Formação
#BrasilSemRacismo – Seminário Nacional é aberto em Salvador em evento lotado!


Matilde Charles
Uma noite de emoção, de sonhos e de planos para o futuro. Mas um futuro no qual a população negra esteja à frente de um projeto político para o país. Assim foi a abertura do Seminário Nacional Brasil Sem Racismo: Povo Negro em Movimento, que lotou o auditório do Centro Cultural da Câmara dos Vereadores, em Salvador. na noite desta sexta-feira (31). A noite começou com as vozes potentes das cantoras Matilde Charles e Nara Couto, além da apresentação poética-percussiva de Dedê Fatuma (Panteras Negras). Logo após, a socióloga Vilma Reis leu o manifesto da Campanha Brasil Sem Racismo, mote do Seminário.

Nara Couto
Mais de 100 pessoas estiveram presentes para testemunhar um pacto de compromisso entre diversas frentes na construção deste projeto. Um resgate da luta histórica do Movimento Negro Unificado (MNU), que hoje reverbera no protagonismo político de mulheres negras e de jovens nas instâncias civis de organização negra.
O Seminário, que terá ainda mesas e GTs neste sábado (01) e domingo (02) com a chamada Brasil sem Racismo: Povo Negro em Movimento, trouxe para a abertura uma mesa potente composta pela Mestra e Egbomi do Terreiro do Cobre (Salvador), Lindinalva Barbosa, a Dra. Dulce Pereira da Universidade Federal de Ouro Preto (MG), as deputadas estaduais recém eleitas, Mônica Francisco (PSol – RJ) e Érica Malunguinho (Psol-SP), e o militante do MNU, Luís Alberto, que iniciou as falas enaltecendo o protagonismo feminino à frente dos Movimentos.

Lindinalva Barbosa
“Hoje o Movimento Negro é comandado, é guiado e dirigido por essa militância de mulheres negras de forma ativa para que tenhamos a construção de uma agenda estratégica pra enfrentar o racismo no país. Não vejo outra alternativa, uma agenda que aponte como e de quem deve ser o comando da política no próximo período. Espero que consigamos essa unificação da militância negra do Brasil; o racismo religioso e a questão racial são dois pontos que precisam estar no auge deste debate” frisou.
“Somos 115 milhões nesse país, 54% da população e continuamos sendo cidadãos tratados como de segunda categoria na dança da política institucional brasileira. Quem empurra a esquerda branca pra esquerda somos nós. Se a gente não abrir o olho, eles correm pra fazer conciliação. E foi justamente essa conciliação que nos trouxe até aqui” – Vilma Reis, uma das organizadoras do Seminário que culminará em uma campanha nacional.
Nestes dois pontos, a egbomi Lidinalva Barbosa pontuou a necessidade do povo negro não se afastar da ancestralidade. “Que a ancestralidade continue apostando em nós, apostando que vamos continuar os planos que eles e elas já traçaram lá atrás. Nós, povo negro, criamos grandes empreendimentos de liberdade, temos carregado esse país nas costas, e é entre encruzilhadas e caminhos retos que temos construído a possibilidade de dar uma resposta a esse país no sentido de construir civilização”, disse. Essa civilização perpassa pela sobrevivência dos corpos negros, ponto transversalizado nas falas das convidadas.
“Não basta dizermos que a cada 20s um jovem negro morre, precisamos dar nomes a estas pessoas. Pois poderiam ser pessoas em mobilização política. A força que está aí vem para acabar com tudo, e quem pode fazer o sonho dessa nação renascer somos nós. Nós não temos que empurrar a esquerda para a esquerda, temos que liderá-la para lá. Por uma luta objetiva, coletiva, para além de algumas crenças que possam nos dividir”, apontou a Dra. Dulce.

