Formação
Tem “Seminário Biopolíticas e Mulheres Negras: Práticas e Experiências contra o Racismo e o Sexismo” este mês!
O Ministério Público estadual realiza mais uma edição do “Seminário Biopolíticas e Mulheres Negras: Práticas e Experiências contra o Racismo e o Sexismo”, que acontece na próxima sexta-feira (24), das 9h às 12h e das 14h às 18h. O fórum de discussão é integrado por mulheres negras de diversas áreas do conhecimento que vão discutir e avaliar questões raciais e de gênero.
Coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação, a promotora de Justiça e coordenadora do evento, Lívia Vaz, explica a relevância do tema em um país como o Brasil, onde as mulheres negras são as maiores vítimas de todos os tipos de violência. “É preciso que haja um olhar especial, tanto por parte do poder público, quanto por parte da Justiça”, reforça.
Lívia Vaz lembra que o MP-BA possui uma promotoria específica para o combate ao racismo e à intolerância religiosa, a primeira dessa natureza no país, instituída em 1997, após um pleito de movimentos negro. Ela reitera que, além da missão constitucional de oferecer a denúncia nos casos de racismo, o promotor é também um agente importante no impulsionamento de políticas públicas sobre o tema.
“É por isso que o evento é realizado desde 2016, o MP realiza esse seminário com mulheres negras de todas as áreas do conhecimento, para que essa discussão no seu lugar de fala possa suscitar um debate mais esmerado, abrangendo toda essa diversidade”.
Debatedoras e programação
A Bahia é um estado com a maior população negra do Brasil e, portanto, a mesa de debate do Seminário terá representantes negras como: a criadora do Movimento Afropop Brasileiro, Margareth Menezes; da designer de moda autoral e professora do Departamento de Estudos de Gênero e Feminismo da Ufba, Carol Barreto; da jornalista e comentarista da GloboNews,Flávia Oliveira, da ex- Ministra das Mulheres, da Igualdade e dos Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes e da Mestra em Relações Étnico-Raciais, jornalista, empresária e fundadora e diretora executiva do Instituto Identidades do Brasil, Luana Genót. No encerramento haverá um bate-papo com a cantora Mariene de Castro.
Assuntos como estética negra, identidade e representação social, desigualdades de raça e gênero na esfera do trabalho, literatura negra pós-colonial, mulheres negras nos espaços de poder: experiências e novas epistemologias serão amplamente discutidos pelas debatedoras.
A idealizadora do projeto Lívia Vaz enfatiza ainda, “o Seminário que, nas edições anteriores reuniu centenas de pessoas no MP, em Nazaré, este ano vai ser diferente. Por conta da pandemia, o evento será transmitido ao vivo pela plataforma Microsoft Teams. Os interessados podem se inscrever no site do MP – www.mpba.com.br.
Formação
Escola Maria Felipa abre inscrições para “Decolônia de Férias”
A Escola Afro-brasileira Maria Felipa está com as inscrições abertas para o programa “Decolônia de Férias”, que vai de 6 a 10 de janeiro de 2025, com atividades culturais, brincadeiras afro-indígenas e oficinas de dança, capoeira, rimas e improvisos, aulas de história afrodiaspóricas, entre outras ações. Abraçando a diversidade, a proposta é para todas as crianças, tanto alunos como a criançada de fora, proporcionando um momento para que pais possam conhecer a instituição de ensino. As atividades irão ocorrer nas instalações da própria Escola Afro-brasileira Maria Felipa, localizada na Rua Comendador José Alves Ferreira, n°60, no Garcia, em Salvador.
Os pais interessados podem inscrever a criançada por dia através do perfil do Instagram @escolamariafelipa e o valor da diária (9h às 15h30) é de R$150, com direito às atividades e almoço. O primeiro dia de atividades, em 6 de janeiro, terá pela manhã o “Teatro com histórias afro-encantadoras”, com a obra ‘’Lua e a Magia dos Ventos’’. Pela tarde, terá a vivência “Histórias e oficinas de bonecas Abayomi”.
Na manhã do dia 7 de janeiro, ocorre a “Ciranda do brincar com brincadeiras africanas e indígenas”. Pela tarde, será a vez da oficina “Histórias afro-encantadoras com a mitologia de Iemanjá”, com direito a banho de mangueira e piscina. Já no dia 8 de janeiro, pela manhã, ocorre a Oficina de Dança Afro-brasileira com a pró Val Ribeiro.
