Literatura
Mulheres Negras ganham Casa Insubmissa na FLICA


As atividades da programação fazem parte de uma curadoria realizada entre a Coordenação de Literatura da FUNCEB e integrantes da DIMN, com o intuito de dar um retorno para a comunidade baiana de trabalhos de mulheres negras, artistas da palavra, premiadas no Prêmio das Artes Jorge Portugal (Programa Aldir Blanc Bahia) e no concurso do Instituto Sacatar, projetos produzidos pela Fundação no contexto da pandemia, que trazem publicações virtuais e impressas, programas de podcast e produções de audiovisual.
Casa
Idealizadora do projeto e diretora CEO da DIMN, Dayse Sacramento, explica que a Casa Insubmissa é uma instalação artística que fomenta uma rede econômica e que promove a participação das mulheres negras em festivais literários. “Além de incentivarmos uma produção com perspectiva afrocentrada”, reitera”.
A realização na Flica é um ato de insubmissão e resistência de mulheres negras que atuam em todas as esferas do campo literário. Esta é a segunda edição da Casa Insubmissa. Anteriormente, participou da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), em 2018.
Sacramento destaca que a DIMN e a Casa são iniciativas que nascem em Salvador, na Bahia. “Com isso, geopoliticamente, realizar o projeto é também uma forma de oportunizar e questionar sobre a participação de iniciativas intelectuais nordestinas e de fora do eixo sul-sudeste-centro do país”, realça.
Para Renata Dias, diretora geral da FUNCEB, artistas que se autodeclaram pretos/as e pardos/as apresentam maior dificuldade para publicar e difundir suas obras. “Este foi um dos dados verificados no mais recente Mapa da Palavra – Diagnóstico da Produção Literária da Bahia, iniciativa pioneira no campo da produção literária baiana realizada pela Funceb. Apresentar o que fizemos a respeito deste dado nesta edição da FLICA será bastante especial, ainda mais em parceria com a Casa Insubmissa, plataforma que há cinco anos se volta à valorização dos agentes da cadeia produtiva da literatura preta periférica. Esperamos contribuir com uma programação que amplie o conhecimento e favoreça o debate sobre a formulação das políticas públicas voltadas aos artistas da palavra da Bahia”, diz.
Slam e Baile Insubmisso
Como parte dos eventos que marcam a passagem do Novembro Negro e reforçando o espaço de artistas negras e baianas que trabalham de forma independente, o DIMN com patrocínio da Warner Music Brasil realizará o SLAM Insubmisso 2022, segunda edição da competitiva voltada a artistas da palavra baianas, que está com as inscrições abertas e premiações para as três primeiras colocadas – R$ 01mil (I), R$800 (II) e R$500 (III).
Ao todo, serão convocadas 12 slammers para a competição na Casa Insubmissa. Podem se inscrever mulheres negras a partir de 18 anos, através do Sympla, no link da BIO da Diálogos Insubmissos no Instagram. Todas as fases da competição serão presenciais na Casa Insubmissa e irão ocorrer a partir das 20h30 do dia 05 de novembro de 2022.
Em seguida, ocorre o Baile Insubmisso, com shows de Sued Nunes e DJ Nai Kiese, esta com o show intitulado EU NÃO ANDO SÓ. Numa versão totalmente diferente de outros palcos, Sued Nunes apresentará o show “Travessia Intimista”, onde reúne canções de sua carreira e outros clássicos. O Baile ocorre também no dia 04 de novembro, às 22h30, com apresentação de Nai Kiese, com o line up ABRE CAMINHOS.
Performances artísticas
A Casa Insubmissa contará com apresentações de duas performances artísticas e poéticas. A primeira é no dia 04 de novembro, às 21h, de Sued Hosaná. Já no dia 05 de novembro, a performance “Confissões de uma mulher que queimou uma cidade”, da multiartista Ayala Tude, inspirado no poema dub jamaicano homônimo de Afua Cooper.
PROGRAMAÇÃO:
04/11 – Sexta-feira
13:00 – Abertura da Casa Insubmissa de Mulheres Negras na FLICA 2022
13:30 – Mesa Institucional com Renata Dias (Diretora Geral da FUNCEB) e Dayse Sacramento (DIMN)
14:00 – Mesa Mulheres Negras no Instituto Sacatar
Sanara Rocha
Crislane Rosa
19:00 – Experiências editoriais: Uma conversa sobre as mãos pretas que fazem livros
Deisiane Barbosa (Editora da Andarilha Edições)
Luciana Brasil (Produtora)
Maria Mariana (Designer e diagramadora da Editora Diálogos Insubmissos)
Mediação: Joice Faria
21:00 – Performance Artística – Sued Hosaná
22:30 – Baile Insubmisso – DJ Nai Kiese
* Das 16h às 19h haverá exibição de resultados audiovisuais do Prêmio Jorge Portugal (Programa Aldir Blanc Bahia).
05/11 – Sábado
13:00 – Abertura da Casa Insubmissa de Mulheres Negras na FLICA 2022
15:00 – Mesa Produções Literárias de Mulheres Negras premiadas pelo Prêmio das Artes Jorge Portugal ( Programa Aldir Blanc Bahia)
Má Reputação (Slam Pandemia Poética)
Mônica Santana (Autora do ebook Luto substantivo)
Evelyn Sacramento (Autora do livro impresso Menina Nicinha)
Mediação: Ayala Tude
16:30 – Ofó Obirin Dudu – Lançamento de autoras negras
Evelyn Sacramento (Menina Nicinha)
Janildes Chagas (Felipas Marias)
Nazaré Lima – (Poestrias)
Mediação: Negafyah
19:30 – Performance poética: Confissões de uma mulher que queimou uma cidade
Performer: Ayala Tude
20:30 – Slam Insubmisso – Parceria DIMN e Warner Music Brasil
Slammaster: Negafyah
Juradas: Ligia Benigno (Produtora Cultural), Mônica Santana (Atriz, dramaturga e escritora), Ayala Tude (Tradutora) e outras a confirmar
23:00 – Baile Insubmisso – Show intimista de Sued Nunes + DJ Nai Kiese
* Das 15h às 18h haverá exibição de resultados audiovisuais do Prêmio das Artes Jorge Portugal (Programa Aldir Blanc Bahia).
06/11 – Domingo
11:00 – Ressaca Insubmissa com Arrastão Punnany – com discotecagem da DJ Sista Kátia e a residente Baile Insubmisso, DJ Nai Kiese
*Distribuição gratuita de livros da FUNCEB e da Editora Diálogos Insubmissos.
15:00 – Encerramento das atividades da Casa Insubmissa de Mulheres Negras 2022
Literatura
Livro do escritor baiano Lucas de Matos figura em lista italiana

