Beleza
Movimento ‘Beleza Inclusiva’ e cuidados com a pele negra são tema de atuação de Jéssica Magalhães
Dra. Jessica Magalhaes
Com a hegemonia do padrão branco de beleza, pretos e pardos não se sentem atendidos, valorizados e representados quanto às suas identidades. Em meio à falta de serviços e produtos que atendam as necessidades de todos – independente de gênero, faixa etária, tom e tipo de pele, um movimento de impacto vem ganhando destaque no mundo da moda, beleza e estética: o movimento ‘Beleza Inclusiva’.
Em todo o mundo, indústrias cosméticas estão em busca de inovações que atendam a todos os públicos, incluindo produtos e serviços compatíveis com as características individuais dos seus consumidores. Só no Brasil, segundo dados do IBGE, 56% da população se autodeclara preto ou pardo, demonstrando o potencial para o setor e a emergência para a sociedade.
Segundo Jéssica Magalhães, biomédica esteta e especialista em pele preta, o movimento Beleza Inclusiva é essencial para todos e todas. Confira entrevista:
Como se forma a crença da “fortaleza” da pele negra, que não precisa de muitos cuidados?
Jéssica – Essa crença vem do mesmo período das crenças de que cabelo crespo é “ruim” e que não são belos os lábios negros. São crenças antigas, racistas e limitantes que nos fazem crer que simples ações humanas não nos pertencem. Nesse caso, o cuidado.
Como nós podemos cuidar da nossa pele no dia a dia, quais cuidados mínimos?
Jéssica – Uma rotina com resultados tem 03 etapas, depois é que podemos acrescentar coisas. Mas, sem dúvida, se você lavar com um sabonete que não agrida sua pele (pode usar o de glicerina de bebê), hidratar (todas as peles precisam de hidratante) e usar protetor solar (FPS 50 pelo menos, tá?) você já vai começar a ver resultados. Tem muitas mulheres que me respondem que a pele já é outra só com as dicas de cuidados e produtos que coloco nas redes sociais.
Há substâncias e atos condenáveis para nossa pele que devamos estar atentos/as?
Jéssica – Um ato condenável é deixar ela sem água. Tem que beber água e passar hidratante (rosto e corpo) porque nós perdemos mais água, então nossa pele resseca muito facilmente. Aconselho tomar muito cuidado com ácidos. Somos mais sensíveis e podemos ter manchas e queimaduras, principalmente se o profissional não preparar a pele para o uso.
Como a Biomedicina e o movimento Beleza Inclusiva pode ajudar?
Jéssica – Trazendo ciência para a pele preta e disseminando os conhecimentos sobre cuidados especializados. Precisamos de mais profissionais qualificados e que mais pessoas saibam que existem profissionais que estão preparados para cuidar da pele preta. Não temos que viver acreditando que não merecemos cuidado ou que temos que aceitar a mancha “porque somos pretos”.
O que a motiva se especializar nesta área?
Jéssica – Ser uma mulher preta me motiva a fortalecer os meus através do meu trabalho. Uma vez ouvi o termo “acolhimento ancestral” e acredito que ele é um dos princípios que norteiam meus estudos e minha prática. Estética empodera e quero que mais pessoas experimentem isso.
Os cuidados precisam ser especializados quando falamos de rotina diária, de clareamento de manchas (queixa mais comum em clínica) e também de procedimentos como toxina botulínica (a exemplo da marca Botox®) e preenchimento. Os procedimentos de mais nova tecnologia, seja de equipamentos ou produtos, também são feitos para nós e podemos usufruir deles sem ceder à padronização da estética branca.
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Estão abertas as inscrições para o concurso Miss Federação 2025, que será realizado durante a próxima edição do evento Pretas Têm Dendê. A iniciativa, que celebra a beleza e a cultura das mulheres negras, é voltada para participantes a partir dos 14 anos de idade e tem inscrições abertas até o dia 8 de maio, por meio do formulário ou das redes sociais do perfil @pretastemdende.
O Pretas Têm Dendê é um evento anual que reúne moda, cultura, arte e empoderamento, com foco na valorização da identidade negra e na promoção da diversidade. Este ano, o tema escolhido é o Afrofuturismo, conceito que une elementos da cultura africana e afro-diaspórica com inovação, tecnologia e projeções de futuros possíveis.
Para a produtora e idealizadora do evento, Daianne Silva, o Pretas Têm Dendê vai além das passarelas.
“É mais do que um evento de moda; é uma plataforma para a transformação social. Queremos que cada participante se sinta empoderada e orgulhosa de sua identidade”, afirma.
Daniel Silva, também na produção do evento, reforça a importância do tema desta edição:
“Este ano, com o tema Afrofuturismo, estamos incentivando todos a pensarem além do presente e a imaginarem um futuro onde a cultura negra é celebrada e integrada em todos os aspectos da vida.”
