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Artes

Encontro Periférico de Artes- EPA acontece de 1º a 6 de outubro em Salvador!

Jamile Menezes

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Iguinho Imperador

 

Corpos em movimento, poesia, música, escrita e muito aprendizado, é o que promete as oficinas da  3ª edição do Encontro Periférico de Artes- EPA, que será realizado no período de 01 a 06 de outubro, em diferentes espaços. No total, serão realizadas 10 oficinas.

Para participar das oficinas não é necessário realizar inscrições prévias. Apenas ir ao local, em uma das datas, e fazer parte de uma das atividades disponíveis.  O EPA é idealizado pela ExperimentandoNUS, companhia que atua e produz dança de forma independente e ininterrupta há 11 anos no estado da Bahia.

No primeiro dia  (01 de outubro)  serão realizadas três oficinas. Um delas é a OFICINA DE STENCIL | ESTAMPATIA MANUAl, às 14h, no Centro Cultural Alagados, bairro do Uruguai. A oficina é focada no ensino de técnicas de corte utilizando estiletes para a produção de estampas para pinturas em tecido.

A oficina será facilitada pelo artista  Ramsestencil,  design e grafiteiro baiano que atua nas cenas soteropolitana há mais de quatro anos e trabalha com estamparia manual desde 2008. Da pesquisa sobre a técnica surgiu a sua marca, a ColeçãoDiori, voltada para a temática das religiões de matriz africana.

No dia 3 de outubro serão realizadas duas oficinas com artistas do Ceará e Rio de Janeiro. Um dos facilitadores é Iguinho Imperador (RJ), com a Oficina do Passinho. Ele é professor de danças urbanas, já fez apresentações vários estados brasileiros e em países como Inglaterra, Dinamarca e Suíça. A oficina será realizada, às 15h, no Espaço Xisto da Bahia (Barris).

Confira programação completa

1-Oficina De Stencil | Estamparia Manual Com Stencils
Oficina prática e focada no ensino de técnicas de corte utilizando estiletes comuns para a produção de stencils.
Artista facilitador: Ramsestencil (Ba)
O que é: Oficina De Stencil | Estamparia Manual Com Stencils
Local: Centro Cultural Alagados
Dia: 01/10 (Terça)
Horário: 14h

2-Oficina AFROFUTURISMO: A ESCRITA DE UM FUTURO NEGRO
A oficina Afrofuturismo: a escrita de um futuro negro visa através da utilização de contos de escritores(as) do gênero possibilitar a jovens negros e negras o acesso a um acervo literário  que tem como objetivo vislumbrar e defender o espaço do negro no futuro.
Artista facilitador: Davi Nunes (Ba)
O que é: Oficina de Desenho
Local: FUNDAC
Dia: 01/10 (Terça)
Horário: 9h as 11h
Específica para a FUNDAC

3-Oficina de Literatura Negra: caminhos para identidade
A oficina consistirá em leitura e discussão de textos em prosa ou versos de autores e autoras negras que reflitam sobre a identidade negra, culminando na produção e apresentação de textos.
 Artista facilitador: Jairo Pinto (Ba)
O que é: Oficina de Literatura Negra
Local: Centro Cultural Alagados
Dia: 01/10 (Terça)
Horário: 14h as 17h

03 DE OUTUBRO
4-Oficina de Percussão Corporal
A oficina pretende trabalhar noções rítmicas e corporal, assumindo o corpo como instrumento de produção sonora e musical.
Artista facilitador: Zé Viana Junior (CE)
O que é: Oficina de Percussão Corporal
Local: FUNDAC
Dia: 03/10 (Quinta)
Horário: 14h as 17h
Específica para a FUNDAC

5- Oficina de Passinho
Com as bases mais famosas da cultura do passinho, entre rabiscadas e cruzadas para dançar o famoso passinho foda.
Artista facilitador: Iguinho Imperador (RJ)
O que é: Oficina de Passinho
Local: Espaço Xisto Bahia
Dia: 03/10 (Quinta)
Horário: 15h as 17h

