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Gastronomia

#SoteroPerfil – Ana Célia Santos, há 40 anos trazendo sabores da África pra Bahia! – por Marcio Lima

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Ana Célia – (foto: Angeluci Figueiredo)

 

Dona do Zanzibar, um dos restaurantes mais populares de Salvador, Ana Célia Santos – 69 anos – é uma mulher empreendedora, de coragem e atitude. Não se deixou abater pela perda prematura dos pais, encarou a vida e escreveu uma história de grande sucesso.

Filha de Desidério Ricardo dos Santos e de Urânia Batista dos Santos, Ana Célia teve uma infância com alguns privilégios. Morava em uma boa casa no bairro do Garcia, construída por seu pai ao casar com sua mãe. Casamento, aliás, que não era bem visto pela família de Dona Urânia por ela ser filha única e ter uma condição de vida melhor que a de Seu Desidério.

Ana Célia

Este, era peixeiro e tinha um comportamento mais rude. Ana Célia conta que sua avó era quem menos queria o casamento, por achar que ele não era bom para sua filha. Mas, colocando o amor dos dois acima de tudo e contrariando a família da moça, ele construiu a casa e os dois foram morar juntos após o casamento. Dessa união nasceram oito filhos, sendo Ana Célia a terceira, depois de dois meninos. Com uma condição de vida confortável, gostava de brincar na rua com seus irmãos e que a vida no Garcia era muito boa.

”A gente tinha uma qualidade de vida boa, a gente era uma família que o que comia no almoço não comia no jantar. Nós morávamos no Garcia, onde surgiu o Zanzibar, onde nós nascemos, que é uma casa própria, da família.”

 

Mas a vida reservava para Ana Célia e sua família uma grande e triste mudança. Aos 13 anos, no dia 10 de fevereiro, ela perde o pai, vítima de tuberculose. No dia 1º de maio do mesmo ano, ainda de luto aos 14 anos, perde sua mãe por complicações no coração. Com a perda dos pais, os oito irmãos saem da casa do Garcia, “onde cada um tinha sua cama pra dormir, pra ir morar na Liberdade, na casa da minha tia [Gertrudes], que era solteira e não tinha filhos. Daí a vida da gente mudou”.

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Camarão no caju

Cozinheira do Hotel da Bahia, a tia Gertrudes assumiu os oito filhos de seu irmão, alugou a casa do Garcia e os levou para o bairro da Liberdade. Era uma casa simples, pequena e todos tiveram que se “ajeitar” como puderam. Foi aí que as mudanças aconteceram na vida de Ana Célia – por ser a mulher mais velha, ela passa a cuidar dos irmãos e vai ajudar sua tia na cozinha. Lá, ela aprende, entre outros pratos africanos, a fazer o Calulu, angolano à base de quiabo. Ana Célia conta que sua tia também costumava inventar uns pratos diferentes:

“Ela fazia uns pirões assim…. Mas a gente comia… (risos) A gente não gostava na hora, dizia “Deus me livre!”, não tinha uma aparência bonita, não. Mas a gente comia e depois gostava. (gargalhada) Por exemplo, na África, usa muito aquele pirão que é transparente que é a carimã, quando ela fazia aquela carimã pra gente, que ela botava carne em cima, a gente achava… “Ai meu Deus, minha mãe nunca fez isso”. (risos) Mas a gente comia, depois a gente gostava.” Lembra Ana Célia.

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Varanda

O que Ana Célia não imaginava é que o aprendizado na cozinha de Dona Gertrudes a levaria a fazer da culinária africana o seu caminho para o sucesso profissional. Quando adolescente, o sonho era entrar para a faculdade de Direito.

Ela diz que se os pais não tivessem morrido e se não tivesse que ter cuidado dos irmãos, talvez ela tivesse seguido seu sonho. Mas o destino a conduziu por outro caminho e ela se tornou uma das chefs de cozinha mais conhecidas de Salvador por seu cardápio peculiar, baseado na cultura gastronômica do continente africano.

Aos 27 anos, Ana Célia retorna para o Garcia, para a casa que seu pai havia construído. A essa altura, ela já trabalhava na Fundação Gregório de Matos, que foi seu primeiro emprego, e estava engajada no Movimento Negro através de Rosita Salgado Góes, chefa do departamento onde trabalhava. Ela conta que foi muito fácil abraçar a causa, pois sempre se assumiu como mulher negra e que foi uma das primeiras a trançar o cabelo e a usar torço na Bahia.

