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Literatura

#PoesiaSoteropreta – Andrei Williams, o poeta incubado do Rede ao Redor! – Por Valdeck Almeida

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Andrei Williams Santos Rocha, ou Andrei Williams, é um jovem poeta negro de 21 anos que vive na cidade de Salvador. Cursa o Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades na UFBA, onde conheceu e entrou no grupo de pesquisa e extensão Rede ao Redor, que considera fundamental para a sua formação.

A escrita de poesia começou aos 16-17 anos e hoje, aos 21, já tem uns cinco anos de exercício. No início não tinha um bom ritmo e os temas se limitavam ao amor e abandono. Após o Rede ao Redor e as visitas aos saraus da cidade, “o que prevalece é a questão racial, mergulhando no racismo, na desigualdade e na violência policial”, ressalta Andei Williams.

Mas seus versos continuam dando o tom na métrica, na forma, nas rimas. São versos rebeldes: “tento impor uma métrica nos versos, entretanto, na maioria das vezes, eles preferem romper com essa forma. A meu ver, a métrica consegue dar ritmo à poesia e isso envolve o ouvinte/leitor além do próprio conteúdo. Mas ando falhando nisso (risos)”. 

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O nome artístico surgiu numa apresentação de poetas, em que este colunista do Portal SoteroPreta – e também participante do grupo de pesquisas no Rede ao Redor-IHAC-UFBA -, lhe apresentou, e Andrei reagiu com o bom humor que lhe é peculiar: “Valdeck me anunciou outro dia como “Andrei Williams, o poeta incubado do Rede ao Redor (kkkk) e, como uso muito pouco as redes sociais para postar poemas e não os tenho divulgados em outras plataformas, acho que sou um poeta incubado mesmo”, brinca Williams.

Poesia pra Andrei é coisa séria e deve ser pautada na reflexão acerca das transformações necessárias na nossa sociedade, para que alcancemos um estado de coisa de valoração da dignidade humana.

“Poesia é intimidade e ferramenta para quebrar barreiras: através dela busco tocar o campo mais íntimo das pessoas, me conectar a elas. Atualmente as pessoas, ou por segurança, ou por medo, ou por qualquer outra coisa, acabam isolando seus espíritos para com as outras e também para a realidade, como se envolvessem de várias camadas, igual uma cebola. A poesia tem essa potência de transpassar as camadas e se conectar com os espíritos”.

Sobre a relação da poesia com família “eu nunca havia pensado e estou reflexivo agora. Mas, caso se pense família como uma relação íntima e forte entre seres, então, talvez, quando se está diante de uma poesia e seu espírito está todo voltado para ela, nesse momento pode haver um nível de relação suficiente a ponto de se falar em família”.

Ainda segundo o poeta Andrei, cada poesia pode querer alguma coisa. Algumas podem incentivar, outras podem alertar, outras podem pedir socorro; já outras podem criticar, denunciar, chorar, se expressar, mas sempre em conexão com o que há de mais íntimo de cada pessoa. A relação muda quando entra a intervenção do poeta: “então, eu pretendo com a poesia construir essa relação íntima com as pessoas quando recito, mas também desabafar e organizar no papel os sentimentos que eu trago comigo”.

O poeta e o cidadão estão juntos na luta por afirmação e por conquista de poder. E o ingresso no BI da UFBA foi apenas o primeiro passo no mundo acadêmico. A curto prazo ele pretende ingressar no curso de Direito da UFBA. Já a médio e longo prazo ele busca alcançar postos de poder dentro do cenário baiano. “Quanto mais pretos no poder, melhor será a nossa realidade frente a esse sistema esdrúxulo”, decreta. 

Fotos Divulgação

Preto no Poder

Veja a minha indignação

De quem está eternamente na mira do seu Estado de Exceção

Olha porra! Veja o ódio, mas também veja a paixão

De quem está disposto a dar a vida pra matar esse seu sistema de opressão

E não, não olhe pra lá

As correntes vão cair e sua hora vai chegar

E, caralho, como vai ser difícil de quitar

Se a cada segundo uma gota de sangue negro corre a me atormentar

Porque foi o seu racismo que fez a nossa desigualdade

Mas não dá mais para viver essa sina covarde

De todo dia ter que provar a porra da minha humanidade

De estupro e violência a miscigenação se fez

Quem sabe um dia toda essa maldade volte procês

Porque meu corpo do crime já é freguês

Vida espancada, arma na cara, hoje pode ser a minha vez

E quem foi que disse que eu sou o ladrão?