Atual detentora do título de Miss Federação, Carla Silva compartilhou o impacto da experiência em sua trajetória:
“Participar do Pretas Têm Dendê foi transformador. O evento me deu confiança e visibilidade para abraçar minha identidade e inspirar outras mulheres a fazerem o mesmo.”
Foto: Pixote
A programação do evento ainda conta com rodas de conversa sobre a importância da data, manifestações artísticas culturais e a escolha da miss que representará o território em um conjunto de beleza, simpatia e empoderamento. O concurso Miss Federação e o evento Pretas Têm Dendê consolidam-se como espaços fundamentais de expressão, pertencimento e protagonismo para mulheres negras da capital baiana.
As 15 candidatas ao título de Deusa do Ébano 2025 foram anunciadas. No dia 15 de fevereiro, durante a 44ª edição da Noite da Beleza, Adriane, Camila, Caroline, Cecilia, Ivana, Isis, Lorena, Maria Victoria, Nayara, Rafaela, Stephanie, Tainã, Thuane, Wania e Yasmin irão disputar o posto de Rainha do Ilê Aiyê, carregando o nome do Mais Belo dos Belos. As finalistas selecionadas vão mostrar no palco sua beleza, gingado e carisma em busca da tão almejada coroa, que será entregue em mãos pela atual Rainha Larissa Valéria Sá Sacramento.
A grande vencedora fará sua estreia oficial no Carnaval de Salvador e vai ser a grande estrela do Carnaval que comemora 50 anos do primeiro desfile do bloco afro mais antigo do país. São 15 mulheres, entre 19 e 35 anos, algumas na primeira, outras já na quinta vez concorrendo, cada uma com sua história de resistência e motivação pessoal para lutar pelo sonho de ser a Deusa do Ébano.
O concurso demonstra o poder da ancestralidade e dos valores que são passados de geração em geração de pais para filhos, que crescem sob a influência do Ilê Aiyê em suas vidas desde cedo. Todas as candidatas têm em comum o desejo de empoderar outras mulheres pretas e mostrar que a competição vai muito além da valorização dos traços e da estética negra. O primeiro bloco afro do Brasil cumpre, desde a primeira edição da Noite da Beleza Negra, o papel de destaque na luta por igualdade racial e resgate da autoestima da mulher negra, com a implantação de uma política pioneira de Ação Afirmativa.
A Deusa do Ébano da 44ª edição vai liderar o Carnaval do Ilê Aiyê de 2025, quando o tema do bloco será “Kenya: Berço da Humanidade”. Ao subir no trio para arrastar a multidão, a Rainha abre os caminhos e guia o cortejo do Mais Belo dos Belos, pintando as ruas de Salvador de amarelo, branco, vermelho e preto, e celebrando a revolução que a cinquentenária existência do Ilê Aiyê representa.
A seleção das 15 finalistas que concorrem ao título de Deusa do Ébano 2025 do Ilê Aiyê, na Senzala do Barro Preto, no Curuzu, acontece nesta quarta-feira (15), a partir das 15h. Com cerca de 180 inscritas de diversos lugares do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Barreiras e Feira de Santana, a seletiva vai avaliar a performance de dança afro de cada candidata para, enfim, o júri anunciar quais delas voltarão para casa mais próximas de realizar o sonho de brilhar no posto de Rainha do Ilê.
A grande vencedora será revelada no dia 15 de fevereiro, durante a 44ª edição da Noite da Beleza Negra, uma das festas mais esperadas do verão de Salvador. A Rainha eleita de 2025 vai ser a grande estrela do Carnaval que comemora 50 anos do primeiro desfile do bloco afro mais antigo do país. Além de ocupar uma posição de destaque na luta por igualdade racial e tornar-se ícone do empoderamento da mulher negra e da sua atuação transformadora na sociedade, a Deusa do Ébano é uma exaltação à estética negra, sendo o concurso uma das ações afirmativas mais importantes do Ilê Aiyê.
Foto: André Frutuoso
A vencedora da 44ª edição fará sua estreia oficial no Carnaval de Salvador 2025, quando o tema do bloco será “Kenya: Berço da Humanidade”. Ao subir no trio para arrastar a multidão, a rainha abre os caminhos e guia o cortejo do Mais Belo dos Belos, pintando as ruas de Salvador de amarelo, branco, vermelho e preto, e celebrando a revolução que a cinquentenária existência do Ilê Aiyê representa. Atualmente, o cargo de Deusa do Ébano está muito bem representado pela empresária, professora e coreógrafa Larissa Valéria Sá Sacramento.
Serviço
Seletiva finalistas Deusa do Ébano 2025
Data: 15 de janeiro (quarta-feira)
Horário: A partir das 15h
Local: Senzala do Barro Preto – Curuzu