AfroEmpreendedorismo
#Opinião – Eureca! E daí se o mercado da comunicação ficar nervosinho e raivoso? – Por Mirtes Santa Rosa
Eu sou uma empreendedora da comunicação. Quando eu falo ou penso sobre esse fato, tem dias que nem acredito. Na maioria das vezes, finjo naturalidade e abro aquele sorriso de vencedora. Pensamentos e palavras têm força. Em outros momentos vivo uma crise da impostora, aí preciso conversar com meus botões sobre o caminho que percorri e que esse lugar que estou me pertence. E que eu quero e vou encontrar sempre formas e novas perspectivas para me manter nesse lugar de empreendedora.
Como dizem os mais velhos: lugar de empresária. A mulher que sou hoje e que empreendeu em uma área tão complexa como a comunicação tem suas dúvidas, principalmente quando muitas portas não se abrem. Fazer comunicação social e democrática é instigante e complexo. Os desafios são enormes, mas sempre gostei de resolver problemas, então, entendo que para o que acontecer na busca e prospeção dos clientes, vou encontrar uma saída positiva e com lucro para o meu negócio.
Não vou dizer que sempre sonhei com esse momento/desafio, pois não seria verdade, mas com o passar dos anos o medo de empreender foi diminuindo. Fui percebendo que dinheiro chama dinheiro. Prosperidade chama prosperidade. O rio só corre pro mar e eu quero que o meu rio corra pra um mar de prosperidade, propósito e sucesso. Essa ideia de ser funcionária bem remunerada começou a não encher meus olhos. Eu quero os tumultos e BOs de ser a dona do lojinha. Na terapia me perguntei se eu estava lendo ou vendo muitos vídeos de economia neoliberais. Uma comunista de Iphone como eu não pode ser pega nesse lugar do capitalismo selvagem.
Depois de algumas conversas percebi que eu podia ser uma empreendedora e trazer os meus princípios de sociedade para o dia a dia dessa gestão. Lembrei que é uma decisão de quem empreende a sua forma de viver e ganhar dinheiro. Quem faz a missão, visão e valores é quem faz o negócio. Que é possível gostar de ganhar dinheiro e ter compromisso social verdadeiro. Que assumir esses compromissos não impede que a grana entre. Na maioria das vezes esse compromisso de unir o capital com o social permite novos aprendizados.
E daí que o mercado da comunicação fique nervosinho e raivoso? Eu quero fazer valer a frase de Angela Davis: “Quando uma mulher preta se movimenta, toda a estrutura se movimenta com ela”. Assumo que vou me mexer e botar para andar.
Na última temporada do Umbu Podcast, conversamos com Sérgio Gabrielli e uma das partes que mais me interessou e instigou foi quando ele falou sobre a importância da economia do trabalho para a democracia. Eu nunca tinha pensado sobre esse tema, a partir dessa perspectiva de evolução social dentro da esfera da economia. Ele me ajudou a perceber que tudo é democracia e estar atento ao que o trabalho produz permite mudanças sociais significativas. Que toda e qualquer decisão importa para a melhoria da sociedade no âmbito do trabalho. Minha decisão de criar e apresentar um podcast veio como uma intuição em 2019, mas essa já tinha me visitado e ido embora em outras ocasiões. E ela ia embora por eu me deixar dominar pelo medo do ridículo ou do fracasso.
Eu não via mulheres negras neste lugar. E, quando eu via mulheres líderes na comunicação, a estrutura do mercado sempre fez questão de menosprezar seus ganhos e feitos. Uma mistura de muitos sentimentos confusos é o que se aproxima mais da lembrança que tenho daqueles primeiros pensamentos empreendedores. E esses pensamentos que impediam a minha coragem para empreender algumas vezes se debatiam com um aprendizado que tive em 2005, quando fiz o Empretec do Sebrae. Naquele ano, minha experiência na agência que eu trabalhava oscilava entre me ver sendo uma diretora de atendimento e largando a publicidade e nunca mais olhando pra ela.
