Teatro
Sulivã Bispo estreia versão virtual de solo teatral “Kaiala”
Em meio ao contexto pandêmico e no bojo da celebração dos 05 anos da estreia de seu primeiro solo, KAIALA, o ator Sulivã Bispo remonta a obra e faz temporada online, nos dias 25, 26 e 27 de fevereiro de 2021, às 20h, no canal do Na Rédea Curta (www.youtube.com/naredeacurta), web-série protagonizada pelo artista. Com acesso gratuito, após a exibição do espetáculo, o público poderá participar de um bate-papo, ao vivo, com ele e pessoas convidadas para refletir sobre o racismo e a intolerância religiosa: Onisajé (Ilê Axé Oyá L’adê Inan), Hanna (Terreiro Bate Folha) e Nildinha Fonseca. Estas ações integram o projeto Ngunzo Kaiala, selecionado no edital Prêmio das Artes Jorge Portugal – Premiação Lei Aldir Blanc Bahia 2020.
Gravado no Terreiro Bate Folha, Kaiala é a inspiração poética para contar a história de uma menina de 10 anos assassinada em uma invasão ao seu terreiro por um grupo de evangélicos. Entre realidade e ficção, a discute temas como racismo, intolerância religiosa e a morte sistemática de jovens negros no Brasil.
Em seu primeiro solo, Sulivã Bispo percorre a trajetória da menina de nome Kaiala (homônima ao inquice que é iniciada) a partir de três pontos de vista: o irmão de santo da garota, a avó consanguínea que também é sua ialorixá, e a evangélica que lidera a invasão do terreiro e é responsável pelo assassinato. Essas três visões auxiliam na construção do relato que é marcado por depoimentos e fragmentos de memórias das personagens (flashbacks), de modo que o público vai conhecendo um pouco da religião, do crime narrado e da resistência do povo negro.
A divindade Kaiala, que é um inquice do candomblé angola, com uma metáfora para lidar com temas como a intolerância, resistência, preconceito e genocídio do povo negro. Dentro da tradição bantu, Kaiala tem as águas como seu domínio. “Kaiala é um alerta do que não pode mais acontecer. É a grande força maternal, que cuida das cabeças e vem passar essa mensagem. Ela traz para a dramaturgia a visão de divindade de maneira muito bela e singela e faz um paralelo com esse momento tão triste que estamos vivendo de intolerância religiosa no país”, explica Sulivã
SERVIÇO
KAIALA – um solo de Sulivã Bispo (exibição de solo + bate-papo)
Quando: Dias 25, 26 e 27 de fevereiro de 2021, às 20h
Onde: canal do Na Rédea Curta (www.youtube.com/naredeacurta)
PARTICIPAÇÕES DOS BATE-PAPOS (pós-apresentação):
25/02 – Onisajé (Ilê Axé Oyá L’adê Inan)
26/02 – Hanna (terreiro Bate Folha)
27/02 – Nildinha Fonseca
Teatro
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Teatro
Fabíola Nansurê estreia solo premiado ‘Rosas Negras’ na Europa
A atriz Fabíola Nansurê realiza a estreia internacional do premiado espetáculo baiano “Rosas Negras”, durante temporada de apresentações e oficinas em Portugal, que acontece entre 25 de outubro e 3 de novembro. O projeto vai passar pelas cidades de Lisboa, Portimão, Loulé e Faro, com destaque para a participação no Festival “Brasil no Chapitô”, sendo o único representante baiano.
O projeto de internacionalização Rosas Negras é um marco na carreira da artista e reflete a força da cultura afro-brasileira, mostrando uma narrativa, intensa, provocativa e acolhedora acerca do cotidiano de mulheres negras. O espetáculo já circulou por diversos palcos do Brasil, como o Teatro Ruth de Souza (RJ) e Teatros de Salvador (BA) e São Paulo (SP). Sua última temporada aconteceu em terreiros de candomblé da Bahia, homenageando o espaço onde a peça nasceu, no terreiro e ponto de cultura Ilê Axé Oyá L’adê Inan, em Alagoinhas (BA).
A atriz ressalta que a internacionalização do espetáculo “Rosas Negras” representa mais do que a expansão geográfica de sua arte, é a concretização de um sonho e uma reafirmação de sua trajetória. O solo cênico, que nasceu em um terreiro de candomblé na Bahia, aborda as vivências de mulheres negras e a construção de suas identidades, promovendo um diálogo sobre autoestima, ancestralidade e resistência.