Esquivando do seu chicote eu busco todo dia a minha redenção

Mas eu vou dar um papo, apesar de ser censurado

Que tem várias famílias na Vitória que fizeram fortuna traficando escravo

E isso parceiro… não vai passar

Vamos tomar de assalto sua fortuna secular

Mas, calma, branco!

Não deixe que seu racismo venha te iludir

Porque meus punhos contra você… eu não vou dirigir

Você vai presenciar mais um feito da geração tombamento

Pra fazer burguês chorar em canto de lamento

Na cidade fora da África mais preta

Que nunca viu um prefeito, preto, eleito

Vamos invadir todos os espaços e exigir o seu respeito

Se é verdade que uns preferem morrer a ver o preto vencer

Então amarra a corda e se joga

Porque nós vamos tomar todos os postos de PODER!!!

Andrei Williams

Valdeck Almeida

Por Valdeck Almeida de Jesus para o espaço “Poesia Soteropreta”, que vai evidenciar, divulgar e fortalecer a Poesia Preta, Periférica e de Resistência do cenário literário de Salvador. Confira aqui outros textos desta coluna. 

Literatura

Projeto “Literatura de Erê 2025” oferece oficina gratuita para educadores

Iasmim Moreira

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Erê

A Oficina “Contação de Histórias Pretas – Literatura de Erê 2025” está com inscrições abertas para educadores, artistas e interessados em fortalecer práticas educativas a partir da oralidade e da literatura negra voltada à infância. O projeto acontecerá de forma gratuita entre os meses de agosto e outubro, com três edições presenciais nos bairros de Nova Brasília de Valéria, Pirajá e outro local a ser confirmado. São 20 vagas por turma.

Idealizada pela educadora e contadora de histórias Niní Kemba Náyò, a oficina é uma das formações oferecidas pela plataforma LiteAfroInfantil, criada em 2018 para promover ações culturais e pedagógicas baseadas na literatura africana e afrodiaspórica para as infâncias. Desde sua criação, o projeto já impactou centenas de educadores com recomendações de livros, vídeos e formações presenciais e online, com mais de 41 turmas formadas apenas durante a pandemia.

Com linguagem acessível e metodologia própria, a oficina une literatura, ancestralidade e oralidade africana, resgatando valores civilizatórios negros e promovendo o fortalecimento da identidade de crianças pretas. “A contação de histórias é uma das formas mais antigas de ensinar valores, cultivar memória e construir identidade cultural. Nossa oficina amplia o repertório de quem educa e cuida da infância preta”, afirma Niní.

Em 2024, o projeto voltou ao presencial formando 30 educadores através do edital Vozes Culturais da Bahia, e agora chega aos bairros de Salvador com apoio do edital Territórios Criativos – Ano II, da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do Ministério da Cultura.

SERVIÇO
O quê: Oficina “Contação de Histórias Pretas – Literatura de Erê 2025”
Onde: Nova Brasília de Valéria (agosto), Pirajá (setembro) e outro local a definir (outubro)
Vagas: 20 por edição
Quanto: Gratuita
Inscrições: Link na bio do Instagram @ochpliteraturaere

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Literatura

Escritora Ana Cecília participa do Festival Pôr do Sol da Literatura em Itapuã

Iasmim Moreira

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Ana Cecília

A escritora e psicóloga Ana Cecília, um dos nomes em ascensão na cena literária baiana contemporânea, está entre as atrações confirmadas da 20ª edição do Festival Pôr do Sol da Literatura, que acontece nos dias 12 e 13 de julho, no bairro de Itapuã. Nascida e criada no território que sedia o festival, Ana retorna à sua terra natal com sua escrita potente e afetiva, marcada por memórias, ancestralidade e resistência.

Autora do livro Nossa Pele e membro da Academia de Cultura da Bahia, Ana Cecília vem conquistando leitores em todo o estado com sua poesia visceral e transformadora. Seu novo livro, Preta, será lançado em agosto pela editora BFK Books e promete ampliar ainda mais sua presença no cenário literário nacional. Enquanto isso, ela segue com uma intensa agenda de eventos, tendo participado recentemente de festivais, feiras, bienais e encontros literários em diferentes cidades da Bahia.