Acabei não me tornando uma diretora de atendimento e nem largando a publicidade, mas aquela semana intensa mergulhada sobre conceitos e práticas focadas no empreendedorismo passou a me acompanhar em cada momento de minha trajetória na comunicação. Nunca esqueci que empreender não significa ser patroa e sim entender a importância de uma gestão eficaz e inovadora. Que é possível ser disruptiva e trazer as características de uma empreendedora para qualquer momento ou lugar da cadeia produtiva que você esteja no momento do seu trabalho. O empreendedorismo chegou na minha vida lá atrás, chegou em boa hora, e é interessante como tudo se encaixa no tempo certo.
No primeiro final de semana que sai após parir Marina, foi pra fazer um curso que a empreendedora social Fau Ferreira do Afro Empreendendo realizou chamado Intuições Promissoras, um bate papo com Monique Evelle. Lembro de ter saído daquela conversa com o peito cheio de leite, cheia de ideias e pensando que era possível fazer diferente e ainda assim ganhar os meus reais. A pandemia chegou, muitas demissões. Eu que já tinha receio de ser demitida por ter lido que mulheres com dois filhos são ainda mais desligadas de suas funções, fiquei logo de orelha em
pé. Muitas conversas sobre as novas formas de trabalho que esse assunto nas pautas jornalísticas foi tão importante quanto a busca da vacina ou cura pra Covid.
E, no meio de todo medo e receio sobre meu futuro, a ideia do podcast me visitou novamente e ficou. Em cada momento que eu pensava sobre o que ia fazer no futuro ela tava lá na minha cabeça. Parecia eternamente aquela lâmpada acesa que representa criatividade. Eureca! Tive uma ideia.
Bem, o desfecho dessa ideia até o momento sabemos: Camilla França me ligou pra saber como eu estava, a convenci que tava na hora de empreendermos, ligamos pra Val Benvindo que também topou virar empreendedora. Procuramos parceiros, planejamos, sonhamos e executamos um produto de comunicação com nossa cara e coragem. Cada vez que um possível cliente, parceiro ou alguém que nos segue e escuta diz que somos massa, que nosso podcast tem algo diferente, eu sorrio por dentro e penso que valeu a pena acreditar na intuição que me tomou de assalto para experimentar e inovar na comunicação baiana.
Valeu cada momento dessa jornada da heroína empreendedora que está apenas no começo, mas que vive em mim e no Umbu e que não se assusta com a luta constante para quebrar paradigmas no mundo dos negócios e assumir que uma comunicação antiracista é possível.
Descobri faz poucos dias que 19 de novembro é o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino e esse dia agora também me pertence. Pois eu sou uma empreendedora da comunicação social e democrática de sucesso. Palavras e pensamentos têm força.
Mirtes Santa Rosa é publicitária e especialista em Comunicação e Gerenciamento de Marcas e também trabalha com planejamento estratégico comunicacional de projetos culturais, no qual pode mesclar suas duas maiores habilidades profissionais: gestão e comunicação. É umas das idealizadoras e apresentadoras do Umbu Podcast.
AfroEmpreendedorismo
Empreendedora Cynthia Paixão integra ‘A Feira TALKS’
A CEO da Afrocentrados, Cynthia Paixão, faz uma participação especial no “A Feira TALKS”, evento de networking e desenvolvimento profissional que reúne mulheres de sucesso do cenário baiano, no próximo dia 8 de setembro. O encontro que tem como objetivo compartilhar experiências que inspirem o protagonismo feminino em diversos setores, acontece na Cafeteria Botânica, Ruas das Hortências, 478, Pituba.
No domingo, Cynthia debaterá o tema “O sonho de sucesso coletivo x os desafios do gerir uma comunidade feminina”, a convite da Estrategista de Imagem Cecília Cadile. A conversa explora assuntos como liderança, desafios para manter empreendimentos colaborativos, os preconceitos enfrentados pela comunidade feminina afroempreendedora, o conceito de sucesso coletivo dentro de comunidades empreendedoras, dentre outros.
