Literatura
#SoteroPoesia – A poesia fora do comum de Emerson Bulcão! – Por Valdeck Almeida
Emerson Carvalho Bulcão Paixão ou simplesmente Emerson Bulcão, começou a escrever poemas em 2003 e as temáticas preferidas são a vida e o mundo, além de auto conhecimento. Para ele a poesia “é a forma de expressão mais sentimental que existe, mais suave, mais delicada; é a pura essência da sabedoria”.
Seus textos vão “além da coisa mais básica como abba, aabb, bbaa, baab”, diz Emerson. E completa: “não escrevo cordel, pois acho muito difícil e sou o tipo de poeta que escreve por uma inspiração interior; com isso, a minha intenção é transmitir ao leitor algo que esteja fora do comum”.
Mas ele não se restringe às palavras, gosta de se envolver também, com teatro e cinema. E a inspiração vem de sua observação atenta ao mundo. A família, seu refúgio, lhe dá motivações para escrever e atuar. Emerson explica: “a família é o laço mais fraterno que existe, não tem como não ter inspiração, família pra mim é amizade, lealdade, tudo aquilo que você encontra de bom nas pessoas”.
Seus textos já foram publicados num e-book e em alguns livretos que o próprio poeta distribui nos coletivos de transporte público de Salvador. Segundo o Emerson, foram cerca de 5 mil livrinhos até agora. Outra plataforma é um blog que não é atualizado faz tempo, onde Bulcão fala sobre a iniciativa de recitar poesias nos coletivos (ação poética no buzu). Na internet e nas redes sociais, o escritor também posta seus textos como forma de divulgação.
O poeta por ele mesmo: “sou um cara que sempre gostou de arte; comecei em uma oficina de poesia que aconteceu no colégio que estudava. Foi muito bom, pois conservo até hoje amizade dos oficineiros”. A escola comum não foi seu forte: “nunca fui muito de estudar no ensino médio, preferia correr atrás de manifestações estudantis. Fui até fundador e presidente de um grêmio estudantil no colégio polivalente do Cabula, onde tive as oficinas de poesia”,
O interesse pela escola voltou, “então concluí o ensino médio no colégio estadual Luís Eduardo Magalhães, no bairro onde eu morava. Estudando à noite e trabalhando ao dia, algo que não me deu muito conhecimento para enfrentar um vestibular ou Enem, mas, mesmo assim, anos depois, consegui entrar em uma faculdade, porém não concluí, estudei Pedagogia por 2 anos.” E a arte continuou a flertar com o poeta Emerson Bulcão: “certa vez fui convidado para atuar no curta metragem chamado Salomão, sem roteiro, no qual tive a oportunidade de me aprofundar na obra do poeta Waly Salomão”. E aí, descambou para a poesia: “desde 2013, quando abandonei meu último emprego, venho dedicando o meu tempo à arte de rua e oficinas que, vez em quando, aparecem pra fazer”.
Chamada de atrevida
Vou levando essa vida
Chamado de atrevida
Mas com amor no coração
Vou sem ermo e sem lamento
Enfrentando o sofrimento
Causado pelo mundo cão
O universo
Às vezes até tento entender
Vida atrevida: esse é meu jeito de ser
Tentando acordar, pois parece irreal
Tantas coisas estranhas
O homem causando o próprio mal
Mas mesmo assim
Por incrível que pareça
Levanto minha cabeça
Continuo e sigo em frente
Sorrindo, contente, amando toda a gente
Assim hoje e, quem sabe, eternamente
Literatura
Bruna Silva lança seu primeiro livro “Èsù Walê – O Caminho de Volta”
A poeta, cantora e mobilizadora cultural Bruna Silva, mulher preta e lésbica lança seu primeiro livro autoral de poesias “Èsù Walê – O Caminho de Volta”, no próximo dia 13 de janeiro, às 19h, na Casa do Benin. A obra terá distribuição gratuita de exemplares e a noite de lançamento contará com uma roda de conversa com Bruna Silva, o poeta e comunicólogo Marcelo Ricardo, a pesquisadora literária Amanda Julieta e o poeta performer Nelson Maca. E ainda, um pocket-show com Samba de Lua.
