Artes
Emoção e reverência marcam primeira edição do Festival Osun Bahia em Salvador!

Repleto de simbolismos e reverências, quem acompanhou toda a programação da primeira edição do Festival Osun Bahia na capital baiana não teve como não se emocionar em algum momento. Criado na Nigéria e presente há oito anos no Rio de Janeiro, Salvador não tinha como ficar de fora de algo tão especial para o povo de santo, sobretudo filhos e filhas de Osun e também de outros Orisas. Durante a manhã de ontem (27), o Terreiro Abassá de Ogun, em Itapuã, abriu os festejos com um café caprichado aos presentes, em paralelo à cerimônia de entrega das moções aos homenageados. A mesa foi formada pela Iyalode Rosângela D’Yewa (Rio de Janeiro), a Iyalorixá Jaciara Ribeiro (Bahia) e o ator, apresentador e Mogba do Ile Ase Opo Aganju, Érico Brás. Depois, dezenas de pessoas seguiram em cortejo pelas ruas do bairro até à Lagoa do Abaeté para oferecer presentes às águas de Osun. “Esse evento não é só uma homenagem, é uma união”, declarou Iyalode Rosângela D’Yewa.
Como o objetivo de conscientizar sobre a importância das Iyalorisas e o seu papel como mulher, “quando uma Iyalorisa está erguida, todas as mulheres estão erguidas”, refletiu a Iyalorisa Jaciara Ribeiro. A honraria continuou em um palco montado na praça principal do parque metropolitano, e contou com representações políticas, como a Secretária de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Fabya Reis, e a presidente da Associação das Baianas de Acarajé (ABAM), Rita Santos. As Ganhadeiras de Itapuã e o Bloco Afro Bankoma foram as atrações culturais do evento. Um almoço de confraternização foi servido com comida baiana, e logo após foi aberta a roda de conversa sobre Ecologia, Racismo Religioso e Empreendedorismo. Érico Brás abordou o tema ‘Eu me aceito. E você?’, discorrendo sobre a importância em se aceitar, assim como aceitar as suas tradições para o fortalecimento da cultura afrodescendente. “A gente precisa se apropriar do que é nosso”, afirmou o artista.
Dividindo o diálogo, a psicóloga e Iakekerê, Maria da Penha da Costa Machado falou sobre como é formada a autoestima e a sua importância para o combate ao racismo, ao lado da pedagoga e Dofona de Xangô do Terreiro Abatalandê, Jamile Kianda. Para encerrar o bate-papo, a cantora Matilde Charles soltou a voz, animando o público. O grande ato de encerramento desta primeira edição ficou por conta do ritual feito em homenagem à Mãe Gilda em frente ao seu busto, no qual cânticos pela paz e pela vida foram entoados pelas mães e pais de santo. A Feira Ya Lagbara ficou exposta durante o sábado (26) e também o domingo, integrando toda a atividade. Mais de 20 expositores mostraram toda a sua arte e cultura por meio de artesanato indígena, turbantes, tiaras, bolsas, camisas e blusas em tecidos africanos, além de comidas típicas e acessórios. “A sensação que eu tenho é de missão cumprida. Precisamos entender nosso papel na sociedade enquanto pessoa de religião. Não se olha a religião de matriz africana como pilar e ela também é pilar da sociedade”, concluiu Érico Brás.
O evento contou com o apoio do Koinonia, Secretaria de Promoção da Igualdade (Sepromi) e Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese).
Artes
Pinacoteca do Beiru inicia temporada com programação gratuita a partir de maio

A Pinacoteca do Beiru, espaço de arte e memória localizado no bairro de Tancredo Neves, inicia em maio sua programação de atividades para o ano de 2025. Cursos de canto, teatro, pintura e graffiti estão entre as primeiras ações oferecidas, com inscrições abertas até esta sexta-feira (25).
Com uma proposta gratuita e contínua, a Pinacoteca segue sua missão de aproximar a arte da comunidade periférica soteropolitana, promovendo formação, fruição e encontros culturais. As atividades são voltadas principalmente para adolescentes e jovens a partir de 12 anos, e conduzidas por profissionais com trajetória consolidada em suas áreas.

Foto: Clara Pessoa
Os primeiros cursos do ano são:
Canto e Teoria Musical, com Marcos William
Início: 06 de maio | Terças e quintas, das 9h às 12h | A partir de 12 anosGrafite e Pintura, com Márcio MFR
Início: 10 de maio | Sábados, das 9h às 12h | A partir de 12 anosTeatro “Ará Izô”, com Nando Zâmbia
Início: 16 de maio | Sextas, das 14h às 17h | A partir de 14 anos
Além dos cursos, a programação de 2025 inclui exibições do Cinematografinho no Beiru com sessões mensais de junho a dezembro, rodas de conversa em parceria com o Coletivo de Mulheres do Calafate, saraus e encontros voltados à formação de leitores. O ano será encerrado com um grande evento em um equipamento cultural fora da Pinacoteca.
Outro destaque é a realização do Pinacoteca do Beiru Festival de Artes Visuais – Ano II, que retoma o evento de estreia do espaço com ainda mais artistas, exposições e atividades. A proposta é fortalecer as artes visuais na comunidade e fomentar o protagonismo artístico local.
Criada em 2021 pelo artista visual Anderson AC, em parceria com a produtora cultural Juliana Freire, a Pinacoteca do Beiru também avança em seu processo de estruturação institucional como museu, alinhando-se a práticas museológicas contemporâneas e reforçando seu papel na valorização da memória das periferias de Salvador.
SERVIÇO
O quê: Programação 2025 – Oficinas da Pinacoteca do Beiru
Inscrições até: 25 de abril de 2025
Formulário: Clique aqui para se inscrever
Local: Rua Irmã Dulce, 1E – Beiru/Tancredo Neves, Salvador (Referência: Início da Estrada das Barreiras, quase em frente à Curva da Vida)
Instagram: @pinacotecadobeiru
E-mail: pinacotecadobeiru@gmail.com
Artes
Artista soteropolitana Eva de Souza tem obra imortalizada na Suíça com bordado político “Zamambaia”

