Políticas
Entrevista: “se for uma mulher negra, é melhor ainda”, diz Vovô do Ilê sobre pré-candidaturas negras à Prefeitura de Salvador!

Citado como possível candidato a prefeito de Salvador pelo presidente do seu partido, o PDT, o presidente e fundador do bloco afro Ilê Aiyê, Antônio Carlos dos Santos, conhecido como Vovô do Ilê, abriu a série de entrevistas do Portal Mídia 4P com os pré-candidatos negros à corrida pelo comando do Palácio Thomé de Souza. Até então, além de Vovô, já lançaram oficialmente seus nomes para o posto a socióloga e militante do movimento de mulheres negras Vilma Reis, filiada ao PT, o vereador de Salvador Moisés Rocha (PT) e o deputado federal do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra Valmir Assunção (PT). A deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) e o vereador de Salvador Sílvio Humberto (PSB) também foram convidados para a série de entrevistas.
Embora não tenham lançado suas pré-candidaturas, ambos são postulantes naturais dentro das suas legendas à Prefeitura e não escondem o desejo de disputar o comando do Executivo Municipal soteropolitano. O presidente do PSOL Bahia, o sociólogo Fábio Nogueira, informou à reportagem que a sigla não tomou definição sobre o pleito do próximo ano. Além disso, nenhum nome da legenda colocou-se publicamente como pré-candidato, até então. Por isso, nenhum quadro do partido foi convidado.
Outros pré-candidatos negros que por ventura coloquem seus nomes na disputa pela Prefeitura, mesmo que isso aconteça após o início das publicações, também serão convidados a dar entrevista para esta série, que tem o objetivo de dar voz a essas lideranças políticas de Salvador. A estreia das rodadas de bate-papo é com Vovô do Ilê, que falou sobre as possibilidades reais de ser candidato, fez avaliação sobre a unidade do movimento negro para as eleições municipais de 2020 na Cidade da Bahia e listou as dificuldades de concretizar o antigo sonho de ter um prefeito negro eleito na capital baiana.
MÍDIA 4P – O presidente do PDT falou sobre a possibilidade da candidatura do senhor à Prefeitura de Salvador e gerou muito burburinho. Você confirmou que seu nome está à disposição e é um dos maiores defensores de que a cidade tenha um prefeito negro. Como o senhor está trabalhando essa possibilidade em relação ao seu nome? Acha que é concreto?
Vovô – A minha ideia vem desde 2006. Desde que eu me entendo que eu estou no movimento negro, venho pensando nisso. Mas em 2006, concretamente, na Noite da Beleza Negra, na Codeba, durante a premiação, no discurso, eu falei isso: “Eu quero ela”. Tomaram um susto, muita gente achando que era alguma mulher, mas eu falava da cidade, que eu quero o poder dessa cidade, que eu quero um prefeito ou uma prefeita negra. Eu sei que os meninos fizeram música, teve um ótimo Carnaval com o tema, criaram umas camisas, mas o tempo foi passando e não saiu nada de concreto. E agora, desde 2016, com os acontecimentos no Carnaval, a falta de patrocínio, as dificuldades, o tratamento diferenciado que dão para os artistas brancos e negros, que eu venho falando isso. Em 2018, voltamos a falar dessa possibilidade e começamos a nos reunir aqui em Alaíde (Restaurante Alaíde do Feijão, no Pelourinho) para centrar os votos em um prefeito ou uma prefeita negra. Uma cidade negra não pode continuar com um poder branco. Aí saímos no 2 de julho, colocamos os tambores na rua, fizemos camisas, e agora vamos fazer um seminário para discutir isso. Semana passada, no lançamento de uma cartilha de Abdias, lá na Senzala (do Barro Preto), um grupo do PDT sugeriu o lançamento do meu nome.
Eu sempre falei desse desejo de ter uma prefeita ou prefeito negro no poder, mas não necessariamente que seja eu. Já fui candidato a vereador em 1988 e na época nós tínhamos possibilidade. Se tivesse voto eletrônico, talvez tivesse ganhado, porque muito voto foi desviado etc. Mas isso é o passado.
