Formação
Conheça cinco pensadores africanos contemporâneos que valem a pena


WOLE SOYINKA (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)
Ao longo da história, pensadores de diferentes regiões da África contribuíram de maneira decisiva para a filosofia grega, principalmente por meio do egípcio Plotino, um dos maiores responsáveis por perpetuar a tradição acadêmica de Platão. Na filosofia cristã, o algeriano Augustine de Hippo estabeleceu a noção do pecado original. Segundo o nigeriano K.C. Anyanwu, a filosofia africana é “aquela que se preocupa com a forma como o povo africano do passado e do presente compreende o seu próprio destino e o do mundo no qual vive”. Conheça alguns dos principais pensadores da modernidade:
Léopold Sédar Senghor (Senegal)
Nascido em 1906, Senghor estudou na Sorbonne, de Paris, e foi a primeira pessoa do continente a completar uma licenciatura na universidade parisiense. Foi um dos responsáveis por desenvolver o conceito de negritude e um movimento literário que exaltava a identidade negra, lamentando o impacto que a cultura europeia teve nas tradições do continente. Em 1960, o Senegal foi proclamado independente muito graças ao apelo que Senghor dirigiu ao então presidente francês, Charles de Gaulle. Ele foi então eleito presidente da nova república, cargo que ocupou até 1980. Senghor morreu em 20 de dezembro de 2001, aos 95 anos, na França.
Henry Odera Oruka (Quênia)
Oruka viveu entre 1944 e 1995 no Quênia e foi o principal responsável por distinguir a filosofia africana em quatro grupos principais. A etnofilosofia, a abordagem que trata a filosofia africana como um conjunto de crenças, valores e pressupostos implícitos na linguagem, práticas e crenças da cultura africana. A sagacidade filosófica, espécie de visão individualista da etnofilosofia, consiste no registro das crenças dos sábios das comunidades africanas. A filosofia ideológica nacionalista, uma forma de filosofia política. E a filosofia profissional, que seria uma forma mais europeia de pensar, refletir e raciocinar. Ele era do grupo que defendia a sagacidade filosófica, e nos anos 1970 iniciou um projeto para preservar o conhecimento dos sábios de comunidades africanas tradicionais.
Cheikh Anta Diop (Senegal)
O antropólogo e historiador senegalês que estudou as origens dos humanos e a cultura da África pré-colonial é tido como um dos maiores pensadores africanos do século 20. Foi um dos responsáveis por contestar a ideia de que a cultura africana é baseada mais na emoção do que na lógica, mostrando que o Antigo Egito estava inserido na cultura africana e deu grandes contribuições para a ciência, arquitetura e filosofia. Ele viveu entre 1923 e 1986.
Ebiegberi Alagoa (Nigéria)
Entre as teorias do professor da Universidade de Port Harcourt, nascido em 1933, é a de que existe toda uma filosofia baseada em provérbios tradicionais do Delta do Níger. O provérbio “o que um velho vê sentado, o jovem não vê em pé”, por exemplo, serviria para mostrar como na filosofia e cultura africana a idade é um fator crucial para a sabedoria.
Wole Soyinka (Nigéria)
Vencedor do Nobel de Literatura de 1986, foi considerado um dos dramaturgos contemporâneos mais refinados, com textos classificados como cheios de vida e sentido de urgência. Suas obras costumam retratar a Nigéria contemporânea. Soyinka nasceu em 1934 em uma tradicional cidade iorubá, uma das maiores etnias do país.
Embora sua família tenha se convertido ao cristianismo, ele se manteve fiel à visão de mundo iorubá. Soyinka é um forte crítico de governos autoritários, que incluíram o regime de Robert Mugabe no Zimbábue e, mais recentemente, e eleição de Donald Trump nos Estados Unidos (ele possuía um visto permanente norte-americano, mas o rejeitou após a eleição de Trump e voltou para a Nigéria). Ele chegou a ser preso em 1967 durante a guerra civil nigeriana e ficou em confinamento solitário por dois anos.
