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#Opinião – Um dia no Porto, as histórias, o povo! Por Mirtes Santa Rosa

Mirtes Santa Rosa

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Já pintou verão e eu estava doida pra tomar meu primeiro banho de mar do ano. E foi assim que eu decidi viver e curtir o um dia de verão na praia do Porto da Barra.
Fazia anos que não tomava um banho de mar nesta praia da cidade. Normalmente, ela não me apetece. Quando eu penso onde moro e a dificuldade de chegar lá, mesmo que eu vá de carro, já me cansei e não vou. Mesmo eu sendo uma pessoa que gosta do frio, quando o verão chega, fico feliz e quero relaxar na praia. Mas é fato que se a pessoa resolve viver o verão é importante um dia ir no Porto.

Chegando lá, já senti aquele clima de verão do povo. Longe das reportagens que enaltecem a beleza ou falam da violência que aflige banhistas soteropolitanos e turistas, o bom do Porto é o povo que resiste, trabalha e curte essa praia. Andar no calçadão e observar as pessoas já me diz que o povo é lindo e que eu sou o povo. Antes de chegar na areia, escutei logo uma “lá ela” da vendedora do coco que parei pra comprar. Ela me atendia e conversava com alguém sobre a briga que teve com o marido à noite. Disse que ela não era puta, mas que ele tava mesmo era merecendo uma disgraça na cara e ser corno. Ela me atendeu com o celular no ouvido, contando a história pra pessoa do outro lado da linha e, mesmo pirada, abria um sorriso ao me atender. Abri logo meu sorriso também pra deixar ela bem à vontade, enquanto ela contava a história novamente pra pessoa que tava com ela na ligação, paguei no Pix que ela apontou o QR code, e desci pra praia.

É nessa areia que tudo fica mais verão e curtição. A mistura de gente é uma delícia: do soteropolitano como eu, que tem preguiça de disputar espaço com as cadeiras e guarda-sóis naquela pequena faixa de areia e muitas vezes se priva de visitar um lugar tão lindo e tão nosso, ao turista que fica encantado com aquele mar calmo, de águas quentes e que um bom observador vai amar e perceber que existe uma Salvador que precisa ser vivida além da foto no Instagram que vai marcar a localização que visitou uma bela praia da capital baiana.

Pra falar a verdade, o mar nem tava tão calmo, tava puxando e muito, isso significa que do nada enquanto tava curtindo, boiando e agradecendo a Iemanjá aquele dia e o banho de mar, fui logo trazida pra realidade, um cara gritou que eu ficasse ligada porque a maré já tava jogando nas pedras. Agradeci dizendo “valeu!” e abrindo o sorriso largo pois ele foi o vendedor do queijo que comprei mais cedo.

 

Marco da Fundação

 

Fiquei com aquela sensação boa de que o mar é de todos. E foi nessa hora olhando para as pedras que vi o Marco da Fundação da cidade que fica lá sem nenhuma visita. Verdade, enquanto eu estava lá curtindo o mar, comecei a observá-lo e ninguém apareceu para visitar e olhar os belos azulejos portugueses que retratam a fundação da cidade. Será que Tomé de Souza imaginou que essa pseudo nova Lisboa seria como ela é hoje? Cheia de resenhas, risadas e liberdades nada europeias? Acho pouco provável.

A história já nos mostrou que é preciso visitar os locais turísticos e históricos e descolonizar. Comecei a pensar em como falar sobre a fundação da cidade com o olhar dos povos originários daquela região da cidade. Que língua falavam? Quais suas culturas? Aprendemos e falamos tão pouco da fundação da cidade do Salvador que me questiono quem será a pessoa que vai curtir o Porto e vai se preocupar em visitar um marco histórico, que fica em uma bela praia. Mesmo que atualmente possamos contar a história por outros olhos, eu poucas vezes lembro que o marco está ali.

Pra mim quando se fala de Porto da Barra só associo a praia. Reza a lenda que a Vila do Pereira era ali. Então, tentando descolonizar aquele espaço, gosto de pensar, que pra cada disgraça dita a partir de uma boa história, som alto na areia fazendo aquele arrastão gostoso pra matar a saudade de uma boa festa de largo, biquíni bem enfiado, nos lembrando que todos os corpos são livres, bandeira de arco íris pra ir, vir e curtir. Nós vamos é invadir.

É desse verão que gosto, do que mistura gente e histórias, do que as associações de moradores podem reclamar mas nunca nos tirar o direito à cidade, que os ônibus podem faltar e não passar nos bairros periféricos, mas que vamos dar um jeito de ir do mesmo jeito, pois nada vai nos fazer acreditar que não pertencemos àquela faixa de areia e mar.