“Essa circulação é um voo alto, um passo importante para levar nossa arte, nossas histórias e nosso legado para o mundo”, afirma Fabíola Nansurê.
Segundo Ominjarê, produtor artístico do projeto, esse é um momento crucial na trajetória do espetáculo para dialogar com um público cada vez maior e diverso. “Estamos furando uma bolha de muitos anos, onde atrizes negras não tinham oportunidade de sair da Bahia, imagine se apresentar fora do país. Isso também é muito importante para o fortalecimento da cadeia teatral baiana. Vamos poder falar com pessoas de outros países que precisam conhecer as verdades que temos a dizer com esse trabalho, que há 7 anos movimentamos com diversas ações”.
O projeto não se limita apenas às apresentações, mas também integra atividades formativas, oficinas e diálogos com o público local, sobre os temas abordados no espetáculo, promovendo uma troca cultural enriquecedora entre os países ibéricos e os PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa). Para Guto Martins, diretor teatral brasileiro radicado em Portugal e um dos produtores do projeto em solo português, receber “Rosas Negras” é um marco significativo: “Para nós, imigrantes, aqui em Portugal, que trabalhamos com a cultura, é um presente imenso e uma honra receber um espetáculo que dialoga com o feminino e a negritude, como temas determinantes que carregam um lugar de reparação histórica e mensagem de alerta, força e amor”
Sobre o espetáculo
Trazendo uma atmosfera provocativa, intensa e ao mesmo tempo acolhedora, o espetáculo apresenta as dificuldades, lutas, vitórias e desafios presentes no cotidiano de mulheres negras, a partir da afirmação da sua autoestima. A intérprete-criadora, Fabíola Nansurê parte de sua pesquisa com mulheres negras de diferentes idades e áreas de atuação para a construção da narrativa que traz histórias de anônimas e famosas que se destacaram na luta contra o racismo e a violência contra a mulher. “A intenção vai além de se posicionar perante as dores da mulher preta, que são muitas, nós celebramos a sua existência e abrimos um canal de diálogo”, afirma Fabíola.
“Rosas Negras” tem dramaturgia de Onisajé, direção de Diana Ramos e direção musical de Jarbas Bittencourt. Foi premiado nas categorias de Melhor Espetáculo e Melhor Dramaturgia no 2° Festival de Teatro Online em Tempo Real do Rio de Janeiro em 2021, indicado ao Prêmio Braskem de Teatro na categoria “Espetáculo do Interior” no mesmo ano e ganhador do 1º Prêmio Pretas Potências.
O projeto tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.
Teatro
‘Dandara na Terra dos Palmares’ aborda racismo na Fliquinha
O espetáculo “Dandara na Terra dos Palmares” abriu, nesta sexta-feira (18), o segundo dia de atividades do Espaço Fliquinha, no auditório da UFRB, no Centro de Artes, Humanidades e Letras (Cahl), em Cachoeira, ao som dos aplausos e de um coro “Vem, Dandara!” de mais de 300 crianças, de 7 a 11 anos.
Sob olhares curiosos e atentos a cada diálogo e música cantada, as crianças acompanharam a história de uma garota de nome Dandara que sofre racismo na escola por conta do nome. O espetáculo infantojuvenil conta a jornada da menina, que ao beber um chá da avó, tem um encontro histórico com Dandara Guerreira.
Com uma abordagem criativa e divertida, e ao mesmo tempo profundo, passeando pela religiosidade, e exaltando a cultura negra de Salvador, o espetáculo envolveu crianças, adolescentes e professores que se divertiram muito com a performance do elenco formado por Denise Correia, Gilson Garcia, Leonardo Freitas, Diogo Lopes Filhos, Natalyne Santos e Iandra Góes.
De acordo com a atriz Denise Correia, que faz a Dandara histórica, a peça é uma obra antirracista que dialoga com crianças e adolescentes, e retrata o racismo estrutural, além de abordar o bullying sofrido nas escolas, de forma muito lúdica, com muita música e poesia.
“A partir daí, ela começa a ter uma retomada de consciência da sua história, da sua origem, do quanto o nome dela é bonito, do quanto a raiz ancestral, de toda a sua negritude é reconhecida através desse passeio que ela tem ao conhecer Dandara histórica”, explica a atriz.