MÍDIA 4P – Mas objetivamente qual a possibilidade concreta? O partido te procurou, está conversando?
Vovô – Não teve nenhuma conversa com o partido. O presidente do diretório do partido se manifestou, achou interessante meu nome, como agregador, mas só isso. Mas eu continuo dizendo que sei que meu nome pode agregar e fortalece a causa, mas tenho a expectativa de que haja possibilidade de outros nomes. Não necessariamente que seja eu.
MÍDIA 4P –E para ser o seu o nome do candidato precisa de que? Quais caminhos precisam ser trilhados?
Vovô – Primeiro, vontade minha. Eu não estou com vontade de ter essa responsabilidade, esse compromisso. Não que eu seja de fugir da raia, mas na minha cabeça a possibilidade sempre foi de uma Olívia, uma Vilma Reis, um Moisés Rocha, um Suíca, um Silvio Humberto, principalmente o pessoal que tem mandato. Eu estava sempre trabalhando com essa possibilidade. Surgiu meu nome, mas eu ainda não estou convencido de que tem que ser eu.
MÍDIA 4P – Essas articulações estão acontecendo na cidade em diversos espaços, seja em Alaíde, seja em outras reuniões para pensar a eleição. Como o senhor avalia os nomes que já estão colocados?
Vovô – Eu sempre defendi isso. O Ilê colocou o tema “O negro e o poder” e meu nome foi citado outras vezes, em outros estados, até para deputado. Mas eu nunca tive essa ganância. Existem outras formas de poder, mas o poder partidário é muito importante, muito forte. Numa cidade com essa maioria, em média 80%, negra, todo mundo espera que esse grito de liberdade parta daqui da Bahia. Independente de quem seja o nome
MÍDIA 4P –Todo mundo critica os partidos pelas dificuldades de se financiar campanhas negras. O senhor acha que é possível em 2020 romper esse racismo e ter uma campanha competitiva?
Vovô – Se a gente tiver menos vaidade, e se a gente realmente centrar na proposta e começar a socializar mais, a fortalecer essa proposta, eles vão ter que parar, sentar e nos chamar para conversar. Vão ver a força que nós temos. Quando o povo negro começar a declarar que a tendência é votar em um candidato negro, os partidos, eles não são bobos nem nada, vão ter que parar para conversar, porque senão vamos continuar sendo apenas candidatos para fazer quociente eleitoral de partido. Sempre aquela enganação, enganação, e vai sair mais um candidato a prefeito e a prefeita branco para mandar na negrada.
Se o povo negro de Salvador, se o povo que se diz consciente, os grupos dos bairros, de mulheres, de homens, se juntarem, deixar de achar que os mais velhos querem mandar, se nos juntarmos com um objetivo… Hoje você chega em qualquer gabinete e só tem branco. Em gabinete de qualquer setor de governador, de prefeito, de senador, de deputado, e só tem branco. Se eles não são negros também, fica mais difícil. Então é preciso ter essa black atitude. Precisamos parar o discurso e partir para a atitude mesmo.
MÍDIA 4P – As mulheres negras reivindicam o espaço legítimo de ter uma candidata a prefeita negra também. E vários nomes são cogitados. Mas vários homens lançaram candidatura também, inclusive o senhor. Com o senhor analisa esse cenário?
Vovô – A proposta nossa lá do ‘Eu quero ela’ é essa. Por isso que não pode ficar centrado no nome de Vovô. Tem que esperar chegar mais perto, quando afunilar, parar e ver o que é melhor pra gente. Olívia é uma possibilidade viva aí. Já tem mandato, experiência política, só basta ter a atitude de ou encarar o partido ou mudar para um partido nanico e a gente vai respaldar. Se a gente for pra cima, a gente vira essa mesa. Tem que ser um prefeito ou uma prefeita negra. Não tem essa coisa de que tem que ser homem, de que tem que ser mulher. Tem que ser uma pessoa negra. Se for uma mulher negra, eu acho que é melhor ainda.
