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#Racismo – Assistente social Cintia Oliveira fala sobre racismo na Bahia!


Cintia Oliveira
De acordo com o último levantamento do IBGE, a Bahia tem 11,9 milhões de negros, o que representa 80,2% da população. Apesar dos números, o crime de racismo ainda é bastante praticado no estado. Em Salvador, 2,3 milhões de habitantes ou 79,2% da população também se declararam negros. Embora a população negra seja maioria na Bahia e em Salvador, a discriminação racial continua sendo uma triste realidade no estado e na capital baiana.
A luta pela igualdade racial vem sendo travada há muitos séculos, e se intensificou nas últimas décadas. Mesmo assim, todos os dias alguém que é engajado nos movimentos sociais enfatiza que brancos e negros não ocupam a mesma posição na sociedade e que as diferenças de classe também são marcadas pela cor da pele. A ascensão social, portanto, é um caminho muito mais longo para as pessoas negras.
Para a assistente social e especialista em Trabalho Social frente à Comunidade e Família Contemporânea, Cintia Oliveira, o racismo deve ser combatido diariamente. A especialista aponta algumas opções para que esta luta não seja apenas no dia 20 de novembro.
“Precisamos de duas compreensões. Primeiro, entender que o combate à discriminação racial não foi, não é e jamais será uma responsabilidade apenas dos negros. É uma luta de todo cidadão e todas as instituições. Porque o racismo produz malefícios e danos para toda nação. Segundo, devemos ter disposição e determinação de passar o racismo a limpo. O assunto tem de ser conhecido, debatido e combatido. Apenas com o conhecimento das consequências do racismo poderemos construir uma sociedade livre. É assim que cumpriremos o objetivo constitucional de uma pátria livre, justa, plural e diversa, em que a dignidade da pessoa seja respeitada pelo Estado e por todos os brasileiros. Sem isso, continuaremos na utopia de que é possível caminhar sozinho quando a vida exige que estejamos sempre juntos. Sem isso, continuaremos em uma sociedade imperfeita que não produzirá justiça, pacificidade e coesão social” declara Cíntia Oliveira.
Desde a Constituição de 1988, o combate ao racismo vem avançando no Brasil. O próprio texto constitucional deu o primeiro passo quando considerou o racismo crime inafiançável. De lá para cá, outras iniciativas e políticas foram surgindo e se consolidando, em grande parte como resultado da luta do movimento negro. Bons exemplos são o sistema de cotas nas universidades públicas e a criação do Dia Nacional da Consciência Negra, instituído em 2011 e comemorado todo dia 20 de novembro.
Mas muito ainda resta a ser feito. O preconceito e a desigualdade social são enfrentados todos os dias pela população negra. E, em função da questão cultural do racismo, as mudanças e transformações acontecem partindo inicialmente de cada indivíduo.
“Sempre morei no Engenho Velho de Brotas, bairro que teve como origem um engenho de escravos. Com muita luta de meus pais, sempre estudei em escola religiosa que era dita para pessoas brancas. Com isso, eu vivia em dois mundos paralelos e talvez por isso eu não compreendesse tantas coisas. Na faculdade, com o serviço social, me assumi e compreendi meu lugar enquanto mulher negra; passei a me livrar dos padrões impostos pela sociedade e passei a usar Black. Resgatei minha história e minha origem e passei a compreender a real história dos negros no Brasil e conhecer os fatores que levam a pessoa negra a não se aceitar como negra”, concluiu Cintia Oliveira.
Com o avanço na luta contra a discriminação racial, a população baiana pode denunciar a prática de racismo no Ministério Público, Defensoria Pública ou Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela. Além disso, as denúncias podem ser feitas pelo telefone (71) 3117-7448, de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h, e também das 14h às 18h.
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Processo Seletivo para Oficina “Axé nas Redes” abre inscrições

