Artes
Convocatória para 2ª edição do Concha Negra inscreve até 29 de agosto!

É chegada a reta final das inscrições para a 2ª edição do Concha Negra, que vai apresentar, de novembro de 2019 a fevereiro de 2020, espetáculos que representam a riqueza da produção musical afro-baiana no palco da Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA). Podem participar produções musicais da Bahia – bandas, artistas, grupos, coletivos, mostras, festivais, projetos especiais –, contemplando estilos como samba, reggae, afro, afoxé, hip hop, entre as outras diversas variações deste cenário.
A candidatura deve também prever a inclusão de uma performance de abertura, que contemple outras manifestações artístico-culturais da negritude baiana, para além da música. Realizada pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), entidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), por meio do TCA, a convocatória para seleção de propostas para compor a programação fica aberta até 29 de agosto, nos sites www.tca.ba.gov.br,www.fundacaocultural.ba.gov.br ou www.cultura.ba.gov.br.
O Concha Negra é uma iniciativa do Governo da Bahia que se compromete a fomentar a diversidade cultural da Bahia, suas tradições e patrimônios, garantindo o lugar da música afro-baiana na programação mensal da Concha Acústica do Complexo do TCA. Sua realização parte de premissas das políticas reparatórias previstas na constituição do Estado da Bahia e no Estatuto da Igualdade Racial.
A primeira etapa do projeto foi realizada entre setembro de 2017 e fevereiro de 2018, com shows de Filhos de Gandhy, Muzenza, Ilê Aiyê, Cortejo Afro, Olodum e Malê Debalê. Além das apresentações principais, cada espetáculo teve a participação de pelo menos um convidado especial e também uma abertura com intervenções de outras linguagens artísticas, como teatro, dança e moda.
Artes
Cinema gratuito ocupa o bairro do Uruguai e debate sobre racismo institucional

Na próxima terça-feira, 27 de maio, o bairro do Uruguai, recebe uma programação especial de cinema gratuito com a realização do projeto Circuito Filmes que Voam!, que promove a circulação de produções audiovisuais brasileiras em territórios periféricos que discutam temas como racismo, por exemplo. As sessões acontecem no Espaço Cultural Alagados, com exibições às 15h e 19h, e entrada gratuita.
A proposta, idealizada pela Borboleta Filmes, busca democratizar o acesso à arte e ao cinema, incentivando reflexões sobre temas sociais urgentes como racismo institucional, violência policial e desigualdades estruturais. A programação conta com a exibição de curtas-metragens nacionais e internacionais e do premiado documentário “O Caso do Homem Errado”, dirigido por Camila de Moraes, que traz à tona a história real do operário negro Júlio César de Melo Pinto, assassinado pela Brigada Militar nos anos 1980, em Porto Alegre.
A sessão do longa, marcada para às 19h, contará com a presença especial do ativista e deputado estadual do Paraná, Renato Freitas, que participará de um bate-papo com o público. Com trajetória marcada pela militância em defesa dos direitos da população negra e periférica, Renato é advogado, mestre em Direito e fundador do Núcleo Periférico, organização que atua com ações sociais voltadas a comunidades vulneráveis, pessoas em situação de rua e egressos do sistema penitenciário.

Renato Freitas – Foto Rogério Machado
Antes do longa, a programação inicia às 15h com a exibição de três curtas-metragens:
“Quarta-feira” (Alemanha, 2023), musical sobre racismo e violência policial, dirigido por Bárbara Santos e João Pedro Prado.
“Mãe Solo” (Bahia, 2021), documentário de Camila de Moraes que retrata a realidade de mulheres que criam seus filhos sozinhas.
“Você” (Rio de Janeiro, 2024), curta de Elisa Bessa que aborda a solidão masculina nas grandes cidades.
O Circuito Filmes que Voam! é financiado com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, com coordenação do Ministério da Cultura. A iniciativa vai além das sessões itinerantes, buscando também fortalecer redes locais e incentivar o protagonismo cultural da população negra.
Serviço
O quê: Circuito Filmes que Voam! — Sessões de cinema gratuito
Quando: Terça-feira, 27 de maio de 2025
Onde: Espaço Cultural Alagados — Bairro do Uruguai, Salvador
Horários:
15h – Sessão de curtas-metragens
19h – Exibição do documentário O Caso do Homem Errado + bate-papo com Renato Freitas
Entrada: Gratuita
A exibição é uma oportunidade de vivenciar o cinema como ferramenta de memória, resistência e transformação social, em um espaço que valoriza as vozes e histórias da periferia brasileira.
Artes
Elegbapho realiza roda de conversa e samba na Casa Preta