04 DE OUTUBRO

6- Oficina Ai Meu Quadril ante-retro-versão
O quadril na dança com jogos coreográficos, em solturas de couraças emocionais principalmente na região pélvica e lombar. Explora possibilidades de mexer a pelve, trabalha os músculos paravertebrais, dorsais e flexores de quadril com ritmos populares brasileiros como pagofunk, arrocha, pagode e funk.
Artista facilitadora: Raina Santos
O que é: Oficina de dança
Local: Espaço Xisto Bahia
Dia: 04/10 (Sexta)
Horário: 10h as 12h

7 e 8 – Pagode Baiano + Oficina de Passinho
Karol Ribeiro (BA)

Karoline Ribeiro, professora e bailarina, técnica em dança pela Escola de Dança da Funceb, bacharela, licenciada e pós graduada em Dança pela Escola de Dança da UFBA.

Iguinho Imperador (RJ)
Dançarino e professor de Passinho Foda e Danças Urbanas

Artistas facilitadores: Karol Ribeiro (BA) + Iguinho Imperador (Ba)
O que é: Oficina de Pagode Baiano e Passinho
Local: Espaço Xisto Bahia
Dia: 04/10 (Sexta)
Horário: 15h as 17h

9- Oficina Ateliê de Contos
Por meio da oficina de escrita de contos, almeja-se o desprender-se das amarras mentais do medo de compor uma história por meio da linguagem escrita, assim como observar o uso de diferentes termos e expressões que os cursistas usarão para expressar seus sentimentos, desejos e identidades utilizando a literatura e ilustrações de capa de livros como rizoma para tais construções narrativas.

Artista facilitador: Ana Fátima (Ba)
O que é: Oficina Ateliê de Contos
Local: Centro Cultural Alagados
Dia: 04/10 (Sexta)
Horário: 14h as 17h
Entrada Gratuita

05 DE OUTUBRO
10- Oficina de Dança Afro
Desenvolve uma linguagem corporal contemporânea baseada na comunicação da estética e estereótipos da cultura afrodescendente.
Artista facilitador: Pakito Lázaro (Ba)
O que é: Oficina de Literatura Negra
Local: Praça da Sé
Dia: 05/10 (Sábado)
Horário: 09h as 11h
Entrada Gratuita

Artes

Artista plástica Maria Carolina lança expo “Zara Tempo e o Camugerê, Agolonã”

Jamile Menezes

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Artista plástica Maria Carolina lança “Zara Tempo e o Camugerê, Agolonã”

A artista plástica Maria Carolina vai ocupar o Foyer do espaço Xisto Bahia de 17 de janeiro à 13 de fevereiro, com a exposição inédita “Zara Tempo e o Camugerê, Agolonã”. Um trabalho que expressa a relação dos elementos da natureza e a sua cosmovisão através da troca de energias do Orí (Cabeça) com o Àiyé (Terra).

Com entrada gratuita, a mostra reúne nove telas nas quais a liberdade e a ancestralidade coexistem no mesmo princípio. Elementos do imaginário, dos gestos onde a honra e os atos ancestrais acertam a essência da artista.

“Minha composição tem como viés de inspiração a transposição da sensação, captação e interações dos espectros de memória e das suas respectivas representações elementares. Sinto e vejo a memória sensorial como marcadores de impressões das expressões naturais. E observo como essas expressões se apresentam e são atenuantes nos ritos essenciais da sabedoria oracular animista, nas camadas e dinâmicas da compilação cosmoancestral. Essa conexão com as memórias vivas é algo pulsante nas minhas prospecções criativas. Considero a transcrição dos orixás em natureza viva a experiência mais admirável e integradora de se contemplar e compartilhar”, explica a artista plástica Maria Carolina.