Monica Francisco
Com seu discurso forte e certeiro, a deputada Monica Francisco falou de levante, de revolução e de tempo histórico este atual. Em sua fala, Monica – que caminhou politicamente junto a Marielle Franco – alertou para a necessidade de um ponto de virada: feito pelo povo preto. “Esse é um momento de ruptura com a conciliação. Não é tempo de aliados, é o nosso tempo. Só serão aliados se abrirem caminhos pra gente passar. Não há mais como se ter um projeto político nesse país sem que ele tenha o nosso jeito de fazer ciência, nossa epistemologia, nossa produção de conhecimento. Sem que nós mulheres negras estejamos à frente desse movimento contra esse capitalismo de barbárie que captura mentes e corações”, reverberou Monica.
“Esse é um tempo histórico que nos chama à responsabilidade pra construir um Brasil sem racismo. O ódio virou método de ação política. Medo nós temos, mas não usamos esse medo para nos fortalecer. A gente chegou aqui porque somos nós que temos que fazer o ponto de virada. A guerra está em curso, a insurgência está em curso. Aqui estão os que resistiram e estão vivos”. – Monica Franscisco

Érica Malunguinho
Com um discurso muito esperado por todos presentes, a deputada Érica Malunguinho – a primeira trans da história da Assembleia Legislativa de São Paulo – colocou o dedo na ferida ao falar da branquitude e da necessidade de se pensar um projeto político, mas também econômico para o povo preto no país. “O que nós temos enquanto sociedade é resultado do poder da branquitude eurocêntrica e patriarcal, eles operam como uma máquina. Uma vez que estamos nestes lugares políticos hoje, vamos continuar alimentando essa máquina? Precisamos fomentar nosso povo, desintoxicá-lo economicamente, politicamente. Tempos austeros já são, já foram e virão de novo. Quantas vezes vamos esperar sermos as primeiras cabeças a serem ceifadas?”, questionou Malunguinho.
(…) isso significa não se aliar mais, ou se aliar quando houver cessão de espaço, de protagonismo, de recurso, isso é aliança. No que está posto aí sabemos que os nossos serão ceifados, já conhecemos isso, mas não podemos nos desmobilizar. Qual é a agenda do povo preto? Meu compromisso histórico diz respeito não ao que veio apenas, mas ao que virá. Quero que nosso povo pense o amanhã. Quais são os nossos sims? Porque os nãos já sabemos e já temos. – Érica Malunguinho
Érica Malunguinho
Fotos de Ismael Silva
Formação
Inscrições abertas para a Mentoria de Direitos Autorais e Contratos

Estão abertas as inscrições para a Mentoria de Direitos Autorais e Contratos, do projeto “Educar com Hip-Hop”, que acontece no dia 13 de fevereiro (quinta-feira), das 14h às 16h, na Casa do Hip-Hop Bahia, localizada no Largo Quincas Berro D’Água, Pelourinho. Com inscrição gratuita e direito a certificado, a mentoria é voltada para artistas e empreendedores e será ministrada pela advogada Naila Trindade, especializada em propriedade intelectual, entretenimento, marcas, direito autoral e contrato. Serão disponibilizadas 30 vagas e as inscrições podem ser feitas no link.
A mentoria irá apresentar aspectos relevantes da legislação de propriedade intelectual e afins, sob a perspectiva do mercado, através de exposição, análise, discussão de temas diversos e entender os principais conceitos teóricos e práticos dos direitos autorais, abordando temas como seus fundamentos, obras protegidas, direitos morais e patrimoniais, limitações, contratos e suas cláusulas essenciais envolvendo direitos autorais, de imagem e questões inerentes no ambiente digital, entre outros.
O projeto “Educar com Hip-Hop” que tem o objetivo de contribuir com a construção da política de educação em diálogo com a arte irá trabalhar com atividades de formação na área de produção, comunicação, empreendedorismo e tecnologia da informação e inovação, desenvolvendo mentoria, estratégias de promoção, workshop e ações culturais e esportiva.
Idealizado pela CMA HIP-HOP – Comunicação, Militância e Atitude Hip-Hop e realizado pela Casa do Hip-Hop Bahia, nesta primeira edição o projeto conta com a parceria da Escola de Formação Luiza Mahin, da NT Advocacia – Propriedade Intelectual e Entretenimento, da Laboratório da Notícia, da Polo Cultural, da Muntu Criativo, e apoio cultural do Instituto de Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), Amô pelo Pelô, Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult) e Governo da Bahia.
Serviço
O quê: Mentoria de Direitos Autorais e Contratos
Quando: 13 de fevereiro (quinta-feira)
Horário: Das 14h às 16h
Onde: Casa do Hip-Hop Bahia / Presencial
Mentora: Naila Trindade
Mais informações:
Dj Branco
Contato: (71) 99151-0631
E-mail: educarcomhiphop@gmail.com/Instagram: @casadohiphopbahia
Formação
Instituto Cultural Steve Biko abre inscrições para pré-vestibular