Somos os descendentes dos indígenas que não foram exterminados pelo desejo de se ter uma nova Lisboa nas Américas. Então, que tenha ainda muito verão e coragem pela frente, pois com um sol pra cada cabeça que estamos sentindo todos os dias, vai ter muito Porto da Barra pra toda cidade sim. Porque somos nós a alegria do verão na cidade.

Apesar de tanto não, tanta dor que nos invade
Somos nós a alegria da cidade
Apesar de tanto não, tanta marginalidade
Somos nós a alegria da cidade

Lazzo Matumbi e Jorge Portugal

 

Mirtes Santa Rosa é publicitária e especialista em Comunicação e Gerenciamento de Marcas também trabalha com planejamento estratégico comunicacional de projetos culturais, no qual pode mesclar suas duas maiores habilidades profissionais: gestão e comunicação. É umas das idealizadoras e apresentadoras do Umbu Podcast.
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#Opinião – A função esotérica do incenso – Por Januário

Ana Paula Nobre

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Januário
Foto: Divulgação

Há quase dois milhões de anos, os povos denominados pela arqueologia como primitivos “conheceram” o fogo. Além de preparar alimentos, clarear ambientes e enfrentar predadores, percebeu-se A Tarefa Superior desse elemento: iluminar o caminho até A Grande Consciência Cósmica. O plasma formado por átomos livres, resultantes da combustão, revela a sutileza d’A Sabedoria Universal.

Paralelo a esse conhecimento, os humanos também identificaram como determinados aromas produzem alterações psicológicas, exercendo efeitos nos sete centros energéticos do corpo, os chakras[2] da cultura hindu. Logo, aquecer ervas aromáticas ao fogo tornou-se costume entre nossos ancestrais. Nasciam as primeiras tradições místicas, reconhecendo os efeitos terapêuticos do incenso, um importante amplificador da consciência e purificador de ambientes.

A palavra latina incendere, literalmente, acender ou queimar, remete às escolas herméticas do Antigo Egito, passando pelas tradições da umbanda, candomblé, xintoísmo, budismo, judaísmo e cristianismo, encontramos a utilização do incenso como chave para acessar os Planos Espirituais. Diversas escolas esotéricas, como a maçonaria, o martinismo, o rosacrucianismo, o sufismo e algumas tradições do Yoga guardam consigo os segredos do preparo de incensos específicos para a transmutação do espírito, buscando a perfeição.

São raras as pessoas que conhecem o sentido profundo do incenso. A superstição vulgarizou o uso, distorceu o seu propósito original, substituindo-o por dogmas. Não obstante, encontramos nos livros adotados por várias religiões, referências ao incenso como presente para celebrar o nascimento de alguns avatares: foi assim com O Mestre Jesus[3].

Tecnologia espiritual, útil para queimar miasmas e larvas astrais, o incenso protege, purifica e auxilia a entrar em contato com O Caminho Ancestral Superior. Um meio para REunir-se aos Arcanos do Conhecimento Eterno. A fumaça que se desloca pelo ar da aspiração humana, rumo A União Secreta e Suprema com O Todo.

[1] Armando Januário dos Santos é Trabalhador da Luz, Mestre em Psicologia, Psicólogo (CRP-03/20912) e Palestrante. Contato: (71) 98108-4943 (WhatsApp).

[2] Em artigo posterior, falaremos sobre os sete chakras e a sua importância para equilibrar os nossos sete corpos: físico, mental, emocional, astral, essencial, espiritual e energético.

[3] “Entraram na casa e encontraram o menino com Maria, a sua mãe. Então se ajoelharam diante dele e o adoraram. Depois abriram os seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra” (Mateus 2:11).

 

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#Opinião – João: um sol místico na Judeia – Por Armando Januário

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Entre os santos mais populares do Brasil, São João Batista é uma das figuras mais importantes na tradição judaico-cristã. Reverenciado pela cultura nordestina nas celebrações de junho, o Batizador de Jesus, desde os primórdios da sua existência, cultivou intimidade com os arcanos da Sabedoria Universal.

João foi educado nos preceitos judaicos e logo adentrou ao nazireado, costume típico do judaísmo, no qual algumas famílias destinavam seus filhos para uma vida ascética: os nazireus deixavam crescer a barba e os cabelos, se privavam de bebidas alcoólicas e uvas, e não tocavam em cadáveres. Essa moral era o caminho encontrado para a introdução em conhecimentos profundos sobre A Energia Criativa. O Batista afirmava que batizava em água, contudo, viria Aquele que batizaria em fogo, sendo maior que ele (Mateus 3:11). Essa passagem bíblica dá a entender que João já conhecia a iminente Manifestação Crística em Jesus de Nazaré. Com efeito, ele é o filho de Isabel, que ainda no ventre da sua mãe, pula de júbilo quando ela ouve a saudação de Maria, grávida de Jesus (Lucas 1:41-44). Esse momento indica que João e Jesus se conheciam de outras existências.