MÍDIA 4P – Qual a diferença que fará a eleição de um prefeito negro em Salvador?
Vovô – Vai fazer uma diferença enorme, 360 graus, 400 graus, 600. Não dá para medir a dimensão disso, da importância disso. Imagine o impacto que foi em 1974, em plena ditadura, a gente fundar o Ilê Aiyê. Aquela pressão. Agora, a gente conseguir ter um prefeito, um comandante negro, seria lindo. Hoje você vê cidades americanas com 18% da população negra, com 8%, que tem prefeitos negros. Tem o exemplo de Chicago agora, que a ‘negona’ é homossexual e negra. Mas uma coisa que precisamos deixar bem claro é que nós não queremos só o voto dos negros não. Queremos o voto dos brancos. A prefeita ou prefeito não vai governar só para os negros, vai governar para a cidade. Então é importante também as pessoas que não são racistas se envolverem. Precisamos envolver a cidade toda. A cidade precisa mostrar sua verdadeira cara. No seminário, no dia 9, não vão ter só pessoas negras, porque precisamos envolver a cidade, radicalizar, pedir os votos e pedir que as pessoas se conscientizem.
MÍDIA 4P – O movimento negro tem diversas instituições, matizes, organizações. Existem os conflitos. O senhor acha que é possível conseguir unidade?
Vovô – Sempre tem as pessoas mais radicais, mas temos que pensar que a questão não é gostar de mim ou de Olívia, mas é a causa. Temos que pensar no futuro, no futuro dos seus filhos, dos seus netos, no amanhã, no exemplo que você vai dar pra essa cidade, para essa cidade ficar mais negra, mais charmosa, menos perversa. Então está na hora de deixar essas arestas de lado, aparar essas arestas, e ir em busca.
Não adianta dizer que faz trabalho aqui e ali mas não conseguir se juntar. Como diz a música, “vamos nos unir para se somar, jamais dividir, só multiplicar”. Está na hora da gente interpretar essas músicas dos blocos afros.

Foto: Sora Maia/CORREIO
MÍDIA 4P – A Bahia já mandou para o Brasil muito político negro de direita, que não eram do movimento negro, e que até eram de igrejas evangélicas. Qual a importância de ter um candidato negro que tenha, além da pele, uma cabeça voltada para a questão racial?
Vovô – Nós temos que pensar que o país é laico. Tem evangélicos que você consegue discutir com tranquilidade sobre essa questão. O primeiro dinheiro que eu consegui para a sede do Ilê Aiyê foi de um pastor evangélico. Na época, eu fui muito criticado, porque minha mãe era de um terreiro tradicional, eu de candomblé. Mas deixamos a questão religiosa de lado e fomos discutir a negritude. Subi esse Brasil com Reginaldo Germano, ele foi lá e se posicionou, teve o voto de muita gente de terreiro. Mas foi muito duro também as porradas que eu recebi. Mas ele fez a parte dele. Então é possível sim dialogar com outras religiões.
MÍDIA 4P – Qual a maior dificuldade de concretizar o plano de uma prefeita ou prefeito negro?
Vovô –Conscientizar e mobilizar nosso povo. O grande desafio é esse. Além da dificuldade financeira, que já é normal, a maior dificuldade está em nós, em saber usar o direito do voto com dignidade e com certeza. O grande desafio é convencer essa roma negra para ela mostrar realmente a sua verdadeira cara.
MÍDIA 4P – E de todos os candidatos negros que estão colocados, quem Vovô do Ilê acha que tem mais chance de ganhar caso seja candidato?
Vovô – Ainda não dá para definir isso. Ainda tem um tempo. Eu não estou fugindo da raia, coloquei meu nome à disposição, pela popularidade, mas eu gostaria que tivesse uma candidata que não fosse eu.
