Connect with us

Literatura

#PoesiaSoteropreta – Um rio de água doce e poesia: Vânia Melo!

Jamile Menezes

Publicado

on

Vania_melo

Vania_melo

Vania Batista Melo – cujo nome artístico é Vânia Melo – escreve desde a adolescência,  mas não compreendia que se tratava de texto poético, pois era tão diferente do que lia na escola. Ao chegar à universidade, nos grupos de pesquisa e buscas pessoais, entendeu que “a escrita poética é também liberdade e que o fazer poético não se restringe ao cânone da literatura tradicional”, revela.

Vânia Melo, por ela mesma: “feita de água, fogo, flor e espada, e me pertenço. Sou mulher preta e escrevo o que sinto e desejo, o que vejo e o que não quero mais ver. Porque preciso, porque vivo a urgência de falar, de contar sobre minhas observações e leituras de um espaço que ocupo e que está repleto de dor, de tensão, de luta, de amor, de água, de sangue, de fé e de poesia”.

 

A temática de sua produção poética é “sobre Pretas, sobre Pretos, sobre Encantados, sobre a metalinguagem de uma vida em versos esculpidos com sangue”, diz. E ela escreve com sangue, o mesmo sangue “arbitrariamente derramado por violências que nos atingem em nossas vísceras e doem a todo momento; escrevo com sangue que pulsa, que está vivo, com o sangue que inicia; escrevo porque preciso abrir espaços, bordar os caminhos com a palavra, prenhe de grito, com as escritas sobre nós e por nós, nossa história, pois nos reconhecemos em nossos passos, nos nossos afetos, nos nossos estilos a cada verso”, poetiza a poeta.

Vania_melo

E ela não para por aí: “Falo sobre erotismo, sobre os ocultos da minha mente, as entranhas do meu corpo, de outros corpos, preciso falar de amor, de luta, de sonhos, de facas, de borboletas… Preciso escrever sem cerceamentos, sem impedimentos, sem qualquer violência que tente me atravancar a escrita, a lida”.

Vânia Melo revela que a poesia lhe ajuda a sobreviver, completa os espaços entre inspirações, é quase o ar para viver (ou é o próprio ar). Sua prosa, mesmo num questionário para uma entrevista, é recheada de poesia, de sutilezas, que não dá nem para editar. Em suas próprias palavras, ela deixa escapar mais poesias: “a poesia leva minha voz e abre meus caminhos, porque é certeira, é água que invade tudo, é meu bem, a tradutora de meu corpo, de outros corpos, o escudo de meus dias”.

E como um rio que não tem quem o controle, pois é dono de si, ela vai deslizando em versos: “Poesia é desaguar, é escrever pra não morrer, é voz, é entrega, é amor, é manhã de domingo. Minha poesia é livre como eu. Se me deparo com algo que me assalta os sentidos, eu escrevo. Se me inquieta, me representa ou me emociona, escrevo”.

E sobre limites, regras, receitas prontas, ela solta a língua “Escrevo o que vejo e o que insiste em mim, escrevo livre de métricas quando eu quero e presa apenas pelo que permito me levar”. De mãos dadas com sua companheira inseparável, Vânia Melo manda mais uma construção poética: “A poesia segue comigo, só nós duas”.

Suas impressões estão espalhadas por aí, como a antologia “Sangue Novo: 21 poetas baianos do século XXI. Org. José Inácio Vieira de Melo; Cadernos Negros – Poemas Afro-brasileiros, vol. 35. Org. Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa; Revista Organismo – Editora Organismo. Também é pela Organismo que sairá seu primeiro livro solo. Usa rede social também para levar às pessoas lutas, amores e observações do mundo através da poesia.

Toda Preta 
Toda Amor
Inteligência e memória em toda guerra
Da minha raiz até a pétala
toda flor!