O projeto Elegbapho – Território Afrocênico de Celebração Negra realiza, neste sábado (24), mais um encontro voltado à valorização das artes negras. A partir das 18h, a Casa Preta Espaço de Cultura, no bairro do Dois de Julho, recebe um bate-papo musicado com o ator e idealizador Nando Zâmbia, a atriz Vera Lopes e o músico Osvaldo Bola, seguido por uma roda de samba com o grupo Pagode do Lú. A entrada é gratuita.
O evento integra a construção do espetáculo Elegbapho, dramaturgia inédita desenvolvida por Nando Zâmbia com consultoria da encenadora Onisajé, em homenagem à figura de Exu e à celebração da existência negra. Trechos do texto serão apresentados durante o bate-papo, que também incluirá poemas e músicas ao vivo.
Na roda de conversa, Vera Lopes – fundadora do histórico grupo Caixa-Preta, do Rio Grande do Sul, e homenageada em 2023 pelo Festival de Cinema de Gramado – compartilhará experiências sobre o fazer teatral negro ao lado de Zâmbia. O músico Osvaldo Bola, nascido em Alagoinhas (BA), complementa o encontro com canções autorais ao violão, carregadas de referências do samba-canção e da MPB.
“Criar esse território de trocas artísticas para nutrir a dramaturgia foi muito enriquecedor. Conversamos tanto com pessoas que acreditam que temos o que celebrar, quanto com quem acredita que não, e assim fomos desvendando caminhos para esse espetáculo-festa em homenagem a Exu”, explica Zâmbia.
O projeto vem sendo construído por meio de entrevistas e encontros com personalidades negras de diferentes áreas, como os artistas Sulivã Bispo, Zebrinha, Tânia Bispo, e a educadora Mabel Freitas, além de uma série de podcasts a serem lançados no YouTube. Participam das conversas nomes como Hilton Cobra, Ana Flávia Magalhães, Klement Tsamba, Camila de Moraes, Domingos Okan Lewá, Anthea Xavier, entre outros.
Com apoio do programa Rumos Itaú Cultural 2023–2024, o Elegbapho marca também a celebração dos 25 anos de carreira de Nando Zâmbia, multiartista baiano com forte atuação no teatro de grupo e na pesquisa das estéticas negras em cena.
SERVIÇO
Elegbapho – Território Afrocênico de Celebração Negra
Bate-papo musicado com Nando Zâmbia, Vera Lopes e Osvaldo Bola
Show com Pagode do Lú
Quando: 24 de maio (sábado), às 18h
Onde: Casa Preta Espaço de Cultura – Salvador/BA
Entrada gratuita
Artes
Documentário destaca a renda gerada por mulheres na coleta de folhas para rituais religiosos

“Sem folha, não há orixá.” O provérbio de origem africana, basilar nas religiões de matriz afro-brasileira, é o fio condutor do documentário Jornada das Folhas, que lança um olhar inédito sobre a cadeia produtiva em torno da coleta, comercialização e uso das plantas sagradas nos rituais dos povos de santo. Com direção de Ravena Maia e Emerson Kilendo, o filme estreia no dia 31 de maio, às 19h, na Associação dos Moradores do Oiteiro, em Simões Filho. Em Salvador, a obra será exibida gratuitamente no dia 10 de junho, às 18h, na Sala Walter da Silveira, nos Barris.
O documentário, contemplado pelos Editais da Paulo Gustavo Bahia, revela o protagonismo de mulheres que atuam como coletoras dessas folhas, fundamentais para os rituais do candomblé, da umbanda e de outras religiões afro-brasileiras. Muitas delas residem em comunidades periféricas, como a do Oiteiro, onde a estreia acontecerá, e enfrentam uma rotina de trabalho invisibilizada, marcada por baixos rendimentos e riscos ambientais durante as coletas nas matas.
“O filme mostra como esse saber ancestral, passado entre gerações, é também uma atividade econômica potente e subvalorizada. As mulheres vendem as folhas por preços muito baixos em feiras como a de São Joaquim e Sete Portas, apesar de toda a complexidade envolvida”, explica a diretora Ravena Maia.
Diante dessa realidade, a equipe do filme passou a dialogar com as personagens sobre possíveis estratégias de valorização do ofício, como a criação de uma cooperativa.
Além da dimensão econômica, Jornada das Folhas também lança luz sobre as relações entre religiosidade, meio ambiente e ancestralidade. A narrativa se constrói a partir de depoimentos como o do avô de Emerson Kilendo, co-diretor da obra, tata kambondo da nação Angola, que compartilha sua vivência com as folhas e com o sagrado.
“Muito do que sei, aprendi com meu avô. O filme é uma forma de homenagear essas pessoas que guardam e praticam saberes fundamentais para a cultura afro-brasileira”, afirma Kilendo.
Com roteiro e pesquisa de Carla Pita e produção de Tailson Souza, todos integrantes ou descendentes diretos dos povos de terreiro, o documentário integra a série Economia do Sagrado, que propõe mapear as diversas economias geradas pelos elementos essenciais à vivência religiosa afro-brasileira — como roupas litúrgicas, instrumentos, cerâmicas, alimentos e, neste primeiro episódio, as folhas.
A proposta é que as exibições não se limitem às salas de cinema: o filme também será apresentado em escolas públicas de Simões Filho e em terreiros de Salvador e Região Metropolitana, fortalecendo o diálogo com as comunidades e territórios onde esses saberes são cultivados diariamente.
Sobre a equipe:
Ravena Maia (Direção e Montagem) – Diretora da Grão Produção Visual, é filha de santo do terreiro São Jorge Filho da Goméia e doutora em Comunicação pela UFBA. Atua com produção audiovisual focada em religiosidade afro-brasileira.
Carla Pita (Roteiro e Pesquisa) – Pedagoga e Omo Orixá de Ogum, fundadora da Irê Rebeliões Culturais e Afro-Pedagógicas, é contadora de histórias e mediadora literária com forte atuação na educação étnico-racial.
Emerson Kilendo (Direção de Fotografia e Produção Executiva) – Publicitário e integrante do Bloco Afro Bankoma, atua em projetos culturais e audiovisuais ligados ao terreiro São Jorge Filho da Goméia.
Tailson de Jesus Souza (Produção) – Jornalista e gestor de projetos, atua em movimentos comunitários e ambientais em Simões Filho, com forte articulação em conselhos de juventude e saúde.
SERVIÇO
Lançamento do documentário Jornada das Folhas
31 de maio (sábado), às 19h
Associação dos Moradores do Oiteiro (AMO) – Fazenda Santa Rita, s/n – Simões Filho
Entrada gratuita10 de junho (sábado), às 18h
Sala Walter da Silveira – Rua General Labatut, 27, Barris – Salvador
Entrada gratuita
Classificação: Livre
Foto: Emerson Kilendo