Literatura
#PoesiaSoteropreta – Rosana Paulo e sua ppesia-sentimento! Por Valdeck Almeida

Rosana Moreira Silva Paulo usava inicialmente o nome artístico Rosa Flor, depois assumiu Rosana Paulo. Começou escrever poesia em janeiro de 2005, depois de uma viagem a Ilhéus,onde um acontecimento lhe causou espanto e fez conhecer mais sobre si mesma e a vida.Os temas da escrita? “Minha poesia fala sobre o universo feminino, situações do cotidiano, sentimentos, memórias e vivências”.
A intenção com a poesia Rosa Paulo lista: “Ler, escrever, recitar, escutar poesia. Levar poesia onde ela me levar”. E a poesia tem levado a poeta a lugares que nunca esperou chegar.“A poesia para mim é um fim em si mesma. Mas quando vou recitar nas escolas e vejo a aceitação e a reação positiva dos alunos e escuto as poesias que eles escrevem, percebo como a poesia é transformadora e libertadora. Acredito muito na educação através da arte”.
Poesia para Rosana Paulo é sentimento. Ela necessita sentir para escrever. E no processo criativo a poesia cura as dores da alma de Rosana. No exercício de escrever, ela explora a ambiguidade humana, o bem e o mal, o feio e o belo…de forma a questionar padrões estabelecidos, tanto estéticos quanto morais, de forma a quebrar esses conceitos engessados e limitadores, e muitas vezes carregados de preconceitos.
Mas Rosana não se limita a escrever poemas. Ela circula pela cidade, nos encontros de escritores, saraus de poesia e em atividades decontação de história. Aliás, este foi o começo de tudo na arte para Rosana: “para mim,e mais recentemente a palhaçaria, com Voinha, tem feito a diferença pra mim e para as pessoas onde circulo”, diz Rosana Paulo. Ela frequenta escolas, abrigos, hospitais, onde quer que se encontre pessoas necessitando de uma boa história, afetividade e carinho, Rosana, digo, Voinha, a personagem, chega e faz a festa.
A poesia de Rosana vem de longe, apesar de ter iniciado na escrita recentemente. “Tive pai e mãe amorosos e participativos na minha criação e educação, que sempre priorizaram e incentivaram que eu estudasse. Minha mãe me levava a bibliotecas, meu pai comprava os livros que eu queria e revistinhas semanalmente (a revista Recreio me inspirou quando comecei a trabalhar com crianças). E foi com meus filhos que comecei a contar histórias e resgatar as brincadeiras, cantigas e criatividade da minha infância.Meu marido me apoia para que eu faça arte. A família é o alicerce. Família para mim é amor e independe se formada da maneira tradicional ou não”.
Publicou o livro solo Vênus ao espelho, 2013, Editoração CEPA.Participa da Antologia Poética do Trabalhador da Indústria(SESI),2009; da Antologia Fala Escritor(Editora Livrus), 2012; da Antologia do XIV Concurso SESI de Poesia(SESI), 2012; da Cogito Antologia Poética-Volume II(Cogito Editora), 2015; da Antologia Internacional do Poeta, 2015; do Dicionário de Escritores Contemporâneos da Bahia(CEPA), 2015; da Antologia Memórias(Agilite), 2016; da Antologia Mulher Poesia(Cogito Editora), 2016; do livro reportagem Antônimos-Narrativa de Vida e Arte, da jornalista Flávia Vasconcelos; da revista CartoGRAFIAS-Funceb, 2016; do livro Liberdade – Antologia Poética (Cogito Editora), 2017; da Antologia Outras Carolinas (Penalux), 2017.
Rosana por Rosana: poeta e contadora de histórias, é formada em Ciências Contabéis,pela Fundação Visconde Cayru, funcionária pública estadual, trabalha atualmente na Bahiater. Além de escrever, recita poemas autorais e de outros poetas. Participa de saraus poéticos,eventos de arte educação e palhaçaria em escolas, entidades assistenciais e culturais, bibliotecas e livrarias. Nasceu e reside em Salvador/BA. Artista premiada no X e XIII Concurso de Poesia SESI, 2008 e 2011. Integra as instituições culturais CEPA (Círculo de Estudo Pensamento e Ação), Projeto Fala Escritor, Oficina de História Cantada da Reciclagem com Poesia Música e Arte, a Confraria de Poetas e Artistas pela Paz(CAPPAZ) e Movimento Exploesia.
História de um cabelo
A censura
ruim
A traquinagem
soltá-lo
O castigo
pega, estica e puxa
depois prende
bem apertado
lágrimas soltas
Não brinque, menina!
O juízo
duro
A sentença
forjá-lo a ferro e fogo
até ficar bem lisinho
A chuva tornou-se inimiga
estação, só verão
mas o calor trazia suor
e vergonha
Não dance, moça!
O motivo
armado
Deflagarda
a guerra química
veio o ardor, a dor
a angústia, o choro
muitos fios
e ilusões perdidas
Não queira muito, mulher!
O conceito
rebelde
A solução…
Meu cabelo não tem problema!
O tratamento…
Meu cabelo não está doente!
Chegou o questionamento
e com ele a rebeldia
Chega!
Depois a atitude
cabelo crespo e livre
finalmente
a escolha é
minha!
Literatura
Academia de Letras da Bahia promove sarau literário de verão

