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#Opinião – Emoção, negritude e a palidez do Diário Oficial! – Por Luciane Reis
Caros amigos, a história – mais do que discursos – é feita de imagens e, acima de tudo, ação prática. Inicio essa escrita correndo o risco de ser apedrejada ou de ter meu currículo retirado das diferentes mesas que o mesmo tem sido submetido nesta minha caminhada ao longo do tempo.
Mas enquanto homens e mulheres negras, a política, a história e a democracia precisam ser vistas sob outra ótica. A da construção da nossa dignidade, tendo como princípio fundamental não somente a garantia de acesso a direitos fundamentais previstos na Constituição. Para que possamos de fato pensar o futuro e o bem-viver, ter nossos nomes sendo colocados nos diários oficiais e não somente nos discursos e imagens belíssimas como as que vimos no dia 1 de janeiro de 2023, é central.
Para que não passemos pelas mesmas formas de participação política enquanto coadjuvantes, subordinados ao segundo plano – somente para que determinados nomes não sejam vistos como racistas, devemos lembrar que se não ocorrerem ações concretas de contratação, colocação de pessoas negras em diferentes espaços nestes novos governos respeitando as trajetórias, construção política e acima de tudo competência técnica e social, o antirracismo branco não passa de uma enganação.
Não podemos esquecer que ações concretas nos permitem acessar não só nossa autoestima, como também a autovalorização e, acima de tudo, o fortalecimento de nossas comunidades enquanto alicerces de futuro. Este é um desafio e convite à reflexão concreto que está colocado para os novos governos antirracista e dispostos a lutar por igualdade.
Se você como eu tem mais de 40 anos, deve se lembrar de como nossa contribuição ocorria nos primeiros momentos do movimento estudantil e político neste país. Para quem é mais jovem, resgato a memória de nossa participação nas atividades e manifestações, nas quais após os diferentes atos por um país melhor, nossos queridos amigos brancos que marchavam ao nosso lado entravam em seus carros e taxis ( Uber é uma inovação atual) e iam para suas casas ou celebrar em algum ambiente bonito. Enquanto nós, os considerados aliados desta tão celebrada revolução e democracia ficamos no ponto de ônibus esperando o último pernoitão ( nome dado ao transporte noturno por moradores de Salvador), rezando pra chegar em casa sem que nada acontecesse.
Mas o que isso tem a ver com a posse de Lula e dos demais nomes que tem se apresentado como combatentes destas tão famigeradas desigualdades em um dos momentos como o que temos pela frente?
Tem a ver que se a história é feita de atos e ações práticas, olhar o retrato do país que se configura a partir dos Diários Oficiais, precisa também ser um ato emocionante e histórico. Nomear pessoas negras para diferentes espaços de trabalho e posições de decisão política é parte da Democracia que estamos e queremos celebrar. Observar qual Brasil tem tomado posse no Diário Oficial em nosso país, estados e municípios, é um destes momentos que queremos deixar para a história.
Adentramos as Universidades, cobramos nosso direito enquanto cidadãos e cidadãs, possuímos os mesmos títulos, competências e habilidades que os nomes apresentados à sociedade pelos ministros e secretários de estado até o momento.
Então, o que tem impedido que esses, diante de discursos tão emblemáticos, tenham em suas equipes nomes negros ocupando as chefias de gabinete, assessorias e coordenações?
O governo que tem nos emocionado com as simbologias, discursos e uso de imagens, precisa transferir esses seus atos de respeito à igualdade para o Diário Oficial. Precisa apresentar nomes negros em posições dignas, alterando a realidade.
A troca de postos e cargos, precisa ser mais que discursos e cargos sem capacidade real de intervenção. Atuar de forma incisiva para que os ministros e secretários indiquem pessoas negras para o primeiro e segundo escalão, é permitir que as nossas novas gerações que subiram aquele palanque possam de fato estar representadas no governo.
Não queremos mais ser somente a banda que anima ou a imagem que simboliza. Queremos estar no dia a dia do que se tem chamado Democracia. Claro que é bacana ser a imagem que emociona o país, mas romper com a romantização das nossas batalhas diárias pela sobrevivência é mais emocionante ainda.
Queremos que o hábito tão comum de ficar no ponto de ônibus ao final dos potentes atos celebrados como inclusivos, enquanto quem diz lutar pela gente entra em seus carros, deixe de ser algo tão naturalizado diante da situação de vulnerabilidade e incertezas financeiras e de trabalho que vivemos.
De acordo com o nosso presidente, “A alma do Brasil reside na diversidade”. Debater a alma deste país passa, então, por cobrar dos partidos aliados que seu pedido de diversidade nas indicações seja cumprido. Não temos dúvida do quanto foi lindo o discurso e as imagens que a posse de Lula deixa para história deste país, mas também queremos – como se diz na Bahia – pagar nossa conta de luz e de internet, afinal caros amigos brancos e pretos que se emocionaram com tanta simbologia, em nossas casas também dá meio dia.
