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Literatura

Escritor Davi Nunes lança “Zanga”, seu primeiro livro de contos!

Jamile Menezes

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Davi Nunes – Fto Marcelo Ostachevski

 

Tem livro novo do escritor Davi Nunes no ar! “Zanga” é o título de sua nova obra, que traz 19 contos pautando uma diversidade de personagens. O livro Zanga será lançado pela editora Segundo Selo, no dia 19 de julho (quinta-feira), no Goethe Institut – Corredor da Vitória, em Salvador. Confira entrevista cedida pelo autor ao Portal Soteropreta:

Portal Soteropreta – Davi, por que o título Zanga?

Davi Nunes – Zanga sempre foi uma palavra presente em minha comunidade no Cabula, em Salvador, e, no geral, ela é presente nas comunidades negras. Sempre ouvi desde a infância me dizerem: “Esse menino é muito zangado, tá de zanga ele.” Esse também é um sentimento presente na minha mãe, d. Maria do Socorro, que criou a mim e a meus irmãos se zangando com a escola, com o mau atendimento dos médicos nos postos de saúde, com a polícia,  com as instituições de poder no geral. O segundo motivo está ligado à origem da palavra Zanga – uma palavra que, segundo Nei Lopes no Novo Dicionário Banto no Brasil, tem origem banto, provavelmente do Quicongo isanga: lágrimas, singular de kisanga. Ou relativo ao quimbundo zangalala: rebelde. Que se liga a ondzanga: bravura, coragem, combatividade. O terceiro motivo é que vejo nas palavras de origem africana a transposição de um sentimento potente de luta dos negros dessa diáspora. Zanga pra mim é super poder, é ancestral e por isso contemporâneo, é luz que desponta do cosmo do buraco negro e irradia o terceiro olho do faraó que está adormecido em nós.  É o momento áureo da autoconsciência negra, é a negritude como força intempestiva, como ação – zangar.

 

Portal Soteropreta – Como o livro foi construído?

Davi Nunes – O livro é composto por 19 contos, costumo dizer que são 19 zangas estruturadas em linguagem literária, 19 zangalas, rebeldias. Como bem notou Silvio Roberto no prefácio do livro: “A diversidade se representa nos contos por personagens ainda simulacradamente héteros, gays, azoadxs, engajadxs, estudantes secundarista, universitárixs, devotxs de santxs, filhxs de orixá, cultuadorxs de vodu, da Cabula, de Zumbi, de zumbis, em meio ao amor, ao horror, ao necrófilo ou mesmo ao social.”

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Portal Soteropreta – Como você enxerga o processo de publicação do Zanga ?

Davi Nunes – O processo de publicação é sempre árduo e melindroso. Mas nunca tive pressa em publicar livro de contos, é um gênero que exige densidade na vida, um esgarçamento vivencial que me levou até a pensar no suicídio por algum tempo, porém só adensou a minha escrita. Então, passei algum tempo vivendo a boemia da cidade de Salvador, as paixões, e ao mesmo tempo estudando e exercitando várias técnicas de escrita de contos que me fez descambar em Zanga. Já falando mesmo no processo de publicação, de correr atrás de editora, é sempre angustiante a procura. O escritor negrx ainda sofre muita interdição devido ao racismo editorial vigente no próprio sistema literário brasileiro, mas tive a sorte de encontrar Jorge Augusto, que hoje é meu editor e comprou a ideia de publicação desse livro.

Para quem quer garantir o seu, o livro já está em pré-venda e pode ser adquirido por aqui.

Portal Soteropreta – A morte está bastante presente nos contos, por quê?

Davi Nunes – Sou de Salvador e, para as pessoas negras, esta cidade é um verdadeiro campo de morte. O corpo negro é um corpo sitiado, um corpo sem status político, um corpo nu, um corpo inimigo, um corpo em constante injúria pelas instituições de poder, um corpo do genocídio, da cesura biológica, do racismo. Um corpo cuja política de estado é a morte, um corpo que está localizado onde o estado é sempre de exceção, a periferia. O corpo da inimizade, do ódio, o corpo de uma sobrevivência inumana, de terror, um corpo cuja vida é subjugada ao poder da morte. O corpo que pode ser interditado mesmo antes de nascer. Um corpo cuja  bala, um cão com mandíbulas ensanguentadas, fareja à todo momento. Um corpo policiado, um corpo do extermínio, do massacre, do sacrifício, da fome, um corpo localizado numa instância aterrorizadora, exemplo claro do que Mbambe chama de necropoder. Talvez meus contos sejam necrocontos, ando refletindo sobre isso.

Lançamento livro “Zanga”, de Davi Nunes

Quando: 19 de julho (quinta-feira)

Onde: Goethe Institut – Corredor da Vitória, Salvador

Horário: 18h30 – Entrada gratuita

Pré Venda aqui!