Eu quero participar, dar essa impulsionada, vou estar sempre junto, mas se tiver alguém com mais gás, com mais força, mais preparado ou que consiga atrair o voto ainda mais, da minha parte não tem problema nenhum.
Entrevista concedida originalmente ao repórter Yuri Silva para o Portal Mídia 4P, publicado em 02 de ago de 2019. Acesse aqui!
Políticas
Jornada Positivar Masculinidades promove troca de saberes

O diálogo entre homens negros em Salvador segue se fortalecendo. Em 2025, o projeto Positivar Masculinidades, idealizado e liderado por Tiago Azeviche, retorna com novo fôlego e formato: nasce a Jornada Positivar Masculinidades, uma série de cinco encontros voltados para a escuta, o debate e a troca de saberes entre homens negros da cidade, reunindo diferentes identidades, gerações e trajetórias profissionais.
Com atividades programadas para os dias 09 e 23 de abril e 14, 21 e 31 de maio, os encontros acontecerão no Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (CEAO/UFBA) – localizado na Praça Gen. Inocêncio Galvão, 42, bairro Dois de Julho – sempre às 18h30. Gratuita e aberta ao público, com inscrições através do Sympla, a jornada será encerrada no dia 31 de maio com o encontro “O Chamado do Alacorô”, em formato de imersão, das 9h às 18h, no mesmo local.
A proposta é abordar, ao longo dos dias, temas como identidade, saúde emocional, relações sociais, afetividade e autocuidado, reunindo convidados especiais, palestras, rodas de conversa e práticas integradas de cuidado.
“A ideia é seguir construindo espaços seguros onde homens negros possam refletir sobre si, repensar suas trajetórias e fortalecer vínculos. Temos muitas questões na agenda externa e coletiva, e essa jornada é um chamado para que possamos escutá-las e enfrentá-las juntos”, afirma Tiago Azeviche.
Ativista das causas das masculinidades negras, empreendedor e estudante de Administração, Azeviche dá continuidade a um trabalho iniciado em 2019. Após uma experiência imersiva em Gana, no continente africano, o projeto ganha agora uma nova roupagem, inspirada na ancestralidade e em práticas coletivas e afetivas.
Para Mestre Roxinho, do Instituto Cultural Bantu, a proposta do encontro representa uma oportunidade rara e necessária: “Este espaço de escuta e acolhimento voltado ao homem preto é uma iniciativa potente, que contribui significativamente para o desenvolvimento emocional e para o enfrentamento de traumas que muitas vezes são silenciados. Ainda são poucas as oportunidades de diálogo sobre masculinidades, especialmente entre homens negros, que historicamente não encontram lugares seguros para falar sobre sentimentos, questões sociais e afetivas. Por isso, participar dessa jornada é motivo de alegria. É um momento de aprendizado, troca e construção coletiva”, conclui.
O encerramento da jornada será marcado por “O Chamado do Alacorô”, um dia inteiro de atividades vivenciais e oficinas que integram mente, corpo e espírito — um momento de reconexão com o cotidiano e com a ancestralidade.

Foto: Divulgação
Sobre o idealizador
Tiago Azeviche é um homem negro com raízes no Recôncavo Baiano e possui forte presença no ativismo negro e nas pautas das masculinidades negras. Estudante de Administração e empreendedor no ramo da moda, Azeviche comanda um estúdio de serigrafia, onde também oferece oportunidades para que outros homens da sua comunidade aprendam o ofício e desenvolvam autonomia profissional.