Estão abertas as inscrições para o Processo Seletivo para Oficina “Axé nas Redes”, iniciativa de formação audiovisual voltada para jovens pertencentes aos povos e comunidades tradicionais de terreiro e de matriz africana. Serão selecionados (as) 30 jovens com idades entre 18 e 29 anos, residentes nas cinco regiões do Brasil (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul) e a oficina será realizada em formato on-line, com encontros virtuais síncronos e carga horária total 40 horas.
Promovido pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), por intermédio da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Extensão (FAPEX), em parceria com o Ministério da Igualdade Racial (MIR), as inscrições são gratuitas e devem ser feitas, exclusivamente, por meio de plataforma oficial do projeto até o dia 26 de março de 2025.
O processo seletivo será constituído de preenchimento de formulário de inscrição, análise documental e análise de vídeo de apresentação. São oferecidas 6 (seis) vagas para cada uma das 5 (cinco) regiões brasileiras. Cada participante receberá um auxílio de R$ 600,00 para fins de custeio de acesso à internet, dividido em três parcelas, a serem pagas ao longo da realização do percurso formativo. É essencial a comprovação de vínculo com povos e comunidades tradicionais de terreiro e de matriz africana, mediante apresentação de declaração assinada pela liderança responsável.
A Oficina Axé nas Redes integra o Projeto “Encruza: fortalecimento e valorização das comunidades quilombolas, povos de terreiro e ciganos” como iniciativa de ampliação das Políticas Afirmativas desempenhadas pelo Ministério da Igualdade Racial, através da Diretoria de Políticas para Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana e de Terreiros (DPTMAT) da Secretaria de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos (SQPT).
Executadas a Oficina Mulheres de Axé e a Semana da Infância de Terreiro, intitulada OMO AYO – AMO AXÉ, e tendo realizado o lançamento do edital para o Prêmio Nacional de Afroliteratura Infantojuvenil “Erê Dendê”, a Oficina Axé nas Redes se soma ao calendário de ampliação de ações que assegurem os direitos, a valorização cultural e o fortalecimento das identidades dos povos e comunidades tradicionais do Brasil. Para mais informações: www.axenasredes.com.br.
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Projeto Cordel 2.0: Periferia e Inteligência Artificial abre inscrições

O Cordel 2.0, que une a tradição da Literatura de Cordel à inovação tecnológica da Inteligência Artificial (IA), vai promover oficinas criativas e cursos voltados à escrita e produção literária. O projeto integra as raízes da cultura popular com os avanços tecnológicos. A Inteligência Artificial será utilizada como ferramenta de criação e expressão artística, incentivando a experimentação e a inovação sem perder de vista o valor imaterial do cordel.
O objetivo é democratizar o acesso à cultura digital e fortalecer a identidade cultural das comunidades periféricas. Apresentado pelo Instituto Cultural Vale através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, sendo selecionado no Edital Rouanet nas Favelas 2024, a iniciativa acontece na Península de Itapagipe, no Espaço Cultural Alagados, no Uruguai, tornando Salvador o centro de uma criativa proposta cultural.
De março a maio de 2025, o projeto desenvolverá sua primeira Jornada Criativa, culminando na produção de um ebook coletivo, que reunirá histórias e poesias inspiradas nas narrativas sociais e na riqueza cultural da periferia. O lançamento da coletânea será acompanhado de eventos culturais, como saraus, palestras e apresentações musicais, celebrando a fusão entre tradição e tecnologia.
Apoio cultural e impacto social
O Cordel 2.0 é apresentado pelo Instituto Cultural Vale, através da Lei de Incentivo Fiscal – Lei n° 8.313/1991 (Lei Rouanet), por meio do Programa Rouanet nas Favelas 2024, realizado em parceria com Ministério da Cultura (MinC) e Governo Federal do Brasil.
Mais do que um projeto cultural, essa iniciativa representa um movimento de empoderamento comunitário e desenvolvimento sustentável, oferecendo à juventude e aos adultos da periferia ferramentas para narrar suas próprias histórias e fortalecer suas identidades por meio da arte do Cordel.
Programação e participação
O projeto contará com duas etapas de oficinas abertas à comunidade, abordando temas como métodos de escrita criativa, introdução ao cordel e à IA generativa, oralidade e contação de histórias. Além disso, o projeto inclui um Sarau de Cordel, com apresentações de autores locais e renomados da cena cultural baiana, e o lançamento do ebook coletivo.
As inscrições estão abertas para jovens e adultos interessados, sem necessidade de experiência prévia. Todas as atividades são gratuitas e acontecerão no Espaço Cultural Alagados.
Cordel 2.0: tradição e inovação caminhando juntas
Ao conectar a cultura nordestina à tecnologia, o Cordel 2.0 não apenas preserva a literatura de cordel, mas também a reinsere no mundo digital de forma inovadora e acessível. O projeto reafirma a potência criativa das periferias e mostra que a tecnologia pode ser uma aliada na valorização das narrativas populares.
Mais informações e inscrições no site www.cordel2pontozero.com ou presencialmente na secretaria do Espaço Cultural Alagados, na Rua Silvino Pereira, S/N – Praça do Uruguai, Salvador-BA. Instagram: @cordel2pontozero | Facebook: @Cordel2pontozero | E-mail: contato@cordel2pontozero.com.
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Projeto “TEMPO: Disseminação Cultural e Inclusão Social” será lançado

