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Literatura

Poesia Soteropreta – Staiflima: O Anjo Negro da Favela!

Jamile Menezes

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Samuel_Lima

Samuel_LimaA poesia marginal é o tema de Samuel Lima da Silva (staiflima), que foi iniciado nos rituais da escrita de protesto em maio de 2016. Apesar de sua inserção tão recente, isso não implica em pouca experiência.Pelo contrário, Staiflima é cria de saraus, slams de poesia, lutas diárias contra o racismo e a discriminação.E sua arte é inspirada na realidade da favela e o combate ao racismo.

E Samuel Lima não está só e sabe disso. Seu grito de protesto pretende e já exercita quebrar as fronteiras do seu bairro, de sua quebrada. Ele deseja “Levar a minha realidade para cada canto do Brasil e trazer cada vez mais pessoas para essa militância”.

Se a poesia para alguns é apenas uma forma de florear a existência, o que é digno, para Staiflima é ferramenta de expurgo e desabafo. “A poesia pra mim é a forma que encontrei de colocar todo o meu sentimento de revolta pra fora. Eu utilizo da escrita periférica, nem sempre com muita rima e colocando muita emoção nos textos, com a intenção de atrair a atenção e causar, no mínimo, um pouco de empatia a quem escuta”, protesta.

Quem anda pela perifa da soterópolis, se bate com poetas e grafiteiros, slamers, artistas das mais diversas linguagens. As atividades desenvolvidas com apoio das comunidades e dos próprios participantes e convidados, envolvem e dinamizam os atores dessas quebradas. Com Samuel Lima não é diferente. Outra atividade que ele pratica é o graffite e, assim, vai colorindo de sonhos as mentes e muros da capital.

Nessas cores e corres a família se amplia, porque “Porque família é sentimento, amor e a poesia consegue expressar tudo isso.Família pra mim é acolhimento, ter alguém com quem contar em todos os momentos, alguém que eu possa mandar minhas poesias de madrugada e receber toques de como melhorar elas”, revela. E haja espaço para a família, que cresce a cada esquina, a cada recital. Se os muros são concorridos e, muitas vezes, precisa de autorização para ser grafitado, nas redes sociais Samuel tem todo o espaço do mundo. É ali que que “publico versos de poesias minhas e imagens de intervenções poéticas que faço na cidade”, conclui.

Samuel_Lima

Numa auto apresentação, ele finaliza com um poema-poeta “Eu sou Samuel Lima, nas ruas sou staif. Poeta preto de escrita marginal, que usa da poesia como forma de expressão e combate às opressões do dia a dia. Viso, através do meu trabalho,atrair cada vez mais pessoas para esse meio poético, espalhando como uma célula imortal poesia por cada beco, espaços, ônibus e vielas dessa cidade. Sou o ANJO NEGRO da minha favela”.

 

Cria da favela

Denominação favela
onde nasci
cresci
e me criei
e só quem esteve do meu lado sabe
as dificuldades que eu passei
Desde criança
o sistema vem tentando me destruir
Estive entre a caneta e o fuzil
Pra decidi
Mas graças aos ensinamentos da favela
A poesia chegou primeiro em mim
e até o sistema pira
Eu já passei dos 18
Superando as estatísticas
Tentaram me parar
Mas sou descendente
De guerreiros e guerreiras
E podem até tentar
mas não vão me calar de nenhuma maneira
Eu vou lutar
E vou mostrar que os pretos
Chegou nessa porra para revolucionar
e não vou descansar até que os meus tenham
Saúde
Educação de qualidade
E acessos a boas faculdade
Só vou me conformar
quando a formatura de pretos
forem maiores
do que a taxa de mortalidade.

Samuel Lima

Literatura

Bruna Silva lança seu primeiro livro “Èsù Walê – O Caminho de Volta”

Jamile Menezes

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Bruna Silva

A poeta, cantora e mobilizadora cultural Bruna Silva, mulher preta e lésbica lança seu primeiro livro autoral de poesias “Èsù Walê – O Caminho de Volta”, no próximo dia 13 de janeiro, às 19h, na Casa do Benin. A obra terá distribuição gratuita de exemplares e a noite de lançamento contará com uma roda de conversa com Bruna Silva, o poeta e comunicólogo Marcelo Ricardo, a pesquisadora literária Amanda Julieta e o poeta performer Nelson Maca. E ainda, um pocket-show com Samba de Lua.