Programação
09/04/2025
Palestra: Inspirando-nos na ancestralidade para construir um legado próspero
Mestre Roxinho – Capoeirista (Instituto Cultural Bantu)
Sérgio São Bernardo – Professor, advogado e filósofo
23/04/2025
Palestra: Cuidando da saúde integral – corpo e mente
George Barbosa – Psicólogo clínico e social, escritor e criador do projeto Terapia no Bairro
Dr. Osei Akuamoa – Urologista
14/05/2025
Palestra: Corpo negro, o Judiciário e a política de segurança pública
Fernando Santos – Advogado
21/05/2025
Palestra: Nós, homens negros, a sociedade e a mídia
Professor Richard Santos
31/05/2025
Imersão prática: O Chamado do Alacorô
Diálogo com Tiago Azeviche
Yoga kemética com Jorge Bispo
Demais atividades do dia serão divulgadas em breve
Serviço
O quê: Jornada Positivar Masculinidades
Quando: 09 e 23 de abril; 14, 21 e 31 de maio
Horários: 18h30 (dias 09, 23/04 e 14, 21/05); 09h às 18h (dia 31/05)
Onde: CEAO – UFBA (Praça Gen. Inocêncio Galvão, 42 – Dois de Julho, Salvador)
Quanto: Gratuito e aberto ao público com inscrições no Sympla
Programação sujeita a alterações. Acompanhe em: www.positivarmasculinidades.
Políticas
Kabengele Munanga fará palestra magna no lançamento da IV CONEPIR

A IV Conferência Estadual de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CONEPIR) será lançada nesta sexta-feira (21), Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial, pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (SEPROMI). O evento acontece na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, a partir de 8h30, e contará com uma palestra magna do professor e especialista em antropologia da população afro-brasileira, Dr. Kabengele Munanga. Ele vai mobilizar reflexões sobre os desafios e perspectivas das políticas de promoção da igualdade racial no Brasil.
Na relevante data instituída pela ONU em 1996, Kabengele Munanga, conhecido por introduzir a questão racial nos temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais de maneira pioneira, fará uma troca importante sobre as construções e expectativas para as políticas públicas de promoção da igualdade racial na Bahia. Com o tema “Igualdade e Democracia: Reparação e Justiça Racial” e realizada entre os dias 20 a 22 de agosto de 2025 , em Salvador, o momento marca o início da mobilização das etapas municipais da Conferência em pelo menos 13 territórios de identidade da Bahia, sucedida da etapa estadual com a participação de 800 delegados(as) e convidados(as).
Coordenada pela SEPROMI, o Conselho de Defesa dos Direitos da Comunidade Negra (CDCN), o Conselho Estadual para a Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais (CESPCT) e o Conselho Estadual dos Direitos dos Povos Indígenas do Estado da Bahia (COPIBA), o ato pretende reunir cerca de 120 representantes dos Conselhos do segmento, sociedade civil, representantes das universidades estaduais e federais, intelectuais, blocos afros, a Rede de Combate ao Racismo, parlamentares, fórum de Gestores(as) Municipais, além de lideranças religiosas de organismos internacionais e secretarias do Governo do Estado.
Convocada por meio do Decreto nº 12.192 de 20 de setembro de 2024,conforme deliberação da 90ª reunião do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, o principal objetivo da IV CONEPIR é movimentar o cenário da Política Estadual de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais. No momento que destaca com mais detalhes os eixos temáticos, etapas e expectativas para o processo conferencial, o público encontrará análises sobre o racismo e suas consequências na sociedade.
A Secretária Ângela Guimarães avalia que, de um ponto de vista transversal, este é um encontro valiosíssimo para a mobilização da agenda que vai pensar as políticas de promoção da igualdade racial da Bahia para a próxima década.
“Enquanto sociedade organizada, junto a muitas mãos e instituições relevantes para a luta pela superação do racismo, balizaremos os rumos que já tomamos até aqui com vista no futuro, pensando coletivamente as prioridades e os desafios para construirmos políticas públicas ainda necessárias para a formação de uma sociedade cada vez mais justa e equitativa para todos e todas, especialmente para a população negra e as comunidades tradicionais” disse.