A publicação, que já está disponível em audiobook e conta com a direção de voz de Reinan Acioly, traz escritos encruzilhados nas ruas da periferia, para falar de afeto, força e da ancestralidade.
Uma de suas poesias, escrita em parceria com o poeta Evanilson Alves, fala: “A palavra é nossa arma / Contra toda opressão / A poesia que não se cala / Dá voz a toda uma geração / (…) / Nosso fazer vai além do artístico / É conhecimento, exemplo e motivação / Que a poesia toque os corações / E na perifa gere transformação”.
“As minhas poesias nascem e se fundamentam nas encruzilhadas, das ocupações do meu corpo, nas batalhas de slam, das pessoas que estão no meu entorno. Por isso, elas ganham às ruas, pois esse é o tempo-espaço delas. As escritas surgem a partir dos caminhos que sou e ocupo. O livro vem para afirmar que a minha arte é possível estar nesses lugares. Èsù Walê representa esse caminho que me diz onde, como e por que devo estar. E, principalmente, de onde não quero sair”, declara a poeta, que completa 10 anos de criação artística.
Ela realça que o livro mostra “aos meus” que é possível falar sobre o que acreditamos. “Que a partir da nossa arte e poesia é possível encontrar e aproximar pessoas. Por isso, lanço este livro, em que através das poesias e poemas descrevo o caminho que refaço para encontrar o sagrado, de dizer a Exu que estou aqui”.
Para a jornalista Vânia Dias, que presenteia o livro com um lindíssimo prefácio, através das poesias “é possível ouvir gritos e sussurros. Medos e coragens de quem se sabe malabarista da arte da sobre(escre)vivência”. E, se preciso for, quebra a rima, escreve poemas e poesias livre de amarras e ou de regras. “Na velocidade do vento, a menina Silva escreve como se, nesse encontro de páginas nuas, vestisse de palavras os cenários das ruas”, descreve Vânia Dias.
“Èsù Walê – O Caminho de Volta é um megafone para falar sobre as várias faces e demandas que nós pretos e de periferia lidamos durante a vida.
Em sua escrita posfácio, a pesquisadora literária Amanda Julieta descreve que Bruna Silva traz em seu livro “Uma poesia dita em pretuguês, como pontua Lélia Gonzalez, essa língua de encruzilhada, marcada pela africanidade; uma poesia feita com caneta e papel, mas também de voz, gestos, gritos, sorrisos, olhares, silêncios; uma poesia para ser compartilhada coletivamente, como um quilombo de palavras onde tudo que se dá se recebe, seguindo o princípio da reciprocidade de Èsù.”
O livro, dividido em quatro capítulos com 26 poemas no total, conta com ilustrações assinadas pelo artista Lee 27. A capa exusíaca foi desenhada por Maria Clara Duarte. O projeto gráfico do livro é de Duda Rievrs e a revisão é do poeta-performer Alex Simões. A direção e coordenação do projeto são de Igor Tiago (seu irmão) e de Herley Nunes, respectivamente.
O livro “Èsù Walê – Caminho de Volta” foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. A Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar n° 195, de 8 de julho de 2022.
Serviço
O quê – lançamento do livro de poesias Èsù Walê – O Caminho de Volta, de Bruna Silva
Quando – 13 de janeiro de 2025, 19h
Onde – Casa do Benin
Entrada – Gratuita, com distribuição de exemplares
Mais informações – @brunasilvapoesia
Literatura
Escritora Larissa Reis lança o livro ‘Dayó, Itapuã e os Contos’
Sobre Larissa Reis
Literatura
Anderson Shon recebe troféu HQMIX, o Oscar dos quadrinhos
“O troféu foi uma noite de celebração, diversidade, ocupação e resistência! Ainda não tenho palavras pra dizer o quanto estou feliz e realizado, mas elas virão”, completou Daniel Cesart.