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#Opinião – Um café, uma crítica, ser de esquerda!

Mirtes Santa Rosa

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“Você sabe, né? Aqui na Bahia todos são esquerdistas.” Escutei essa frase dita por uma senhora no shopping e fiquei chocada. Não por ela estar falando algo que nas últimas eleições pode ser tido como verdade, se considerarmos os resultados de votação para o pleito da Presidência da República e Governo do Estado em 2018. Meu choque foi por essa senhora falar tão à vontade com nojo e escárnio dessa Bahia esquerdista. Não sei com quem ela falava, mas tenho duas opções pra imaginar e já te adianto que apresentarei as duas hipóteses. Sempre otimista, vou acreditar na segunda opção, que é o meu momento de utopia cristã, como boa menina nascida e criada no catolicismo.

Hipótese 1 – que seu interlocutor tenha dito: “verdade o que você diz. Esses bichos papões chatos são irritantes demais. Mancham nossa Bahia com suas ideias de reparação social. Como eles podem ser contra o elitismo? Fomos nós que construímos Salvador. Trouxemos cultura e educação e olha agora como eles nos pagam. Atualmente, até quando vou na Bahia Marina vejo uns perdidos por lá”.

Hipótese 2 – “Menina, amo a Bahia por causa disso. Dessa possibilidade de ser quem se deseja ser. Por causa desse povo que diante de tanta luta social agora pode estar no shopping tomando cafezinho como faziam nossos ancestrais europeus. Isso é evolução social ou revolução social.  Não sei como eles chamam, mas não me incomoda tanto assim”.

Mas não pensem que fiquei chocada e calada com o que escutei. Como a senhora falou tão alto e pertinho da minha mesa, entendi que podia participar da conversa e respondi: “Aqui somos assim mesmo”. E dei meu melhor sorriso.

Quem me acompanhava na mesa disse, dando risada, que a culpa era minha, que meu look naquele dia estava de uma verdadeira comunista de Iphone. Depois que escutei isso, até me arrependi de ter tido preguiça de ser bloguerinha mais cedo, de tirar uma foto e postar nos meus stories dizendo: Look da publiça. Voltando ao meu look culpado pelo nervoso daquela senhora de bem, a verdade é que ele era básico: calça jeans de corte reto, melissa rasteira nos pés com uns brilhinhos, uma camisa cinza com os dizeres mulher, negra, publicitária e feminista, um óculos de gatinha animal print e um lenço nos meus lindos cabelos soltos.

Como sempre afirmo que a moda é política, então eu estava uma verdadeira militante naquele dia. Nem foi um look montado para causar, foi apenas eu sendo eu mesma, que decidiu depois de um dia de trabalho tomar um café sem açúcar como diz a boa etiqueta da burguesia ou seria dos novos pseudos intelectuais gourmetizados. Óbvio que eu tinha dentro da minha mochila uma arma que minha galera da esquerda ama usar. Um livro de capa vermelha. Mas ainda bem que ele não estava sobre a mesa, pois não sei o que aquela senhora de bem poderia fazer, além de falar alto e olhar com nojo se visse que eu estava lendo Gregório Duvivier, Maria Ribeiro e Xico Sá, seguindo a dica do livro que diz: Crônicas para se ler em qualquer lugar.

Ela podia pensar que era formação de quadrilha, tirar de dentro da sua bolsa, sua pistola Taurus PT838 C Calibre 380 ACP – 15 tiros, que custa o meu salário e mais um pouco. E me enquadrar em qualquer número de lei, que nem a melhor advogada negra que sofre de embranquecimento, que trabalha em um escritório tradicional e bem relacionada que eu contratasse, após pedir que fosse pro bono ou que dividisse esse trabalho em algumas suaves prestações , ia conseguir não chocar os altos baluartes da justiça baiana para, com argumentos, tentar me livrar dessa ousadia de ser esquerdopata.

Me entender livre para ir ao shopping, tomar um cafezinho, ter pago o FIES dentro do prazo e ainda ter tido o disparate de nascer na Bahia. Como sou esquerdopata, a senhora da conversa deve imaginar que posso nem sempre ter ética e moral. Sendo assim, caso percebesse a resistência de minha amiga e irmã de cor, poderia* apelar para uma chantagem simples, mas bem de boa, que seria: se você não me defender dessa senhora de bem, que me acusa de ter ideias diferentes e que vai quebrar a ordem natural das coisas, direi a todos que você comia comigo cachorro quente no pé sujo da Lapa e que você usou vermelho em uma sexta-feira a pedido de uma campanha eleitoral para presidente em 2002.