O encontro também conta com a apresentação do Observatório da Promoção da Igualdade Étnico-racial – ODS 18, da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, pela Dra. Maria do Carmo Rebouças dos Santos, coordenadora do Observatório. Ligado a Universidade Federal do Sul da Bahia – UFSB, pelo Grupo de Pesquisa Pensamento Negro Contemporâneo UFSB/CNPq e da Fundação Escola Politécnica da Bahia, o Observatório é um espaço acadêmico de formação, pesquisa, monitoramento e produção de análises do progresso do ODS 18.
Além disto, na oportunidade de celebrar as conquistas alcançadas na luta por uma sociedade mais justa e igualitária e atenta às ainda necessárias demandas por reparação histórica e justiça racial, o encontro conta também com uma programação regada a momentos culturais e com atração musical da Banda Yayá Muxima.
Serviço
O quê: Ato de lançamento da IV CONEPIR e palestra magna com Kabengele Munanga
Quando: 21 de março de 2025 | 08h30 às 12h30
Onde: Auditório Jornalista Jorge Calmon, ALBA – Assembleia Legislativa da Bahia | CAB
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Primeira Escola Antirracista será lançada pela OAB Bahia

A primeira Escola Antirracista do Sistema OAB no Brasil será lançada nesta quarta-feira (19), pela OAB Bahia. Idealizada pela Escola Superior de Advocacia da Bahia (ESA-BA) com a proposta de “formar para transformar”, a Escola desenvolverá uma série de ações contínuas voltadas a advogados e estudantes de direito com o objetivo de fomentar o desenvolvimento da educação antirracista, contribuindo para a formação de profissionais comprometidos com a igualdade racial e direitos humanos.
“Dados do Conselho Nacional de Justiça revelam que, com 80% da população autodeclarada negra, a Bahia é líder em ocorrências de injúria racial no país, contabilizando um aumento de 647% dos casos entre 2020 e 2023. Isso é absurdo. A nossa perspectiva, então, é usar a conscientização como ferramenta para formar advogadas e advogados comprometidos com a causa antirracista, ajudando a diminuir esses índices alarmantes na Bahia”, destacou a presidenta da OAB-BA, Daniela Borges.
O lançamento da Escola acontecerá no Auditório do Salvador Shopping Business, Torre América, das 9 às 12, com inscrição gratuita no site da ESA-BA. O evento contará com as palestras do juiz Fábio Esteves, auxiliar do ministro Edson Fachin, e da promotora do Ministério Público da Bahia (MPBA), Lívia Vaz. As palestras terão como temas a importância do letramento racial para uma atuação eficiente no sistema de justiça e as regulamentações mais recentes sob a perspectiva antirracista para as pessoas que atuam neste sistema.

Foto: Angelino de Jesus
“Estamos muito ansiosos para o lançamento da primeira Escola Antirracista do Sistema OAB no Brasil, um marco para a advocacia e para a luta por equidade racial. Nosso compromisso é formar profissionais que não apenas compreendam a estrutura do racismo, mas que estejam preparados para combatê-lo na prática jurídica”, destacou a diretora-geral da ESA-BA, Sarah Barros.
Ainda segundo ela, a ESA-BA assume essa responsabilidade com seriedade, trazendo uma formação qualificada e acessível, que contribuirá de forma decisiva para uma advocacia mais justa e comprometida com a transformação social.
Matrículas em breve
Com palestras, seminários, congressos e demais atividades de capacitação, a Escola Antirracista da OAB-BA abrirá matrículas, em breve, no site da ESA. A Escola trabalhará sob as perspectivas teórica e prática, por meio de exposições e disponibilização de materiais didáticos, recomendações bibliográficas e outros materiais didáticos. Todas as aulas e demais atividades serão gratuitas e voltadas à advocacia, bacharéis e estudantes de Direito. Mais informações podem ser obtidas no site da ESA-BA, onde será divulgada a programação da Escola.
Serviço
O quê: Lançamento da primeira Escola Antirracista da OAB
Quando: Dia 19 de março (quarta-feira)
Horário: Das 9h às 12h
Palestrantes: Juiz Fábio Esteves e promotora Lívia Vaz
Inscrições gratuitas no site da ESA-BA