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Literatura

Sarau do Jaca aproxima todo mundo num abraço poético!

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A Juventude Ativista de Cajazeiras, ou o JACA, atua nas Cajazeiras há muito tempo e reúne um time de artistas que revolucionam o fazer artístico, estimula os debates políticos e funciona como uma usina de ideias, bate-papos e catalisadora de talentos de toda sorte. O bairro de Cajazeiras engloba vários outros bairros, e é, também, onde se originou o Quilombo do Orubu e as lutas por liberdade, lideradas pela guerreira Zeferina.

 

É desse território afro diaspórico que nos fala o cientista social Marcos Paulo, um dos responsáveis pelo JACA, e nos conta que “o coletivo foi fundado em 2004 por um grupo que se reuniu em Águas Claras: Samil, Ruro, Viviane Caldas, Ângelo Uzeda (Ducéu), Yuri Feitosa e Charles (Hawer), para lutar por direitos e fundar uma associação de bairro. A partir de 2005 Marcos Paulo, Cairo Costa e Marivaldo Gomes, o Vado, entraram para o grupo Juventude Ativista de Cajazeiras – JACA. Através de Yuri tomamos vários cursos, dentre eles o de mobilização social no Liceu de Artes e Ofícios, depois “Leitura e Novas Mídias”, na UFBA, em 2006”.

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Marcos Paulo

 

A partir de 2009, após vários saraus organizados na praça, os jovens decidiram aproximar o público do espaço que ganharam, um galpão, onde atua com reciclagem de equipamentos eletrônicos, sarau, palestras, debates, rodas de conversa, teatro, música etc. No local conhecido como “Fábrica do Bairro”, a juventude cajazeirense se junta para fazer arte, o que possibilitaria menos dispersão e mais foco em debates e formações. As noites de sábado são sempre repletas de rimas, acordes, apresentações de teatro, shows com artistas de rap, reggae, e todas as formas expressão artística.

O sarau se mantém com renda dos próprios associados, proporciona visibilidade e reconhecimento para as atividades do grupo e para os artistas locais. O desafio maior é a falta de investimento para dinamizar o espaço e os eventos, como reparos no prédio, lanche, limpeza etc.

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Riilton Jr. Foto Dayse Cardoso

 

Rilton Junior, 24 anos, o Poeta com P de Preto, revela que conheceu o Sarau do Jaca no final de 2014 para 2015, através do Resistência Poética, grupo do qual ele faz parte. “Foi aquele movimento que a gente se identifica de primeira, um movimento artístico-cultural e periférico, localizado na comunidade de Cajazeiras, onde vivi dez anos de minha infância”, conta. E foi natural, fluída, a ligação dele com o Jaca, pois “é um espaço onde a gente tem liberdade para se expressar das diversas formas possíveis, seja recitando, cantando, dançando ou externando um pensamento político, crítico, que necessitamos, como juventude preta, enquanto juventude quilombola, marginalizada, criminalizada, esquecida e abandonada, necessita de um espaço seguro, onde a gente se sinta acolhido, e onde, ao mesmo tempo, a gente possa se expressar, onde não nos sentimos reprimidos, e sim, potencializados dentro desta sociedade racista”.

Luz Marques

Luz Marques, 30 anos, atriz e poeta, conheceu o Jaca através de uma amiga que lhe chamou para ir para Cajazeiras… “Eu disse, o que, rapaz, onde é Cajazeiras?”. Isso foi em 2018, e desde então, foi paixão. “Me apaixonei pelo grupo, pelo espaço. Tem muita coisa que gosto no Jaca, porque é muito verde, é muito natureza; eu gosto do Jaca, porque a comunidade nomeou um mestre de capoeira, e esse mestre de capoeira é reverenciado dentro do grupo. Isso me traz uma referência familiar, isso me faz me sentir muito bem”, conta a poeta. E enumera: “Quando entro naquele espaço tem uma preta velha acima dos meus olhos, abençoando o meu ori, e isso me traz paz”. Sobre o sarau, Luz Marques pontua: “O Sarau, ele é feito sem egos, os microfones estão, de verdade, abertos. As pessoas têm direito de se anunciar, de desabafar, de repetir, de fazer música, de fazer discurso, de se expressar. Então, eu entendo que, além de ser um espaço político, é um espaço onde você trabalha a sua saúde emocional; onde você consegue se expressar diante de uma sociedade que te silencia tantas vezes, o tempo inteiro”. E deseja a poeta “Vida longa ao Jaca, vida longa a Cajazeiras, e que a poesia possa ser revolucionária”.