“Zara Tempo e o Camugerê, Agolonã” reverência a conexão entre Iròkò e Èṣù, desvendando pergaminhos de conexões ancestrais, trazendo, nessa perspectiva, Agolonã como símbolo que representa a junção de Agô (licença) e Lonã ou Lonan (caminho ou qualidade de Èṣù).

“Ou seja, pedimos licença para dar início à primeira dessa série de três exposições. Entremeando essa tríade teremos o momento de celebrar, justamente, o “Zara Tempo e o Camugerê, Agolonã”, seguindo com a exposição “Zara Tempo, Òrisùn Òmi Òrisùn Ẹmí (a fonte de água e a fonte da alma)” e fechando o movimento com a exposição “Zara Tempo e o Camugerê, Ajíjà, o epílogo”, explica a artista plástica Maria Carolina

Sobre Maria Carolina

Maria Carolina é uma artista plástica baiana, negra, autodidata, de 28 anos, nascida em Salvador. Ela é neta do grande sambista Oscar do Penha, conhecido popularmente como Batatinha, uma de suas maiores referências. Maria tem sua composição artística baseada na transposição sensorial, na captação e nas interações dos espectros de memória e de suas respectivas representações elementares.

Sentir e perceber o fluxo do tempo sensorial como marcadores de impressões das expressões naturais são a sua essência e marca artística, atenuando os ritos essenciais da sabedoria oracular animista nas camadas e dinâmicas da compilação cosmoancestral. Essa conexão com as memórias vivas é algo pulsante em suas prospecções criativas.

Serviço:

Exposição “Zara Tempo e o Camugerê Agolonã” – artista plástica Maria Carolina 

Onde: Foyer do Espaço Xisto Bahia

Abertura: 17/01/2025  às 18h (lançamento)

Exibição: 14/01/2025 a 13/02/2025

Horário: 8h às 12h e das 14h às 18h

 

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Artes

Feira AFRO-ART reúne artistas negros e indígenas no Pelourinho

Jamile Menezes

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Com o objetivo de reconhecer, visibilizar e contribuir para o desenvolvimento, profissionalização e geração de renda de artistas negros(as) e indígenas, a AfrontArt – Quilombo Digital de Arte realiza a primeira edição da AFRO-ART – Feira de Arte Negra e Indígena, entre os dias 13 e 26 de janeiro, das 10h às 19h, na Cardume Artes Visuais – Rua do Bispo, 35, Pelourinho.

Com entrada gratuita, a feira tem como foco o reconhecimento do trabalho desenvolvido por artistas negros(as) e indígenas, por meio de um grande espaço expositivo que busca a democratização do acesso e formação do público para as artes visuais, bem como a construção de hábitos culturais e de consumo.

O intuito do evento é descentralizar um cenário econômico muito concentrado no Sudeste e movimentar o mercado das artes no Nordeste – ainda muito restrito, e que não oportuniza artistas negros e indígenas.

Para preencher esse espaço, a Feira AFRO-ART propõe um diálogo com artistas contemporâneos da nova geração, com olhar decolonial, que em sua grande maioria não são representados por galerias e que, através da feira, poderão expor e vender suas obras tendo a oportunidade de participar de um momento de reaquecimento e criação de novo circuito econômico para as artes de Salvador.

Emerson Rocha

No espaço,  também estão expostas obras de artistas com trajetórias em ascensão como Emerson Rocha, Rafaela Kennedy, Bernardo Conceição, Anderson AC e Robinho Santana. Apesar de jovens, alguns já vêm se destacando no cenário com suas obras presentes em exposições no MAR-RJ, Museu Afro – SP, CCBB DF, MAM BA, como é o caso de Rafaela Kennedy, Rainha F, Emerson Rocha, Bernardo Conceição e Yacunã. Além de obras premiadas como Amanda Tropicana e Matheus Leite.

Ao todo a Feira AFRO-ART reúne quase 40 artistas e mais de 80 obras comercializadas, com preços que variam entre R$ 3 mil e R$ 70 mil reais. A feira é idealizada e tem curadoria de Luana Kayodê, CEO da empresa, e Raína Biriba, co-fundadora e diretora executiva.