E como sou canceriana, depois da chantagem, iria confortá-la dizendo que, como foi por uma boa causa, Oxalá já nos perdoou, que ninguém sabe desse passado. Que em 2002 não existia instagram e usar photoshop não era tão fácil como hoje, que ela podia continuar tranquila bastava tentar me ajudar na causa ou pelo menos diminuir meu cancelamento.

 

Mirtes Santa Rosa é publicitária e especialista em Comunicação e Gerenciamento de Marcas e também trabalha com planejamento estratégico comunicacional de projetos culturais, no qual pode mesclar suas duas maiores habilidades profissionais: gestão e comunicação. É umas das idealizadoras e apresentadoras do Umbu Podcast.

Confira mais aqui. 

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#Opinião – A função esotérica do incenso – Por Januário

Ana Paula Nobre

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Januário
Foto: Divulgação

Há quase dois milhões de anos, os povos denominados pela arqueologia como primitivos “conheceram” o fogo. Além de preparar alimentos, clarear ambientes e enfrentar predadores, percebeu-se A Tarefa Superior desse elemento: iluminar o caminho até A Grande Consciência Cósmica. O plasma formado por átomos livres, resultantes da combustão, revela a sutileza d’A Sabedoria Universal.

Paralelo a esse conhecimento, os humanos também identificaram como determinados aromas produzem alterações psicológicas, exercendo efeitos nos sete centros energéticos do corpo, os chakras[2] da cultura hindu. Logo, aquecer ervas aromáticas ao fogo tornou-se costume entre nossos ancestrais. Nasciam as primeiras tradições místicas, reconhecendo os efeitos terapêuticos do incenso, um importante amplificador da consciência e purificador de ambientes.

A palavra latina incendere, literalmente, acender ou queimar, remete às escolas herméticas do Antigo Egito, passando pelas tradições da umbanda, candomblé, xintoísmo, budismo, judaísmo e cristianismo, encontramos a utilização do incenso como chave para acessar os Planos Espirituais. Diversas escolas esotéricas, como a maçonaria, o martinismo, o rosacrucianismo, o sufismo e algumas tradições do Yoga guardam consigo os segredos do preparo de incensos específicos para a transmutação do espírito, buscando a perfeição.

São raras as pessoas que conhecem o sentido profundo do incenso. A superstição vulgarizou o uso, distorceu o seu propósito original, substituindo-o por dogmas. Não obstante, encontramos nos livros adotados por várias religiões, referências ao incenso como presente para celebrar o nascimento de alguns avatares: foi assim com O Mestre Jesus[3].

Tecnologia espiritual, útil para queimar miasmas e larvas astrais, o incenso protege, purifica e auxilia a entrar em contato com O Caminho Ancestral Superior. Um meio para REunir-se aos Arcanos do Conhecimento Eterno. A fumaça que se desloca pelo ar da aspiração humana, rumo A União Secreta e Suprema com O Todo.

[1] Armando Januário dos Santos é Trabalhador da Luz, Mestre em Psicologia, Psicólogo (CRP-03/20912) e Palestrante. Contato: (71) 98108-4943 (WhatsApp).

[2] Em artigo posterior, falaremos sobre os sete chakras e a sua importância para equilibrar os nossos sete corpos: físico, mental, emocional, astral, essencial, espiritual e energético.

[3] “Entraram na casa e encontraram o menino com Maria, a sua mãe. Então se ajoelharam diante dele e o adoraram. Depois abriram os seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra” (Mateus 2:11).

 

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#Opinião – João: um sol místico na Judeia – Por Armando Januário

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Entre os santos mais populares do Brasil, São João Batista é uma das figuras mais importantes na tradição judaico-cristã. Reverenciado pela cultura nordestina nas celebrações de junho, o Batizador de Jesus, desde os primórdios da sua existência, cultivou intimidade com os arcanos da Sabedoria Universal.

João foi educado nos preceitos judaicos e logo adentrou ao nazireado, costume típico do judaísmo, no qual algumas famílias destinavam seus filhos para uma vida ascética: os nazireus deixavam crescer a barba e os cabelos, se privavam de bebidas alcoólicas e uvas, e não tocavam em cadáveres. Essa moral era o caminho encontrado para a introdução em conhecimentos profundos sobre A Energia Criativa. O Batista afirmava que batizava em água, contudo, viria Aquele que batizaria em fogo, sendo maior que ele (Mateus 3:11). Essa passagem bíblica dá a entender que João já conhecia a iminente Manifestação Crística em Jesus de Nazaré. Com efeito, ele é o filho de Isabel, que ainda no ventre da sua mãe, pula de júbilo quando ela ouve a saudação de Maria, grávida de Jesus (Lucas 1:41-44). Esse momento indica que João e Jesus se conheciam de outras existências.