Tempo
Tempo tem meu apreço,
tem meu respeito,
se Tempo me pede, eu obedeço.
Devagar,  divagar…
Nele me reconheço.
Se tenho um poema
que precisa de Tempo,
Agradeço,  espero,  seguro
Tem Tempo pra tudo…
E o poema será só meu
até que esteja maduro.

Literatura

Projeto “Literatura de Erê 2025” oferece oficina gratuita para educadores

Iasmim Moreira

Publicado

on

Erê

A Oficina “Contação de Histórias Pretas – Literatura de Erê 2025” está com inscrições abertas para educadores, artistas e interessados em fortalecer práticas educativas a partir da oralidade e da literatura negra voltada à infância. O projeto acontecerá de forma gratuita entre os meses de agosto e outubro, com três edições presenciais nos bairros de Nova Brasília de Valéria, Pirajá e outro local a ser confirmado. São 20 vagas por turma.

Idealizada pela educadora e contadora de histórias Niní Kemba Náyò, a oficina é uma das formações oferecidas pela plataforma LiteAfroInfantil, criada em 2018 para promover ações culturais e pedagógicas baseadas na literatura africana e afrodiaspórica para as infâncias. Desde sua criação, o projeto já impactou centenas de educadores com recomendações de livros, vídeos e formações presenciais e online, com mais de 41 turmas formadas apenas durante a pandemia.

Com linguagem acessível e metodologia própria, a oficina une literatura, ancestralidade e oralidade africana, resgatando valores civilizatórios negros e promovendo o fortalecimento da identidade de crianças pretas. “A contação de histórias é uma das formas mais antigas de ensinar valores, cultivar memória e construir identidade cultural. Nossa oficina amplia o repertório de quem educa e cuida da infância preta”, afirma Niní.

Em 2024, o projeto voltou ao presencial formando 30 educadores através do edital Vozes Culturais da Bahia, e agora chega aos bairros de Salvador com apoio do edital Territórios Criativos – Ano II, da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do Ministério da Cultura.

SERVIÇO
O quê: Oficina “Contação de Histórias Pretas – Literatura de Erê 2025”
Onde: Nova Brasília de Valéria (agosto), Pirajá (setembro) e outro local a definir (outubro)
Vagas: 20 por edição
Quanto: Gratuita
Inscrições: Link na bio do Instagram @ochpliteraturaere

Continuar lendo

Literatura

Escritora Ana Cecília participa do Festival Pôr do Sol da Literatura em Itapuã

Iasmim Moreira

Publicado

on

Ana Cecília

A escritora e psicóloga Ana Cecília, um dos nomes em ascensão na cena literária baiana contemporânea, está entre as atrações confirmadas da 20ª edição do Festival Pôr do Sol da Literatura, que acontece nos dias 12 e 13 de julho, no bairro de Itapuã. Nascida e criada no território que sedia o festival, Ana retorna à sua terra natal com sua escrita potente e afetiva, marcada por memórias, ancestralidade e resistência.

Autora do livro Nossa Pele e membro da Academia de Cultura da Bahia, Ana Cecília vem conquistando leitores em todo o estado com sua poesia visceral e transformadora. Seu novo livro, Preta, será lançado em agosto pela editora BFK Books e promete ampliar ainda mais sua presença no cenário literário nacional. Enquanto isso, ela segue com uma intensa agenda de eventos, tendo participado recentemente de festivais, feiras, bienais e encontros literários em diferentes cidades da Bahia.

“É uma emoção e uma honra muito grande estar participando do Festival no território de onde venho, de onde as minhas mais velhas passeavam comigo, me entregavam ensinamentos e escolheram Itapuã para viver seus dias. É bonito de ver e vivenciar tudo isso na minha terra. Eu posso voar o mundo e Itapuã sempre será minha casa, será sempre memórias inseparáveis, amor inegociável. Vamos fazer uma edição do festival de jamais se esquecer”, declara Ana, que carrega com orgulho o pertencimento ao bairro e à sua história.