“O objetivo central é gerar um impacto sócio-economico na comunidade de artistas negros e indígenas brasileiros, que sofrem com a exclusão e o racismo institucional das artes visuais brasileira tradicional. Então, a feira tem sua curadoria focada em expor e vender arte autoral decolonial de jovens potências brasileiras das diferentes linguagens como fotografia, ilustração, escultura e pintura”, destaca Luana Kayodê.

A AFRO-ART tem a expectativa de receber cerca de 3 mil pessoas na Cardume Artes Visuais. Ao todo, o projeto visa movimentar um montante de R$500 mil reais em venda de obras de arte, promovendo articulação, equidade, geração de renda e protagonismo aos artistas e profissionais envolvidos.

Às pessoas interessadas nas obras, as possibilidades de compra vão além da compra física, sendo possível reservar as obras disponíveis por meio de um catálogo virtual. Além disso, a AFRO-ART também tem um compromisso em equidade de gênero, buscando formar e oportunizar profissionais LGBTQIAPN+ e PCDs.

O projeto tem patrocínio da Stella Artois e do Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda, contemplada através do edital Fundo Bora Cultura Preta, em que a AMBEV, em parceria com a PretaHub, inaugura sua política afirmativa voltada ao empreendedorismo cultural e à economia criativa negra. A realização é da AfrontArt – Quilombo Digital de Arte.

AfrontArt

A AfrontArt é uma empresa baiana de impacto social e inovação voltada ao fomento às artes visuais preta e brasileira, que desde 2020 vem construindo um espaço de referência para os artistas e profissionais afrodescendentes e originários, no que tange a circulação e venda de obras, criação, curadoria, qualificação profissional e fortalecimento da comunidade.

SERVIÇO

[AFRO-ART – Feira de Arte Afro-Indígena]

Data: 13 a 26 de janeiro de 2025

Horário: aberto ao público das 10h às 19h

Local: Cardume Artes Visuais, Rua do Bispo, 35, Salvador

Programação: exposição e venda de obras de arte e rodas de conversa abertas ao público

Entrada gratuita

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Artes

Feira Baiana de Agricultura Familiar destaca sabores e tradições quilombolas

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Samba de roda, moqueca de ostra e artesanatos feitos de sisal são alguns dos atrativos que estiveram à disposição do público na 15ª Feira Baiana de Agricultura Familiar e Economia Solidária. O evento, que aconteceu no parque Costa Azul até o último domingo (15), contou com mais de 600 expositores e 145 estandes de produtos da agricultura familiar, povos tradicionais e assentados da Reforma Agrária. O objetivo foi atrair novos clientes, alavancar as vendas e viabilizar espaços de discussão e integração de políticas para o desenvolvimento rural baiano.

Durante a abertura da feira, foi assinada a contratação da PRONAF A para a Comunidade Quilombola para o Plano Safra 2024/2025, com investimento de R$100 mil, beneficiando famílias do Quilombo Fortaleza, no município de Bom Jesus da Lapa.

“Vamos celebrar tudo que tiver de bom aqui, mas não vamos esquecer que ainda temos tarefas contra aqueles que ainda fazem grilagem, tarefa contra aqueles que ainda promovem violência no campo e tem tarefa contra aqueles que insistem em continuar negando sobre aquele que é povo originário ou contra aquele que deseja produzir ao lado de suas famílias, seja ele de qual etnia for”, afirmou o secretário de Desenvolvimento Rural da Bahia (SDR), Osni Cardoso.

O potencial empreendedor de pessoas negras quilombolas que ficam à margem dos bens são produzidos também foi exaltado por representantes da gestão social e cultural da Bahia como Ailton Ferreira, sociólogo e coordenador do Instituto da Reparação em Salvador.