Só o Governo Federal possui 84.470 mil cargos ocupados por concursos, sendo 10.344 voltados para funções de direção e assessoramento superior (DAS) em comissionamento, de acordo com os últimos dados do Ministério da Economia. Reforçar as cotas nos concursos públicos com fiscalização e obrigatoriedade de contratação é central.
É inadmissível que dentro deste quantitativo de vagas de trabalho, pessoas negras representem menos de 40% dos com poder de decisão. É claro que celebro tudo que aconteceu no dia da posse. Mas como eu, acredito que muitos de nós preferem que essas lágrimas venham junto com o salário que vai cair na conta dos nomes anunciados pelos ministros até então, ao invés de chorar por não saber como pagar contas mínimas do dia a dia.
Querer trabalho digno é um princípio básico de busca por humanidade e cidadania! Mais do que emocionar, queremos viver com a mesma dignidade de acesso. Somos mais de 50% da população de acordo com o IBGE; não fazer parte quantitativamente de qualquer gestão neste país é paliativo antirracista. Neste sentido, convido sua emoção, choro e toda simbologia da posse a mandar nossos nomes para o Diário Oficial no intuito de, como você querido amigo branco antirracista, poder reconstruir o Brasil e pagar nossas contas com dignidade, E isso não acontece se só vocês forem os nomes que voltam para os lugares de sempre.
Feliz ano novo! Que esse ano comece com dignidade e trabalho para as diferentes pessoas negras deste país!
Luciane Reis é publicitária, tem mais de 15 anos atuando como gestora pública nas três esferas de governo, em áreas como assessoria de comunicação, parlamentar e Community Management. Tem especialização em Educação Digital pela Faculdade de Educação da UFBA e Mestrado em Desenvolvimento e Gestão (UFBA). É pesquisadora da área de Economia, Diversidades, Desenvolvimento de Pessoas e Inclusão Racial. Head da Merc’Afro e líder acelerada do Programa Marielle Franco do Fundo Baobá.
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#Opinião – A função esotérica do incenso – Por Januário
Há quase dois milhões de anos, os povos denominados pela arqueologia como primitivos “conheceram” o fogo. Além de preparar alimentos, clarear ambientes e enfrentar predadores, percebeu-se A Tarefa Superior desse elemento: iluminar o caminho até A Grande Consciência Cósmica. O plasma formado por átomos livres, resultantes da combustão, revela a sutileza d’A Sabedoria Universal.
Paralelo a esse conhecimento, os humanos também identificaram como determinados aromas produzem alterações psicológicas, exercendo efeitos nos sete centros energéticos do corpo, os chakras[2] da cultura hindu. Logo, aquecer ervas aromáticas ao fogo tornou-se costume entre nossos ancestrais. Nasciam as primeiras tradições místicas, reconhecendo os efeitos terapêuticos do incenso, um importante amplificador da consciência e purificador de ambientes.
A palavra latina incendere, literalmente, acender ou queimar, remete às escolas herméticas do Antigo Egito, passando pelas tradições da umbanda, candomblé, xintoísmo, budismo, judaísmo e cristianismo, encontramos a utilização do incenso como chave para acessar os Planos Espirituais. Diversas escolas esotéricas, como a maçonaria, o martinismo, o rosacrucianismo, o sufismo e algumas tradições do Yoga guardam consigo os segredos do preparo de incensos específicos para a transmutação do espírito, buscando a perfeição.
São raras as pessoas que conhecem o sentido profundo do incenso. A superstição vulgarizou o uso, distorceu o seu propósito original, substituindo-o por dogmas. Não obstante, encontramos nos livros adotados por várias religiões, referências ao incenso como presente para celebrar o nascimento de alguns avatares: foi assim com O Mestre Jesus[3].
Tecnologia espiritual, útil para queimar miasmas e larvas astrais, o incenso protege, purifica e auxilia a entrar em contato com O Caminho Ancestral Superior. Um meio para REunir-se aos Arcanos do Conhecimento Eterno. A fumaça que se desloca pelo ar da aspiração humana, rumo A União Secreta e Suprema com O Todo.
[1] Armando Januário dos Santos é Trabalhador da Luz, Mestre em Psicologia, Psicólogo (CRP-03/20912) e Palestrante. Contato: (71) 98108-4943 (WhatsApp).
[2] Em artigo posterior, falaremos sobre os sete chakras e a sua importância para equilibrar os nossos sete corpos: físico, mental, emocional, astral, essencial, espiritual e energético.
[3] “Entraram na casa e encontraram o menino com Maria, a sua mãe. Então se ajoelharam diante dele e o adoraram. Depois abriram os seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra” (Mateus 2:11).
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#Opinião – João: um sol místico na Judeia – Por Armando Januário
Entre os santos mais populares do Brasil, São João Batista é uma das figuras mais importantes na tradição judaico-cristã. Reverenciado pela cultura nordestina nas celebrações de junho, o Batizador de Jesus, desde os primórdios da sua existência, cultivou intimidade com os arcanos da Sabedoria Universal.
