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Literatura

Escritores negros lançam publicação sobre memórias e vivências no Centro de Salvador

Jamile Menezes

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Mônica Santana Foto: Priscila Fulô

Das memórias e experiências no antigo Centro de Salvador brotou o livro Recordações de Becos e Vielas, que terá lançamento no dia 28 de fevereiro, às 19h, no Consulado Rosa Malê (Rua Maciel de Cima, n°20 Pelourinho). Idealizado por Mônica Santana, que assina dez crônicas presentes na obra, construída por meio de derivas nas ruas do Centro Histórico da capital baiana.
Lançado pela Edtóra / Sociedade da Prensa, o livro reúne também poemas de Alex Simões e uma peça teatral de Gildon Oliveira, além de uma série fotográfica realizada por Priscila Fulô. O projeto foi contemplado pelo Edital Setorial de Literatura 2019 e tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda, Fundação Cultural do Estado da Bahia e Secretaria de Cultura da Bahia.

Gildon Oliveira | Foto Priscila Fulo

A equipe de criadores do projeto residiu por anos no Centro de Salvador, trazendo as recordações e experiências para escrita e imagens. Escritores, fotógrafa e editores caminharam juntos e olharam para as ruas, velhos casarões, ladeiras e becos da velha Salvador, produzindo um livro que entrelaça presente e passado do território e do seu próprio modo de conceber produções editoriais e gráficas.

“Recordações de Becos e Vielas é um livro que reúne texto e imagens de autorias negras: aqui não simplesmente representação, produzida por olhares brancos, mas produção de discurso e fabulação por quem vivenciou esse território, com os atravessamentos de corpos negros e dissidentes. O livro nasceu da vontade de contar as histórias que vivi e testemunhei nos anos em que morei, trabalhei, visitei o Centro Histórico de Salvador. Nasceu da vontade de produzir um livro fruto de memórias, bem como das andanças no presente ao lado de outras pessoas que também vivenciam esse território” – De acordo com a coordenadora do projeto e escritora, Mônica Santana.

O livro reúne 10 crônicas escritas por Mônica Santana e cinco poemas de Alex Simões, bem como uma peça teatral de Gildon Oliveira e a série fotográfica de Priscila Fulô. O lançamento contará com um Sarau, envolvendo leitura dramática do texto teatral, bem como de outros textos do livro. Contando com a participação de Gustavo Melo Cerqueira, Jocélia Aguiar, Laís Machado e Marcia Lima, o evento terá entrada franca e é aberto ao público. Na oportunidade o livro estará à venda (R$30,00 – preço promocional de lançamento) e haverá sessão de autógrafos.
SERVIÇO

Lançamento do Livro Recordações de Becos e Vielas, de Mônica Santana, Alex Simões, Gildon Oliveira e Priscila Fulô
Editora / Sociedade da Prensa
Dia 28 de fevereiro, às 19h, no Consulado Rosa Malê (Rua Maciel de Baixo, n°20 Pelourinho)
Entrada franca
Livro à venda por R$30,00 (preço promocional de lançamento).

Literatura

Escritora baiana Fabiana Cardeal estreia com livro infantil

Ana Paula Nobre

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Foto: Divulgação

A psicóloga e pedagoga baiana, Fabiana Cardeal, define “com muita ousadia” sua estreia como escritora. Mãe de João Pedro, de 3 anos, é especialista quando o assunto é protagonismo negro. Através da literatura, a educadora resgatou sua criança interior e escreveu seu primeiro livro: ‘Era uma vez uma menina preta’. Aos 41 anos, a autora colocou no papel sua essência ao trazer Bia, uma menina sonhadora que tinha muitas ambições desde pequena.

Ressaltando o protagonismo negro em sua primeira obra, Fabiana anseia seguir escrevendo novas histórias com representatividade para os pequenos. “Adoro ver o brilho no olhar das crianças ao se identificarem com Bia. Depois que escrevi o livro, percebi que me tornei uma inspiração para meus alunos e isso me alegra constantemente. Fazer com que o público infantil negro se identifique através da minha escrita virou uma grande realização de vida”, celebra a autora.

