. A presença de Djonga promete ser um dos momentos mais aguardados do festival, trazendo a força do rap para dialogar com a literatura e outras expressões artísticas.
A FLICAJ, anteriormente conhecida como FLIN, é um marco histórico que destaca a importância da cultura como instrumento de transformação social, criando um espaço de aprendizado, diversão e reflexão crítica.
Serviço
Tema: Africanidades Brasileiras e Cultura Periférica
O quê: FLICAJ 2024 – Festa Literária de Cajazeiras
Quando: De 5 a 7 de dezembro
Onde: Ginásio Poliesportivo de Cajazeiras, Salvador
Literatura
Fala Vila promove encontro sobre mulheres negras na literatura
Com o tema “Identidade, Ancestralidade e Poesia”, a escritora santomense Olinda Beja, a pesquisadora e professora universitária baiana Vanda Machado e a professora e poeta carioca Leda Maria Martins abordarão as contribuições e os desafios enfrentados por mulheres negras na literatura. O evento integra a edição do mês de novembro do Fala Vila, em celebração ao Mês da Consciência Negra, se estendendo até o início de dezembro. O encontro reúne grandes mestras da literatura e da pesquisa da cultura africana e afrodiaspórica e acontece nesta segunda-feira (2), às 19h, no Museu de Arte da Bahia (MAB). A entrada é gratuita.
Seguindo o movimento de expansão das atividades, o Teatro Vila Velha ocupa o Museu de Arte da Bahia, através do apoio financeiro do IPAC/Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, a fim de fortalecer mutuamente os espaços culturais da cidade. O Teatro Vila Velha conta com apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia. Mais informações no Instagram @teatrovilvelha e no site www.teatrovilavelha.com.br.
Sobre as convidadas do Fala Vila
Olinda Beja nasceu em São Tomé e Príncipe, na cidade de Guadalupe, e migrou ainda menina para Portugal, onde iniciou seus estudos. Atualmente, divide-se entre os dois países e tem poemas e contos traduzidos para espanhol, francês, inglês, mandarim, árabe e esperanto. Sua obra é estudada em teses de doutoramento realizadas por pesquisadores diversos na Alemanha, na Inglaterra, no Gabão e no Brasil. A escritora tem trabalhos publicados na Alemanha (Universidade de Frankfurt e Universidade de Berlim) sobre a língua materna de S. Tomé, bem como poemas dispersos em revistas nacionais e estrangeiras, em livros didáticos dos Ministérios Português e Francês da Educação e em diversas Antologias.
Vanda Machado é professora-doutora, colaboradora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), possui rica trajetória no campo da educação étnico-racial. Criou o Projeto Político Pedagógico Irê Ayó, na Escola Eugenia Anna dos Santos, no Ilê Axé Opô Afonjá, propiciando o reconhecimento da escola como Referência Nacional pelo Ministério da Educação (MEC). Realiza consultorias, palestras, conferências e apresenta trabalhos em vários estados no Brasil, e também em Bruxelas, Nigéria, Cuba, Portugal e Buenos Aires. Membro da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (RENAFRO), participou como roteirista do documentário O Cuidar nos Terreiros e Saúde.
Leda Maria Martins mora atualmente em Belo Horizonte. Professora-doutora, leciona na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foi também professora convidada da New York University. Pesquisadora da cultura afrobrasileira, desenvolveu projetos de pesquisa na área, como O Palco em Negro: Estudo da dramaturgia e da escritura cênicas contemporâneas de matizes afrodescendentes; Performances do Movimento: A escritura cênico-dramática do rito no Congado; Performances do tempo espiralar; Afro-descendências: Raça e etnia na cultura brasileira; dentre outros. Publicou livros e também artigos em periódicos brasileiros e estrangeiros.
Wlamyra Albuquerque é historiadora e professora vinculada ao Departamento de História da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 2010, juntamente com o historiador Walter Fraga Filho, foi vencedora do 52º Prêmio Jabuti,[1] na categoria Didático e Paradidático, com o livro Uma história da cultura afro-brasileira. É autora ainda do livro O jogo da dissimulação: abolição e cidadania negra no Brasil, publicado em 2009, um estudo sobre as formas veladas do racismo brasileiro. É Superintendente de Relações Internacionais da UFBA e membro do Comitê Assessor da área de História do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), estando afastada da atividade docente.
Literatura
Goya Lopes é destaque com livro ‘Tecelagem’ em eventos internacionais
Goya também participa do Children Plus Special Exhibition A Fabulous Wardrobe – Fashion, clothing and threads in children’s Picture Books. Criada em 2019, em parceria com a Drosselmeier e Campus di Rimini Alma Mater Studiorum Università di Bologna, a exposição tem como tema central a moda e conta com mais de 150 obras sobre tecidos, fios, histórias, roupas e tudo o que pode ser relacionado a esse universo. Os livros serão exibidos na entrada da feira, em Xangai.
Sobre a editora
Com sede na Bahia, a Solisluna Editora foi fundada em 1993 e se mantém de forma independente. Além de realizar projetos e ações que levam à reflexão sobre diferentes realidades, é comprometida com o coletivo e com questões importantes de nossa sociedade, como cultura, inteligência e sensibilidade. Em 2024, foi a única editora brasileira a ficar entre as finalistas do Bologna Prize (BOP) Best Children´s Publishers of the Year, uma das premiações literárias para as infâncias mais importantes do mundo.