Antes de o imperador Justiniano, no Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 553, condenar a reencarnação, o cristianismo primitivo encarava a pluralidade das existências como realidade. Por isso, quando Jesus afirmou que João “[..] é Elias, que havia de vir” (Mateus 11:14), o Mestre alude a vida pregressa do Batista, algo que certamente não causou surpresa aos presentes. A própria encarnação de João, anunciada pelo anjo Gabriel confirma a existência pretérita de João como Elias: “[…] e [João] irá adiante dele com o espírito e a virtude de Elias, a fim de reconduzir os corações dos pais para os filhos” (Lucas 1:13).

João Batista é uma figura tão especial que os festejos em sua homenagem uniram certas tradições antigas[1], na qual a data está inserida no solstício de verão, quando o ângulo do sol se distancia ao máximo da Terra. Esse fenômeno ocorre apenas duas vezes por ano: em junho, no Hemisfério Norte e em dezembro, no Hemisfério Sul. Temos, portanto, dois sóis: João, o sol que vem para anunciar a chegada de outro sol, reluzente e soberano: Jesus, o Cristo Planetário.

[1] Os celtas comemoravam o solstício de verão em honra ao deus Sol, para o qual pediam proteção contra maus espíritos e pragas nas colheitas. As festas incluíam fogueiras e fartura, apontando para o desejo de prosperidade espiritual e física.

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#Opinião – O sentido místico do Dia dos Namorados – Por Armando Januário

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Por aspectos históricos e econômicos, o Brasil celebra o Dia dos Namorados em 12 de junho. A 1948, o publicitário João Dória, pai do ex-governador de São Paulo, foi contratado por uma loja. Ele percebeu que o Mês das Mães era rentável para o comércio, em oposição a junho, um mês de queda nos lucros. Planejando estender os ganhos comerciais, Dória escolheu a véspera do Dia de Santo Antônio – na tradição católica, O Santo Casamenteiro – para aquecer os corações e o comércio. A estratégia deu certo e temos o Dia dos Namorados em junho, mais de 4 meses após a data tradicional, 14 de fevereiro, Dia de São Valentim. Contudo, essas tradições oficiais envolvem um mistério muito anterior.

No Império Romano, havia a celebração do deus Lupercus, para afastar os maus espíritos e atrair fertilidade. A Lupercália era marcada pelo momento em que os homens retiravam de um jarro o nome das mulheres que seriam suas companheiras nessa festa e nas seguintes. Posteriormente, alguns desses casais se apaixonavam e se casavam, porque teriam o que se considera “sorte no amor”. Essa expressão envolve ser agraciado através do sorteio, que, inicialmente, seria puro acaso. Não obstante, o sentido esotérico de sorte abrange saber o instante adequado para consolidar um plano. Percebemos, então, que o sentido dado a esta palavra se afastou significativamente do seu conceito original. Fica também evidente a inexistência da sorte como percebida nos tempos atuais, mas, sim, que ela obedece às Leis Cósmicas, sobretudo, a Lei de Atração. O oculto no Dia dos Namorados se apresenta.

A celebração dos apaixonados potencializa a vibração e atrai a pessoa amada para o campo magnético do emissor. Não se trata de magia ou acaso. Antes, falamos do Poder Divino[3] manifesto em nós. Por isso, quando pensamos em viver um amor com a firme convicção de sua existência, a materialização dessa realidade ocorre, obedecendo o Mistério denominado Tempo.

Portanto, o Dia dos Namorados, longe de uma data comum, oferece a oportunidade vibracional para ser A Unidade Eterna, Princípio de Todas As Coisas, que utiliza o desejo para cocriar sonhos.

[1]Dedico esse texto a minha noiva, Andrêina.

[2]Armando Januário dos Santos é Trabalhador da Luz, Mestre em Psicologia, Psicólogo (CRP-03/20912) e Palestrante. Contato: (71) 98108-4943 (WhatsApp)

[3]Em João 10:34, Jesus de Nazaré argumenta com seus opositores: “na Lei de vocês está escrito que Deus disse: “Vocês são deuses”” (O Mestre Jesus, em João 10:34). Deixamos com a pessoa do leitor a perspicácia para compreender o ensino secreto do Mestre.

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