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#Opinião – Surge Verão na Bahia, cintura fina, barriga trincada, ovos e batata doce
Na Bahia já é verão. E sendo verão, começamos a ser impactados pelas diversas propagandas que desejam nos vender o conceito e posicionamento de marcas que são “o verão” do Brasil. Essas marcas se apresentam como disruptivas, revolucionárias, brancas e magras.
E, quando digo magras, não estou falando de mulheres magras e saudáveis, estou falando das esquálidas, daquelas mulheres nas quais conseguimos enxergar a saboneteira ou que tiram suas costelas para afinar ainda mais seus corpos. Das mulheres que hoje são seguidas por milhares de pessoas e que muitas jovens veem como modelo a ser seguido para ser feliz, ter sucesso e exclusividade na vida.
As que sempre recebem elogios da família, dos amigos, dos seus crushs e de quem mais acredita que para ser feliz precisa ser dessa forma. Depois que fiquei mais sábia, esse período do ano sempre me provocou medo, angústia e raiva. Agora, me permito revolucionar meu olhar para meu corpo e suas histórias e cicatrizes. E essa é minha maior vitória.
Compreender que o verão também é pra mim, mesmo que por tantos anos ele tenha me sido negado, pois eu era, sim, impactada pelo modelo de mulher bonita da revista Capricho nos anos 90, pela protagonista da novela das oito da Globo, porque eu não via mulheres com meu corpo e nem o de minha mãe nas revistas.
E se não estava na capa da revista e nem nas novelas das oito, então não era a mais bonita e nem tinha sucesso. Lá pelos meus 14 ou 15 anos, eu tinha raiva de quando alguém me dizia que eu era parecida com mainha, pois eu queria ser parecida com aquelas mulheres da revista e as atrizes famosas, magra e com cintura fina. E eu fui o que chamam de falsa magra, fui a que dizem que é mulher gostosa, nunca bonita ou inteligente, e sim gostosa e com lábios carnudos.
E minha mãe era gorda, então eu não queria ser ela na aparência. Quando fiquei um pouquinho mais velha já com quase 30 anos foi que comecei a perceber que cabia a mim gostar de mim sem escutar tanto os outros e seus modelos perfeitos de beleza feminina. Mas isso não foi automático, e até hoje é um dia depois do outro. Até hoje quando eu derrapo na auto estima, marido me lembra que eu devia pensar menos nos outros e ficar de boa comigo mesma no espelho. Depois da maternidade foi que comecei a engordar: a cintura ficou mais larga, as celulites fizeram suas fazendas, as estrias abriram seus caminhos nas mamas. Resumindo, chegou tudo que eu tinha medo de ter e que me disseram em algum momento de forma silenciosa e com muito photoshop que fazia uma mulher não ser bonita.
Apesar de ler muito sobre a importância de se olhar no espelho e se enxergar de forma plena e bela e que os corpos mudam depois da gestação, após meu primeiro puerpério, aconteceu o que as minhas leituras diziam que acontecia com todas as mulheres normais, comecei a não gostar do verão, a não querer um banho de mar ou de piscina.
Tinha medo de ser atingida por algum comentário que falasse de meu corpo e que ainda chegasse acompanhado com o mito da mulher que após a gravidez é descuidada e desleixada. Por isso que você está assim, gorda e acabada. Sempre que me percebia nesse lugar, eu tinha vontade de sair desse ciclo, inclusive pensava se mainha tinha passado pela mesma situação, mas me calei com minhas dúvidas e deixei a terapia trabalhar.
Tive vergonha de me abrir com minhas amigas. Como eu que sempre falei em ser livre estava presa a padrões que eu bem sei que são criados para nos deixar dentro de caixas. A terapia naquela época foi a minha amiga, que me fez refletir sobre a influência dos padrões de beleza e moda na sociedade e que são refletidas nas propagandas e nas influencers mais bem pagas do país.
Eu trabalho em ambientes extremamente masculinos e sei que os homens não sofrem desse desconforto com a chegada da idade e nem da barriga de chopp. Com o passar dos anos, eles são vistos como experientes, interessantes e que a barriguinha é até seu charme. Então, eles vivem o verão sem amarras e por isso não percebem ou se sensibilizam com nossa situação com essa estação do ano. Eles continuam com o mesmo papo de quando se tornaram adolescentes.
Agora não é sobre a revista Playboy que eles conversam, e sim sobre a nova postagem da influencer que acabou de parir há 10 dias e mostra a barriga trincada e posta falando que tá gostosa. Homens que se dizem feministas bem que podiam se tocar que curtir essas fotos é um desserviço para nosso verão de cada dia. Mas deixemos eles de lado nesse momento.
No nosso verão da Bahia que começou é importante, mais do que comer ovo e batata doce pra ficar grande e tirar a melhor foto para postar nas redes usando a #BumbumNaNuca, é esquecer as nóias que nos impossibilitam ser felizes, colocando nosso biquininho ou maiô.
