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Música

Filme sobre a “Maestrina da Favela” será exibido em Salvador!

Jamile Menezes

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Elem De Jesus Silva         Fto Catarine Brum

 

Elisete “Elem” De Jesus Silva. Uma jovem soteropolitana com a missão de libertar crianças de uma vida de drogas e violência no Pelourinho. Essa história será contada por meio do filme “Maestrina da Favela”, dirigido por Falani Afrika – cineasta afro-americana que se dividiu entre Salvador e EUA por 10 anos para filmar o documentário de 80 minutos. Nele, a garota Elem, de 8 anos se torna a jovem de – hoje – 23, líder artística e social de mais de 25 garotos e garotas que vivem na favela da Rocinha, localizada no Centro Histórico de Salvador. Falani e Elem cresceram juntas neste processo, hoje são grandes amigas e preparam a exibição do resultado disso tudo, em 24 de fevereiro, aqui em Salvador. O Portal Soteropreta entrevistou Falani, conheça essa história:

 

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Elem da Silva de Jesus  Fto Marcelo de Troi

Portal SoteroPreta – Como você conheceu Elem e seu trabalho?

Falani Spivey – Cerca de dez anos atrás, enquanto estudava na Universidade Howard, conheci Rosana Chagas, que era uma estudante de intercâmbio e me convidou para visitá-la em Salvador. Eu vim durante o mês da Consciência Negra, com uma câmera semi-profissional para documentar minha experiência. Na minha primeira noite em Salvador, Rosana levou-me a Rocinha para vislumbrar uma comunidade que era muito resistente no processo de gentrificação. Fui recebida por Dona Nilzete,que me fez sentir em casa. Passei um mês em Salvador fazendo entrevistas e, na época, eu queria muito fazer um filme sobre 9 jovens da diáspora de volta ao Gana. Mas na minha última noite em Salvador, voltei para Rocinha para dizer a dona Nilzete adeus e foi quando conheci sua filha Elem. Pedi-lhe que me acompanhasse pela comunidade na manhã seguinte antes do meu voo. Quando eu apareci com a câmera, não tinha ideia de que ela teria uma banda.

Ela começou a organizar as crianças e fizeram um show, fiquei cativada porque essa jovem estava no comando de um grupo de percussão. A entrevistei e posso dizer que ela era sábia para além de seus poucos anos. Saí no mesmo dia em que a filmamos e, assim que voltei aos EUA, comecei a angariar fundos para voltar e continuar filmando seu trabalho como ativista da comunidade.

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Falani e Briana Johnson – Dir.Fotografia/Prod.Executiva   Fto Marcelo de Troi

OUÇA ELEM: 

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Fto Marcelo de Troi

Portal SoteroPreta – Como Elem marcou você e o que a levou a ter a ideia do doc?
Falani Spivey –  Nos conectamos porque me senti muito ligada a sua mãe, Dona Nilzete, de quem era amiga antes de conhecê-la, então nosso relacionamento começou como amigas da família. Antes de mim, muitas pessoas filmaram seu trabalho, eu sou apenas aquele que escolheu continuar filmando ano após ano. Para ser sincera, não tinha ideia do que estava fazendo, pois esse é o meu primeiro filme. Me sentia conectada a Elem como uma mulher negra que cresceu na epidemia de crack em uma cidade de maioria negra, Washington, DC. Compartilhamos experiências similares.
Quando a vi aos 13 anos de idade, vivi de forma indireta por meio de seu trabalho.O crack é uma guerra química que o governo implantou em nossas comunidades e testemunhei três gerações nos EUA serem destruídas por essa droga. Ver uma jovem que combate a epidemia de crack e o racismo através da música, foi muito inspirador e foi o que provocou o documentário Maestrina da Favela.
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Acervo Pessoal de Elem

 