Fonte: Revista Galileu
Formação
MOVER oferece 15 mil bolsas para curso de inglês para profissionais negros

O MOVER (Movimento pela Equidade Racial) abriu as inscrições para a nova edição do Mover Hello, programa gratuito de capacitação em inglês voltado exclusivamente a pessoas negras. Serão disponibilizadas 15 mil bolsas integrais para um curso 100% online, com duração de seis meses e foco no inglês técnico, acadêmico e de negócios. As inscrições seguem até o dia 24 de junho e podem ser realizadas pela plataforma Mover Talentos.
Em 2025, o MOVER irá conceder um total de 34 mil bolsas afirmativas para cursos de inglês, contemplando colaboradores das 53 empresas associadas e o público em geral. A iniciativa faz parte dos esforços do movimento para enfrentar desigualdades raciais estruturais, promovendo qualificação profissional e maior inclusão no mercado de trabalho.
“A falta de fluência em inglês já me fez perder muitas oportunidades. Em uma seleção, ouvi de uma recrutadora que eu tinha todas as competências para a vaga, mas o idioma ainda era uma barreira”, relata Daniel Costa de Souza, ex-participante do programa.
Cada participante recebe um plano de estudos individualizado, com base em seu nível de proficiência e objetivos pessoais. O curso abrange mais de 16 níveis de fluência, com conteúdos voltados ao inglês geral, técnico e para negócios.
Segundo Fernando Soares, gerente de projetos do MOVER, o programa já tem impactado positivamente a trajetória de milhares de profissionais negros. “O Mover Hello nasceu para democratizar o acesso ao inglês, hoje uma competência essencial no mercado de trabalho. Ver pessoas que antes viam o idioma como algo distante conquistando certificados e se sentindo capazes é transformador”, afirma.
Sobre o Movimento pela Equidade Racial
O Movimento pela Equidade Racial (MOVER) é uma associação sem fins lucrativos que reúne 53 empresas com o objetivo de promover a equidade racial por meio da formação, empregabilidade e inovação inclusiva. Mais informações estão disponíveis no site www.somosmover.org e nas redes sociais oficiais do movimento (Instagram | LinkedIn | YouTube).
Formação
Olodum lança projeto sobre revoltas negras e educação interétnica

O bloco afro Olodum lança nesta quinta-feira (23), às 9h30, na Casa oficial do bloco, no Pelourinho, o projeto Manifesto Revoltas Negras e a Educação Interétnica Olodum. A iniciativa integra o Programa Música e Educação: Paisagem Sonora e conta com a parceria do Ministério da Educação (MEC/SECADI), da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e da Escola Olodum.
Com foco na promoção da cultura afro-brasileira e no fortalecimento da educação interétnica, o projeto oferecerá oficinas gratuitas de percussão samba-reggae, dança afro e confecção de máscaras africanas para jovens de Salvador, dentro da proposta temática África Viva, em homenagem ao Dia da África (25 de maio).
Além das oficinas, será apresentado um curso de formação continuada com carga horária de 60 horas, voltado à capacitação de educadores. O conteúdo abordará temas fundamentais da resistência negra, como o Quilombo dos Palmares, a Revolta dos Malês, a Conjuração Baiana, a Revolta da Chibata e a participação afrodescendente na Independência da Bahia, com base na Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas.
A proposta é ampliar o alcance da educação interétnica em contextos escolares e comunitários, incentivando o reconhecimento das contribuições dos povos africanos e afro-brasileiros à formação do país.
Como parte da programação, o bloco realiza também um ensaio especial em celebração ao Dia da África, no domingo (25), a partir das 14h, na Praça das Artes, em frente à Casa do Olodum. O evento será aberto ao público e contará com apresentação da banda.