A artista Eva de Souza, nascida em Salvador, acaba de conquistar um marco histórico em sua trajetória artística: sua obra têxtil “Zamambaia: a testemunha silenciosa” passa a integrar o arquivo público Cantonale, em Berna, na Suíça. A escolha se deu por meio de um processo de seleção rigoroso que visa preservar obras de relevância para as futuras gerações.
Radicada na Suíça há mais de 30 anos, Eva é suíço-brasileira, mas leva com orgulho suas raízes soteropolitanas, que marcam profundamente sua produção artística. Atriz, ativista e artista plástica, ela utiliza o bordado político como ferramenta de denúncia e elaboração artística, transformando linhas e tecidos em poderosos manifestos visuais.

Foto: Divulgação
A obra “Zamambaia” é um tributo à resistência diante das violências cotidianas, especialmente contra corpos negros e femininos. Com forte inspiração nas dores da humanidade, o bordado denuncia o racismo estrutural e a violência de Estado, ao mesmo tempo em que exalta a natureza como testemunha e força vital.
“Esse é o meu protesto contra as desumanidades, o esquecimento e o abandono. Zamambaia ilustra o racismo estrutural e a violência contra a mulher negra que perdura por gerações. A cada linha, um traço de pensamento e a construção de um desenho de ativismo”, afirma Eva.
Com formação em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Eva também é mestre em Gestão Cultural pela Universidade de Basel, em Berlim, e tem especialização em Mediação e Conflito pela Universidade de Berna. Sua trajetória começou nos palcos e galerias de Salvador, expandindo-se para exposições na Alemanha, Suíça e outros países europeus.

Foto: Divulgação
A artista celebra o reconhecimento internacional como um passo simbólico para as vozes e narrativas vindas da diáspora.
“Me orgulho por representar o Brasil na Europa com trabalhos que contribuem para um cenário artístico plural e diverso. Agora, me consolidei não apenas como uma artista suíço-brasileira, mas como uma artista imortal”, destaca.
Para conhecer mais sobre o trabalho de Eva de Souza, acesse seu portal oficial ou siga o perfil @evadesouzabluewin.ch nas redes sociais.
Artes
Artista cabo-verdiana Daja Do Rosário promove oficina gratuita sobre corpo e memória

Salvador recebe entre os dias 10 e 18 de maio, a artista visual cabo-verdiana Daja Do Rosário para uma série de atividades que unem arte, ancestralidade e ecologia. A oficina principal, com o nome “Corpo – Indumentária / Transe”, será gratuita e tem vagas limitadas, acontecerá nos dias 14 e 15, das 14h às 17h, na Casa do Benin e no Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC_BA).
O projeto propõe uma vivência colaborativa que combina práticas ancestrais com arte contemporânea. Os participantes serão convidados a criar esculturas-indumentárias a partir de fibras vegetais, como a ráfia, explorando o corpo, a memória e os gestos como forma de escuta e reverência à ancestralidade africana.
A experiência é destinada a artistas afrodescendentes que atuam em diferentes linguagens: artes visuais, arte têxtil, dança, performance, literatura, música, práticas de cura, escultura, saberes culturais e educação. As inscrições são feitas exclusivamente online, através do FORMULÁRIO.
Resultado da experiência coletiva
Durante a imersão, 15 participantes em cada instituição desenvolverão peças únicas, simbólicas e pessoais, que ao final serão reunidas em uma grande escultura coletiva — um “corpo-fractal” que preserva as individualidades e promove um campo comum de diálogo e pertencimento. Além da inscrição, os participantes são incentivados a levar fibras e tecidos naturais que possam ser incorporados à criação.
Sobre Daja do Rosário
Daja Do Rosário é uma artista visual cabo-verdiana que utiliza sua obra para afirmar sua identidade como mulher afrodescendente. Crescida no sul da França, distante de suas raízes culturais, ela transforma sua trajetória pessoal em uma narrativa coletiva sobre as diásporas africanas. Através de autorretratos e esculturas com materiais reaproveitados — como ráfia, sacos, búzios e tecidos —, Daja combina tradição e contemporaneidade, criando composições que recontam histórias apagadas da África e reivindicam uma identidade plural, ancestral e politizada.

Foto: Divulgação
SERVIÇO:
O que: Oficina “Corpo – Indumentária / Transe”, com Daja do Rosário
Quando: 14 e 15, das 14h às 17h;
Onde: Casa do Benin e no Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC_BA);
Valor: Gratuito;
Inscrições: através do FORMULÁRIO.