Vendas no local: R$35 (cartão) ou R$30 (dinheiro)

Literatura

FLICAJ 2024 destaca ancestralidade e cultura periférica

Ana Paula Nobre

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Antônio Vovô do Ilê | Foto: Divulgação

A Festa Literária de Cajazeiras (FLICAJ) começa nesta quinta-feira (5) com uma celebração vibrante da diversidade cultural e das raízes afro-brasileiras. Com o tema ‘Africanidades Brasileiras e Cultura Periférica’, o evento reunirá importantes nomes da música, literatura e artes em geral, promovendo reflexões sobre ancestralidade e resistência cultural no Ginásio Poliesportivo de Cajazeiras.

A programação começará às 8h30 com a Batalha de Fanfarras, seguida das falas institucionais e um show de Sued Nunes. No Espaço Conversando com a FLICAJ, às 10h, a roda de conversa ‘A oralidade como tecnologia ancestral e de resistência periférica’ reunirá nomes como Negafyah, Jenifer Oliveira (Coletivo Zeferinas) e Rool Cerqueira, abordando a importância da oralidade na preservação das tradições periféricas.

Cássia Valle | Foto: Divulgação

A manhã será encerrada na Arena FLICAJ com a mesa literária ‘É a Bahia: Grande celeiro de literatura e outras artes no Brasil’. Participam Edvana Carvalho e Sulivã Bispo, com mediação de Ismael Carvalho, reforçando o papel central da Bahia na cultura brasileira.

A tarde será marcada pela performance Realeza Blocos Afro com figuras icônicas como Jeferson Mendes, Siry Brasil e Larissa Valéria, que vão exaltar a força dos blocos afros. Na sequência, a roda de conversa ‘Ancestralidade e Memória: 50 anos de Ilê Aiyê’ contará com o líder histórico Antônio Vovô do Ilê, Edmilson Lopes e a historiadora Valéria Lima.

A programação da tarde também incluirá lançamentos literários, como o livro do Professor Emiliano, com Lucas Reis e mediação de Daniele Costa, e, no Espaço Conversando com a FLICAJ, os livros ‘Contos para Erê’ e ‘Heroínas da Liberdade’, da autora Cássia Valle. O dia contará com a apresentação da Camerata da OSBA na Rota Cultural FLICAJ oferecendo ao público uma experiência musical diferenciada.

Sulivã Bispo | Foto: Divulgação

No final da tarde, a roda de conversa ‘A comédia baiana como instrumento de entretenimento e crítica social’ reunirá Matheus Buente, Naiara Bispo (Clube Daz Minina) e Nininha, prometendo uma discussão leve e provocativa. O encerramento do dia ficará por conta do show da cantora Raquel Reis que trará sua música para fechar o primeiro dia com entusiasmo.

FLICAJ: Uma celebração da diversidade cultural

A FLICAJ 2024 propõe um espaço de convergência cultural, reunindo grandes nomes da literatura e da música, além de promover oficinas, rodas de conversa e apresentações artísticas. Com o tema Africanidades Brasileiras e Cultura Periférica, o evento busca valorizar as raízes africanas e as manifestações culturais das periferias brasileiras, dialogando diretamente com o público jovem.

Durante os três dias de programação (de 5 a 7 de dezembro), Cajazeiras se transforma em um território vivo de arte e resistência, reafirmando seu papel como centro cultural. A presença de Djonga promete ser um dos momentos mais aguardados do festival, trazendo a força do rap para dialogar com a literatura e outras expressões artísticas.

A FLICAJ, anteriormente conhecida como FLIN, é um marco histórico que destaca a importância da cultura como instrumento de transformação social, criando um espaço de aprendizado, diversão e reflexão crítica.

Serviço

Tema: Africanidades Brasileiras e Cultura Periférica

O quê: FLICAJ 2024 – Festa Literária de Cajazeiras

Quando: De 5 a 7 de dezembro

Onde: Ginásio Poliesportivo de Cajazeiras, Salvador

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Literatura

Fala Vila promove encontro sobre mulheres negras na literatura

Ana Paula Nobre

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Fala Vila
Olinda Beja | Foto: Divulgação

Com o tema “Identidade, Ancestralidade e Poesia”, a escritora santomense Olinda Beja, a pesquisadora e professora universitária baiana Vanda Machado e a professora e poeta carioca Leda Maria Martins abordarão as contribuições e os desafios enfrentados por mulheres negras na literatura. O evento integra a edição do mês de novembro do Fala Vila, em celebração ao Mês da Consciência Negra, se estendendo até o início de dezembro. O encontro reúne grandes mestras da literatura e da pesquisa da cultura africana e afrodiaspórica e acontece nesta segunda-feira (2), às 19h, no Museu de Arte da Bahia (MAB). A entrada é gratuita.