Portal SoteroPreta – Como você realizou este filme, quem a apoiou e como se deu essa filmagem BRASIL-EUA?
Falani Spivey –  Estou fazendo esse filme com a força da minha família e comunidade. Até hoje não recebi apoio financeiro de grandes instituições. Utilizei meus próprios fundos, tive amigos que abriram suas casas para que eu ficasse em Salvador. Eu também tenho feito “fish fries” com minha mãe nos EUA, que é uma tradição negra norte-americana para levantar fundos para projetos, contas, taxas escolares ou funerais. Nos últimos três anos, trabalhei com um coletivo de cineastas de mulheres negras que investiram seu próprio dinheiro, habilidades e equipamentos para tornar o filme mais profissional. Há cerca de seis meses, fui ao Blackstar Film Festival na Filadélfia, Pensilvânia, e uma linda senhora – Dra. Derby – patrocinou a pós-produção. Nunca tive um “orçamento” para trabalhar com o filme, mas os fundos chegaram pouco a pouco. Mais importante ainda, foi com o apoio de pessoas da Bahia, como Rosana Chagas, Urânia Munzanzu, Iris de Oliveira, Patrícia Magalhães, Felipe Brito, Renata Dias e Luedji Luna, que continuei o projeto. Todos entendem que eu sou uma mulher negra marginalizada em uma indústria de filmes masculinos dominados por brancos.
Estou tão agradecida por ter nascido uma mulher negra e saber que pessoas como Marcus Garvey abriram o caminho para que nos juntemos globalmente para fazer a diferença. Eu não me vejo como americana, sou uma pessoa de descendência africana nascida na América, há uma grande diferença em ser americana e afro-americana. Eu acho que tanto Elem quanto as pessoas que me ajudaram a fazer esse filme entenderam que somos todos um, com apenas uma língua diferente.
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Portal SoteroPreta – O que este filme significa pra você?

Falani Spivey – Este documentário significa muito para mim porque é um filme criado por uma equipe de mulheres negras contando a história de outra negra. Embora tenha sido um desafio financiar o filme, estou muito feliz por ter controle total sobre o projeto e orgulhosa de dizer que este é o nosso filme. Durante muitos anos, nossas histórias foram contadas e controladas por pessoas brancas. Os tempos mudaram e estamos escrevendo nosso próprio destino. Este filme é dedicado a todas as mulheres negras em todo o mundo lutando para fazer uma vida melhor para as gerações futuras. Este filme não é exclusivamente meu, pertence à África e seus filhos da diáspora.

OUÇA ELEM: 

 

SERVIÇO

Exibição do filme “Maestrina da Favela”, um filme de Falani Spivey (EUA)

Quando: Dia 24 de fevereiro (sábado), 17h

Onde: Sala Walter da Silveira (Barris)

Aberto ao público

Saiba mais sobre o filme aqui: maestrinadafavela.com

Música

“Sarau do Poeta”, de Jackson Costa acontece na CAIXA Cultural

Iasmim Moreira

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CAIXA Cultural

O ator e diretor baiano Jackson Costa traz o espetáculo “Sarau do Poeta”, em cartaz de 25 a 27 de abril na CAIXA Cultural, no centro da cidade. A montagem une música e poesia em uma celebração vibrante da cultura popular brasileira, com apresentações gratuitas.

Inspirado nas manifestações festivas do Recôncavo Baiano, o espetáculo mergulha nas sonoridades e nos ritmos do sertão à beira-mar, explorando o cotidiano e a linguagem poética do povo nordestino. A dramaturgia mistura canções e versos de grandes nomes da literatura e da música brasileira — como Elomar, Dorival Caymmi, Gregório de Mattos, Castro Alves, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa e João Cabral de Melo Neto — interpretados por Jackson Costa.

Com 1h30 de duração, a montagem faz também uma homenagem aos poetas Grapiúnas José Delmo e Ramon Vane, mestres na formação artística de Jackson. O espetáculo é conduzido musicalmente por Joaquim Carvalho (violão e voz), Eddie Santana (violão) e Sidney Argolo (percussão), criando uma atmosfera sonora que amplifica a força da palavra falada e cantada.

A temporada em Salvador marca o encerramento do circuito nacional do espetáculo, que passou por Rio de Janeiro, Recife, São Paulo e Brasília, desde a estreia em dezembro de 2024.