A publicação, que já está disponível em audiobook e conta com a direção de voz de Reinan Acioly, traz escritos encruzilhados nas ruas da periferia, para falar de afeto, força e da ancestralidade.

Uma de suas poesias, escrita em parceria com o poeta Evanilson Alves, fala: “A palavra é nossa arma / Contra toda opressão / A poesia que não se cala / Dá voz a toda uma geração / (…) / Nosso fazer vai além do artístico / É conhecimento, exemplo e motivação / Que a poesia toque os corações / E na perifa gere transformação”.

“As minhas poesias nascem e se fundamentam nas encruzilhadas, das ocupações do meu corpo, nas batalhas de slam, das pessoas que estão no meu entorno. Por isso, elas ganham às ruas, pois esse é o tempo-espaço delas. As escritas surgem a partir dos caminhos que sou e ocupo. O livro vem para afirmar que a minha arte é possível estar nesses lugares. Èsù Walê representa esse caminho que me diz onde, como e por que devo estar. E, principalmente, de onde não quero sair”, declara a poeta, que completa 10 anos de criação artística.

Ela realça que o livro mostra “aos meus” que é possível falar sobre o que acreditamos. “Que a partir da nossa arte e poesia é possível encontrar e aproximar pessoas. Por isso, lanço este livro, em que através das poesias e poemas descrevo o caminho que refaço para encontrar o sagrado, de dizer a Exu que estou aqui”.

Para a jornalista Vânia Dias, que presenteia o livro com um lindíssimo prefácio, através das poesias “é possível ouvir gritos e sussurros. Medos e coragens de quem se sabe malabarista da arte da sobre(escre)vivência”. E, se preciso for, quebra a rima, escreve poemas e poesias livre de amarras e ou de regras. “Na velocidade do vento, a menina Silva escreve como se, nesse encontro de páginas nuas, vestisse de palavras os cenários das ruas”, descreve Vânia Dias.

“Èsù Walê – O Caminho de Volta é um megafone para falar sobre as várias faces e demandas que nós pretos e de periferia lidamos durante a vida.

Em sua escrita posfácio, a pesquisadora literária Amanda Julieta descreve que Bruna Silva traz em seu livro “Uma poesia dita em pretuguês, como pontua Lélia Gonzalez, essa língua de encruzilhada, marcada pela africanidade; uma poesia feita com caneta e papel, mas também de voz, gestos, gritos, sorrisos, olhares, silêncios; uma poesia para ser compartilhada coletivamente, como um quilombo de palavras onde tudo que se dá se recebe, seguindo o princípio da reciprocidade de Èsù.”

O livro, dividido em quatro capítulos com 26 poemas no total, conta com ilustrações assinadas pelo artista Lee 27. A capa exusíaca foi desenhada por Maria Clara Duarte. O projeto gráfico do livro é de Duda Rievrs e a revisão é do poeta-performer Alex Simões. A direção e coordenação do projeto são de Igor Tiago (seu irmão) e de Herley Nunes, respectivamente.

O livro “Èsù Walê – Caminho de Volta” foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. A Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar n° 195, de 8 de julho de 2022.

Serviço
O quê – lançamento do livro de poesias Èsù Walê – O Caminho de Volta, de Bruna Silva
Quando – 13 de janeiro de 2025, 19h
Onde – Casa do Benin
Entrada – Gratuita, com distribuição de exemplares
Mais informações – @brunasilvapoesia

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Literatura

Escritora Larissa Reis lança o livro ‘Dayó, Itapuã e os Contos’