Na quinta-feira, 9 de janeiro, pela manhã, será realizada a Oficina de Circularidade Ancestral | Oxumaré – Movimento e transformação, uma linda viagem ao reino Daomé. Pela tarde, as crianças participam de uma Oficina de Reciclagem Artística, para a produção do Império Ashanti e o reinado de Yaa Asantewaa. O último dia de Decolônia de Férias, 10 de janeiro, inicia pela manhã com a Oficina de Rimas e Improvisos, com o professor Gabriel Bispo, pela manhã.
Neste mesmo dia, pela tarde, numa gira ancestral, a Decolônia de Férias encerra com a Vivência de Capoeira, com o professor Negrete. A prática fará uma imersão nas histórias de Mestre Pastinha, responsável pela difusão da Capoeira Angola, e o Mestre Moa do Katendê, compositor, percussionista, artesão, educador e mestre de capoeira de Angola da Bahia, que dá nome a Lei que obriga as instituições de ensino do Estado a inclusão de aulas de capoeira no currículo, prática realizada na Escola Afro-brasileira Maria Felipa desde sua criação em 2019.
Sobre a Escola Afro-brasileira Maria Felipa
Localizada em Salvador, a Escola – que está também com as matrículas abertas para o ano letivo de 2025 – tem uma política pedagógica de ensino antirracista, afroafetiva e que valoriza as culturas africanas e indígenas. A idealizadora, Bárbara Carine (vencedora do Prêmio Jabuti, pelo livro “Como ser um educador antirracista”), explica que a instituição faz um resgate aos conhecimentos ancestrais, com o objetivo de combater o eurocentrismo e a colonialidade do ser, do poder e do saber, inovando a educação com uma metodologia decolonial e afrocentrada.
Ao se comprometer com a valorização da herança africana e indígena na sociedade brasileira, a Escola Afro-brasileira Maria Felipa se enquadra nas leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que torna obrigatório o Ensino das histórias e culturas afro-indígenas. “Diretamente, estamos nos comprometendo a combater um problema social, que é o racismo. A Maria Felipa é uma escola para todes – crianças pretas, indígenas, brancas, entre outras. Abraçamos a diversidade dos corpos”, descreve Maju Passos, sócia da Maria Felipa.
A instituição oferece uma educação infantil de ensino fundamental 1 e trilíngue (português, inglês e libras). Dentro da sua metodologia, a Escola desenvolve ainda uma série de atividades didática-pedagógicas afroreferenciadas, como “Afrotech – Feira de Ciência Africana e Afrodiáspórica”, “Mariscada – Mostra artístico-cultural decolonial”, “Formatura no Quilombo”, “Decolônia de Férias” (ações durante o período de férias escolares), “Festival artístico educacional Avante Maria Felipa”, entre outros.
Programação
06/01 – Segunda-feira
– Teatro com histórias afro-encantadora, ‘’Lua e a Magia dos Ventos’’
– Oficinas de bonecos com material reciclável (com a Diretora Cris)
– Oficina de bonecas Abayomi com contação de histórias
07/01 – Terça-feira
– Brincadeiras africanas e indígenas
– Histórias afro-encantadora com a mitologia de Iemanjá.
– Banho de mangueira e piscina
08/01 – Quarta-feira
– Oficina de dança (com a Prof. Val Ribeiro)
09/01 – Quinta-feira
– Oficina de circularidade ancestral: Oxumaré – Movimento e transformação: Uma linda viagem no tempo ao antigo e potente reino Daomé
– Oficina e produção do Império Ashanti e o reinado de Yaa Asantewaa a partir de material reciclável
10/01 – Sexta-feira
– Oficina de rimas e improvisos (com Prof. Gabriel Bispo)
– Oficina de Capoeira (com Prof. Negrete)
Serviço
O quê: Decolônia de Férias na Escola Maria Felipa
Quando: De 6/01/25 a 10/01/25, das 9h às 15h30
Onde: Rua Comendador José Alves Ferreira, 60 – Garcia
Investimento: R$150,00/diária
Formação
Silvestre Associação Cultural abre seleção para Técnica Silvestre
Está aberta a seleção para o estudo da Técnica Silvestre: técnica, composição e prática, um projeto de iniciativa da Silvestre Associação Cultural e idealização de Rosangela Silvestre. A solicitação pode ser enviada até o próximo domingo (15), via e-mail: teoriacomposicaosilvestre@gmail.com. O resultado sai até o dia 20 de dezembro de 2024. As vagas são limitadas e o público alvo é a comunidade de Salvador, ou seja, brasileiros soteropolitanos. As aulas são gratuitas.
A Técnica Silvestre é uma técnica de dança contemporânea em constante evolução com o objetivo de condicionar o bailarino através do treino físico e expressivo – independentemente do nível ou experiência anterior. Em 1982, Rosangela Silvestre iniciou os primeiros estágios de desenvolvimento da Técnica Silvestre, que ao longo do tempo evoluiu para uma série de exercícios – “conversas com o corpo” – trabalhando para preparar corpo, mente e espírito para a dança.