SERVIÇO

Espetáculo “Sarau do Poeta”
CAIXA Cultural Salvador – Rua Carlos Gomes, 57, Centro
25 e 26 de abril (sexta e sábado), às 20h | 27 de abril (domingo), às 19h
Gratuito – Retirada de ingressos pelo site da CAIXA Cultural a partir das 12h do dia 22/04
Classificação: Livre
Informações: (71) 3421-4200 | Instagram: @caixaculturalsalvador

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Música

Artistas baianos lançam EP “Olhos de Sol” com afrobeats, R&B e pagotrap

Iasmim Moreira

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Olhos de Sol

Os artistas baianos João Merín, Laiô e Yaan se juntam em um novo projeto musical: o EP “Olhos de Sol”, já disponível nas plataformas de streaming. A obra apresenta um mergulho sonoro que conecta afrobeats, R&B e pagotrap, estilos que têm ganhado força na cena contemporânea da música baiana.

Com quatro faixas, o EP é resultado do encontro criativo entre três artistas com trajetórias distintas, mas que compartilham temas em comum como ancestralidade, resistência, amor, prazer e pertencimento. O trabalho propõe uma escuta sensorial e reflexiva, misturando texturas musicais e poéticas que revelam as identidades de seus criadores.

A construção de um som coletivo

Ao longo das faixas, os artistas costuram elementos da cultura baiana com sonoridades contemporâneas, celebrando a diversidade rítmica do estado e suas influências afro-diaspóricas.

A faixa “Deixar Queimar” abre o EP com sensualidade e intensidade, enquanto “Olhos de Sol”, que dá nome ao projeto, aposta em uma atmosfera intimista e afetiva. “De Quebradinha” traz o swing e a vibração carnavalesca das ruas da Bahia, e “Filhos de África” encerra o álbum com um manifesto sonoro de orgulho e resistência negra.

Quem são os artistas

  • João Merín, rapper e cantor de Salvador, iniciou carreira solo em 2018 e recentemente ressignificou sua identidade artística. Com forte influência do reggae e das lutas do povo negro, traz à tona letras que unem espiritualidade, cotidiano e política.

  • Laiô, de Ilhéus, é cantora, compositora e gestora cultural com quase 20 anos de trajetória. Suas canções falam sobre afeto, afrodengo, amor próprio e identidade lésbica negra. Define sua música como afro-baiana.

  • Yaan, músico e produtor formado em Artes pela UFBA, atuou como baixista e guitarrista em diversas bandas e é fundador do selo Mouseíon Beats. Atua hoje na Mercúrio Studios, em Salvador, conectando produção musical com performance ao vivo.

🎧 Ouça o EP “Olhos de Sol” completo aqui: https://tratore.ffm.to/olhosdesolep

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Música

“O samba é feminino”: Roda de Mulheres celebra legado de Dona Ivone Lara e mulheres sambistas na Bahia

Iasmim Moreira

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Roda de Mulheres

Por Lorena Ifé

Quando Vinicius de Moraes compôs Samba da Benção e escreveu “porque o samba nasceu lá na Bahia”, ele com certeza evidenciou o legado da baiana Tia Ciata — natural de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano — uma das precursoras do samba. Ao se mudar para o Rio de Janeiro, ela abriu sua casa para este movimento. Mas há evidências de que, antes disso, o samba de roda já havia surgido pelas ruas da Bahia.

Seguindo esse legado, há quase dois anos, a sambista e empresária Patrícia Ribeiro abre as portas da casa onde morou o sambista Oscar da Penha — o Batatinha — no Largo dos Aflitos, 68, em Salvador, para realizar a Roda de Mulheres do Batatinha Bar. Mais uma edição da roda foi realizada na noite do último sábado (12), em celebração ao Dia Nacional da Mulher Sambista, comemorado em 13 de abril, data oficializada em 2024 por meio de sanção presidencial.