SERVIÇO
O que: Lançamento do projeto Manifesto Revoltas Negras e a Educação Interétnica Olodum
Quando: 23 de maio (quinta-feira), 9h30
Onde: Casa do Olodum – R. Maciel de Baixo, 22, Pelourinho – Salvador (BA)
Gratuito
O que: Ensaio especial do Olodum – Dia da África
Quando: 25 de maio (domingo), banda no palco a partir das 14h
Onde: Praça das Artes – Pelourinho
Gratuito
Foto: Magali Morares
Formação
Circuito “Filmes que Voam!” oferece oficinas gratuitas sobre distribuição audiovisual

A circulação de filmes brasileiros ganha fôlego na programação do Circuito Filmes que Voam!, que realiza uma série de oficinas gratuitas sobre distribuição audiovisual entre os dias 19 e 23 de maio. A proposta, promovida pela produtora e distribuidora Borboletas Filmes, terá atividades online e presenciais em espaços culturais de Salvador e Região Metropolitana. As inscrições estão abertas no perfil @borboletasfilmes, no Instagram.
Voltadas a pessoas interessadas em compreender o mercado de distribuição, as oficinas compartilham a metodologia desenvolvida pela Borboletas Filmes para a circulação de obras audiovisuais nacionais, com ênfase no fortalecimento de audiências diversas e no cinema como ferramenta de transformação social.
A condução das oficinas ficará a cargo dos cineastas Camila de Moraes, Sidjonathas Araújo e José Pedro Minho. Camila, que também assina a direção do projeto, é uma cineasta, roteirista e jornalista preta, nascida no Rio Grande do Sul e radicada em Salvador há 15 anos. Fundadora da Borboletas Filmes, ela é uma das principais referências do audiovisual identitário no Brasil. Seu longa O Caso do Homem Errado (2017) foi o segundo documentário dirigido por uma mulher negra a entrar em circuito comercial no país, mais de 30 anos após o pioneiro Amor Maldito, de Adélia Sampaio.
“O audiovisual é uma linguagem apropriada para estimular engajamento e promover mudanças concretas no mundo. A proposta da oficina é pensar uma metodologia negra, para além de uma distribuição de impacto, mas construir pontes com audiências diversas e promover reflexões necessárias”, afirma Camila.
A programação tem início no dia 19 (domingo), com oficina online das 14h às 18h. A partir do dia 20, a formação percorre diferentes espaços culturais da capital e da RMS:
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20/05 (segunda): Espaço Cultural Alagados (Uruguai)
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21/05 (terça): Cine Teatro Lauro de Freitas
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22/05 (quarta): Cine Teatro Solar Boa Vista (Engenho Velho de Brotas)
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23/05 (quinta): Casa da Música (Itapuã)
Todas as atividades presenciais acontecem das 14h às 18h.
Durante as oficinas, o público terá acesso a experiências práticas e estratégias de distribuição utilizadas pela Borboletas Filmes, produtora especializada em conteúdos audiovisuais que abordam identidade, raça, território e transformação social. A ação também busca estimular a formação crítica de espectadores e fortalecer redes locais de produção e exibição.
O projeto Circuito Filmes que Voam! foi contemplado pelos Editais da Paulo Gustavo Bahia e conta com apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura, via Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar nº 195/2022), com coordenação do Ministério da Cultura.
SERVIÇO
Oficinas “Distribuição Borboletas Filmes” – Circuito Filmes que Voam!
Quando: 19 a 23 de maio de 2025
Horário: das 14h às 18h
Programação:
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19/05 (domingo): oficina online
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20/05 (segunda): Espaço Cultural Alagados (Uruguai)
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21/05 (terça): Cine Teatro Lauro de Freitas
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22/05 (quarta): Cine Teatro Solar Boa Vista (Engenho Velho de Brotas)
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23/05 (quinta): Casa da Música (Itapuã)
Público-alvo: Interessados no mercado de distribuição audiovisual
Inscrições: @borboletasfilmes e @camila_d_moraes
Foto: Fabrício Rocha
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