Literatura
Poesia Soteropreta – Staiflima: O Anjo Negro da Favela!
![Samuel_Lima](https://portalsoteropreta.com.br/wp-content/uploads/2018/01/Samuel_Lima_01.jpg)
A poesia marginal é o tema de Samuel Lima da Silva (staiflima), que foi iniciado nos rituais da escrita de protesto em maio de 2016. Apesar de sua inserção tão recente, isso não implica em pouca experiência.Pelo contrário, Staiflima é cria de saraus, slams de poesia, lutas diárias contra o racismo e a discriminação.E sua arte é inspirada na realidade da favela e o combate ao racismo.
E Samuel Lima não está só e sabe disso. Seu grito de protesto pretende e já exercita quebrar as fronteiras do seu bairro, de sua quebrada. Ele deseja “Levar a minha realidade para cada canto do Brasil e trazer cada vez mais pessoas para essa militância”.
Se a poesia para alguns é apenas uma forma de florear a existência, o que é digno, para Staiflima é ferramenta de expurgo e desabafo. “A poesia pra mim é a forma que encontrei de colocar todo o meu sentimento de revolta pra fora. Eu utilizo da escrita periférica, nem sempre com muita rima e colocando muita emoção nos textos, com a intenção de atrair a atenção e causar, no mínimo, um pouco de empatia a quem escuta”, protesta.
Quem anda pela perifa da soterópolis, se bate com poetas e grafiteiros, slamers, artistas das mais diversas linguagens. As atividades desenvolvidas com apoio das comunidades e dos próprios participantes e convidados, envolvem e dinamizam os atores dessas quebradas. Com Samuel Lima não é diferente. Outra atividade que ele pratica é o graffite e, assim, vai colorindo de sonhos as mentes e muros da capital.
Nessas cores e corres a família se amplia, porque “Porque família é sentimento, amor e a poesia consegue expressar tudo isso.Família pra mim é acolhimento, ter alguém com quem contar em todos os momentos, alguém que eu possa mandar minhas poesias de madrugada e receber toques de como melhorar elas”, revela. E haja espaço para a família, que cresce a cada esquina, a cada recital. Se os muros são concorridos e, muitas vezes, precisa de autorização para ser grafitado, nas redes sociais Samuel tem todo o espaço do mundo. É ali que que “publico versos de poesias minhas e imagens de intervenções poéticas que faço na cidade”, conclui.
Numa auto apresentação, ele finaliza com um poema-poeta “Eu sou Samuel Lima, nas ruas sou staif. Poeta preto de escrita marginal, que usa da poesia como forma de expressão e combate às opressões do dia a dia. Viso, através do meu trabalho,atrair cada vez mais pessoas para esse meio poético, espalhando como uma célula imortal poesia por cada beco, espaços, ônibus e vielas dessa cidade. Sou o ANJO NEGRO da minha favela”.
Cria da favela
Denominação favela
onde nasci
cresci
e me criei
e só quem esteve do meu lado sabe
as dificuldades que eu passei
Desde criança
o sistema vem tentando me destruir
Estive entre a caneta e o fuzil
Pra decidi
Mas graças aos ensinamentos da favela
A poesia chegou primeiro em mim
e até o sistema pira
Eu já passei dos 18
Superando as estatísticas
Tentaram me parar
Mas sou descendente
De guerreiros e guerreiras
E podem até tentar
mas não vão me calar de nenhuma maneira
Eu vou lutar
E vou mostrar que os pretos
Chegou nessa porra para revolucionar
e não vou descansar até que os meus tenham
Saúde
Educação de qualidade
E acessos a boas faculdade
Só vou me conformar
quando a formatura de pretos
forem maiores
do que a taxa de mortalidade.
Samuel Lima
Literatura
Bruna Silva lança seu primeiro livro “Èsù Walê – O Caminho de Volta”
![Bruna Silva](https://portalsoteropreta.com.br/wp-content/uploads/2025/01/Bruna-Silva_Easy-Resize.com_.jpg)
A poeta, cantora e mobilizadora cultural Bruna Silva, mulher preta e lésbica lança seu primeiro livro autoral de poesias “Èsù Walê – O Caminho de Volta”, no próximo dia 13 de janeiro, às 19h, na Casa do Benin. A obra terá distribuição gratuita de exemplares e a noite de lançamento contará com uma roda de conversa com Bruna Silva, o poeta e comunicólogo Marcelo Ricardo, a pesquisadora literária Amanda Julieta e o poeta performer Nelson Maca. E ainda, um pocket-show com Samba de Lua.