“Pergunta a Zebrinha como eu era jovem. Ele vai logo ditar. Eu não tinha o mínimo receio de ser quem eu sou. Sempre fui uma mulher preta e sempre assumi minha negritude”, orgulha-se Ana Célia.

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Após o engajamento no Movimento Negro, essa mulher cheia de atitude sente a necessidade de criar um espaço que fosse “só para preto”, uma espécie de “gueto” e, assim, em 1968, nasce o Zanzibar (o nome vem de um conjunto de ilhas ao largo da costa da Tanzânia, no leste africano). A partir da escolha do nome, ficou fácil saber que os pratos africanos aprendidos na cozinha de Tia Gertrudes seriam o diferencial desse novo empreendimento.

O senso de “comunidade”!

Mas as coisas não foram assim. A ideia do restaurante ser um ponto de encontro dos negros e negras não dá certo. “A comunidade negra não abraçou o Zanzibar como um lugar seu, feito por negros para negros”, diz. No entanto, ela não se deixou abalar e passou a trazer seus colegas das aulas de dança (afro) com Clyde Morgan para o restaurante após os ensaios e a coisa foi tomando corpo. Logo o Zanzibar começou a ficar conhecido e passou a ser frequentado por grandes artistas como Caetano, Gil e Waly Salomão. Ela conta que Caetano e Gil “iam muito ao Zanzibar e o bar fechava as portas e a gente ficava lá conversando até amanhecer o dia”

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Após 18 anos na velha casa da família, construída por Seu Desidério para casar com Dona Urânia, o Zanzibar fecha as portas. Ana Célia brinca quando perguntada sobre as razões do fechamento: “Herança, meu filho! A gente brigou pela casa.” (gargalhada) E essa brincadeira resume bem o real motivo, cada um dos seus irmãos tomou caminhos diferentes.

Com as portas do Zanzibar fechadas, mas já reconhecida como Chef, ela é convidada a assumir a cozinha da Casa do Benin, no Pelourinho, e esteve à frente do cardápio por 10 anos. Após a experiência, Ana Célia decide que já é hora de reabrir as portas do seu restaurante, com um novo endereço, na Ladeira da Misericórdia – mas esse não foi o último.

Ana Célia – Foto André Ligeiro

Depois da Misericórdia, ela passa por mais dois endereços até chegar ao atual, no Santo Antônio. “O único bar itinerante da Bahia é o Zanzibar (risos), já é o quinto lugar aqui.”, brinca.  Após vários convites feitos por Sarajane para que ela levasse o Zanzibar para o Santo Antônio, Ana Célia decide ir visitar o espaço para analisar a possibilidade.

“Sarajane sempre foi lá na Fundação Gregório de Matos e sempre me ofereceu: ‘Ah Ana, eu tenho uma varanda gourmet, vá lá’. E eu: ‘Vou. Não vou. Vou. Não vou’. Quando eu me aposentei, liguei pra ela e ela me ofereceu novamente. A gente fez uma negociação de eu fazer o conserto da casa e pagar as dívidas e eu ficaria com o espaço.”

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Foto: Evandro Veiga/CORREIO

E lá está…

Há três anos o Zanzibar está instalado na Rua Direita do Santo Antônio; há três anos Ana Célia voltou a trazer os sabores e temperos da África para os soteropolitanos e turistas que visitam seu restaurante. Uma mulher forte, que não conseguiu realizar o sonho de ser advogada, mas que levou pra vida os ensinamentos de sua tia, abraçando a culinária africana e fortalecendo a cultura negra na Bahia.

“Nós começamos como se fosse um gueto, uma brincadeira de todo mundo chegar… A pretensão, não era chegar onde chegou, mas chegou lindo”, fiinaliza.

ONDE FICA

Endereço: R. Direita de Santo Antônio, 60-B – Santo Antônio Além do Carmo, Salvador – BA, 40301-280

Horário:
Aberto ⋅ Fecha às 23h
Telefone: (71) 98226-3750

Texto de Marcio Lima, estudante de Jornalismo da UNIME.