Uma série de composições musicais são criadas a partir da conversa entre o corpo e a orquestração de diversos instrumentos musicais, como: bateria, saxofone, flauta, piano, voz, eletrônica, violão, etc., a música do corpo, e a maioria importante o “silêncio” que nos conecta a todos. A Técnica Silvestre traz para o treinamento de dança uma conexão com o corpo físico e sua conexão com o Universo, que Silvestre chama de “Universo Corporal”. O Universo Corporal é simbolizado por três triângulos formados no corpo.
Sobre a Silvestre Associação Cultural
Uma associação que objetiva desenvolver e apoiar projetos nas áreas sociais, educacionais, culturais, artísticas, científicas, ambiental e cidadania, tendo a arte como ferramenta de ação e de integração do público diverso, considerando a hierarquia e cronologia de famílias groups e comunidades, respeitando os costumes e tradições. Integração que se estende a povos e culturas do mundo evidenciando pontos de convergências que quebram barreiras e propagam criatividade em ações humanitárias abrangentes. Mais informações no link.
Serviço
O quê: Seleção para o estudo da Técnica Silvestre
Inscrições: Até 15 de dezembro de 2024 (domingo)
Como: Envio de e-mail para teoriacomposicaosilvestre@gmail.com
Quanto: Gratuito
Vagas limitadas
Formação
Em Cajazeiras, projeto Escrevivências Afro-Baianas reafirma potencial literário de jovens
Em sua segunda edição, o projeto “Escrevivências Afro-Baianas” deixa claro que não existem limites literários para narrativas antirracistas para além da crença religiosa, orientação sexual ou classe social. Nascido no bairro de Cajazeiras, em Salvador, mais especificamente no Colégio Estadual Edvaldo Brandão Correia (CEEB), o projeto é idealizado pelas professoras Jucy Silva, Hilma Cerqueira e Liliane Vasconcelos, integrando o Projeto Pedagógico da unidade, e é criado como base para uma educação antirracista voltada para a diversidade. O “Escrevivências Afro-Baianas” nasceu durante a pandemia da Covid-19, em 2020, quando a gestão escolar estava em regime de sistema remoto.
A partir das aulas de Língua Portuguesa e Inglesa, percebeu-se que os estudantes estavam escrevendo muito durante o processo pandêmico. Diante disso, com o auxílio para bolsistas PIBID da Universidade Católica do Salvador (UCSAL), foram criadas oficinas de leitura e escrita. Em 2021, baseadas nessa experiência, as professoras escreveram um projeto de fomento à leitura e à escrita para os estudantes, submetendo-o ao Edital Jorge Conceição, por meio da Secretaria de Educação do Estado da Bahia. Em 2024, este edital é renomeado como Edital Makota Valdina.
“O projeto instituiu a leitura de livros como, por exemplo, ” Olhos D’água”, da escritora mineira Conceição Evaristo, que criou o conceito de “escrevivências” que defendemos em nossas atividades durante a execução anual do projeto”, afirmou a professora Jucy Silva.
Após a execução pioneira do projeto, levando os estudantes para equipamentos culturais como museus e feiras literárias, o projeto Escrevivências Afro-Baianas foi contemplado novamente no edital, em vigência. Nessa trajetória de sucesso no fomento à literatura e escrita, foi concebido o primeiro livro resultado da iniciativa, homônimo ao projeto, em 2023. Na obra, 22 jovens do CEEB têm textos publicados, contando com o apoio da Editora Dikebrada, que auxiliou quanto à organização e ilustração do designer Tássio Vasconcelos, ambos do bairro de Cajazeiras.
Com o sucesso do livro, a segunda edição (prevista para lançar em março de 2025) já segue ampliada, com a escrita de 32 jovens, previsto para ser lançado ainda no final deste ano de 2024. Participam do projeto estudantes das três séries do Ensino Médio do CEEB, numa faixa etária de 15 a 17 anos, sendo que alguns deles já estudam em Universidades públicas e privadas da Bahia.
Alessandra Cruz é uma delas. Moradora do bairro de Nova Brasília e atualmente cursando o 7º semestre de Letras Vernáculas da UCSAL, foi partindo desse lugar, estudante de escola pública, bolsista pós ENEM, aprovada no Programa Institucional de Iniciação à Docência – PIBID, que ela conheceu o projeto “Escrevivências Afro-Baianas”. Aqui ela passou a integrar o grupo de pessoas que fazem parte do núcleo de atividades antirracistas.