O “TEMPO: Disseminação Cultural e Inclusão Social no Teatro Vila Velha” é um projeto inédito de capacitação profissional e artística de jovens e adultos desenvolvido pelo Vila – centro de formação pioneiro no Brasil há mais de 60 anos -, em parceria com a Fundação Banco do Brasil. A celebração de lançamento do projeto acontece no dia 17 de março (segunda-feira), às 19h, no Museu de Arte da Bahia, junto à mostra do primeiro experimento cênico apresentado pelos 30 novos integrantes da universidade LIVRE do Teatro Vila Velha, programa de formação de atores e artistas.
A grande inovação do projeto é a interseção entre áreas importantes do teatro: projetos que eram executados de forma independente passam a atuar interativamente. Além disso, os participantes da universidade LIVRE receberão bolsas de incentivo que criam pontes entre o projeto e pessoas de diferentes realidades. O apoio financeiro favorece a participação continuada e promove a permanência de pessoas que, de outra forma, não teriam acesso à formação integral em artes.

Foto: Jean Teixeira
“A LIVRE é isso: aprender fazendo. Foi assim que me formei e formei muita gente no teatro. Arte se faz, e o artista se constrói a si mesmo. Nossa tarefa é apresentar as ferramentas necessárias e vários modos de utilizá-las, para que cada uma crie seu próprio método criativo, sua própria maneira de construir suas narrativas. É o que a LIVRE mostra: é preciso ter compromisso com o que precisamos dizer e criar formas de fazê-lo”, explica Marcio Meirelles, diretor artístico do Teatro Vila Velha.
As seletivas do projeto TEMPO foram realizadas entre os dias 18 de janeiro e 16 de fevereiro de 2025 em diversos pontos da cidade, com foco na mediação com as comunidades da Gamboa, Vila Brandão, Alagados, Centro Histórico e Centro. Foram oito turmas de pessoas que se inscreveram para participar das oficinas de seleção, reunindo 126 participantes (dos 214 inscritos) que puderam vivenciar o processo de seleção e mostrar as suas habilidades em atuação, expressão corporal, vocal, ritmo e musicalidade.
“Quero potencializar cada vez mais esse desejo de fazer arte. Transformando e me transformando e pensando junto qual arte a gente quer fazer, que história queremos contar… Então, acredito que o Vila Velha, com toda a história que tem, pode acrescentar muito para mim”, refletiu Joa Vieira, uma das participantes das seletivas.
O projeto TEMPO potencializa a dinâmica de preservação da memória do teatro no trânsito entre memória, presente e futuro, tendo como eixos de formação outras áreas, projetos e programas já consolidados no Vila, como a universidade LIVRE do teatro Vila Velha, o acervo Nós, Por Exemplo e o projeto Pé de Feijão.