A publicação, que já está disponível em audiobook e conta com a direção de voz de Reinan Acioly, traz escritos encruzilhados nas ruas da periferia, para falar de afeto, força e da ancestralidade.
Uma de suas poesias, escrita em parceria com o poeta Evanilson Alves, fala: “A palavra é nossa arma / Contra toda opressão / A poesia que não se cala / Dá voz a toda uma geração / (…) / Nosso fazer vai além do artístico / É conhecimento, exemplo e motivação / Que a poesia toque os corações / E na perifa gere transformação”.
“As minhas poesias nascem e se fundamentam nas encruzilhadas, das ocupações do meu corpo, nas batalhas de slam, das pessoas que estão no meu entorno. Por isso, elas ganham às ruas, pois esse é o tempo-espaço delas. As escritas surgem a partir dos caminhos que sou e ocupo. O livro vem para afirmar que a minha arte é possível estar nesses lugares. Èsù Walê representa esse caminho que me diz onde, como e por que devo estar. E, principalmente, de onde não quero sair”, declara a poeta, que completa 10 anos de criação artística.
Ela realça que o livro mostra “aos meus” que é possível falar sobre o que acreditamos. “Que a partir da nossa arte e poesia é possível encontrar e aproximar pessoas. Por isso, lanço este livro, em que através das poesias e poemas descrevo o caminho que refaço para encontrar o sagrado, de dizer a Exu que estou aqui”.
Para a jornalista Vânia Dias, que presenteia o livro com um lindíssimo prefácio, através das poesias “é possível ouvir gritos e sussurros. Medos e coragens de quem se sabe malabarista da arte da sobre(escre)vivência”. E, se preciso for, quebra a rima, escreve poemas e poesias livre de amarras e ou de regras. “Na velocidade do vento, a menina Silva escreve como se, nesse encontro de páginas nuas, vestisse de palavras os cenários das ruas”, descreve Vânia Dias.
“Èsù Walê – O Caminho de Volta é um megafone para falar sobre as várias faces e demandas que nós pretos e de periferia lidamos durante a vida.
Em sua escrita posfácio, a pesquisadora literária Amanda Julieta descreve que Bruna Silva traz em seu livro “Uma poesia dita em pretuguês, como pontua Lélia Gonzalez, essa língua de encruzilhada, marcada pela africanidade; uma poesia feita com caneta e papel, mas também de voz, gestos, gritos, sorrisos, olhares, silêncios; uma poesia para ser compartilhada coletivamente, como um quilombo de palavras onde tudo que se dá se recebe, seguindo o princípio da reciprocidade de Èsù.”
O livro, dividido em quatro capítulos com 26 poemas no total, conta com ilustrações assinadas pelo artista Lee 27. A capa exusíaca foi desenhada por Maria Clara Duarte. O projeto gráfico do livro é de Duda Rievrs e a revisão é do poeta-performer Alex Simões. A direção e coordenação do projeto são de Igor Tiago (seu irmão) e de Herley Nunes, respectivamente.
O livro “Èsù Walê – Caminho de Volta” foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. A Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar n° 195, de 8 de julho de 2022.
Serviço
O quê – lançamento do livro de poesias Èsù Walê – O Caminho de Volta, de Bruna Silva
Quando – 13 de janeiro de 2025, 19h
Onde – Casa do Benin
Entrada – Gratuita, com distribuição de exemplares
Mais informações – @brunasilvapoesia
Literatura
Escritora Larissa Reis lança o livro ‘Dayó, Itapuã e os Contos’
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Foto: Divulgação
Sobre Larissa Reis
Literatura
Anderson Shon recebe troféu HQMIX, o Oscar dos quadrinhos
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“O troféu foi uma noite de celebração, diversidade, ocupação e resistência! Ainda não tenho palavras pra dizer o quanto estou feliz e realizado, mas elas virão”, completou Daniel Cesart.