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#Opinião – O que esse 8M trouxe pra suas lutas diárias? – Por Mirtes Santa Rosa
Eu comemorei o 8 de março. Sim, comemorei pois, por onde passei ontem, mais mulheres estavam compreendendo que o problema não é o uso das palavras e sim como entendemos as palavras e de quem elas vêm. Palavras como guerreiras e parabéns passaram a ser demonizadas por muitas feministas, compreendo que uma única palavra pode ter inúmeros significados. Percebi que muitas mulheres que admiro e que estão vigilantes e em luta constante contra o machismo e a misoginia usaram essas duas palavras. E eu, ao ver os textos delas no dia de ontem, refleti que em nenhum momento eu tive dúvida sobre o sentido de suas mensagens.
Ontem, eu me parabenizei. Escrevi semana passada que não queria parabéns e continuo sem querer se o uso dessa palavra for para desmerecer a minha luta. Consegui viver um dia todinho com um sorriso verdadeiro no rosto, sendo feminista até minha próxima encarnação e sem nenhuma dúvida sobre a minha escolha.
Pensei”: Quando uma pessoa se forma não damos parabéns? Já parou pra pensar que ontem muitas mulheres podem ter se formado na vida e no entendimemto do que elas são? Depois de serem bombardeadas, inclusive com uma programação intensa sobre a importância do dia e de seu significado político? E que, sim, elas mereciam parabéns por ter tido a coragem de se juntar a nossa luta diária? Já parou pra pensar que no dia de ontem muitas mulheres mataram muitos leões e o que mais apareceu foi nossa Mulher Rei, ou melhor, nossa Mulher Rainha e que, apesar das dores, ela mais uma vez militou com sua inteligência e astúcia pelos seus entes queridos?
Antes que muitos venham me jogar pedras ou cancelar, apenas sugiro a reflexão de que não controlamos o tempo de mudança das pessoas, apenas o nosso. Todas as palavras podem ter inúmeros sentidos, o uso da palavra e daquele sentido naquela oração vai sempre depender de quem escreveu, como comunicou e porque comunicou. E ontem em inúmeros momentos percebi que eu não podia julgar nenhuma irmã de coragem. Esta semana vi um post de uma das poetisas que mais gosto de ler, Lívia Natália, e a legenda começa com o seguinte título: A EXPRESSÃO LÁ ELE OU ELE LÁ NÃO NASCEU HOMOFÓBICA, e ela, com sua capacidade inenarrável de nos ensinar com suas palavras, apenas nos lembra que a mãe dela usava a expressão em sua infância pra simplesmente dizer: se defenda das situações, observe o que você está fazendo.
E, na mesma hora, fui transportada no tempo e lembrei da minha mãe que usava as mesmas frases para me educar com o poder da ancestralidade. A minha mãe, que sempre foi uma guerreira e continua usando essa palavra no dia 8 ou em qualquer outro dia do ano, apenas quer dizer que somos corajosas, que não baixamos a cabeça, que somos vigilantes e que nosso exemplo arrasta. Ela dá parabéns nesse dia, pois ela entende que somos vitoriosas em nossas conquistas feministas diárias.
E se existe um dia para celebrar e discutir nossa real situação e o quanto ainda temos que conquistar e avançar usemos ele de forma pedagógica, sem uma militância que venha a distanciar a chegada de mais homens e mulheres por nossa causa. Eu, Mirtes Santa Rosa, não dou parabéns e nem uso a palavra guerreira para falar em muitos contextos, mas sei que se eu usar essas duas palavras perto de mulheres que eu não tenho dúvida nenhuma que estão comigo na luta diária do feminismo elas se sentiram mais fortalecidas e fazendo parte da galera.
Ontem, eu descobri que posso me conectar com mais mulheres se usar essas duas palavras. Como bem lembrou Livia Natália em seu post, “o povo que milita sem estudar e sem entender o que a ancestralidade ensina, não está pronto pra essa discussão”. Sejamos todos feministas e inteligentes.
