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Grupo Mulheres de Axé do Brasil une religiosas do Candomblé no país e fora dele

Há sete anos, no dia 16 de março, religiosas do Candomblé no Recôncavo baiano criavam o Grupo Mulheres de Axé do Recôncavo, uma inciativa de união e ação em prol de mulheres de terreiros e suas comunidades. O objetivo principal era o acolhimento, o apoio e a formação destas mulheres, tendo em vista sua autonomia. À frente do Grupo está a Iyalaxé do Ilê Axé Obá Lajá, candomblé nagô em Muritiba, Juçara Lopes, que começou o movimento junto a quatro filhas da Casa.
Tudo começou com o projeto o Êre Obá (Crianças do Rei), no qual a ideia era oferecer reforço escolar, aula de capoeira, contação de histórias e toque de atabaques para os filhos das mulheres que tivessem que sair para trabalhar. Mas a demanda cresceu e passou a acolher crianças da comunidade. Já a ideia, chegou a todo território do Recôncavo, constituindo o Grupo que viria a realizar diversas atividades: encontros, feiras empreendedoras e de saúde, homenagens, cursos, audiências públicas – tudo com foco nas vivências das mulheres de Axé e suas necessidades.
“As Agbás (velhas) são nossa memória e biblioteca e repassam esse conhecimento conforme vão vendo, se as mais novas fazem por merecer. E eu acho que fiz, pois desde que as convidei para o grupo, aqui só floresce. Elas trouxeram a voz da experiência e tudo por aqui é referido no feminino porque trata-se de um matriarcado. Me ensinaram que “nossas saias têm poder”. Falam sobre o poder em usá-las, pois muita coisa só se aprende convivendo, ouvindo e fazendo o que elas mais sabem”, diz Juçara.
Com a ascensão do governo Bolsonaro, as mulheres decidiram ampliar o alcance do grupo pelo país, começando então o Mulheres de Axé do Brasil e realizando, em março de 2019, seu primeiro grande encontro, em Cachoeira. “Determinada em manter viva a memória dos ancestrais de Axé do Recôncavo, idealizei o projeto Casa das Mulheres de Axé, local onde se perpetuará saberes e fazeres ancestrais através de cursos de formação, promovendo em nossas mulheres autonomia e sustentabilidade”, conta a Iyalaxé.
Para fixar todo esse movimento, em março deste ano elas criaram a Casa das Mulheres de Axé na cidade de Cachoeira, espaço que abriga o projeto Bordando Ancestralidades, curso de formação em bordado rechilieu e corte costura, além de uma loja de economia solidária para escoamento da produção de empreendedoras negras do movimento e um memorial aos Ancestrais do Recôncavo, com peças, biografias, fotografias, objetos antigos, cozinha e copa para cursos e lazer e a sede administrativa do grupo nacional.
“Somos uma sociedade civil sem fins lucrativos, democrática, pluralista, antirracista e antissexista, que congrega mulheres de povos tradicionais de matrizes africanas e de terreiros dos mais diversos segmentos e estados, que lutam contra todas as formas de preconceitos, discriminações e desigualdades em suas múltiplas dimensões”, diz Juçara.
Hoje, o movimento de Mulheres de Axé do Brasil é uma rede de mulheres das mais diversas religiões de matriz afro-brasileira, tem representantes em outros dois países (Bolívia e Paraguai) e está em 20 estados brasileiros, com núcleos em 16 deles: Bahia, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Maranhão, Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Pará, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo.
Para a Iyalorixá Zelita Alves do Ilê Axé Ioromym, considerada a mais velha dentre as religiosas do grupo, o momento é de união e luta. Precisamos educar nossos jovens, acolher nossas mais velhas e este grupo é isso, ele traz conhecimento sobre o que é ser de Axé, quem são nossos ancestrais, nossos antepassados. Precisamos nos fortalecer ainda mais, pois hoje já somos um grupo que ganhou o Brasil e até outros países. Nós temos herança e não podemos perdê-la, precisamos combater o racismo e a intolerância religiosa, precisamos ter representatividade na política, nos unir, pois somos uma maioria negra em nossa cidade, estado, país. Nunca foi nem é fácil, mas a luta precisa continuar, unidas”, diz Mãe Zelita.
Essa conquista é ponto comum entre as religiosas. “Estamos em fase de organização para assim poder expandir mais e mais. Queremos nossas mulheres ocupando espaços de poder nessa sociedade tão desigual”, conclui Juçara Lopes.
O grupo realiza, anualmente, o Encontro de Religiões Afro Brasileiras do Recôncavo, para propiciar troca de saberes, fazeres, culinárias, empreendedorismo negro e encontro sagrado, com a realização de Xirê em praça pública.
Saiba mais sobre esta iniciativa aqui.
Instagram: https://www.instagram.com/mulheres.axe.brasil?r=nametag
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Matriarcas da Pedra de Xangô escolhem os 15 novos guardiões

