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Música

“Sorrir também é resistir!” – Por Luciane Reis

Jamile Menezes

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Foto Alexandra Martins/Divulgação SecultBAa

 

Escrever  sobre o Olodum é sempre um desafio. Primeiro por dialogar com uma diversidade de pessoas e olhares,  que faz com que o mesmo tenha que ser  visto sobre diversas perspectivas. Segundo por que escrever para uma instituição com as trajetórias e lutas como o Olodum;  trazer para o centro do debate o sorriso e a  cultura negra como forma de resistência e luta. Cultura como educação e preservação de memória, dores e alegrias.

Sim, dores porque estamos falando de parte de um público marginalizado, oprimido e que vê nas músicas e ensaios um momento de ser valorizado em sua essência. Pessoas que o estado e os próprios movimentos sociais não querem dialogar, os famosos NEM NEM  que encontram no Olodum, ainda que marginalizados e julgados, o direito de exercer sua cidadania violentada no cotidiano.

Ruy José Braga Duarte,  em seu artigo entitulado “Olodum Da Bahia Uma Inclusão Histórico Cultural “, lembra que o Olodum – ao nascer em 79 – buscou  garantir o direito dos moradores do Maciel \ Pelourinho de brincarem o carnaval em um bloco  de forma organizada. Algo que se mantém até os dias de hoje, afinal não podemos esquecer os diversos momentos de dificuldade que o Bloco – do mesmo modo que seu público mas intenso – enfrenta ou já enfrentou. Essa luta constante pela humanização e valorização negra antes, durante e após o carnaval, é o que traz para pessoas como nós, Olodúnicas, a ansiedade de esperar o carnaval -momento em que as atenções se voltam com mais intensidade, para  dialogar com essa cidade sobre inclusão e humanidade de um legado invisibilizado.

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Fotos: Alexandra Martins / Divulgação SecultBA

É através da alegria de estar desfilando no bloco, distribuindo sorriso e orgulho na forma de temas, alegorias e o próprio abadá, ou por meio de seus dançarinos, que o Olodum rompe com uma história única e traz de maneira latente a identidade negra que distribuímos em forma de sorrisos na avenida, mostrando  nossa resistência com autenticidade. É transformando o rufar do tambor em um instrumento de luta política que o Olodum atravessa o circuito festivo, mostrando a realidade negra  através da arte e da música, fazendo análises do contexto em que vivem e  se relacionam os homens e mulheres negras na cidade mais africana fora do continente mãe.

É com as suas cores, danças e sorrisos que vamos enquanto corpos negros mostrando nossas tensões sociais cotidianas em uma cidade que nos invisibiliza e que – exatamente por isso – resignificamos através de um sorriso  que não pode e deve ser entendido como cordialidade. É a capacidade de sorrir diante da adversidade que nos permite transformar nossas lutas constantes em resistência, apesar de – como nos lembra Lazzo Matumbi – “Toda dor que nos invade”.

Somos a alegria desta cidade, ainda que ignorados, marginalizados  e violentados  pelo estado e município cotidianamente. É o sorriso que o Olodum tira do rosto de cada seguidor enquanto expressão de origem, história e cotidiano da população negra, que transforma o sorriso no produto básico de resistência  e resgate da auto-estima e das tradições da população negra. Temos um modelo de luta e resistência que não passa pela maneira bélica, transformamos diariamente nosso sorriso em uma arma para continuarmos vivos e orgulhosos diante de um cenário de desigualdade e invisibilidade que nos desumaniza em uma cidade como Salvador, capital da Bahia.

É o sorriso negro, que faz com que consigamos sobreviver diariamente à ausência de moradia digna, educação de qualidade, desrespeito enquanto corpo negro dentre outros. É esse sorriso tirado das nossas lutas, que não permite que desapareçamos  e aprendamos a nos resignificar e reconstruir diariamente neste estado e município, ainda que naturalizem nossas três gerações (crianças, jovens e idosos) em situação de vulnerabilidade humana e social. Somos o elemento agregador da economia desta cidade, afinal ninguém vem à Bahia para ver homens e mulheres brancos. É a nossa capacidade de se resignificar na dor que nos torna disruptivos diante das mazelas cotidianas.

É a capacidade de nossa juventude negra, vitima de genocídio diário, de ressurgir e criar alternativas de sobrevivência engajadas e criativas que tornam o carnaval e o Olodum o maior revolução negra desta cidade. Precisamos repensar nossos públicos, entendendo que o não diálogo do Estado e sociedade é o que torna a tecnologia musical diante das mazelas ferramenta de transformação que ajuda no crescimento social e econômico  desta  grande metrópole chamada Salvador.