“Aqui tem pessoas de quilombos, tem pessoas da resistência, tem pessoas que vem do Recôncavo, do interior da Bahia. Essa 15ª Feira Baiana de Agricultura Familiar dá visibilidade para produtos de qualidade. Aqui não é o ‘agro que é pop ‘ não. Aqui é a Agricultura Familiar Popular, aqui não tem agrotóxico, não tem exploração da terra e nem das pessoas. Aqui são negócios em sua maioria cooperados e familiares, onde a ideia é ganhar todo mundo junto”, afirmou Ferreira. Para o sociólogo, a 15ª Feira Baiana de Agricultura Familiar é sobre solidariedade, agricultura familiar, sustentabilidade e respeito aos povos originários.

 

Movimento negro quilombola e cultural 

Personalidades negras, artistas da cena cultural, musical, gestores culturais e políticos da Bahia percorreram as barracas montadas ao longo da Tenda Quilombola em busca do consumo das artes e da culinária quilombola. A Bahia é o maior estado com população quilombola do Brasil, com mais de quase 400 mil pessoas.

“A 15ª Feira Baiana de Agricultura Familiar tá linda de se ver, estou muito feliz de estar aqui e de poder viver esse momento tão importante para o nosso estado, que traz essa força quilombola e a força indígena. Aqui tem farinha, tem mel, tem a cachaça, tem o artesanato na sua raiz mais simbólica”, vibrou o ator Sulivã Bispo.

Um Tributo a Mãe Bernadete, Ialorixá morta em 2023 no Quilombo Pitanga dos Palmares, reuniu no Palco Arena o músico Jurandir Wellington Pacífico, filho de Mãe Bernadete e membro do projeto Quilombo Cultura Viva , o cantor Reinaldo, ex- Terra Samba, e a banda Kanjerê de Sinhá.

“O Samba de Roda completou 20 anos como Patrimônio Cultural do Brasil e hoje representando Mãe Bernadete, eu como filho com 20 anos também de Samba de Roda, minha mãe era sambadeira e ativista e membro desse Movimento Negro lindo no Brasil. Quero agradecer a presença de todos vocês pela homenagem e dizer que Mãe Bernadete vive. Mãe Bernadete PRESENTE”, exaltou o quilombola.  Durante as homenagens, também aconteceu na plateia do Palco Arena, o 9º Encontro de Mulheres Rurais da Bahia, organizado pela Secretaria de Desenvolvimento Agrário, com marisqueiras e agricultoras rurais como Selma Souza, presidente da Associação Beneficente Educacional e Cultural Quilombola de Ilha de Maré (ABECQIM).

Ancestralidade empreendedora e o grafite rural 

Mulheres do Quilombo Quingoma, da região metropolitana de Salvador, também estiveram presentes pela primeira vez na 15ª Feira de Agricultura Familiar e Economia Solidária. No estande, as quilombolas trouxeram uma coleção inteira com o tema “Tertuliana – Gerações do Coletivo Yá Bahia, além de sabonetes artesanais, crochê, mocó e produtos para escalda pés terapêuticos com ervas medicinais. Em novembro, o Quilombo Quingoma realizou o Festival “Titulação Já”, que trouxe música, dança, desfile afro, debates para celebrar sua existência desde 1569, além de exigir a titulação do seu território.

Nascido do trabalho dos negros que buscavam a liberdade fugindo das senzalas, o artesanato quilombola se destaca pelo uso de vários recursos naturais para a confecção de objetos e instrumentos de trabalho. Alguns desses materiais são a madeira, a taquara, a palha de milho, a fibra de bananeira, a canela e a piaçava.

“Faço graffite há mais de 24 anos e creio que esse painel pioneiro que foi entregue pra essa feira é o símbolo do nosso povo. Essa mistura do que a gente é, a gente vê em cada parte daquele painel e a valorização que essa agricultura familiar deveria ter. Deveria ser muito mais reconhecida em nossas casas, em nossa comunidade. Saber o que a gente come e da onde estes produtos vem e incentivar isso cada vez mais. Pintar esse painel é também pintar essa memória afetiva que remonta às brincadeiras durante as férias na infância, do avô colhendo milho. Esse painel é a união desses povos que compõem a Bahia”, disse o artista visual, Éder Muniz (@calangoss).