Edição de Jamile Menezes

Gastronomia

Culinária Musical terá Juliana Ribeiro e Roberto Mendes na Casa Rosa em abril

Jamile Menezes

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A próxima edição do projeto Culinária Musical será dia 6 de abril (domingo), em um novo espaço: a Casa Rosa, no Rio Vermelho. Espaço dedicado a atividades artísticas e culturais de variadas linguagens e origens, a Casa vai receber pela primeira vez o projeto do Afrochefe Jorge Washington, das 12h às 17h, mesmo horário tradicional do evento que costuma acontecer no Pelourinho.

Segundo o Afrochefe, a mudança nesta edição tem o intuito de abraçar novos públicos. “Queremos que o Culinária cresça cada vez mais, expandindo seu alcance em outros bairros, chegando a outras pessoas”, diz Jorge Washington que na última edição, em 9 de março, celebrou os 8 anos do projeto.

Neste dia 6 de abril, a atração principal será a cantora e compositora, Juliana Ribeiro, com repertório de clássicos do samba, canções autorais e uma homenagem especial ao samba de Roda do Recôncavo. Seu convidado especial será o sambista, cantor, compositor e arranjador, Roberto Mendes, violonista santamarense que já teve composições gravadas por diversos artistas, entre os quais, Gal Costa, Margareth Menezes, Daniela Mercury, Maria Creuza, Simone Moreno, Raimundo Sodré e Zezé Motta.

Nos intervalos, o cantor e compositor baiano, João Gonzaga, vai se apresentar ao público do Culinária pela segunda vez, com seu figurino de “Pescador Estilizado” e uma mistura de interpretações de clássicos da MPB, como “Sangue Latino”, de Ney Matogrosso, e “Casa Aberta”, de Milton Nascimento, em versões remix.

Na cozinha, Jorge vai preparar sua tradicional Big Feijoada do Afrochefe, com 35 tipos de carne. Terá ainda outras opções como Arrumadinho de Fumeiro e a opção vegana, Feijão com Legumes. De aperitivos, serão servidos casquinha de siri, charque com farofa d’água e aipim frito.

A edição também terá lançamento do livro “A de Afro – Uma Pequena Enciclopédia Visual da Bahia Negra”, produzido pelo ilustrador Patek e pela pedagoga Isadora Cruz com objetivo de homenagear 26 personalidades, coletivos, territórios, manifestações e tradições culturais do estado da Bahia. E, inovando, também terá espaço reservado para crianças.

Desfile

Para esta edição especial na Casa Rosa, o Afrochefe convidou a marca Negrif para o Desfile Afro. A marca, da estilista Madalena Silva, Madah, é especializada em roupas e acessórios que celebram a cultura afro, com peças únicas que valorizam a história e a beleza negra. O Desfile terá a participação de personalidades como Magary Lord, o coreógrafo Zebrinha, a apresentadora, Val Benvindo, o cantor, Tonho Matéria, dentre outros nomes.

SERVIÇO:

O que: Culinária Musical na Casa Rosa

Quando: 06 de abril (domingo), 12h às 17h

Quanto: entrada R$40 (antecipado no pix) e R$50 (bilheteria no dia do evento), pratos R$80 (p/ 2 pessoas)

Onde: Casa Rosa ((Praça Colombo, nº 106 – Rio Vermelho)

Mais informações: @culinariamusicalafrochefe

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Gastronomia

Culinária Musical celebra 8 anos e lota Casa do Benin

Jamile Menezes

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A Casa do Benin, no Pelourinho, ficou lotada durante a celebração de 8 anos do Culinária Musical, projeto do Afrochefe Jorge Washington que ocupa a Casa do Benin há sete. A celebração ocorreu no domingo (9/3) e reuniu mais de 150 pessoas, dentre artistas e o fiel público que o acompanha nessa quase uma década de história envolvendo sua gastronomia afrobrasileira, empreendedorismo, afetividade e uma diversidade de linguagens artísticas.

O comando musical ficou por conta da cantora Denise Correia e sua banda Naveiadanêga. Presenças ilustres marcaram o evento, confirmando a relevância do projeto na cena cultural de Salvador. Nomes como Lazzo Matumbi, Vovô do Ilê Aiyê, o cantor e compositor, João Gonzaga e Serginho e a banda Adão Negro como convidados especiais da edição.