O Festival Pôr do Sol da Literatura é uma poderosa articulação comunitária em torno da arte, da economia criativa e da memória cultural de Itapuã. Em sua 20ª edição, o evento reafirma seu papel como espaço de encontro, celebração e resistência, com uma programação gratuita e acessível. Parte das atividades contará com tradução em Libras, reforçando o compromisso com a inclusão e a democratização do acesso à arte.

Além de conferir a participação de Ana Cecília no festival, o público pode adquirir seu livro Nossa Pele nas livrarias LDM Shopping Bela Vista e Paseo, ou diretamente pelo Instagram da autora, no perfil @annaceciliafs, onde também é possível acompanhar novidades sobre seu trabalho e o lançamento de Preta.

SERVIÇO
O quê: Participação da escritora Ana Cecília no Festival Pôr do Sol da Literatura
Quando: 12 e 13 de julho
Onde: Bairro de Itapuã, Salvador (BA)
Quanto: Gratuito
Mais informações: @annaceciliafs

Onde encontrar o livro Nossa Pele:
📚 Livrarias LDM – Shopping Bela Vista e Paseo
📦 Venda direta: via Instagram @annaceciliafs

Continuar lendo

Literatura

Educadora Fabiana Cardeal lança Livro das Emoções sobre escuta sensível na infância

Iasmim Moreira

Publicado

on

Livro das Emoções

A escritora, psicóloga e educadora baiana Fabiana Cardeal acaba de lançar Livro das Emoções, obra infantil que convida crianças e adultos a reconhecer, nomear e acolher sentimentos como medo, tristeza, raiva, nojo e felicidade. Publicado pela editora Usina de Textos, o livro reúne cinco histórias curtas, sensíveis e cotidianas que propõem uma abordagem cuidadosa da saúde emocional desde os primeiros anos de vida.

Inspirada em vivências com o filho, sobrinhos e também em sua prática clínica e escolar, Fabiana criou personagens como Felipe, Maria, Juju, Elis, Henrique e João Pedro, que conduzem os pequenos leitores por enredos que favorecem o autoconhecimento e a construção de vínculos mais saudáveis. “Acredito que quando as crianças aprendem a dar nome ao que sentem, elas ganham ferramentas importantes para se expressar, criar vínculos mais saudáveis e crescer com mais consciência emocional”, afirma a autora, natural de Feira de Santana (BA).

A ideia para o livro nasceu da experiência de Fabiana como mãe e terapeuta. João Pedro, seu filho de quatro anos, é uma das inspirações diretas da obra, que busca romper com a ideia de que sentimentos negativos devem ser evitados. Pelo contrário: “O livro retrata emoções vivenciadas por muitas crianças no dia a dia e deixa a mensagem de que todas, inclusive as emoções consideradas negativas, são essenciais para o desenvolvimento infantil”, explica.

O lançamento do Livro das Emoções acontece durante o Julho das Pretas, mês de mobilização em torno das lutas e conquistas das mulheres negras na América Latina e Caribe. O momento não é coincidência. Para Fabiana, trabalhar o desenvolvimento emocional desde cedo é também uma ferramenta de enfrentamento ao racismo e às desigualdades. “Percebo no consultório que muitas meninas negras só chegam para serem acolhidas e tratadas já na adolescência, quando as situações já estão agravadas. Quanto antes pudermos olhar e cuidar das emoções, melhor”, pontua.

Com ilustrações de Camila Scavazza, artista paulistana, e 20 páginas, o livro tem preço de capa de R$ 40,00 e reforça o compromisso de Fabiana com uma literatura afetiva, educativa e inclusiva. Em 2024, a autora lançou Era uma vez uma Menina Preta, sua estreia na literatura infantil, que percorreu escolas da Região Metropolitana de Salvador com contações de histórias que promoveram interação e senso de pertencimento entre as crianças.

Foto: Thamires Leite

Continuar lendo

EM ALTA