Foto: Jean Teixeira
Para Kleytton Morais, presidente da Fundação Banco do Brasil, a parceria com o Teatro Vila Velha está alinhada com valores fundamentais para a nossa instituição, como a promoção da diversidade e da inclusão. “O projeto TEMPO vai oferecer acesso a públicos que muitas vezes encontram barreiras para participar da construção e vivência artística em nosso país. A Fundação BB se orgulha em fazer parte dessa iniciativa, que vai revelar novos talentos que contribuirão para o enriquecimento da cena cultural brasileira, além de impulsionar a carreira e a renda dessas pessoas”.
TEMPO (presente)
Nessa composição, a LIVRE dá a largada neste programa de formação, que se estende ao longo do ano de 2025, reunindo experiências em territórios específicos, como técnica, memória, comunicação e gestão, onde os integrantes passarão por oficinas e projetos práticos, para consolidar a produção de conhecimento. O programa intensivo tem uma carga horária de 1.000 horas. As atividades de aprendizado incluem a realização de experimentos abertos ao público, seguidos de debates para compartilhar a experiência dos participantes, a produção de um espetáculo teatral (no palco principal do Vila) e a realização de 30 visitas guiadas pelo teatro conduzidas pelos integrantes.
TEMPO (memória-futuro)
Através do eixo Acervo e Memória, O TEMPO se dedica ainda a preservar, organizar, higienizar, restaurar, digitalizar e indexar os milhares de documentos do acervo do Teatro Vila Velha, desenvolvendo sistemas de conservação e facilitando o acesso aos interessados. Será criado um espaço virtual em uma plataforma digital para disponibilizar o acervo além da fisicalidade e haverá divulgação através de correspondência direta a universidades, centros de pesquisa, escolas e cursos de artes cênicas, além de redes sociais e mídia geral.

Foto: Jean Teixeira
TEMPO (futuro)
A ação Pé de Feijão potencializa e inspira um futuro mais sensível e criativo através da experiência de formação artística para as infâncias. Criado e dirigido pela artista Cristina Castro, o Pé de Feijão – Arte e Educação promove um amplo trabalho de mediação cultural com foco na iniciação artística de crianças e adolescentes da rede pública de ensino, de comunidades e de instituições sociais, através do acesso gratuito a atividades culturais e educativas, unindo arte, sociedade, educação e ações de acessibilidade. O Pé de feijão cria e mantém uma programação com conteúdos artísticos relevantes e oferece uma programação contínua para esse público.
Para Cristina Castro, criadora, diretora e curadora do programa Pé de Feijão, a experiência artística vai além do entretenimento e atua como ferramenta de transformação social. “A arte é ferramenta de imensa capacidade transformadora para o empoderamento do ser humano. Experiências artísticas nos convidam a refletir sobre nossas próprias realidades, a expressar sentimentos, a desenvolver uma visão crítica do mundo, a estabelecer conexões entre experiências pessoais e questões universais da sociedade”, afirma. Com foco no público infantojuvenil, o Pé de Feijão promove encontros entre artistas, escolas e comunidades, garantindo o acesso à cultura e fortalecendo o senso de identidade e pertencimento dos participantes”.
O Teatro Vila Velha é mantido com recursos do Fundo de Cultura da Bahia, Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, através do Edital de Apoio a Ações Continuadas de Instituições Culturais. A reforma em curso no prédio do Vila está sendo realizada pela Prefeitura de Salvador. “Disseminação Cultural e Inclusão Social no Teatro Vila Velha”, projeto 21.792, tem a parceria da Fundação Banco do Brasil, e se destina a promover o acesso de comunidades vulneráveis à arte e à cultura a partir do Teatro Vila Velha. Mais informações no Instagram @teatrovilvelha e no site www.teatrovilavelha.com.br.
Serviço
O quê: Lançamento do Projeto TEMPO + Experimento Cênico 11.1 com a universidade LIVRE do teatro vila velha
Quando: Dia 17 de março (segunda-feira)
Horário: Às 19h
Onde: Museu de Arte da Bahia (Corredor da Vitória)