Culinária Msuical

João Gonzaga

Na tarde de celebração teve destaque para a união entre artistas mulheres, lembrando o Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia anterior. Riane Mascarenhas, Josy Clímaco, Rita Mata, Vanessa Aragão uniram-se à parceira e musa do projeto, Denise Correia, soltando suas vozes em um grande coro feminino.

Para o anfitrião, Jorge Washington, são 8 anos vitoriosos. “É uma luta a cada evento. Infelizmente não conseguimos patrocínio pra fazer de uma forma tranquila. É um desafio ter um projeto cultural que, por trás, envolve outros agentes, outras pessoas. As marcas deveriam chegar por que é um projeto de sucesso. Ainda assim, o sentimento é de alegria e de realização”, disse o anfitrião.

Da união de um ambiente agradável com boa música, ótimo papo com amigos e comida que remete aos almoços em família – daqueles que ficam eternizados na memória afetiva– é que surgiu em 2017, o projeto Culinária Musical. O evento mensal tem conquistado um público fiel, sendo um encontro de arte e formação a cada edição, além de um ponto de convergência de cantores (as) e compositores (as) negros e negras da cidade.

Culinária Msuical

Além da gastronomia e da música, a iniciativa abriga também lançamentos de livros, desfiles de moda, performances de dança, intervenções poéticas e empreendedorismo negro feminino, com o Cantinho da Empreendedora. Sem falar no microfone aberto a cada edição, com o qual novos talentos podem soltar a voz na música e na poesia.

Gastronomia, encontros e oportunidades

Além de suscitar a apreciação de deliciosos pratos, trazendo memórias afetivas e suas ligações com a cozinha afro-brasileira raiz, a edição de aniversário ofereceu ao público o prato customizado ‘Bacalhau a Martelo do Afrochefe’, assado na brasa com feijão fradinho e farofa com camarão seco e o ‘Arrumadinho de Fumeiro’, ‘Casquinha de Siri’, ‘Moela ao molho de cerveja’ e opção vegana. Um deleite para quem já acompanha a investidas gastronômicas de Jorge no Culinária Musical.

Unidos pela gastronomia, mas também pela música, o evento vem promovendo ao longo destes oito anos encontros das mais variadas vertentes. “As pessoas que vem se apresentar aqui geralmente não estão no grande público, então, proporcionamos lançamentos de livros, recital de poesia, artes plásticas, moda, entre outras linguagens. Você começa a dar visibilidade pra outras pessoas também, e isso é muito bacana”, explicou Jorge.

A literatura e as artes visuais foram contempladas nesta edição de aniversário,com o lançamento do livro “A de Afro – Uma Pequena Enciclopédia Visual da Bahia Negra”, produzido pelo ilustrador Patek e pela pedagoga Isadora Cruz. A obra tem objetivo de homenagear 26 personalidades, coletivos, territórios, manifestações e tradições culturais do estado da Bahia, através de ilustrações e uma pequena biografia. O encarte educativo intitulado “Caminhos Pedagógicos do A de Afro”, contendo 10 práticas pedagógicas inspiradas nos homenageados da obra, também faz parte do material. Dentre as personalidades homenageadas está o Afrochefe, que também é ator do Bando de Teatro Olodum e produtor cultural.

O Cantinho da Empreendedora foi com a Ocupação Aláfia, grupo de mulheres negras empresárias que mantém uma feira regular na Casa do Benin. O Cantinho já é um espaço carimbado no Culinária Musical, que mensalmente reúne empreendedoras negras para dar visibilidade a seus negócios, além da oportunidade de comercializar seus produtos.

“A gente, particularmente, faz produtos personalizados, mas também com muitas mulheres negras, como Maria Felipa, Carolina de Jesus. Então, em nosso estande, é certeza de encontrar produtos fortes e que marcaram as mulheres daqui da Bahia. No Culinária Musical você sente que tem uma singularidade, é a segunda edição que a gente está participando”, diz Viviane Muniz da Ohanna’s Estampas Criativas.

Público & Espaço 

“Cerca de 70% do público é fiel”. Quem dá essa estimativa é o próprio Jorge, avaliando a partir das pessoas que frequentam assiduamente, como dona Marinalva Freitas. Ela conta que conheceu quando ainda era na Fazenda Garcia. “Jorge começou na Casa de Pedra, e eu moro quase em frente. Um dia estou em casa, aí passa Lazzo Matumbi. Fiquei desesperada. Procurei saber e descobri. Chamei todos os meus amigos e fomos, e daí em diante não perdi mais. O Culinária Musical é um evento que reúne só gente bonita e culta, a verdade é essa”, diz alegre.