Ana Paula Nobre

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Foto: Divulgação
Pedagoga e doutora em Educação, a escritora Larissa Reis lançou recentemente o livro infanto-juvenil ‘Dayó, Itapuã e os Contos’, obra que apresenta o bairro de Itapuã sob a ótica da ancestralidade. A personagem Dayó descobre uma solução mágica para preservar as memórias do seu povo, levando os leitores a uma viagem pelas histórias desta garotinha curiosa que cresceu no bairro de Itapuã, em Salvador. Mais de 200 exemplares serão distribuídos para bibliotecas públicas da capital.
No livro, a jovem protagonista aprende sobre a importância de valorizar a sua cultura e faz uma descoberta que muda tudo, encontrando uma fantástica solução para a preservação da ancestralidade do seu povo. A escritora cresceu em Itapuã, uma antiga aldeia indígena que se transformou em um dos maiores bairros de Salvador, com mais de 60 mil habitantes, a maioria deles negros. Com uma vivência de mais de 30 anos neste lugar, Larissa apresenta o universo da cultura afro-indígena para falar não só da beleza da diversidade, mas também da importância de valorizar o legado ancestral que constituem as sociedades.
“Muitas crianças me inspiram. A primeira delas é a minha criança interior, contadora de histórias desde os 7 anos. A contação de histórias chegou na minha vida por meio dos livros, do disco de vinil e do que eu escutava dos mais velhos na escola e em casa. Publicar o meu primeiro conto infanto-juvenil é sobre realizar o sonho de uma menina que cresceu e, na vida adulta, 30 anos depois, conseguiu concretizar isso”, conta a escritora.O projeto foi contemplado nos editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura. A execução é da agência cultural Casa 12.

Foto: Divulgação

Sobre Larissa Reis

Larissa Reis é uma mulher negra, contadora de histórias afro-brasileiras e doutora em Educação pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb). A escritora se dedica a promover a valorização da diversidade cultural e a educação antirracista. Ela é autora também de “Dançando com as Estações: diário do corpo-morada pulsante” (2024) e tem contos publicados na “Antologia Iemanjá” (2022) e na coletânea “Contos africanos: práticas de um processo educativo” (2020).
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Literatura

Anderson Shon recebe troféu HQMIX, o Oscar dos quadrinhos

Ana Paula Nobre

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Foto: Divulgação
O escritor, poeta, quadrinista e educador baiano, Anderson Shon, recebeu o troféu HQMIX, o Oscar dos quadrinhos no Brasil, por seu quadrinho “Estados Unidos da África”, em cerimônia realizada na quarta-feira (11) em São Paulo. Escrita por Shon e ilustrada por Daniel Cesart, a história, que gira em torno do Rei Bantu, super-herói negro que sonha em ver sua terra unida, pacífica e livre, foi a vencedora na categoria melhor publicação independente de edição única.
“Estou muito feliz e grato por participar dessa premiação. Sempre gostei do mundo nerd, de ler quadrinhos e me sentir em outra dimensão, mas percebi que faltava algo e eram os super-heróis negros. Apesar da identificação com os personagens, eu não me via ali. Depois de adulto entendi a importância de me ver e ver meus pares em livros e desenhos. O quadrinho vem para que crianças negras se sintam representadas e, além disso, levar informação sobre o continente Africano. Ver meu trabalho conquistando pessoas é um ótimo retorno e espero que seja só o começo”, celebrou Anderson Shon.
“O troféu foi uma noite de celebração, diversidade, ocupação e resistência! Ainda não tenho palavras pra dizer o quanto estou feliz e realizado, mas elas virão”, completou Daniel Cesart.
Além da participação na cerimônia de premiação, o escritor também esteve presente na CCXP, maior festival de cultura pop do mundo, que aconteceu na última semana em São Paulo. Shon foi um dos artistas da Artists’ Valley, espaço destinado especialmente para quadrinistas, onde pode apresentar duas de suas obras: o premiado “Estados Unidos da África” e “Onde Mora a Poesia”.
Lançamento na África 
Em novembro, a HQ “Estados Unidos da África” foi lançada em Luanda, no continente africano, local onde se passa a história. Além do evento de lançamento, durante uma semana Shon e Casart promoveram ações educativas e expositivas, como a oficina de produção de HQ e a exposição EUÁfrica, também na capital de Angola.
“Não imaginava que esse projeto fosse chegar tão longe. Era um sonho poder lançar o quadrinho na África e realizar essas oficinas, criar uma conexão com a cultura local. Não é só sobre literatura. Para mim está sendo uma oportunidade de incentivar as pessoas a persistirem naquilo que desejam, assim como eu fiz”, comemora Anderson Shon.
A visita dos artistas à África foi realizada através do edital de mobilidade urbana da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult). O projeto contou com o apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda, Secretaria de Cultura, pelo edital de Mobilidade Cultural e Fundo Cicla.
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