“Eu e mais duas colegas de docência criamos um projeto aqui dentro das vivências do “Escrevivências”, no CEEB, com base no livro “Angola Janga”, do escritor Marcelo D’ Salete, um romance ilustrado que conta a história do Quilombo dos Palmares. O livro foi apresentado durante o Encontro Nacional de Licenciaturas (ENALIC), no qual nosso artigo foi aprovado e publicado, tomando como base também a correlação da rotina diária no bairro de Cajazeiras em 2023”, conta Alessandra.
As alunas Emili, Judi e Evelin Fernanda também fazem parte do projeto desde a sua construção, ainda na pandemia, e reafirmam que mesmo com a finalização do Ensino Médio, o projeto Escrevivências deixou aprendizado para a vida toda. O que vale, segundo elas, tanto na perspectiva de futuro como escritoras, como nas vivências em equipamentos culturais como feiras literárias, museus e salas de cinema em Salvador.
“A sensação de empatia com as meninas que são daqui do projeto Escrevivências e já publicaram seus textos na primeira edição do livro me deixa animada e eufórica. É aquela sensação de que eu também posso escrever, eu consigo”, afirmou Judi, aluna cristã, negra e moradora de Cajazeiras IV, que completou sua fala dizendo: “A partir do Escrevivências Afro-Baianas, consegui romper com a ilusão de que Jesus era um homem branco e consegui escrever sobre afetos, e sobre o amor sem desmerecer ninguém. Meu desejo é que as pessoas possam se sentir acolhidas com as narrativas de amor através do texto”, disse.
“Assim como na primeira edição do livro, em 2023, minha expectativa em 2024 é que seja incrível. Fomos despertadas para questões raciais, femininas e agora estou em contato com a natureza e com o cotidiano, quero escrever mais sobre isso. Não só ficar no poema, quero escrever histórias”, vibrou a já escritora infantojuvenil, Evelin Fernanda.
Para Emili, a perspectiva é focar em coisas para além da natureza e do cotidiano de uma jovem em Salvador. A narrativa dela nessa segunda edição está voltada para assuntos internos dos sentimentos humanos na rotina diária corrida na cidade. “A poesia trata muito de aspectos exteriores, mas também é importante tratar dos desafios dos sentimentos que não são ditos publicamente”, enfatiza.
Parcerias & Intercâmbios
A fotógrafa premiada Amanda Tropicana, nascida no Rio de Janeiro, mas moradora na Bahia há 20 anos, tem atuação com culturas afro-brasileiras, e está executando o projeto “Foto – Diáspora” no Colégio. Um projeto de pesquisa fotográfica sobre os intercâmbios culturais entre a Bahia e os continentes africanos.
Recém chegada de Moçambique, a fotógrafa escolheu o Colégio Estadual Edvaldo Brandão para pôr o intercâmbio do projeto em prática, uma vez que já tem uma relação com as idealizadoras do Escrevivências. Temas como “Quem somos” e “Para onde desejamos ir” são alguns dos aspectos explorados pelas Oficinas e Rodas de Conversa do Projeto Escrevivências Afro-Baianas em 2024.
“Acredito no poder da Escola como um lugar de potencializar cada jovem que passa pelo CEEB. Não tinha como falar sobre História, Cultura Afro sem vir aqui, até pra que cada estudante possa também idealizar e seguir esse projeto que estou realizando”, explica Amanda.
“São muitas parcerias que vimos construindo aqui no CEEB a partir do Escrevivências, como por exemplo, a presença da Rainha do Congo em nossa unidade escolar, com a parceria do Afoxé Filhos do Congo, com o Instituto Odara, a Flipelô, a Festa Literária Arte e Identidade, a Festa Literária de Cajazeiras – Flicaj. Isso oxigena e dá voz aos jovens que fazem parte do nosso projeto desde 2020”, diz a professora Hilma Cerqueira.
O Edital Makota Valdina foi criado para selecionar e premiar projetos escolares da rede estadual de ensino que demonstrem mérito, eficácia e sucesso na valorização da história e da cultura africana, afro-brasileira e indígena. É realizado em parceria entre a Secretaria Estadual da Educação (SEC) e a de Promoção da Igualdade Racial (SEPROMI). Todas as unidades escolares pertencentes aos 27 Núcleos Territoriais de Educação da Bahia podem se inscrever.
Tem interesse em acessar a primeira edição do livro? Clique AQUI.
Texto de Patrícia Bernardes Sousa, jornalista colaboradora do Portal Soteropreta, redatora e integrante de projetos de impacto social, letramento, educação e cultura.
Fotos: Patrícia Bernardes Sousa