Opinião compartilhada pela terapeuta e esteticista, Nayara Conceição, que frequenta o Culinária há quase três anos e escolheu o evento para comemorar seu aniversário, junto com Jorge Washington. “Depois que conheci, não perco por nada. Hoje é o meu aniversário e deixei de ir pra outro lugar pra vir pra cá. Aqui consegui ser a Naiara que sempre queria ser, principalmente quando Jorge me chamou a primeira vez para apresentar meu trabalho no empreendedorismo. Depois disso, só voei. Desejo que o projeto continue, por que ele precisa ganhar o mundo”.

Muitas pessoas passaram a conhecer a Casa do Benin por conta do projeto, possibilitando que a visibilidade do local ampliasse. O Culinária Musical acontece no local há sete anos. “Para nós é uma alegria receber o Culinária Musical. É um projeto que nos engrandece muito e que fortalece esse espaço, pois já construiu ao longo desses anos um público fiel que veio pra cá e passou a acompanhar não só o Culinária, mas também a programação que acontece proposta por nós. É uma construção que reafirma a Casa do Benin enquanto um espaço potente, de referência da cultura negra, afro-brasileira, afro-baiana e afrodiaspórica africana”, avaliou Igor Tiago, gestor da Casa do Benin.

Juntando um público cada vez maior e mais renovado a cada edição, o Culinária já se consolidou na agenda cultural da cidade, sendo também uma grande vitrine para artistas locais. O Afrochefe atribui o sucesso ao fato de ser “um evento diferenciado. As pessoas são acolhidas, independentemente da idade, da cor, do sexo, do tamanho. Aqui a gente respeita tudo. Quem chega é bem acolhido”, declarou.

“O Culinária Musical é uma referência, inovador porque ele une música, culinária, e Jorge, como sempre inquieto, traz também a perspectiva da economia criativa. O Culinária é esse mosaico de encontro de linguagens artísticas que reúne pessoas maravilhosas de energia positiva para celebrar a vida. Jorge Washington tem essa missão de reunir as pessoas para trocar afeto, dengo”, diz Fábio Santana, mestre de cerimônia e também ator do bando.

Confira outros depoimentos de quem passou por lá:

Lazzo Matumbi

“Eu sempre falei pra Jorge que esse trabalho que ele faz é super importante. Ser um comunicador dentro da comunidade negra. A comunidade negra precisa cada vez mais se aquilombar. E o trabalho que ele faz, trazendo uma boa comida, uma boa música, e um bom bate-papo, é um motivo lógico e fácil pra gente se aquilombar e ser feliz. Porque a gente vem, encontra os amigos, faz amigos, e sai daqui querendo voltar de novo. Então esse é o grande lance. Eu lembro quando estava começando na Casa de Pedra no Garcia, e ele me convidou. Sou super feliz de ver um amigo e irmão chegando no lugar que ele tem que chegar e ser merecido. Parabéns pelos oito anos de culinária musical, que venham mais oito anos”.

Serginho, vocalista do Adão Negro

“Quando a gente chega aqui, a gente entende, reforça, eu acho que o entendimento do que é a devoção. Tem um sentido de devoção muito forte no que a gente faz, no que todos eles fazem. Então, você sabe aquele negócio: vamos ali dar uma refrescada, retomar as energias, se aquilombar. São eventos como esse que estão sustentando a comida da casa, como minha avó dizia. É esse aquilombamento, esse sentimento de pertencimento que se renova quando a gente chega aqui no Culinária. Então, estou feliz”.

Denise Correia

“Eu sou uma artista muito honrada, porque conheço o Culinária desde quando ele começou. Eu não tirei esse nome. Sou parceira de Jorge Washington há muito tempo. Além de visibilizar artistas emergentes, o Culinária está dando sempre oportunidade para a gente mostrar nosso trabalho. E Jorge, sempre muito visionário, alia a culinária com a música, exaltando também outros tipos de linguagem artística. Então culinária musical para mim é tudo. Obrigada, nosso Afrochefe Jorge.