O livro de poesia ‘Antes que o Mar Silencie’, do comunicador e escritor baiano Lucas de Matos, foi eleito um dos mais inovadores do mundo. A obra literária entrou na renomada lista BRAW Amazing Bookshelf de Bolonha (Itália), que destaca 150 obras essenciais no mundo todo, com a temática da sustentabilidade e voltadas para o público infantojuvenil.
“É uma alegria receber um reconhecimento internacional para o meu livro. Isso possibilita o alcance de outros mares, e mostra a relevância da literatura brasileira no cenário mundial”, enfatizou o autor.
O livro, publicado em 2024 pelo Selo Principis do Grupo Ciranda Cultural, figurou entre os 20 primeiros da lista e será exibido numa categoria especial na Feira do Livro de Bolonha (Bologna Children’s Book Fair), que acontece entre os dias 31 de março e 3 de abril, considerada a maior feira infantil e juvenil do mundo. Lucas é um dos 12 brasileiros contemplados com o selo de 2025 da Bologna Ragazzi Awards.

Foto: Divulgação
Além disso, ‘Antes que o Mar Silencie’ passa a integrar a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas – ONU, um plano de ação internacional para o alcance de 17 objetivos de desenvolvimento sustentável.
Do mar de Salvador para outros continentes
Com mais de 50 poemas que conversam com ilustrações feitas pela artista Natalia Calamari, o livro traz uma metáfora criada pela relação do poeta com o mar de sua terra natal: Salvador. “Sempre que vou à praia e escuto a canção do mar, é como escutar a canção da própria vida. Mas um dia esse som se finda, porque não estarei mais aqui para escutá-lo”, explica.