É ensinar para as meninas desde a infância que seus corpos são potências e revolução, que o verão é uma estação, mas também um estado de espírito de liberdade. Que essas propagandas das marcas que se acham o verão são fakes e devem inclusive não ser nem curtidas, lembradas ou compradas. Para que se irritar com a numeração que não vai caber quando chegar pelos correios aquele vestidinho novo e cheio de Bahia na estampa.
A revolução que precisamos é a de invadir as praias, mesmo quando nos seja negado o transporte público para o Porto da Barra, é dançar com Aila Menezes o pagodão, sentir a força de vestir a pouca roupa que quiser e, a melhor parte, perguntar se tem umbu no carrinho de mão, se tá doce e gritar que vai fazer o pix.
Mirtes Santa Rosa é publicitária e especialista em Comunicação e Gerenciamento de Marcas e também trabalha com planejamento estratégico comunicacional de projetos culturais, no qual pode mesclar suas duas maiores habilidades profissionais: gestão e comunicação. É umas das idealizadoras e apresentadoras do Umbu Podcast
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Matriarcas da Pedra de Xangô escolhem os 15 novos guardiões
A secretária de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais da Bahia, Ângela Guimarães, recebeu, nesta quarta-feira (28), o título de Guardiã do Parque Pedra de Xangô. A honraria foi concedida pelas Matriarcas da Pedra de Xangô, grupo de sacerdotisas responsáveis pela salvaguarda e proteção do rochedo considerado sagrado pelos religiosos de matriz africana em Salvador.
“É uma emoção e grande responsabilidade ser agraciada com o título. Assumo o compromisso pessoal e institucional com o enfrentamento do racismo religioso e a manutenção dos nossos territórios sagrados”, destacou a titular da Sepromi.
A entrega da condecoração integrou a programação da Cerimônia da Fogueira de Xangô, ritual que reverencia as divindades do fogo e fortalece a rede em defesa desse patrimônio cultural afro-brasileiro, localizado na Avenida Assis Valente, no bairro de Cajazeiras.
De acordo com as Matriarcas da Pedra de Xangô, os 15 novos guardiões foram escolhidos em função dos “relevantes serviços à cidade, a cultura, à população negra, ao Povo de Axé, às comunidades tradicionais e, em especial, ao processo de implantação, manutenção e gestão do equipamento de apoio do Parque Pedra de Xangô”.
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Associação celebra Dia Internacional do Reggae no Pelô
A Associação Cultural Aspiral do Reggae vai celebrar o Dia Internacional do Reggae – 1º de julho. A festa será na Casa Cultural Reggae (Rua do Passo) e contará com um time de artistas, djs e banda de reggae pra animar o público. Esta é a 7ª edição dessa celebração e terá shows do veterano Kamaphew Tawa & banda Aspiral do Reggae, Dj Maico Rasta, Fabiana Rasta, Jo Kallado ,Vivi Akwaba, Jadson Mc, Bruno Natty, Ras Matheus e Makonnen Tafari.
O Brasil é o segundo país do mundo que mais consome reggae, uma data definida pela jamaicana Andrea Davis, inspirada no discurso de Winnie Mandela em Kingston, Jamaica, em 1992.
“O Reggae tem sido uma grande influência nas raízes culturais e musicais da Jamaica e do mundo, misturando instrumentos africanos e europeus como violão, bongô e banjo, e criando as bases para o gênero. Ele inspirou milhares a seguirem a filosofia da cultura Rastafari, dando origem a figuras icônicas como Bob Marley, Jimmy Cliff, Peter Tosh, Toots & The Maytals, entre outros”, pontua a dirigente da Associação, Jussara Santana.
O ritmo também foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial pela Unesco, em 2018, por conta do seu papel sociopolítico e cultural. A celebração será neste sábado (01/7), aberta ao público, das 18h às 23h30.
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Vai rolar segunda edição da festa #Ghettos no Bombar
Nesta sexta (30), o Bombar no bairro do Rio Vermelho em Salvador vai receber a segunda edição da festa Ghettos edição Salcity X Guiné- Bissau, idealizada pelo produtor, Uran Rrodrigues.
“Os sons de dois dos principais centros urbanos do mundo se encontrarão na mesma pista em celebração as nossas potencialidades numa mistura musical altamente dançante e identitária” conta Uran.
Diretamente de Mirandá, gueto do Guiné, o músico, cantor e Dj Eco de Gumbé apresentará suas performances no melhor do afrobeat, dialogando com o set do dj, produtor musical e co-criador do Coletivo Trapfunk&Alivio, Allexuz95 do Nordeste de Amaralina. Ele promete beats certeiros com trap,funk e pagodão baiano.
Do Pelourinho, Akani retorna à festa trazendo o seu groove e os remixes mais potentes da cena, abrindo as portas para sonzeira de Dricca Bispo com as autorais, como “Saudade” e os covers de Sem Pause e Inevitável.
Dricca Bispo, dançarina de Castelo Branco, já conhecida das pistas, apresentará sua nova versão como cantora. Vai rolar ainda feat especial com Felupz, que se prepara para lançar Razga com beat produzido por Doizá.
Couvert artístico R$ 25.