A lei homenageia o nascimento de Dona Ivone Lara, cantora, compositora e instrumentista. Falecida em 2018, ela deixou um legado como um dos maiores nomes do samba no país. Foi exemplo de resistência e luta ao romper barreiras machistas — como ter sido a primeira mulher a compor um samba-enredo, em 1965, para a escola Império Serrano.

“Havia uma real necessidade de ter uma lei e de dar importância à mulher que canta samba, porque o samba veio pelas mãos de uma mulher, que foi Tia Ciata”, relembra Patrícia, gestora do Batatinha Bar e cofundadora da Roda de Mulheres. Ela também destaca o protagonismo e os desafios enfrentados por Dona Ivone Lara: “Ela foi sabotada. Por ser mulher, não podia assinar algumas músicas, e acabava cedendo muitas de suas letras para que homens as cantassem”, relembra.

Uma das convidadas para a roda foi a cantora Josi Climaco, fundadora da banda Terreiro da Preta, que começou interpretando clássicos de Dona Ivone Lara e relembrou sua trajetória no samba: “É uma herança de família. Cresci nesse meio, cantando, aprendendo e organizando o samba. A gente sabe que o samba é feminino, mas o capitalismo apagou nossas histórias. Ainda assim estamos aqui, mostrando que a gente canta, empreende, toca, compõe, bate palma e dança”.

A roda foi conduzida pela banda base formada pelas artistas Ella Beatriz, Geovana Franco, Juliana Almeida, Jake Cruz, além de Patrícia Ribeiro e Clara Elisa, fundadoras da Roda de Mulheres. As cantoras Josi Climaco, Raíssa Araújo e Maíra foram as convidadas. Gal do Beco, conhecida como A Dama do Samba na Bahia, não pôde estar presente, mas teve sua trajetória lembrada. Nascida no Rio de Janeiro, foi na Bahia que, como ela mesma diz, “se tornou sambista”. Na década de 1980, abriu um bar na Avenida Vasco da Gama, o Beco de Gal, e criou um importante espaço de encontro para sambistas.

A Roda de Mulheres surgiu em dezembro de 2023, como celebração do aniversário de Patrícia e Clara Elisa. Juntas, decidiram oficializar o movimento, que acontece mensalmente. “A ideia principal é ocupar este espaço. O samba é majoritariamente ocupado por homens, e ao Patrícia assumir o bar, vimos uma oportunidade de firmar este espaço para as mulheres — uma roda aberta, dinâmica, onde somente mulheres participam”, explicou Elisa. A entrada custa R$20 e o espaço é aberto para artistas mulheres que queiram cantar, tocar ou recitar.

A mulher no samba

A origem do samba é marcadamente feminina. Entre os grupos fundamentais para sua formação estão as tias baianas, mulheres vindas de comunidades de terreiros — a partir das confrarias religiosas — que desempenharam papel essencial na construção da cultura popular das cidades, como no caso de Tia Ciata, que participou da fundação da Irmandade da Boa Morte. 

No entanto, muitas mulheres sofreram apagamento por causa do machismo. “Todos os dias a gente sofre microviolências, assédios, desvalorização. Tem sempre algum homem vindo dizer o que a mulher tem que fazer, sendo ela especialista naquilo. Isso não é diferente no samba. A Roda de Mulheres é esse espaço seguro para a gente celebrar”, diz Elisa.

Em Salvador, além de referências como Gal do Beco, Josi Clímaco, Juliana Ribeiro e Mariene de Castro, têm surgido cada vez mais grupos formados por mulheres que protagonizam o samba, como Samba de Oyá, Samba das Cumades, Sambaiana, Terreiro da Preta, Samba Ohana, Roda de Samba Mulheres de Itapuã, Samba Clara, entre outras.

Patrícia reitera que existem várias casas de samba, mas nenhuma voltada especificamente para mulheres — e que o Batatinha Bar tem se tornado esse espaço. “Nossa equipe é formada majoritariamente por mulheres, gerida por uma mulher e feita para que as mulheres cantem, toquem, dancem e sejam felizes aqui.”

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