O Instituto Cultural Steve Biko abre inscrições para o processo seletivo do curso de preparação para o acesso ao ensino superior em formato híbrido. Estão sendo oferecidas 75 vagas para pessoas negras com Ensino Médio completo ou que estejam cursando o Ensino Médio exclusivamente em escolas da rede pública. Interessados devem acessar o edital do processo seletivo e preencher o formulário até o dia 14 de fevereiro de 2025, disponível no site. A taxa de inscrição é no valor de R$ 20,00 (vinte reais).
O processo seletivo será composto de quatro etapas (Inscrição, Avaliação Escrita, Entrevista e Conhecimento Institucional). As aulas serão ministradas de segunda a sexta-feira, das 18h30 às 21h30, e aos sábados, das 13h15 às 17h40. Também poderão ocorrer aos domingos e feriados.
Sobre Instituto Steve Biko
É uma organização do movimento negro que já tem 32 anos de atuação no campo da educação antirracista. Tem como missão promover a ascensão político-social da população negra por meio da educação e valorização da sua ancestralidade. Sendo considerado o primeiro quilombo educacional do Brasil, sua matriz curricular merece destaque pelo ensino afroreferenciado, no qual a disciplina de Cidadania e Consciência Negra permeia todas as suas atividades pedagógicas.
Serviço
O quê: Processo seletivo do Curso Pré-vestibular Steve Biko 2025
Quando: Até dia 14 de fevereiro de 2025
Quanto: R$ 20,00 (vinte reais)
Onde: Através do site (Inscrições online)
Endereço da sede: Rua do Passo, nº 04 – Largo do Carmo, Santo Antônio – Pelourinho
Formação
Escola Maria Felipa abre inscrições para “Decolônia de Férias”

A Escola Afro-brasileira Maria Felipa está com as inscrições abertas para o programa “Decolônia de Férias”, que vai de 6 a 10 de janeiro de 2025, com atividades culturais, brincadeiras afro-indígenas e oficinas de dança, capoeira, rimas e improvisos, aulas de história afrodiaspóricas, entre outras ações. Abraçando a diversidade, a proposta é para todas as crianças, tanto alunos como a criançada de fora, proporcionando um momento para que pais possam conhecer a instituição de ensino. As atividades irão ocorrer nas instalações da própria Escola Afro-brasileira Maria Felipa, localizada na Rua Comendador José Alves Ferreira, n°60, no Garcia, em Salvador.
Os pais interessados podem inscrever a criançada por dia através do perfil do Instagram @escolamariafelipa e o valor da diária (9h às 15h30) é de R$150, com direito às atividades e almoço. O primeiro dia de atividades, em 6 de janeiro, terá pela manhã o “Teatro com histórias afro-encantadoras”, com a obra ‘’Lua e a Magia dos Ventos’’. Pela tarde, terá a vivência “Histórias e oficinas de bonecas Abayomi”.
Na manhã do dia 7 de janeiro, ocorre a “Ciranda do brincar com brincadeiras africanas e indígenas”. Pela tarde, será a vez da oficina “Histórias afro-encantadoras com a mitologia de Iemanjá”, com direito a banho de mangueira e piscina. Já no dia 8 de janeiro, pela manhã, ocorre a Oficina de Dança Afro-brasileira com a pró Val Ribeiro.
Na quinta-feira, 9 de janeiro, pela manhã, será realizada a Oficina de Circularidade Ancestral | Oxumaré – Movimento e transformação, uma linda viagem ao reino Daomé. Pela tarde, as crianças participam de uma Oficina de Reciclagem Artística, para a produção do Império Ashanti e o reinado de Yaa Asantewaa. O último dia de Decolônia de Férias, 10 de janeiro, inicia pela manhã com a Oficina de Rimas e Improvisos, com o professor Gabriel Bispo, pela manhã.
Neste mesmo dia, pela tarde, numa gira ancestral, a Decolônia de Férias encerra com a Vivência de Capoeira, com o professor Negrete. A prática fará uma imersão nas histórias de Mestre Pastinha, responsável pela difusão da Capoeira Angola, e o Mestre Moa do Katendê, compositor, percussionista, artesão, educador e mestre de capoeira de Angola da Bahia, que dá nome a Lei que obriga as instituições de ensino do Estado a inclusão de aulas de capoeira no currículo, prática realizada na Escola Afro-brasileira Maria Felipa desde sua criação em 2019.