Foto: Edvaldo Júnior
Diante desse fato, o escritor navega por versos que buscam a valorização da vida humana, junto a necessidade do respeito à Natureza, numa relação de mais proteção e menos degradação. A obra, endossada por figuras notórias como o dramaturgo Walcyr Carrasco, e compartilhada pelo humorista Afonso Padilha, foi lançada em 2024 na Bienal do Livro de São Paulo. Na ocasião, foi o 5º livro mais vendido do estande da Princips na categoria de autores contemporâneos.
Desde então, Lucas tem viajado pelo Brasil por lançamentos em outras capitais, além de compartilhar a obra em palestras, saraus e performances, juntamente com o seu primeiro livro ‘Preto Ozado’ (2022), que o fez participar do projeto Sesc Arte da Palavra. O escritor planeja continuar a divulgação da obra por diversos meios, pois defende o compartilhamento amplo da palavra poética. AQMS está disponível em livrarias brasileiras e também na Amazon. Acompanhe o trabalho de Lucas de Matos nas redes sociais.
Literatura
Lázaro Ramos lança “Na Nossa Pele” dia 22 de março em Salvador

O ator e escritor, Lázaro Ramos, lança sua nova obra “Na Nossa Pele”, dando continuidade ao livro “Na Minha Pele”, publicado em 2017. O evento de estreia em Salvador acontece no dia 22 de março (sábado), a partir das 15h, na Livraria LDM – Vitória Boulevard, no Corredor da Vitória.
Os interessados em participar da sessão precisarão retirar uma senha no próprio dia, a partir das 13h. Cada pessoa poderá garantir a sua mediante a compra do livro ou apresentando um exemplar já adquirido.
No novo livro, Lázaro compartilha memórias afetivas e reflexões sobre sua mãe, Célia Maria do Sacramento, que faleceu quando ele tinha apenas 18 anos. A partir dessa vivência, ele tece narrativas que abordam racismo, política, afeto e coletividade, mantendo o tom profundo e pessoal que marcou sua estreia na literatura.
Além da capital baiana, “Na Nossa Pele” terá eventos de lançamento em São Paulo e Rio de Janeiro, nos dias 19 e 26 de março, respectivamente. A obra reforça a trajetória do autor como uma das vozes mais relevantes na discussão sobre identidade e questões sociais no Brasil.
Literatura
Escritora Amanda Julieta lança “No rastro de Estela” na Casa do Benin

A premiada pesquisadora e escritora, Amanda Julieta, lança no próximo dia 15 de março (sábado), na Casa do Benin, às 16h30, a sua primeira obra de ficção em prosa “No rastro de Estela”, uma fabulação poética que traz a história de Estela, uma mulher negra e lésbica, que viveu parte da vida internada em um hospital psiquiátrico de Salvador, no início do século 20.
A obra sai pela ParaLeLo13S, editora da livraria Boto-cor-de-rosa. O lançamento contará com um bate-papo com acessibilidade em Libras sobre literatura e memórias de mulheres negras, com a participação de Rosinês Duarte, crítica textual e professora de letras vernáculas da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
A partir de uma conversa ouvida por acaso na infância e da descoberta de documentos que revelam pistas da história de sua tia-avó, a narradora – jovem soteropolitana ansiosa para fazer sentido das histórias não contadas da sua família e da cidade – busca reconstituir a memória de Estela, em um texto que tece prosa e poesia, misturando vozes, atravessando fronteiras oníricas e nos levando para lugares históricos e situações possíveis.
“Como recontar aquilo que já foi contado, mas com as palavras erradas e pelas pessoas erradas? Que linguagem poderia dar conta do absurdo, transformando a violência em alguma coisa outra, evocando para o papel as vozes postas em silêncio? (…) Muitas mulheres e homens como tia Estela. Muitos nomes que permanecem soterrados nos porões da memória”. As palavras citadas evidenciam a necessidade de contar “era uma vez outra história e depois outra e depois outras. Todas um pouco diferentes. Todas mais ou menos iguais”. Esse é um dos trechos do livro.