Culinária quilombola e o artesanato raiz  

A gastronomia quilombola também atraiu a atenção de baianos e turistas durante a 15ª Feira Baiana de Agricultura Familiar na Tenda Quilombola, no Parque Costa Azul.

Jucilene Viana Jovelino é moradora da comunidade do Quilombo Kaonge, em Santiago do Iguape, em Cachoeira, e se apresenta como mulher preta que está no chão da comunidade quilombola, lutando pela identidade e valorização, na resistência de se manter viva.

“Ser quilombola é estar nessa luta de conquistar nossos direitos e ideais. E hoje estamos aqui em mais uma edição da Feira Baiana da Agricultura Familiar, pois participamos desde a primeira edição. Estamos aqui para mostrar que a identidade quilombola é forte e que nós produzimos agricultura para além de trazer os nossos produtos da agricultura familiar, pois cada produto nosso traz sua história. Nós não estamos aqui mostrando os nossos produtos, estamos contando a história de nossos ancestrais, do nosso povo preto. Enfim, a história dos nossos já que muitos lutaram para que hoje pudéssemos estar aqui”, afirmou Jucilene.

Para Daniele Costa, cientista política e assessora especial da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (SEPROMI), é importante a presença das comunidades quilombolas, das mulheres negras das zonas rurais. Segundo a cientista, essa feira é um grande exemplo do quanto se deve valorizar as mulheres rurais e as mulheres quilombolas.

Elder Anjos, morador do município de Candeias, já acompanha a feira há 10 anos e escolheu o estande da Rota da Liberdade – Quilombo Kaonge para degustar a tradicional ostra e afirma que o atendimento das mulheres quilombolas é o diferencial. “A gente junta as mesas, se reúne feito família e a comida do Recôncavo da Bahia é muito boa. Estou devendo uma visita ao Quilombo Kaonge. As ostras são o carro chefe da culinária, na minha opinião”, disse.

Já para Clecivânia de Jesus Pinheiro, do município de Valente, estar pela primeira vez na Feira Baiana de Agricultura Familiar a empodera ainda mais como mulher preta. Tem apenas 21 anos e já empreende com seus produtos da cooperativa Raízes do Brasil, e a venda da Feijoada.

“Estou aqui colaborando com a Raízes do Brasil com produtos como a cerveja Crioula, o mel, a venda da caneca artesanal de louça e a venda da nossa feijoada”, diz a jovem.

“Trouxemos para o segmento da agricultura familiar da Bahia, que já representa dois milhões de pessoas com mais de 600 mil estabelecimentos que são os grandes produtores de alimentos que chegam na mesa de baianos e baianas. É uma relação de afinidade de quem produz esses produtos e quem consome a sua história. A Bahia é um estado de dimensões continentais e somos o estado com o maior número de agricultores familiares e em número de comunidades reconhecidas. Fazer uma feira de Agricultura Familiar e não trazer essa pluralidade que é esse segmento rural quilombola e indígena da Bahia seria um grande erro. É negar a nossa própria história”, disse Jeandro Ribeiro, diretor- presidente da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR).

A 15ª Feira Baiana de Agricultura Familiar e Economia Solidária  é uma realização do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), em parceria com a União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária do Estado da Bahia (Unicafes-BA), a Feira conta com o apoio de parceiros importantes como o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) e Fundação Luís Eduardo Magalhães (FLEM) e patrocínio do Banco do Nordeste e Caixa Econômica Federal.

Fotos: André Furtuôso/Fabrício Rocha

Patrícia Bernardes Sousa é jornalista, redatora e integra projetos de impacto social, letramento, educação e cultura e colaboradora do Portal Soteropreta.

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