A secretária de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais da Bahia, Ângela Guimarães, recebeu, nesta quarta-feira (28), o título de Guardiã do Parque Pedra de Xangô. A honraria foi concedida pelas Matriarcas da Pedra de Xangô, grupo de sacerdotisas responsáveis pela salvaguarda e proteção do rochedo considerado sagrado pelos religiosos de matriz africana em Salvador.
“É uma emoção e grande responsabilidade ser agraciada com o título. Assumo o compromisso pessoal e institucional com o enfrentamento do racismo religioso e a manutenção dos nossos territórios sagrados”, destacou a titular da Sepromi.
A entrega da condecoração integrou a programação da Cerimônia da Fogueira de Xangô, ritual que reverencia as divindades do fogo e fortalece a rede em defesa desse patrimônio cultural afro-brasileiro, localizado na Avenida Assis Valente, no bairro de Cajazeiras.
De acordo com as Matriarcas da Pedra de Xangô, os 15 novos guardiões foram escolhidos em função dos “relevantes serviços à cidade, a cultura, à população negra, ao Povo de Axé, às comunidades tradicionais e, em especial, ao processo de implantação, manutenção e gestão do equipamento de apoio do Parque Pedra de Xangô”.
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Associação celebra Dia Internacional do Reggae no Pelô


Kamaphew Tawa
A Associação Cultural Aspiral do Reggae vai celebrar o Dia Internacional do Reggae – 1º de julho. A festa será na Casa Cultural Reggae (Rua do Passo) e contará com um time de artistas, djs e banda de reggae pra animar o público. Esta é a 7ª edição dessa celebração e terá shows do veterano Kamaphew Tawa & banda Aspiral do Reggae, Dj Maico Rasta, Fabiana Rasta, Jo Kallado ,Vivi Akwaba, Jadson Mc, Bruno Natty, Ras Matheus e Makonnen Tafari.
O Brasil é o segundo país do mundo que mais consome reggae, uma data definida pela jamaicana Andrea Davis, inspirada no discurso de Winnie Mandela em Kingston, Jamaica, em 1992.
“O Reggae tem sido uma grande influência nas raízes culturais e musicais da Jamaica e do mundo, misturando instrumentos africanos e europeus como violão, bongô e banjo, e criando as bases para o gênero. Ele inspirou milhares a seguirem a filosofia da cultura Rastafari, dando origem a figuras icônicas como Bob Marley, Jimmy Cliff, Peter Tosh, Toots & The Maytals, entre outros”, pontua a dirigente da Associação, Jussara Santana.
O ritmo também foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial pela Unesco, em 2018, por conta do seu papel sociopolítico e cultural. A celebração será neste sábado (01/7), aberta ao público, das 18h às 23h30.
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Vai rolar segunda edição da festa #Ghettos no Bombar


Drica Bispo
Nesta sexta (30), o Bombar no bairro do Rio Vermelho em Salvador vai receber a segunda edição da festa Ghettos edição Salcity X Guiné- Bissau, idealizada pelo produtor, Uran Rrodrigues.
“Os sons de dois dos principais centros urbanos do mundo se encontrarão na mesma pista em celebração as nossas potencialidades numa mistura musical altamente dançante e identitária” conta Uran.
Diretamente de Mirandá, gueto do Guiné, o músico, cantor e Dj Eco de Gumbé apresentará suas performances no melhor do afrobeat, dialogando com o set do dj, produtor musical e co-criador do Coletivo Trapfunk&Alivio, Allexuz95 do Nordeste de Amaralina. Ele promete beats certeiros com trap,funk e pagodão baiano.

Felupz
Do Pelourinho, Akani retorna à festa trazendo o seu groove e os remixes mais potentes da cena, abrindo as portas para sonzeira de Dricca Bispo com as autorais, como “Saudade” e os covers de Sem Pause e Inevitável.
Dricca Bispo, dançarina de Castelo Branco, já conhecida das pistas, apresentará sua nova versão como cantora. Vai rolar ainda feat especial com Felupz, que se prepara para lançar Razga com beat produzido por Doizá.
Couvert artístico R$ 25.