Autor do texto que há dois está em cartaz e lota os teatros baianos, Antônio Marques revela que a montagem surgiu inicialmente como um texto adulto e que a adaptação para o público infantojuvenil foi inspirada na sua sobrinha Júlia, criança preta e que atualmente mora em Belo Horizonte. “Infelizmente ela vai passar por esse processo de preconceito, de racismo. Quando fiz o texto, pensei em Júlia, e em outras crianças que continuam passando por isso”.
O autor explica que o espetáculo é um rio que segue o seu curso livremente. “Nada foi pensado. E o curioso desse espetáculo também é o quanto ele atrai público adulto. Talvez porque quando éramos crianças não tínhamos essa representatividade. Não tínhamos atores negros fazendo personagens, contando a nossa história, e de uma forma bonita. A gente sempre está vendo o preto como empregado, como escravizado. Acho que esse é o grande barato do espetáculo, de a gente poder se ver em cena”, concluiu.
De criança pra criança – Ainda dentro da programação da Fliquinha, o público conheceu na manhã desta sexta-feira (18) o talento dos jovens autores Luiza Meireles, de 14 anos, e Rafael Andrade, 11 anos, que conversaram na roda literária “Cria Criança: autores desde a infância”, e que contou com mediação Juliana Medeiros.
Num bate-papo descontraído, os dois autores mirins revelaram como começaram a escrever, as influências e inspirações, apresentaram suas obras mais recentes e falaram da importância de participarem dos espaços literários como uma forma de divulgação dos seus trabalhos.
Autor do livro “Viagem pelos prédios históricos de Feira de Santana com Rafael”, Rafael Andrade contou que tudo começou quando tinha por volta dos 8 anos e leu um livro paradidático da cidade que mora. Naquela época, ele lembra que passeava muito com os pais de bicicleta e que os prédios históricos chamavam sua atenção.
Rafael, que também é o ilustrador, pontua que a publicação é uma oportunidade das pessoas conhecerem a história dos prédios, visitarem e reconhecerem o patrimônio histórico de Feira de Santana, lembrando que a cidade já foi distrito de Cachoeira.
“Esse é o meu primeiro livro, mas já estou pensando em fazer mais um, porém ainda é segredo. O que eu posso dizer é que será sobre Feira de Santana. Adoro passear pelo centro da cidade com meus pais e isso é minha maior inspiração”, revela.
Na sua terceira edição, Luiza Meireles celebrou a presença de duas crianças ocupando um espaço na literatura e nas grandes festas literárias. “Decidi começar a escrever em 2018, quando o namorado de minha avó me perguntou o que eu queria ser quando crescer. Aí ele me falou que eu não precisava crescer para ser uma escritora, que eu poderia ser uma escritora mirim”.
Seguindo o conselho, Luiza pegou um caderno, um lápis e começou a escrever a própria história. “A partir daí, escrevi meu primeiro livro e não parei mais. Hoje tenho cinco livros publicados. Escrevo para crianças e eu falo muito das diferenças nos meus livros, porque todo mundo é diferente.
Ao ser perguntada sobre influenciar outros a começar a escrever, ela foi taxativa: “Se você quer ser um escritor ou uma escritora, você tem que ler muito. porque ler ajuda a criar, a ter uma memória melhor, além de permitir que você vivencie situações diferentes. Então, eu acho que você tem que ser um leitor, tipo, você tem que ler sempre”.
FLICA – Na edição 2024 da FLICA, os principais espaços são a Tenda Paraguaçu, Fliquinha e Geração Flica, além da programação artística, dividida entre o Palco Raízes e o Palco dos Ritmos. Todos os espaços têm indicação etária livre e contam com acessibilidade, tradução em libras e audiodescrição. A curadoria da FLICA é formada por Calila das Mercês, Emília Nuñez, Deko Lipe e Linnoy Nonato. A Coordenação Geral é assinada por Vanessa Dantas, CEO da Fundação Hansen Bahia.
A 12ª FLICA é uma realização da Fundação Hansen Bahia (FHB), em parceria com a Prefeitura de Cachoeira, LDM (livraria oficial do evento), CNA NET (internet oficial do evento) e conta com o apoio da Bracell, ACELEN, Bahiagás, Governo do Estado da Bahia, através da Bahia Literária, ação da Fundação Pedro Calmon/Secretaria de Cultura e da Secretaria de Educação, Caixa e Governo.