 

Gilmara Silva, 33 anos, escritora, poeta e Mestranda em Serviço Social – PPGSS/UFBA, revela uma relação profunda com o coletivo. “Minha relação de amor e afeto com o JACA começou no ano de 2010, através da caminhada insurgente no Curso Popular de Pré-vestibular Quilombo do Orobu, localizado no bairro de Cajazeiras 5. Aquele foi um ano importante de abertura de caminhos, portas e janelas de autoafirmação da minha negritude, elevação da autoestima e constituição de uma formação política atravessada de ancestralidade, espiritualidade, dentre outros aspectos subjetivos. São dois espaços impossíveis de serem rememorados sem vinculação porque um complementa o outro no contexto da minha relação de respeito e carinho com o JACA. Para exemplificar como vejo o JACA, trago uma paródia de minha autoria em homenagem a este lugar potente, fortalecedor, de relevância sociocultural sem igual.”

 

Paródia: Homenagem ao JACA

O JACA é lugar de resistência

De muita ternura, alegria e vivência

Nesse espaço só tem gente atrevida

Com mentes pensantes e muito aguerridos

O JACA é o lugar ideal

Pra fortalecer uma ideia visceral

A opressão aqui não tem espaço

Se ela chegar a gente faz esculacho

É espaço público

Pra quem quer falar

No sarau do JACA você pode expressar

Angústias e dores

Ideias, sabores e se Aquilombar

Eu já sei

Porque que eu me sinto assim tão a vontade

A valorização aqui é de verdade

Que quando você chega nem quer mais se sair

Sou mulher

E minha negritude aqui tem identidade

O JACA reforçou Poder e Liberdade

Entrou em minha vida

E não vai mais sair

Outubro/2019

O Jaca não anda só. Além da legião de artistas que circulam no ambiente, ainda tem os/as parceiros/as do coletivo: várias universidades como UFBA, UNEB, IFBA dentre algumas particulares que se propuseram a fortalecer. Além disso, o Jaca tem parcerias com instituições de educação como o Colégio Edvaldo Brandão Correia, Eduardo Baiana, Luís Fernando Macedo Costa, dentre outros.

 

Também tem parceria com a Biblioteca Zeferina Beirú, Casa do Sol, Viva a Vida, CIEG, Funceb, Fundação Gregório de Mattos e Casa Amarela. Os braços do JACA chegam longe, e abraçam toda a cidade do Salvador, numa corrente de afetos que contagia. Conheça o trampo dessa juventude!

 

Texto de Valdeck Almeida

Literatura

Livro “Ilê Aiyê: a fábrica do mundo afro” será lançado segunda (9)

Ana Paula Nobre

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Ilê Aiyê
Foto: Divulgação

O livro “Ilê Aiyê: a fábrica do mundo afro”, do antropólogo francês Michel Agier, será lançado na próxima segunda-feira (9), com a presença do autor. Participam da roda de conversa Antônio Carlos Vovô, Arany Santana, a diretora do Centro de Estudos Afro-Orientais Jamile Borges e a antropóloga Maria Rosário Gonçalves de Carvalho, que assina o texto de orelha da obra. O encontro será na sede do Ilê Aiyê, no Curuzu, às 19h, onde o público poderá comprar o livro e ter um recorte da história do Mais Belo dos Belos em sua prateleira. Haverá uma apresentação da Band’Aiyê no final da conversa.

Com mais de três décadas de familiaridade com o Ilê, Michel Agier, professor da École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris, dedicou anos de pesquisa para entregar com riqueza de detalhes, dados e informações um arquivo sobre a trajetória do bloco que, em 2024, chega ao seu cinquentenário. Em homenagem ao legado de todos aqueles que fizeram parte deste marco, o resultado foi o livro “Ilê Aiyê: a fábrica do mundo afro”.

“O que eu quero transmitir enquanto francês e antropólogo é que a importância do Ilê vai além do local, é uma importância cultural e política. O Ilê Aiyê teve um papel fundamental sobre o olhar que se tem sobre o povo negro, inclusive colocando em pauta a luta contra o racismo e a valorização de uma história própria de referência aos afrodescendentes não só da Bahia, mas do mundo todo. Recompus o dia a dia da preparação do primeiro carnaval desde o primeiro folheto de 1974, um arquivo histórico muito importante de um pequeno evento de jovens negros que brincavam no carnaval com essa ideia de África na Bahia e que se tornou referência tanto local quanto internacional”, comenta Michel.