Seguindo o movimento de expansão das atividades, o Teatro Vila Velha ocupa o Museu de Arte da Bahia, através do apoio financeiro do IPAC/Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, a fim de fortalecer mutuamente os espaços culturais da cidade. O Teatro Vila Velha conta com apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia. Mais informações no Instagram @teatrovilvelha e no site www.teatrovilavelha.com.br.

Vanda Machado | Foto: Divulgação

Sobre as convidadas do Fala Vila

Olinda Beja nasceu em São Tomé e Príncipe, na cidade de Guadalupe, e migrou ainda menina para Portugal, onde iniciou seus estudos. Atualmente, divide-se entre os dois países e tem poemas e contos traduzidos para espanhol, francês, inglês, mandarim, árabe e esperanto. Sua obra é estudada em teses de doutoramento realizadas por pesquisadores diversos na Alemanha, na Inglaterra, no Gabão e no Brasil. A escritora tem trabalhos publicados na Alemanha (Universidade de Frankfurt e Universidade de Berlim) sobre a língua materna de S. Tomé, bem como poemas dispersos em revistas nacionais e estrangeiras, em livros didáticos dos Ministérios Português e Francês da Educação e em diversas Antologias.

Vanda Machado é professora-doutora, colaboradora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), possui rica trajetória no campo da educação étnico-racial. Criou o Projeto Político Pedagógico Irê Ayó, na Escola Eugenia Anna dos Santos, no Ilê Axé Opô Afonjá, propiciando o reconhecimento da escola como Referência Nacional pelo Ministério da Educação (MEC). Realiza consultorias, palestras, conferências e apresenta trabalhos em vários estados no Brasil, e também em Bruxelas, Nigéria, Cuba, Portugal e Buenos Aires. Membro da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (RENAFRO), participou como roteirista do documentário O Cuidar nos Terreiros e Saúde.

Leda Maria Martins | Foto: Divulgação

Leda Maria Martins mora atualmente em Belo Horizonte. Professora-doutora, leciona na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foi também professora convidada da New York University. Pesquisadora da cultura afrobrasileira, desenvolveu projetos de pesquisa na área, como O Palco em Negro: Estudo da dramaturgia e da escritura cênicas contemporâneas de matizes afrodescendentes; Performances do Movimento: A escritura cênico-dramática do rito no Congado; Performances do tempo espiralar; Afro-descendências: Raça e etnia na cultura brasileira; dentre outros. Publicou livros e também artigos em periódicos brasileiros e estrangeiros.

Wlamyra Albuquerque é historiadora e professora vinculada ao Departamento de História da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 2010, juntamente com o historiador Walter Fraga Filho, foi vencedora do 52º Prêmio Jabuti,[1] na categoria Didático e Paradidático, com o livro Uma história da cultura afro-brasileira. É autora ainda do livro O jogo da dissimulação: abolição e cidadania negra no Brasil, publicado em 2009, um estudo sobre as formas veladas do racismo brasileiro. É Superintendente de Relações Internacionais da UFBA e membro do Comitê Assessor da área de História do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), estando afastada da atividade docente.

Wlamyra Albuquerque | Foto: Divulgação

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Literatura

Goya Lopes é destaque com livro ‘Tecelagem’ em eventos internacionais

Ana Paula Nobre

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Foto: Divulgação
A artista visual e designer baiana, Goya Lopes, participa do estande do Prêmio Bolonha para as Melhores Editoras Infantis do Ano (BOP), que integra o Lounge de Prêmios de Bolonha, área dedicada aos vencedores e finalistas mundiais do BOP, pela editora Solisluna. A convite da Feira do Livro de Bolonha, a Solisluna participa da 11ª edição da Feira Internacional do Livro Infantil da China (CCBF), em Xangai, que ocorre de sexta-feira (15) a domingo (17), no Centro de Convenções e Exposições Shanghai World Expo. A CCBF é a principal feira inteiramente dedicada a livros e conteúdos específicos para crianças na região Ásia-Pacífico.

Goya também participa do Children Plus Special Exhibition A Fabulous Wardrobe – Fashion, clothing and threads in children’s Picture Books. Criada em 2019, em parceria com a Drosselmeier e Campus di Rimini Alma Mater Studiorum Università di Bologna, a exposição tem como tema central a moda e conta com mais de 150 obras sobre tecidos, fios, histórias, roupas e tudo o que pode ser relacionado a esse universo. Os livros serão exibidos na entrada da feira, em Xangai.

Foto: Divulgação

Sobre a editora

Com sede na Bahia, a Solisluna Editora foi fundada em 1993 e se mantém de forma independente. Além de realizar projetos e ações que levam à reflexão sobre diferentes realidades, é comprometida com o coletivo e com questões importantes de nossa sociedade, como cultura, inteligência e sensibilidade. Em 2024, foi a única editora brasileira a ficar entre as finalistas do Bologna Prize (BOP) Best Children´s Publishers of the Year, uma das premiações literárias para as infâncias mais importantes do mundo. 

 

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