Foto: Dante Vicenzo
Sobre a Escola Afro-brasileira Maria Felipa
Localizada em Salvador, a Escola – que está também com as matrículas abertas para o ano letivo de 2025 – tem uma política pedagógica de ensino antirracista, afroafetiva e que valoriza as culturas africanas e indígenas. A idealizadora, Bárbara Carine (vencedora do Prêmio Jabuti, pelo livro “Como ser um educador antirracista”), explica que a instituição faz um resgate aos conhecimentos ancestrais, com o objetivo de combater o eurocentrismo e a colonialidade do ser, do poder e do saber, inovando a educação com uma metodologia decolonial e afrocentrada.
Ao se comprometer com a valorização da herança africana e indígena na sociedade brasileira, a Escola Afro-brasileira Maria Felipa se enquadra nas leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que torna obrigatório o Ensino das histórias e culturas afro-indígenas. “Diretamente, estamos nos comprometendo a combater um problema social, que é o racismo. A Maria Felipa é uma escola para todes – crianças pretas, indígenas, brancas, entre outras. Abraçamos a diversidade dos corpos”, descreve Maju Passos, sócia da Maria Felipa.
A instituição oferece uma educação infantil de ensino fundamental 1 e trilíngue (português, inglês e libras). Dentro da sua metodologia, a Escola desenvolve ainda uma série de atividades didática-pedagógicas afroreferenciadas, como “Afrotech – Feira de Ciência Africana e Afrodiáspórica”, “Mariscada – Mostra artístico-cultural decolonial”, “Formatura no Quilombo”, “Decolônia de Férias” (ações durante o período de férias escolares), “Festival artístico educacional Avante Maria Felipa”, entre outros.
Programação
06/01 – Segunda-feira
– Teatro com histórias afro-encantadora, ‘’Lua e a Magia dos Ventos’’
– Oficinas de bonecos com material reciclável (com a Diretora Cris)
– Oficina de bonecas Abayomi com contação de histórias
07/01 – Terça-feira
– Brincadeiras africanas e indígenas
– Histórias afro-encantadora com a mitologia de Iemanjá.
– Banho de mangueira e piscina
08/01 – Quarta-feira
– Oficina de dança (com a Prof. Val Ribeiro)
09/01 – Quinta-feira
– Oficina de circularidade ancestral: Oxumaré – Movimento e transformação: Uma linda viagem no tempo ao antigo e potente reino Daomé
– Oficina e produção do Império Ashanti e o reinado de Yaa Asantewaa a partir de material reciclável
10/01 – Sexta-feira
– Oficina de rimas e improvisos (com Prof. Gabriel Bispo)
– Oficina de Capoeira (com Prof. Negrete)
Serviço
O quê: Decolônia de Férias na Escola Maria Felipa
Quando: De 6/01/25 a 10/01/25, das 9h às 15h30
Onde: Rua Comendador José Alves Ferreira, 60 – Garcia
Investimento: R$150,00/diária