Foto: Ana Reis
A Fabulação e a Vida
Com um enredo que aborda questões como o amor entre mulheres, o racismo, a lesbofobia e o apagamento das histórias de pessoas negras no Brasil, No rastro de Estela é uma obra que lança novos olhares sobre o passado e o presente. “A ficção é uma forma potente de dar conta do vazio, das lacunas e dos silêncios fabricados pela história oficial, principalmente para nós, pessoas negras, e para os povos que sofreram processos de colonização”, realça Amanda Julieta, que é mestra e doutoranda em Literatura e Cultura pela Universidade Federal da Bahia, onde desenvolve pesquisa sobre a poesia e a performance de mulheres negras na literatura marginal/periférica
Se abebê é instrumento para reconhecer o que se vê, “No rastro de Estela” é um espaço literário que irá atravessar leitores de muitas formas. Amanda Julieta conta que o livro “diz de mim e da minha família, diz de qualquer pessoa ou família negra no Brasil – porque nós somos parte de uma história em constante construção. Ainda há muito o que ser dito sobre o nosso presente, passado e futuro. E a ficção, para mim, é uma tentativa de entender esse real a partir de uma ferramenta outra, friccionando, dentre outras coisas, a fabulação e a vida”.
Amanda Julieta escreve “Eu não poderia dizer ao certo como tudo aquilo começou, porque rastros são pedaços de uma memória inexata, caminhos de história que perseguimos com insistência, mas que requerem pés macios, peças de um quebra-cabeças que, com a habilidade de um detetive do tempo, tentamos montar”. Mais a frente, como veredito, arremata “mesmo que você apague um papel com toda a sua força a marca do que foi escrito continua lá”.
Em “No rastro de Estela”, Amanda Julieta, que também é jornalista, busca fabular histórias através das memórias do que se sabe sobre Estela e ainda fabular, em escrita rebelde e ousada, num misto de prosa com muita poesia. “Quantas Estelas e quantas outras pessoas semelhantes a ela podem ter existido no Brasil sem que suas histórias chegassem ao nosso conhecimento? Essa pergunta é importante para pensarmos no apagamento não só das histórias dos corpos pretos e LGBTQIAPN+, mas também no apagamento desses corpos, que sofreram e sofrem diferentes violências simbólicas e materiais ao longo da história deste país”, exclama a escritora.
Entretanto, Amanda Julieta gostaria que “esse pequeno retrato de muitas histórias não contadas fosse um livro não sobre a violência, mas precisamente sobre a potência dessas vidas que tentaram apagar”. Em determinado momento do livro, ela descreve: “O problema de perseguir o passado é que sempre esbarramos na possibilidade da ferida, mas apenas olhando novamente para aquilo que foi e para aquilo que poderia ter sido é que poderemos vislumbrar as vidas para além da dor”.
Estela também lutou contra o controle e a captura, viveu radicalmente o amor, foi feliz. Porque as existências de corpos diferentes e um tanto iguais ao dela não se reduzem à violência, ainda que ela seja uma realidade dolorosa. Corpos que resistem ao longo do tempo, que criam outras formas de viver e, assim como Estela, não se deixam capturar. Pois, “O Olhos nos Olha, mas não pode nos ver”.
Vale destacar que, no lançamento ocorrerá distribuição gratuita de exemplares. “No rastro de Estela” foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022.
Escrita Preta
Amanda Julieta (1991, São Paulo) é escritora, jornalista e pesquisadora literária que há muito tempo constrói sua trajetória acadêmica, artística e de vida na cidade de Salvador. É autora dos livros “Dandara” (infantojuvenil, 2021 – ganhador do Prêmio Pretas Potências, 2023) e “Tem poeta na casa? – Mulheres negras, poetry slam e insurgências” (ensaio literário, 2023 – vencedor do II lugar na categoria ensaio literário – Prêmio Mário de Andrade do Prêmio Literário Biblioteca Nacional 2024), ambos publicados pelo selo editorial ParaLeLo13S. “No rastro da Estela” é sua primeira obra de ficção em prosa. Mais informações no Instagram @queridajulieta.
Serviço
O quê: Lançamento do livro “No rastro de Estela”, da escritora Amanda Julieta
Quando: 15 de março (sábado), às 16h30
Onde: Casa do Benin – Rua Padre Agostinho Gomes, 17 – Pelourinho