Egressa de escola pública, Fabiana Cardeal fez duas graduações simultaneamente, uma no período da manhã e outra no turno da tarde. Formada em Psicologia pela FTC e Pedagogia na Universidade Estadual da Bahia (UNEB), trabalha atualmente unindo as duas formações – psicologia e pedagogia – para atender crianças com necessidades especiais na Escola Municipal Ana Maria Alves dos Santos, localizada em Feira de Santana, na Bahia. “Sempre soube que uma profissão andava de mão dada com a outra. Meu maior desafio trabalhando no âmbito escolar e psicopedagógico é poder acolher não só as crianças, mas também as famílias”, pontua.

A literatura é mais um caminho de fortalecimento desta mensagem. “A vida tem muitas batalhas, mas também abre um portal para infinitas possibilidades”, sinaliza a escritora, lembrando que a menina Bia sabe que o caminho não é fácil, mas segue costurando sonhos e, nesse caminhar, percebe que podia ser o que desejasse e ir aonde o sonho a levasse.

A importância da representatividade

As imagens de personagens negras no cenário cultural brasileiro e mundial sempre foram tratadas em segundo plano. Desde princesas da Disney até livros e contos clássicos, a supremacia dos brancos era quase unanimidade. Mas, poupo a pouco, essa história vem mudando. “E as crianças pretas estão amando se ver em livros, contações de história, em bonecas”, comemora a escritora.

Quando pequena, Fabiana Cardeal já entendia o significado da luta que enfrentaria só por ter nascido com pele retinta. “A principal mensagem que quero passar com este meu primeiro livro é a de que os nossos sonhos podem ser alcançados. Não estou dizendo que a trajetória para nós negros será fácil, mas quero enfatizar que podemos inspirar uns aos outros. Se eu consegui, certamente outras crianças negras também conseguirão”, reflete a autora.

Serviço:

O quê: Lançamento do livro Era uma vez uma menina preta (Editora Usina de Textos)

Quanto: R$ 40,00 (pode ser adquirido no  Instagram da autora ou no Mercado Livre)

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Literatura

Estudantes da rede pública se revelam futuros escritores na Flica 2024

Ana Paula Nobre

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Flica 2024
Foto: Diego Silva

O destaque da tarde do último sábado (19) na Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica 2024) foi o Sarau Literário Casa do Governo, fruto de um projeto estruturante da Secretaria de Educação (SEC), o TAL (Tempos de Arte Literária), pelo qual estudantes do Ensino Médio produzem textos orientados por um professor e participam de uma seletiva anual que tem culminância num encontro de estudantes. A programação contou com uma efervescência estudantil que jogaram luz aos projetos de secretarias estaduais voltados a duas grandes bases transformadoras da sociedade: educação e cultura.

No caso das escolas pertencentes ao núcleo de identidade territorial do Recôncavo, esse encerramento ganhou um palco na FLICA desde a edição do ano passado, e o resultado são estudantes protagonizando momentos antes nunca sonhados, em que suas performances musicais e criações literárias ganham voz num dos maiores eventos literários do Brasil com plateia lotada.

“Estou muito nervosa e feliz. Vou mostrar um poema falando sobre as memórias póstumas de Clodoaldo Brito, que foi um filho de Salinas das Margaridas, onde eu moro. Foi compositor, fez várias obras, várias coisas e marcou Salinas. Escrever ajuda a me expressar, porque coloco para fora uma coisa que fica dentro do meu peito”, revelou a estudante Deyliane Marinho, 16 anos, que cursa o segundo ano do Colégio Estadual de Tempo Integral de Salinas das Margaridas.

“Trouxemos vários estudantes de todas as escolas do Recôncavo para oportunizar a participação deles que vêm produzindo textos de vários gêneros literários com orientação dos seus professores, que também estão aqui para esse momento esperado”, conta o coordenador de Execução e Logística na Superintendência de Políticas para a Educação Básica da Secretaria de Educação (SEC), Alexandre Santana (Xandão).