Não podemos ignorar o poder de mobilização do tambor, que reúne pessoas de toda a cidade em busca de momentos de confraternização e alegria. Estamos nos becos e vielas, calçadas e favelas e ainda assim conseguimos continuar sorrindo e resistindo. Portanto cabe a nós – dentro e fora – a tarefa de fortalecer o que temos de mais caro: nosso sorriso como arma de resistência; nossa capacidade de tirar alegria das dores, enquanto ferramenta de resistência negra.

É nosso sorriso que mantém nossa solidariedade e humanidade. Logo, arma mais poderosa contra um colonizador que consegue se modernizar nos modelos de opressão e perpetuação de força. É nosso sorriso o combustível cotidiano que torna a tarefa deles de nos matar, a blindagem que nos faz resistir. Portanto, viva o Olodum, maior bloco percussivo do pais!

Eu sou Olodum, quem tu és?

 

Me_despache

Luciane Reis

Luciane Reis é Olodúnica, Publicitária, apresentadora do programa Me Despache na TV Kirumuré e mestranda em Gestão Publica na Universidade Federal da Bahia.

Artigo publicado no Jornal do Olodum

Música

Dendê Macedo faz show no Pelourinho neste domingo (19)

Ana Paula Nobre

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Foto: Divulgação

O cantor, compositor e multi-instrumentista Dendê Macêdo já tem data marcada para o show de estreia em Salvador. Em solo baiano para uma temporada de seis meses, no próximo domingo (19), o artista e sua banda se apresentam na Praça Quincas Berro D’Água, no Pelourinho, a partir das 17h, com entrada gratuita.

“Começar a nossa série de shows no Centro Histórico de Salvador (CHS), que é rico em cultura afro-brasileira, é muito simbólico. Vamos trazer as batidas ancestrais do samba de roda, os cantos sagrados do candomblé com influências globais de gêneros como afrobeat nigeriano, rumba cubana e mbalax de Senegal. O resultado será um espetáculo que exalta a diáspora africana e sua contribuição essencial para a formação da identidade musical brasileira”, destaca o artista.

A apresentação, que foi aclamada nos Estados Unidos e outros países, tem um repertório diverso trazendo releituras de clássicos brasileiros além de canções autorais como “Feira de São Joaquim” e “Yemanjá”, música de trabalho atual de Dendê.

Sobre Dendê

Dendê começou sua carreira artística aos 14 anos como percussionista da Timbalada e com passagens pelo bloco afro Tambores do Engenho, Samba Mirim Pingo de Ouro e Samba Fogueirão. Desde 2001 divide junto com sua banda o tempo entre a terra natal e os Estados Unidos, onde sua música vem ganhando destaque. Ao todo, são mais de 20 anos dedicados à disseminação das raízes afro-brasileiras pelo mundo. Para mais informações, acesse @dendemacedomusic nas redes sociais.

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Música

Riachão terá novo disco lançado dia 24 de janeiro pela Natura Musical

Ana Paula Nobre

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Riachão
Foto: Antonio Brasiliano

“Onde eu cheguei, está chegado”, quinto disco de Riachão, estará disponível nas plataformas de streaming no dia dia 24 de janeiro (sexta-feira), com 10 canções inéditas escritas pelo artista. A obra se tornou póstuma após o mestre do samba falecer aos 98 anos, em 30 de março de 2020, apenas quatro meses depois do festejado anúncio da seleção do seu projeto de produção de um novo álbum solo no edital Natura Musical.

O cantor já tinha gravado algumas vozes, recuperadas e agora utilizadas em quatro feats com nomes de peso: Criolo e Martinho da Vila cantam com ele, Beto Barreto se junta com sua guitarra elétrica e o neto Taian traz a carga afetiva familiar. Completando o time de ouro da música brasileira na interpretação das demais faixas, estão Teresa Cristina, Josyara, Roberto Mendes, Pedro Miranda, Enio Bernardes, Juliana Ribeiro, Fred Dantas, Nega Duda e Clarindo Silva, tudo sob a produção musical de Caê Rolfsen e Paulinho Timor.

Taian | Foto: Milena Palladino

Animado com a vida como sempre, Riachão havia escolhido o título do álbum, que seria “Se Deus Quiser Eu Vou Chegar aos 100” – o que infelizmente não aconteceu. A morte do autor de clássicos como “Cada Macaco no Seu Galho” e “Vá Morar com o Diabo” parecia impedir o seguimento do trabalho que tanto o mobilizou e alegrou até o fim. É neste contexto que unir artistas que valorizassem devidamente o repertório foi primordial. Riachão volta grandioso, cantado e tocado por quem reverencia e fará ecoar o seu legado.