Próxima edição – Abril

Em abril, o Culinária Musical será realizado em outro espaço, na Casa Rosa, no bairro do Rio Vermelho e a atração principal será artista Juliana Ribeiro. Acompanhe o perfil @culinariamusicalafrochefe para mais informações.

Fotos: Kafulu

Texto: Ana Paula Nobre / Edição: Jamile Menezes
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Gastronomia

Afrochefe Jorge Washington celebra 8 anos do Culinária Musical

Jamile Menezes

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o projeto Culinária Musical idealizado pelo ator do Bando de Teatro Olodum, produtor cultural e também Afrochefe, Jorge Washington.

Na ressaca do Carnaval, dia 9 de março, o Afrochefe Jorge Washington vai celebrar os 8 anos do seu projeto Culinária Musical, além de reverenciar a presença feminina no evento ao longo dos anos. Juntando um público cada vez maior e mais renovado a cada edição, o Culinária já se consolidou na agenda cultural da cidade, sendo também uma grande vitrine para artistas e empreendedoras locais. 

O comando musical na edição de aniversário será da musa do Culinária, a cantora Denise Correia, que com sua banda Naveiadanêga, vai animar o público com um repertório enaltecendo cantoras e compositoras negras brasileiras. O convidado especial da edição será o cantor e compositor, João Gonzaga e terá, ainda, participação de Serginho, vocalista da banda Adão Negro. 

Denise Correia/Alex Black

A edição especial também terá lançamento do livro “A de Afro – Uma Pequena Enciclopédia Visual da Bahia Negra”, produzido pelo ilustrador Patek e pela pedagoga Isadora Cruz com objetivo de homenagear 26 personalidades, coletivos, territórios, manifestações e tradições culturais do estado da Bahia, através de ilustrações e uma pequena biografia. Faz parte ainda desse material, o encarte educativo intitulado “Caminhos Pedagógicos do A de Afro”, contendo 10 práticas pedagógicas inspiradas nos homenageados da obra.

Cozinha afetiva & Empreendedorismo

O Afrochefe Jorge Washington é conhecido por trazer em sua cozinha sua memória afetiva, suas ligações com a cozinha afro-brasileira de raiz e nesta edição ele volta com um prato bem customizado: o Bacalhau a Martelo do Afrochefe, assado na brasa com feijão fradinho e farofa com camarão seco. “Um prato super baiano, que carrega toda nossa criatividade e ancestralidade”, diz o anfitrião. Terá também Arrumadinho de Fumeiro, Casquinha de Siri, Moela ao molho de cerveja e opção vegana no menu.

O Cantinho da empreendedora será com a Ocupação Aláfia, grupo de mulheres negras empresárias que mantém uma feira regular na Casa do Benin, com a presença de Rosa Athayde, com suas bolsas artesanais, a Ohana Estampas, com seus produtos personalizados, e Marli Paula com suas camisetas. 

Ingressos antecipados

Ingressos antecipados têm desconto no pix do Afrochefe (71 992417068, envio de comprovante para este número), R$30. Na porta será R$40.

O Culinária Musical

Da união de um ambiente agradável com boa música, ótimo papo com amigos e comida que remete aos almoços em família – daqueles que ficam eternizados na memória afetiva–, surgiu, em 2017, o projeto Culinária Musical idealizado pelo ator do Bando de Teatro Olodum, produtor cultural e também Afrochefe, Jorge Washington.

O evento mensal tem conquistado um público fiel, sendo um encontro de arte e formação a cada edição, além de um ponto de convergência de cantores (as) e compositores (as) negros e negras da cidade. Além da gastronomia e da música, a iniciativa abriga também lançamentos de livros, desfiles de moda, performances de dança, intervenções poéticas e empreendedorismo negro feminino, com o Cantinho da Empreendedora. Sem falar no microfone aberto a cada edição, com o qual novos talentos podem soltar a voz na música e na poesia.

 

SERVIÇO:

O que: Culinária Musical celebra 8 anos

Quando: 9 de março (domingo), 12h às 17h

Quanto:

Ingressos antecipados têm desconto no pix do Afrochefe (71 992417068, envio de comprovante para este número), R$30. Na porta será R$40. Pratos R$80 (p/ 2 pessoas)

Onde: Casa do Benin (Pelourinho)

Mais informações: @culinariamusicalafrochefe

 

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