A estudante Fabiane Ramos, 17 anos, do Colégio Estadual Nossa Senhora da Conceição, em Varzedo, foi selecionada pelo projeto TAL e se preparava para recitar seu poema sobre a força das mulheres negras. “É uma emoção muito grande fazer parte desse evento e mostrar um poema que fala sobre mulheres negras. Eu senti um desabafo quando escrevi ele. Não é de hoje que as mulheres negras pedem socorro, né? Eu passei uma situação muito complicada, desabafei através desse poema e isso melhorou bastante o meu psicológico. Quem sabe um dia eu esteja aqui lançando um livro?”, apostou Fabiane.

Professores que inspiram

A professora de Linguagens Ana Patrícia Giffoni, do Colégio Estadual João Cardoso dos Santos, em Valença, estava acompanhando seus alunos e também lançando seu livro, “Em Todo Azul do Mar”. “Isso aqui é uma vivência incrível, principalmente para estudantes que moram aqui no interior, que não têm muita oportunidade de conhecer outras coisas, não têm muitas possibilidades. De repente, vir para cá e ter todo esse evento de graça, chegar perto de escritores e também mostrar o que escreveram, vivendo tudo isso, é fantástico para eles. Eu adiei muito tempo até me sentir pronta para lançar meu livro. Quem sabe eles não possam estar preparados para isso bem antes?”, pontua ela.

Casa do Governo

Na edição 2024 da FLICA, o espaço contou com a participação 15 secretarias e vinculadas que mesclaram suas atividades com ações colaborativas e acesso gratuito. “O desafio de montar esse quebra-cabeça foi intenso e muito satisfatório. Não tenho dúvida que a arte, a cultura, em todas as suas nuances, são agentes transformadores e, sobretudo, têm a capacidade de salvar vidas”, realçou a produtora cultural Flávia Motta, curadora da Casa do Governo na FLICA 2024.

FLICA – Na edição 2024 da FLICA, os principais espaços são a Tenda Paraguaçu, Fliquinha e Geração Flica, além da programação artística, dividida entre o Palco Raízes e o Palco dos Ritmos. Todos os espaços têm indicação etária livre e contam com acessibilidade, tradução em libras e audiodescrição. A curadoria da FLICA é formada por Calila das Mercês, Emília Nuñez, Deko Lipe e Linnoy Nonato. A Coordenação Geral é assinada por Vanessa Dantas, CEO da Fundação Hansen Bahia.

A 12ª FLICA é uma realização da Fundação Hansen Bahia (FHB), em parceria com a Prefeitura de Cachoeira, LDM (livraria oficial do evento), CNA NET (internet oficial do evento) e conta com o apoio da Bracell, ACELEN, Bahiagás, Governo do Estado da Bahia, através da Bahia Literária, ação da Fundação Pedro Calmon/Secretaria de Cultura e da Secretaria de Educação, Caixa e Governo Federal.

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Literatura

Matheus Buente e João Pimenta fazem sessão extra na Flica 2024

Ana Paula Nobre

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Foto: Diego Silva

Os influenciadores baianos Matheus Buente e João Pimenta, que possuem milhares de seguidores nas redes sociais, lotaram o Cine Theatro Cachoeirano na tarde do último sábado (19), durante bate-papo na Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica 2024). A plateia da Geração Flica se divertiu bastante e interagiu com os humoristas, que fizeram uma sessão extra para atender a todo o público presente no local. A dupla apresentou um show leve e cheio de baianidade, mesclando altas doses de humor crítico e dicas culturais.

O charme do Cine Theatro Cachoeirano, que foi construído em 1922, aliado a um cenário colorido e aconchegante, foi o palco perfeito para o público se divertir com um humor ácido, rápido e inteligente. Para fazer o link com o evento em si, Pimenta foi preciso: “A gente preparou um materialzinho de referências sobre questões literárias, porque a literatura não está só no livro, né? Como roteirista e com experiência no mercado publicitário, é bacana falar sobre o assunto para uma galera que tem interesse em começar a escrever e trampar com isso”, destaca.