João foi educado nos preceitos judaicos e logo adentrou ao nazireado, costume típico do judaísmo, no qual algumas famílias destinavam seus filhos para uma vida ascética: os nazireus deixavam crescer a barba e os cabelos, se privavam de bebidas alcoólicas e uvas, e não tocavam em cadáveres. Essa moral era o caminho encontrado para a introdução em conhecimentos profundos sobre A Energia Criativa. O Batista afirmava que batizava em água, contudo, viria Aquele que batizaria em fogo, sendo maior que ele (Mateus 3:11). Essa passagem bíblica dá a entender que João já conhecia a iminente Manifestação Crística em Jesus de Nazaré. Com efeito, ele é o filho de Isabel, que ainda no ventre da sua mãe, pula de júbilo quando ela ouve a saudação de Maria, grávida de Jesus (Lucas 1:41-44). Esse momento indica que João e Jesus se conheciam de outras existências.
Antes de o imperador Justiniano, no Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 553, condenar a reencarnação, o cristianismo primitivo encarava a pluralidade das existências como realidade. Por isso, quando Jesus afirmou que João “[..] é Elias, que havia de vir” (Mateus 11:14), o Mestre alude a vida pregressa do Batista, algo que certamente não causou surpresa aos presentes. A própria encarnação de João, anunciada pelo anjo Gabriel confirma a existência pretérita de João como Elias: “[…] e [João] irá adiante dele com o espírito e a virtude de Elias, a fim de reconduzir os corações dos pais para os filhos” (Lucas 1:13).
João Batista é uma figura tão especial que os festejos em sua homenagem uniram certas tradições antigas[1], na qual a data está inserida no solstício de verão, quando o ângulo do sol se distancia ao máximo da Terra. Esse fenômeno ocorre apenas duas vezes por ano: em junho, no Hemisfério Norte e em dezembro, no Hemisfério Sul. Temos, portanto, dois sóis: João, o sol que vem para anunciar a chegada de outro sol, reluzente e soberano: Jesus, o Cristo Planetário.
[1] Os celtas comemoravam o solstício de verão em honra ao deus Sol, para o qual pediam proteção contra maus espíritos e pragas nas colheitas. As festas incluíam fogueiras e fartura, apontando para o desejo de prosperidade espiritual e física.
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#Opinião – O sentido místico do Dia dos Namorados – Por Armando Januário
Por aspectos históricos e econômicos, o Brasil celebra o Dia dos Namorados em 12 de junho. A 1948, o publicitário João Dória, pai do ex-governador de São Paulo, foi contratado por uma loja. Ele percebeu que o Mês das Mães era rentável para o comércio, em oposição a junho, um mês de queda nos lucros. Planejando estender os ganhos comerciais, Dória escolheu a véspera do Dia de Santo Antônio – na tradição católica, O Santo Casamenteiro – para aquecer os corações e o comércio. A estratégia deu certo e temos o Dia dos Namorados em junho, mais de 4 meses após a data tradicional, 14 de fevereiro, Dia de São Valentim. Contudo, essas tradições oficiais envolvem um mistério muito anterior.
No Império Romano, havia a celebração do deus Lupercus, para afastar os maus espíritos e atrair fertilidade. A Lupercália era marcada pelo momento em que os homens retiravam de um jarro o nome das mulheres que seriam suas companheiras nessa festa e nas seguintes. Posteriormente, alguns desses casais se apaixonavam e se casavam, porque teriam o que se considera “sorte no amor”. Essa expressão envolve ser agraciado através do sorteio, que, inicialmente, seria puro acaso. Não obstante, o sentido esotérico de sorte abrange saber o instante adequado para consolidar um plano. Percebemos, então, que o sentido dado a esta palavra se afastou significativamente do seu conceito original. Fica também evidente a inexistência da sorte como percebida nos tempos atuais, mas, sim, que ela obedece às Leis Cósmicas, sobretudo, a Lei de Atração. O oculto no Dia dos Namorados se apresenta.
A celebração dos apaixonados potencializa a vibração e atrai a pessoa amada para o campo magnético do emissor. Não se trata de magia ou acaso. Antes, falamos do Poder Divino[3] manifesto em nós. Por isso, quando pensamos em viver um amor com a firme convicção de sua existência, a materialização dessa realidade ocorre, obedecendo o Mistério denominado Tempo.
Portanto, o Dia dos Namorados, longe de uma data comum, oferece a oportunidade vibracional para ser A Unidade Eterna, Princípio de Todas As Coisas, que utiliza o desejo para cocriar sonhos.
[1]Dedico esse texto a minha noiva, Andrêina.
[2]Armando Januário dos Santos é Trabalhador da Luz, Mestre em Psicologia, Psicólogo (CRP-03/20912) e Palestrante. Contato: (71) 98108-4943 (WhatsApp)
[3]Em João 10:34, Jesus de Nazaré argumenta com seus opositores: “na Lei de vocês está escrito que Deus disse: “Vocês são deuses”” (O Mestre Jesus, em João 10:34). Deixamos com a pessoa do leitor a perspicácia para compreender o ensino secreto do Mestre.