“É uma emoção e uma honra muito grande estar participando do Festival no território de onde venho, de onde as minhas mais velhas passeavam comigo, me entregavam ensinamentos e escolheram Itapuã para viver seus dias. É bonito de ver e vivenciar tudo isso na minha terra. Eu posso voar o mundo e Itapuã sempre será minha casa, será sempre memórias inseparáveis, amor inegociável. Vamos fazer uma edição do festival de jamais se esquecer”, declara Ana, que carrega com orgulho o pertencimento ao bairro e à sua história.

O Festival Pôr do Sol da Literatura é uma poderosa articulação comunitária em torno da arte, da economia criativa e da memória cultural de Itapuã. Em sua 20ª edição, o evento reafirma seu papel como espaço de encontro, celebração e resistência, com uma programação gratuita e acessível. Parte das atividades contará com tradução em Libras, reforçando o compromisso com a inclusão e a democratização do acesso à arte.

Além de conferir a participação de Ana Cecília no festival, o público pode adquirir seu livro Nossa Pele nas livrarias LDM Shopping Bela Vista e Paseo, ou diretamente pelo Instagram da autora, no perfil @annaceciliafs, onde também é possível acompanhar novidades sobre seu trabalho e o lançamento de Preta.

SERVIÇO
O quê: Participação da escritora Ana Cecília no Festival Pôr do Sol da Literatura
Quando: 12 e 13 de julho
Onde: Bairro de Itapuã, Salvador (BA)
Quanto: Gratuito
Mais informações: @annaceciliafs

Onde encontrar o livro Nossa Pele:
📚 Livrarias LDM – Shopping Bela Vista e Paseo
📦 Venda direta: via Instagram @annaceciliafs

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Literatura

Educadora Fabiana Cardeal lança Livro das Emoções sobre escuta sensível na infância

Iasmim Moreira

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Livro das Emoções

A escritora, psicóloga e educadora baiana Fabiana Cardeal acaba de lançar Livro das Emoções, obra infantil que convida crianças e adultos a reconhecer, nomear e acolher sentimentos como medo, tristeza, raiva, nojo e felicidade. Publicado pela editora Usina de Textos, o livro reúne cinco histórias curtas, sensíveis e cotidianas que propõem uma abordagem cuidadosa da saúde emocional desde os primeiros anos de vida.

Inspirada em vivências com o filho, sobrinhos e também em sua prática clínica e escolar, Fabiana criou personagens como Felipe, Maria, Juju, Elis, Henrique e João Pedro, que conduzem os pequenos leitores por enredos que favorecem o autoconhecimento e a construção de vínculos mais saudáveis. “Acredito que quando as crianças aprendem a dar nome ao que sentem, elas ganham ferramentas importantes para se expressar, criar vínculos mais saudáveis e crescer com mais consciência emocional”, afirma a autora, natural de Feira de Santana (BA).

A ideia para o livro nasceu da experiência de Fabiana como mãe e terapeuta. João Pedro, seu filho de quatro anos, é uma das inspirações diretas da obra, que busca romper com a ideia de que sentimentos negativos devem ser evitados. Pelo contrário: “O livro retrata emoções vivenciadas por muitas crianças no dia a dia e deixa a mensagem de que todas, inclusive as emoções consideradas negativas, são essenciais para o desenvolvimento infantil”, explica.

O lançamento do Livro das Emoções acontece durante o Julho das Pretas, mês de mobilização em torno das lutas e conquistas das mulheres negras na América Latina e Caribe. O momento não é coincidência. Para Fabiana, trabalhar o desenvolvimento emocional desde cedo é também uma ferramenta de enfrentamento ao racismo e às desigualdades. “Percebo no consultório que muitas meninas negras só chegam para serem acolhidas e tratadas já na adolescência, quando as situações já estão agravadas. Quanto antes pudermos olhar e cuidar das emoções, melhor”, pontua.

Com ilustrações de Camila Scavazza, artista paulistana, e 20 páginas, o livro tem preço de capa de R$ 40,00 e reforça o compromisso de Fabiana com uma literatura afetiva, educativa e inclusiva. Em 2024, a autora lançou Era uma vez uma Menina Preta, sua estreia na literatura infantil, que percorreu escolas da Região Metropolitana de Salvador com contações de histórias que promoveram interação e senso de pertencimento entre as crianças.

Foto: Thamires Leite

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