A Academia de Letras da Bahia (ALB) vai receber poetas e o público em geral no Palacete Góes Calmon, durante o SARAU DAS ESTAÇÕES – NARRATIVAS DE VERÃO, dia 12 de fevereiro (quarta-feira), a partir das 17h. Aberta e gratuita, a programação contará com apresentações do poeta e performer Alex Simões; do grupo de Arte Popular A Pombagem; da poeta, slammer, cantora e compositora Lara Nunes; e da produtora cultural, poeta e atriz NegaFyah. Também vai ter microfone aberto para quem quiser mostrar sua poesia, música ou performance – para isso, é necessário se inscrever durante o evento.
O SARAU DAS ESTAÇÕES é resultado do I Edital de Mentoria da Academia de Letras da Bahia, lançado no ano passado, e pretende ocupar todas as estações do ano. A iniciativa é das bolsistas Bruna Pereira e Uyara Nayri, sob supervisão dos mentores Ordep Serra e Marcus Vinícius Rodrigues, presidente e vice-presidente da ALB, respectivamente. Elas também vão apresentar seus trabalhos artísticos.

Foto: Divulgação
“Considero o projeto de Mentoria da Academia de Letras da Bahia como fomentador e fortalecedor de conhecimentos artísticos, como também acredito que ele é o um marco fundamental na minha trajetória como artista baiana. Sob a orientação do professor Ordep Serra, tive a oportunidade de me aprofundar no processo de criação de um artigo científico intitulado ‘Entre a Poesia e a Periferia: Uma literatura de Poetry Slam na cidade de Salvador’, destaca a multiartista Uyara Nayri, premiada pela Fundação Cultural Palmares no Prêmio Luiz Melodia de Canções Afro Brasileiras, em 2023.
Segundo Bruna Pereira, contista e graduanda em Letras Vernáculas pela UFBA, “o SARAU DAS ESTAÇÕES busca criar um espaço aberto de expressão, onde poetas de diferentes contextos socioculturais possam apresentar suas poesias, dialogando diretamente com a comunidade local e promovendo um diálogo entre artistas, numa oportunidade de conhecer e revelar novas vozes poéticas na Bahia”. Bruna é pesquisadora em literatura periférica e hip-hop e curadora da Feira Literária de Cruz das Almas (Flicruz).

Foto: Divulgação
O evento é uma continuidade de práticas artísticas que vêm sendo realizadas na ALB e pela ALB, aponta Marcus Vinícius Rodrigues. “Em mais uma iniciativa voltada para o diálogo com a sociedade e, neste caso em especial, com os poetas de Salvador, nossa casa oferece um espaço acolhedor para que eles e elas possam compartilhar suas criações, se conectar e amplificar suas vozes”, garante o escritor e professor, responsável pela mentoria de Bruna Pereira.
Presidente da ALB, Ordep Serra reafirma a alegria por apresentar na instituição um sarau organizado por estudantes: “O programa de mentoria iniciado há pouco tempo está tendo excelentes resultados e o sarau vai mostrá-los. Estamos felizes por recepcionar os poetas baianos que foram convidados pelas nossas caríssimas alunas e jovens poetas Nayri e Bruna”.
Serviço
O quê: SARAU DAS ESTAÇÕES – NARRATIVAS DE VERÃO
Quando: 12 de fevereiro (quarta-feira), às 17h
Onde: Academia de Letras da Bahia – Av. Joana Angélica, 198, Nazaré
Público alvo: Poetas, escritores, ensaístas, artistas em geral, amantes da literatura
Quanto: Gratuito
Literatura
Sarau de Se7e reúne performances de música e poesia no CEAO