Para colher entrevistas, relatos de vida de alguns membros e de mulheres associadas do bloco, o autor fez muitas idas e vindas à Bahia. Agier, que já desenvolveu no Brasil pesquisas sobre relações raciais e dinâmicas culturais afro, focou especial atenção nos ritos carnavalescos e no bloco Ilê Aiyê a partir dos anos 90. No decorrer das páginas, o autor analisa as condições que deram origem e viabilidade ao movimento, situando-as no contexto dos debates sobre raça, cultura e modernidade no país, ao mesmo tempo em que acompanha de perto os cinquenta anos de existência do bloco afro.

No final de 1974, um grupo de jovens de Salvador distribui pelas ruas o panfleto de um novo bloco carnavalesco, com uma foto de três negros numa rua de Lagos, na Nigéria, e os dizeres “Nós somos os africanos na Bahia”. Surgia assim o Ilê Aiyê: mais do que um bloco de carnaval, um movimento cultural e social que seria responsável não só pela reinvenção do carnaval da Bahia, mas por lançar um novo olhar sobre as relações raciais no Brasil. É assim que nasce então a investigação antropológica sobre os múltiplos significados dessa frase e desse carnaval que deslocavam tanto o imaginário do que era a África como do que era então a cidade de Salvador.

Enriquecido pelas reflexões de Antonio Sérgio Alfredo Guimarães, no posfácio, e 35 fotografias de Milton Guran — elas próprias um documento antropológico de excepcional qualidade estética —, o produto final é um livro vivíssimo, que diz respeito não apenas à cultura afro-baiana, mas interroga também o devir de outras culturas diaspóricas ao redor do globo.

SERVIÇO

Lançamento do livro “Ilê Aiyê: a fábrica do mundo afro”

Data: 9 de setembro (segunda-feira)

Horário: 19h

Local: Sede do Ilê Aiyê – Curuzu, Salvador-BA

Valor do livro: R$72,00 (176 páginas)

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Literatura

Midiã Noelle lança obra sobre Comunicação Antirracista pela Editora Planeta

Ana Paula Nobre

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Midiã Noelle
Foto: Divulgação

Previsto para o primeiro trimestre de 2025, a obra inédita sobre comunicação antirracista da jornalista, Midiã Noelle Santana, será lançada pela renomada Editora Planeta Brasil, que firmou contrato com a escritora esse mês. Sua trajetória notável na mídia dentro do campo da comunicação antirracista tem sido amplamente reconhecida, levando-a a ser incluída na lista Bantumen das 100 pessoas mais influentes dos países lusófonos.

A comunicadora, que é mestra em Cultura pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e mestranda em Políticas Públicas pela Fundação Getúlio Vargas, é idealizadora do Instituto Commbne, que pauta comunicação, inovação, raça e etnia. Entre seus feitos, recentemente, criou o prêmio Jacira da Silva, para premiar mídias negras, em parceria com o Instituto Afrolatinas.

“Nos meus 16 anos como jornalista, aprendi muito sobre como a comunicação é fundamental para garantir dignidade às vidas das pessoas. Foram muitos os caminhos percorridos: jornal impresso, Nações Unidas/ONU, movimento social, sobretudo negro e feminista negro, e governo. Neste que será o meu primeiro de muitos filhos como escritora, irei reunir esses aprendizados, percepções e estratégias de uma forma inédita e amorosa”, destaca a jornalista.

Sobre a escritora

Midiã é uma mulher negra soteropolitana, criada em bairros periféricos de Salvador, como Liberdade e Paripe, no subúrbio da capital. Foi uma das criadoras da editoria Correio Afro no Jornal Correio, na Bahia, onde ainda apresentou o programa “Conexões Negras” entre 2020 e 2022, entrevistando figuras proeminentes nas questões raciais do Brasil, como a escritora Djamila Ribeiro e a apresentadora Rita Batista.

Atualmente, Midiã é consultora da UNESCO e está à frente da elaboração do Plano Nacional de Comunicação Antirracista na administração pública, para o governo federal. Com passagens por diversas agências das Nações Unidas, como UNFPA e PNUD, ela realiza formações especializadas em comunicação antirracista desde 2019, atendendo empresas públicas, privadas, o terceiro setor e a sociedade civil. Como fundadora do Instituto Commbne, promove a conexão e ampliação das vozes de comunicadores da diáspora africana.