Junto à empreendedora estará Renata Silva, terapeuta e psicóloga das mulheres de negócios, com o tema “Entre as Realizações e Frustrações: Construindo um Lugar de Equilíbrio para as Mulheres”. O objetivo da conversa é oferecer insights e estratégias para as mulheres lidarem com as frustrações e desafios do empreendedorismo, especialmente ao gerirem ou participarem de comunidades empreendedoras femininas.
“No ‘A Feira TALKS’, teremos a oportunidade de trocar experiências e estimular o empreendedorismo e protagonismo feminino em diversos setores. Assim, poder falar sobre a Afrocentrados e minhas vivências enquanto empreendedora é muito positivo, principalmente por ser um lugar destinado a criar novas conexões. Minha expectativa é de um evento que contribua para o desenvolvimento pessoal dessas mulheres, fornecendo os direcionamentos necessários”, destaca Cynthia Paixão.
O evento conta ainda com outras duas convidadas. No sábado, dia 07, a mentora de negócios Rebeca Rosa conversa sobre “Produtividade Para Todas – Um olhar para além da sobrevivência”, e Camila Reis, CEO da Óleos da Mi e mentora de vendas, fala sobre “Quanto Vale o seu Propósito? – Superando obstáculos e explorando novos horizontes”.
Com entrada a R$80,00, o encontro é voltado para mulheres empreendedoras e profissionais de Salvador que expõem seus produtos em feiras, como a Feira da Cidade, além de lojas colaborativas. O “A Feira TALKS” é assinado pela Feira da Cidade, com produção da Agência Agosto, e coprodução da Cadile Curadoria e Consultoria de Imagem e Cafeteria Botânica.
AfroEmpreendedorismo
Mercado Iaô Primavera encerra inscrições nesta quinta-feira (22)
As inscrições para empreendedores de moda, artesanato, alimentação e serviços criativos, interessados em expor seus produtos no Mercado Iaô Primavera, encerram nesta quinta-feira (22). A terceira edição do evento acontece no dia 29 de setembro, das 10h às 20h, na sede da Fábrica Cultural, na Ribeira. As inscrições podem ser efetuadas através do preenchimento do formulário, disponível no site da Fábrica Cultural: fabricacultural.org.br
A seleção levará em conta os produtos que refletem as tradições culturais baianas, trazendo elementos que celebrem essa herança rica e diversificada, além da originalidade e a criatividade, que também serão fatores determinantes. Após o período de inscrições, será iniciado o processo de seleção em duas etapas. Na primeira, os empreendimentos pré-selecionados deverão apresentar seus produtos, em data e hora marcada, na Fábrica Cultural. No final deste processo, será publicada a lista final dos expositores selecionados.
Os escolhidos terão a oportunidade de exporem e comercializarem seus produtos. Durante o evento, os empreendedores devem apresentar produtos que serão comercializados na forma original apresentada na inscrição. O Mercado Iaô Primavera é uma proposta para empreendedores conectar-se com novos clientes e fazer parte de um evento vibrante que celebra a economia criativa e o empreendedorismo local.
Mercado Iaô é um Centro de Arte, de Educação, de Cultura e de Negócios Criativos. Localizado na Península de Itapagipe, em Salvador, Bahia, surge com a desafiadora meta de se constituir como um espaço de referência para o Artesanato e para a Cultura da Bahia, na busca por maior inclusão social, desenvolvimento sustentável e responsabilidade social. O objetivo é contribuir para o fomento da Economia Criativa, criando vitrines e oportunidades de comercialização para os segmentos do artesanato, ideias criativas, marcas baianas, gastronomia e artístico.
AfroEmpreendedorismo
Agosto da Igualdade celebra legado da Revolta dos Búzios
“A Revolta dos Búzios é um símbolo da luta do povo negro pela liberdade e igualdade, e a programação deste mês vem para honrar essa história de resistência, reforçando nosso compromisso com a promoção da igualdade de direitos e o respeito à diversidade”, destaca a titular da Sepromi, Ângela Guimarães.