O Sarau de Se7e, encontro de artistas em torno da poesia, acontece nesta sexta-feira (31), às 19h, no Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO), no Dois de Julho, em Salvador. Idealizado pelo ator e escritor Ednaldo Muniz, o Sarau é inspirado no livro Sete passos de ameixa (Editora Reaja, 2022), de autoria de Ednaldo Muniz.
“O intuito do sarau é promover um espaço inclusivo para que poetas e artistas de diversas linguagens, de todas as idades, compartilhem suas histórias e vivências, além de apresentarem suas produções”, explica Ednaldo Muniz, integrante do Bando de Teatro Olodum.
Desta vez, os sete artistas convidados para o sarau são: Anne Heru, Duda Santhana, Giovane Sobrevivente, Poeta com P de Preto, NegaFyah, Jairo Pinto e Vera Lopes. O evento conta ainda com a presença da MC Tarry Cristina, como mestre de cerimônia, e a abertura ficará por conta da atriz Andreia Anjos, com a performance CURA.
Serviço
O quê: Sarau de Se7e
Quando: 31 de janeiro (sexta-feira), às 19h
Onde: Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (CEAO) – Praça Inocêncio Galvão, 42, Dois de Julho
Quanto: Gratuito
Informações: 71 98706‑1757 (Cilene Ribeiro)
Literatura
Bruna Silva lança seu primeiro livro “Èsù Walê – O Caminho de Volta”

A poeta, cantora e mobilizadora cultural Bruna Silva, mulher preta e lésbica lança seu primeiro livro autoral de poesias “Èsù Walê – O Caminho de Volta”, no próximo dia 13 de janeiro, às 19h, na Casa do Benin. A obra terá distribuição gratuita de exemplares e a noite de lançamento contará com uma roda de conversa com Bruna Silva, o poeta e comunicólogo Marcelo Ricardo, a pesquisadora literária Amanda Julieta e o poeta performer Nelson Maca. E ainda, um pocket-show com Samba de Lua.
A publicação, que já está disponível em audiobook e conta com a direção de voz de Reinan Acioly, traz escritos encruzilhados nas ruas da periferia, para falar de afeto, força e da ancestralidade.
Uma de suas poesias, escrita em parceria com o poeta Evanilson Alves, fala: “A palavra é nossa arma / Contra toda opressão / A poesia que não se cala / Dá voz a toda uma geração / (…) / Nosso fazer vai além do artístico / É conhecimento, exemplo e motivação / Que a poesia toque os corações / E na perifa gere transformação”.
“As minhas poesias nascem e se fundamentam nas encruzilhadas, das ocupações do meu corpo, nas batalhas de slam, das pessoas que estão no meu entorno. Por isso, elas ganham às ruas, pois esse é o tempo-espaço delas. As escritas surgem a partir dos caminhos que sou e ocupo. O livro vem para afirmar que a minha arte é possível estar nesses lugares. Èsù Walê representa esse caminho que me diz onde, como e por que devo estar. E, principalmente, de onde não quero sair”, declara a poeta, que completa 10 anos de criação artística.
Ela realça que o livro mostra “aos meus” que é possível falar sobre o que acreditamos. “Que a partir da nossa arte e poesia é possível encontrar e aproximar pessoas. Por isso, lanço este livro, em que através das poesias e poemas descrevo o caminho que refaço para encontrar o sagrado, de dizer a Exu que estou aqui”.
Para a jornalista Vânia Dias, que presenteia o livro com um lindíssimo prefácio, através das poesias “é possível ouvir gritos e sussurros. Medos e coragens de quem se sabe malabarista da arte da sobre(escre)vivência”. E, se preciso for, quebra a rima, escreve poemas e poesias livre de amarras e ou de regras. “Na velocidade do vento, a menina Silva escreve como se, nesse encontro de páginas nuas, vestisse de palavras os cenários das ruas”, descreve Vânia Dias.
“Èsù Walê – O Caminho de Volta é um megafone para falar sobre as várias faces e demandas que nós pretos e de periferia lidamos durante a vida.
Em sua escrita posfácio, a pesquisadora literária Amanda Julieta descreve que Bruna Silva traz em seu livro “Uma poesia dita em pretuguês, como pontua Lélia Gonzalez, essa língua de encruzilhada, marcada pela africanidade; uma poesia feita com caneta e papel, mas também de voz, gestos, gritos, sorrisos, olhares, silêncios; uma poesia para ser compartilhada coletivamente, como um quilombo de palavras onde tudo que se dá se recebe, seguindo o princípio da reciprocidade de Èsù.”
O livro, dividido em quatro capítulos com 26 poemas no total, conta com ilustrações assinadas pelo artista Lee 27. A capa exusíaca foi desenhada por Maria Clara Duarte. O projeto gráfico do livro é de Duda Rievrs e a revisão é do poeta-performer Alex Simões. A direção e coordenação do projeto são de Igor Tiago (seu irmão) e de Herley Nunes, respectivamente.
O livro “Èsù Walê – Caminho de Volta” foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. A Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar n° 195, de 8 de julho de 2022.
Serviço
O quê – lançamento do livro de poesias Èsù Walê – O Caminho de Volta, de Bruna Silva
Quando – 13 de janeiro de 2025, 19h
Onde – Casa do Benin
Entrada – Gratuita, com distribuição de exemplares
Mais informações – @brunasilvapoesia