Professor de História e craque do stand up comedy, Matheus Buente comemora a terceira participação dele em edições da FLICA. “É muito bom vir para outra cidade e se sentir querido, principalmente em Cachoeira, que tem um valor histórico tão grande e é uma cidade com personalidade. A gente não tem livros publicados, mas escreve muito, porque o comediante vive de texto, né? Nós levamos a oralidade para o palco, mas tudo começa na caneta e no papel. Então, é muito bom se sentir respeitado e considerado em um espaço como esse”, ressalta.

Foto: Diego Silva

Durante a apresentação para uma plateia atenta, os humoristas demonstraram entrosamento e desenvoltura na condução, arrancando risos e plantando reflexões ao mesmo tempo. “Um dos meus primeiros contatos com a leitura é a coleção Paraíso da Criança. Isso me ajudou demais, porque foi a primeira relação que eu tive com lendas do nosso país e estes livros, além de extremamente ricos, fazem você entender o conteúdo e, com isso, absorver a leitura”, afirma Pimenta, que é natural de Pojuca e começou a fazer humor em 2005 em um projeto social da cidade.

Habilidoso na arte de misturar humor e crítica social, Pimenta, que já fez parte do elenco de Porta dos Fundos, acredita na importância de se posicionar ante as questões da sociedade contemporânea. “Ser isento é uma coisa muito chata, é uma vida muito cômoda, e eu acho que vai chegar um momento em que a oportunidade não vai poder mais dizer não pra gente, eles vão ter que aceitar que a forma que o mundo está cobrando por mudança, é preciso mudar a cabeça, o pensamento e o comportamento”, diz.

Uma das sugestões de Matheus Buente foi a Antologia da Literatura Fantástica, um livro de contos organizado por Adolfo Bioy Casares, Silvina Ocampo e Jorge Luis Borges. “É um ótimo exercício, tanto para a galera que não tem uma proximidade muito grande com a literatura, para poder começar a apreciar e desenvolver isso, quanto para quem é que nem eu, que se perde no meio da leitura. Essas leituras menores me ajudaram muito na questão de construção de roteiro e sintetizar ideias”, afirma o humorista, que começou a ficar famoso ao adotar métodos mais descontraídos nas aulas de História.

Buente também trouxe reflexões acerca da importância da representatividade no universo das obras de audiovisual produzidas para cinema e televisão. “Não adianta colocar uma galera de fora para contar e interpretar uma história que acontece na Bahia. Se a história acontece aqui, ela deve ser contada pelas pessoas daqui. Mas, para isso, é preciso que o investimento chegue nas mãos de quem sabe fazer. O sucesso de Ó Paí Ó é fruto disso: atores e atrizes baianas em condições propícias de contar a sua história”, pontua.

FLICA – Na edição 2024 da FLICA, os principais espaços são a Tenda Paraguaçu, Fliquinha e Geração Flica, além da programação artística, dividida entre o Palco Raízes e o Palco dos Ritmos. Todos os espaços têm indicação etária livre e contam com acessibilidade, tradução em libras e audiodescrição. A curadoria da FLICA é formada por Calila das Mercês, Emília Nuñez, Deko Lipe e Linnoy Nonato. A Coordenação Geral é assinada por Vanessa Dantas, CEO da Fundação Hansen Bahia.

A 12ª FLICA é uma realização da Fundação Hansen Bahia (FHB), em parceria com a Prefeitura de Cachoeira, LDM (livraria oficial do evento), CNA NET (internet oficial do evento) e conta com o apoio da Bracell, ACELEN, Bahiagás, Governo do Estado da Bahia, através da Bahia Literária, ação da Fundação Pedro Calmon/Secretaria de Cultura e da Secretaria de Educação, Caixa e Governo Federal.

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