“Este projeto resulta de um senso de compromisso cultural com a Bahia e o Brasil no que diz respeito ao fortalecimento e prolongamento das criações musicais deste grande cantor e compositor”, diz Joana Giron, da Giro Planejamento Cultural, que contextualiza como ele havia voltado a compor após anos sem atividade: “Quando ele morreu, estava extremamente animado com o projeto e o disco estava em processo de escolha de repertório. A readequação de tudo não foi simples, mas, quase cinco anos depois, cremos que estamos prestando a homenagem mais à altura de Riachão possível”, completa.

“Ele estará presente no disco, mesmo após a sua partida. A gente queria o Malandro cantando, e felizmente conseguimos: a voz imortal de Riachão, que é sempre o seu melhor intérprete”, comemora o produtor musical Paulinho Timor, em quem Riachão tanto confiava.

Junto com o disco, também no dia 12 de dezembro, entra no ar um site que abrigará um amplo acervo de fotografias, reportagens, discos, fonogramas e documentos audiovisuais que apresentam a vida e a obra do sambista ao longo de mais de seis décadas, com pesquisa e textos do jornalista André Carvalho. Lá, ainda serão disponibilizados três minidocumentários, dirigidos por Claudia Chávez, da Apus Produtora de Conteúdo, sobre o processo de realização deste projeto peculiar.

Josyara | Foto: Julia Mataruna

Ainda criança, Riachão, segundo ele próprio, cantava samba chula e samba de roda como os seus antepassados escravizados cantavam na senzala. Deixou mais de 500 composições, muitas delas nunca gravadas, de samba autêntico e de tradição oral, algumas interpretadas por artistas como Jackson do Pandeiro, Jamelão, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Dona Ivone Lara, Beth Carvalho, Cássia Eller, Zélia Duncan e muitos outros. Dizia ele: “Não me dá ideia de escrever nada, o samba está dentro da minha cabeça, de acordo com o que acontece ao meu redor”. Patrimônio baiano e brasileiro, de alegria e sorriso sempre estampados, foi parceiro de irmãos de samba como Batatinha, Edil Pacheco, Walmir Lima, Panela e tantos outros que fizeram da boa música baiana profissão de fé.

A Giro Planejamento Cultural, empresa realizadora do projeto desde sua inscrição, tornou tudo uma justa homenagem à eternidade do pioneiro e mais longevo sambista da Bahia. Riachão foi selecionado pelo edital Natura Musical ao lado de Alto da Maravilha, Cabokaji, Coletivo Afrobapho, Feira Noise Festival, Jadsa, Mateus Aleluia e Tá Batenu – Culto Afrofuturista. No estado, a plataforma já ofereceu recursos para mais de 80 projetos de música até 2022, em diferentes formatos e estágios de carreira, como Margareth Menezes, Luedji Luna, Mahal Pita e Casa do Hip Hop da Bahia. O projeto também tem patrocínio do Governo da Bahia, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda.

Martinho da Vila | Foto: Leo Aversa

Sobre Natura Musical

Natura Musical é a plataforma cultural da marca Natura que há 18 anos valoriza a música como um veículo de bem-estar e conexão. Desde seu lançamento, em 2005, o programa investiu mais de R$ 190 milhões no patrocínio de mais de 600 artistas e projetos em todo o Brasil, promovendo experiências musicais que projetam a pluralidade da nossa cultura. Em parcerias com festivais e com a Casa Natura Musical, fomentamos encontros que transformam o mundo. Mais informações nas redes sociais: @naturamusical.

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Música

Sambista Ruth Costa chega a Salvador com projeto “Samba da Ruth: conexão Pará-Bahia”

Ana Paula Nobre

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Foto: Tereza Maciel

Um intercâmbio entre Pará e Bahia para promover o diálogo ancestral dentro da
musicalidade que vem do samba em seus mais variados estilos. Esse é o intuito do projeto
“Samba da Ruth: conexão Pará-Bahia”, que vai unir a cantora, produtora cultural e ativista
negra paraense, Ruth Costa às artistas baianas do samba, Ayrá Soares e as Ganhadeiras de
Itapuã. O projeto, que propõe o diálogo entre suas influências diaspóricas Bahia-Amazônia,
desembarca em Salvador em janeiro de 2025 e trará vivências, encontros, gravações e show
musical.