Antes de o imperador Justiniano, no Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 553, condenar a reencarnação, o cristianismo primitivo encarava a pluralidade das existências como realidade. Por isso, quando Jesus afirmou que João “[..] é Elias, que havia de vir” (Mateus 11:14), o Mestre alude a vida pregressa do Batista, algo que certamente não causou surpresa aos presentes. A própria encarnação de João, anunciada pelo anjo Gabriel confirma a existência pretérita de João como Elias: “[…] e [João] irá adiante dele com o espírito e a virtude de Elias, a fim de reconduzir os corações dos pais para os filhos” (Lucas 1:13).

João Batista é uma figura tão especial que os festejos em sua homenagem uniram certas tradições antigas[1], na qual a data está inserida no solstício de verão, quando o ângulo do sol se distancia ao máximo da Terra. Esse fenômeno ocorre apenas duas vezes por ano: em junho, no Hemisfério Norte e em dezembro, no Hemisfério Sul. Temos, portanto, dois sóis: João, o sol que vem para anunciar a chegada de outro sol, reluzente e soberano: Jesus, o Cristo Planetário.

[1] Os celtas comemoravam o solstício de verão em honra ao deus Sol, para o qual pediam proteção contra maus espíritos e pragas nas colheitas. As festas incluíam fogueiras e fartura, apontando para o desejo de prosperidade espiritual e física.

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#Opinião – O sentido místico do Dia dos Namorados – Por Armando Januário

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Por aspectos históricos e econômicos, o Brasil celebra o Dia dos Namorados em 12 de junho. A 1948, o publicitário João Dória, pai do ex-governador de São Paulo, foi contratado por uma loja. Ele percebeu que o Mês das Mães era rentável para o comércio, em oposição a junho, um mês de queda nos lucros. Planejando estender os ganhos comerciais, Dória escolheu a véspera do Dia de Santo Antônio – na tradição católica, O Santo Casamenteiro – para aquecer os corações e o comércio. A estratégia deu certo e temos o Dia dos Namorados em junho, mais de 4 meses após a data tradicional, 14 de fevereiro, Dia de São Valentim. Contudo, essas tradições oficiais envolvem um mistério muito anterior.

No Império Romano, havia a celebração do deus Lupercus, para afastar os maus espíritos e atrair fertilidade. A Lupercália era marcada pelo momento em que os homens retiravam de um jarro o nome das mulheres que seriam suas companheiras nessa festa e nas seguintes. Posteriormente, alguns desses casais se apaixonavam e se casavam, porque teriam o que se considera “sorte no amor”. Essa expressão envolve ser agraciado através do sorteio, que, inicialmente, seria puro acaso. Não obstante, o sentido esotérico de sorte abrange saber o instante adequado para consolidar um plano. Percebemos, então, que o sentido dado a esta palavra se afastou significativamente do seu conceito original. Fica também evidente a inexistência da sorte como percebida nos tempos atuais, mas, sim, que ela obedece às Leis Cósmicas, sobretudo, a Lei de Atração. O oculto no Dia dos Namorados se apresenta.

A celebração dos apaixonados potencializa a vibração e atrai a pessoa amada para o campo magnético do emissor. Não se trata de magia ou acaso. Antes, falamos do Poder Divino[3] manifesto em nós. Por isso, quando pensamos em viver um amor com a firme convicção de sua existência, a materialização dessa realidade ocorre, obedecendo o Mistério denominado Tempo.

Portanto, o Dia dos Namorados, longe de uma data comum, oferece a oportunidade vibracional para ser A Unidade Eterna, Princípio de Todas As Coisas, que utiliza o desejo para cocriar sonhos.

[1]Dedico esse texto a minha noiva, Andrêina.

[2]Armando Januário dos Santos é Trabalhador da Luz, Mestre em Psicologia, Psicólogo (CRP-03/20912) e Palestrante. Contato: (71) 98108-4943 (WhatsApp)

[3]Em João 10:34, Jesus de Nazaré argumenta com seus opositores: “na Lei de vocês está escrito que Deus disse: “Vocês são deuses”” (O Mestre Jesus, em João 10:34). Deixamos com a pessoa do leitor a perspicácia para compreender o ensino secreto do Mestre.

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