Sobre a Editora

A Editora Planeta Brasil, fundada em 2003, é parte do Grupo Planeta, um dos maiores conglomerados editoriais do mundo, com sede em Barcelona. Com nove selos editoriais, a editora já publicou mais de 1.500 livros, além de enciclopédias, como a Barsa no Brasil. O Grupo Planeta possui filiais em várias cidades brasileiras, incluindo São Paulo e Curitiba.

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Literatura

Festa Literária de Vilas do Atlântico acontece neste sábado (31)

Ana Paula Nobre

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Felipe Fonseca - Foto: Divulgação

A primeira edição da FLIVILLAS – Festa Literária de Vilas do Atlântico e Região, reúne literatura, arte e cultura, dia 31 de agosto (sábado), no Shopping Villas Boulevard, no centro do bairro, localizado em Lauro de Freitas (BA). A programação conta com lançamentos e exposições de livros, Corredor Literário com presença de autores de Lauro de Freitas e outros municípios da Bahia, contação de histórias no Palco Kids para crianças, sessão de autógrafos, apresentações de grupos de dança, ato cênico, poesia e música.

Alê Nereu e Felipe Fonseca – Foto: Divulgação

“A Flivillas será um evento de muita riqueza literária e artística. Já temos confirmadas a participação de mais de 30 escritores e artistas de Lauro de Freitas, que apresentarão obras e histórias diversas, pra todas as pessoas e públicos, de crianças a idosos”, declara Felipe Fonseca, jornalista e escritor, que juntamente com a pedagoga e escritora, Alê Nereu, são responsáveis pela curadoria e realização da Flivillas.

Espaço: Palco Principal (Entrada do Shopping)

31/08 – Sábado / 9h às 19h

Atividades:

9h às 9h30 – Cantora Drica Neves

9h40 às 10h – Bate-papo com Carolina Miranda

10h às 10h20 – Bate-papo com Alexandre Carneiro/Poeticus Eternus

10h20 às 10h40 – Bate-papo com Lutero Maurício Lições de um Velho Boiadeiro

10h40 às 11h00 – Bate-papo com Flávia Côrtes

11h às 11h30 – Arte Terapia – Grupo Movdance

11h30 às 12h – Maria Jatobá no Espetáculo O Jantar

12h – Intervalo Almoço

14h às 14h20 – Bate-papo com Marina Teixeira

14h20 às 14h40 – Jandarilhando com Jandaíra

14h40 às 15h – Bate-papo com Maraia Vieira – Livro “TPM: Tu Podes, Mulher!”

15h às 15h20 – Bate-papo com Alexandre Araújo com o livro Apenas um passo

15h30 às 15h50 – Bate-papo com Larissa Reis com obra Dançando com as Estações

16h às 16h20 – Bate-papo com Yara Fers. Com o Livro “O peito perfurado da terra”

16h30 às 16h50 – Bate-papo com Flávia Côrtes

16h50 às 17h10 – Gonçalo Jorge – Livro Contratações Públicas e Desenvolvimento Sustentável

17h10 às 17h40 – Vamos de Poesia? com Anderson Shon

17h40 às 18h – Grupo Cia de Teatro ÊBA! em Gritos da Poesia com autores diversos

18h às 19h – Cantora Elaine Paranhos

Espaço: Palco Kids (parte interna do shopping)

31/08 – Sábado / 9h às 19h

Atividades:

9h – Cora Coralina com Alê Nereu

10h às 10h30 – Contação de história com Denise Bela

10h30 às 11h – Contação de história com Nadja Nunes e Emile Lima

11h30 às 12h – Contação de história com Maria Lídia

12h – Intervalo Almoço

14h às 14h30 – Cora Coralina com Alê Nereu

14h30 às 15h – LIVRE

15h às 15h30 – Bate-papo com João Guilherme

15h30 às 16h – Apresentação da Adalgisa Rolim Academia de Dança e San Marcos Cia de Dança

16h às 16h30 – Bate-papo com Luca Gonzalez

16h30 às 17h – Contação de história Vovó Lúcia

17h às 17h30 – Contação de história Palmira Heine

Serviço
O que: 1ª Festa Literária de Vilas do Atlântico – Flivillas
Quando: 31 de agosto (sábado), das 9h às 19h
Onde: Shopping Villas Boulevard – Vilas do Atlântico – Lauro de Freitas (BA)
Instagram: https://www.instagram.com/flivillas

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