Uma das potencializadoras do samba produzido na Amazônia Paraense, Ruth Costa propõe
uma troca de saberes para fortalecer ainda mais as carreiras das mulheres envolvidas, a
partir de um diálogo sobre suas influências diaspóricas. Com o projeto, serão gravadas em
formato de audiovisual duas canções autorais, uma com cada artista convidada. O registro
ficará disponível no canal da artista Ruth Costa no Youtube. O projeto “Samba da Ruth”
prevê também rodas de samba, e diálogo com mulheres artistas da periferia de Salvador.

Foto: Tereza Maciel

Os encontros irão oportunizar a vivência com o samba da Bahia, potencializando o trabalho
de cada artista na expansão da transformação social através da arte e da cultura. O projeto
“Samba da Ruth: conexão Pará-Bahia” busca reconhecer e visibilizar a ancestralidade que
permeia o ritmo do samba em momentos para trocas e fortalecimento da luta antirracista e
feminina. Trocas que trarão resultados, não somente para os territórios do Norte e
Nordeste, como para todo o país.

“Nosso objetivo com este projeto é o fortalecimento do samba produzido na Amazônia com uma conexão histórica com a Bahia. Queremos unir a história de mulheres negras que vivem da arte ancestral do samba e das culturas populares, expandindo o conhecimento sobre a musicalidade entre os dois estados. Nesta ponte, há um diálogo direto entre essa cultura ancestral e um futuro feito por mulheres negras”, explica Ruth.

A conexão Pará-Bahia pretende, ainda, proporcionar a troca cultural entre Ruth Costa e
Mestras e Mestres da cultura popular baianos, além de grupos femininos de percussão,
como o projeto Didá, em Salvador, e grupos e instituições culturais do Recôncavo.

Da Bahia para o Pará – Sobre Ruth Costa

Como contrapartida do projeto, a artista Ruth Costa irá realizar, em Belém, uma Mostra
Audiovisual, na qual irá compartilhar a experiência vivida em solo baiano por meio de
encontros em três territórios periféricos da capital paraense.

Envolvida com o canto desde os cinco anos de idade, Ruth Costa é mulher negra, lésbica,
cantora, produtora cultural e ativista negra, que vem fomentando o samba na Amazônia
Paraense desde 2019. É reconhecida por sua voz marcante e por ser um dos ícones da nova
geração do samba no Pará. Em seu trabalho na divulgação e fortalecimento do gênero e da
cultura do gênero musical na região, Ruth já produziu e idealizou rodas de samba
protagonizadas por mulheres, como o Ki Roda, Quintal das Bruxas e o Sapasamba, roda
comandada por artistas lésbicas e bissexuais.

Integrou a programação do maior carnaval do Pará, o “Circuito Mangueirosa”, em 2023 e
2024, cantando em blocos liderados por mulheres. É reconhecida por usar sua arte como
forma de resistência política, e por isso recebeu a comenda, diploma e medalha “Mérito
Cultural e Patrimônio de Belém – Mestre Verequete” (2021), concedida a pessoas que se
destacaram como incentivadores das artes, cultura e do patrimônio cultural e histórico no
município de Belém. Outra honraria recebida pela artista foi a comenda “Anastácia Livre”
(2025), que premia mulheres negras de destaque nos espaços de poder. Seu clipe “Sou
mulher preta” foi indicado ao Prêmio Amazônia de Música, premiação que reconhece
artistas da região e incentiva o lançamento de novos produtos musicais nas plataformas
digitais.

Programação

Ruth Costa estará em Salvador a partir do dia 18 de janeiro, quando fará visitas a espaços de
samba em Salvador, vivências com as artistas convidadas do projeto, com as quais fará
gravações em estúdio, a grupos femininos percussivos na cidade e em outros municípios, e
show musical no Pelourinho, concluindo o projeto.

“Salvador foi recentemente reconhecida como Capital Afro, e é também onde nós mulheres
negras reconhecemos nossas ancestralidades de quem vive no Brasil. São tambores que se
assimilam, são quilombos que mantêm sua história e cultura. Por isso a escolhemos para
este intercâmbio cultural-musical. A mistura de sons tem influência diaspórica, onde o
tambor e toda uma percussão giram ao entorno de uma ancestralidade que envolve os
territórios do Pará e Bahia. É de grande valia que mulheres destes territórios se encontrem
para fortalecimento da produção cultural no Brasil”, conclui Ruth.

Serviço

Visita a espaços de samba em Salvador, gravações com artistas convidadas, visitas a grupos
percussivos femininos de Salvador e municípios baianos – a partir de 18 de janeiro/2025.
Show Samba da Ruth – Ruth convida Ganhadeiras de Itapuã e Ayrá Soares
Quando: 26 de janeiro (domingo), 17h
Local: Largo Quincas Berro D’água – Pelourinho/Salvador
Entrada: gratuito

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