Você já viu algum outro dia em que todos os veículos de comunicação da Bahia falem desse assunto? Minha sugestão, no lugar de julgar o uso de palavras sem considerar o contexto, a vida de quem está em luta há mais tempo que nós, ou de quem faz mobilização social e inclusiva em determinados locais que você viveo seu letramento social do politicamente correto da classe média de Salvador, que sonha em ser aceita como igual na ficha de inscrição do camarote vip badalado, porque passou a ter grana, ascendeu economicamente, ou na fila para que seu filho ou filha seja aceito para matrícula em colégios particulares nível A da cidade, em 2024 é que usemos esse dia para cobrarmos das escolas e sociedade uma educação feminista, antiracista e afrocentrada.
Assim vamos, talvez, lembrar que a língua é ciência e que se transforma todos os dias. No fundo você sabe quem te deu parabéns ontem e não está conosco em luta, e quem te deu parabéns por que você é PHODA com PH. Pra te lembrar que com PH ele ou ela quer enfatizar bastante o orgulho que sente por ti. Lembrem do recado de Chimamanda, sobre o perigo de uma história única, e, no caso de algumas palavras, de significados únicos.
Mirtes Santa Rosa é publicitária e especialista em Comunicação e Gerenciamento de Marcas também trabalha com planejamento estratégico comunicacional de projetos culturais, no qual pode mesclar suas duas maiores habilidades profissionais: gestão e comunicação. É umas das idealizadoras e apresentadoras do Umbu Podcast. Confira aqui outros artigos de Mirtes.
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#Opinião: Os ensinamentos de Nossa Senhora Aparecida – Por Januário
O dia infrutífero deixava João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia, tristes. Os três pescadores haviam tentado por várias vezes retirar das águas o seu sustento, mas, todo o esforço foi em vão. Contudo, um deles, ainda esperançoso, lançou a rede ao mar e ao retirá-la, identificou uma imagem de madeira negra, sem a cabeça. Lançando novamente a rede, a cabeça foi achada. Era Nossa Senhora da Conceição.
Daí por diante, os peixes encheram as redes dos pescadores. Compreendendo que foram abençoados, um deles levou a imagem para a casa. Entre rezas e graças atendidas, a devoção se espalhou, rápida e fervorosa. Nascia ali o maior culto popular do cristianismo brasileiro: a devoção por Nossa Senhora Aparecida. A fé se tornou tão ardente que em 1929, o Papa Pio XI proclamou Nossa Senhora, Padroeira Oficial e Rainha do Brasil.
Alguns detalhes na imagem encontrada pelos pescadores nas águas do Rio Paraíba do Sul nos convidam a uma reflexão profunda sobre o sentido de Nossa Senhora em nossas vidas. Todavia, antes de trazer esses aspectos, afirmamos o respeito a todas as crenças e não-crenças. O nosso objetivo é abordar a mensagem silenciosa trazida pela aparição: mesmo sem falar, a imagem de Nossa Senhora ensina muito. Feita em terracota, resultado do cozimento da argila no forno, a imagem nos transmite calor e conforto, tal qual a mãe que abriga o filho amado em seus braços. As mãos em prece remetem a humildade de quem sabe estar na presença de Deus.
Encontramos a meia lua sob os pés da Mãe do Mestre Maior: esse símbolo, retratação do Sagrado Feminino de Tempos Ancestrais, brilha para nós, através do Sol. Jesus, o Sol para nosso mundo, na mística cristã, emana a Sua vibração para Maria, a Lua Amorosa, iluminar o caminho daqueles nas trevas da noite dos extremismos, da ignorância, ainda tão escravizados aos pseudos prazeres que dilaceram a própria condição humana.
Negra e descoberta antes da abolição oficial do sistema escravagista, Nossa Senhora Aparecida nos convoca a destronar a branquitude e o machismo dos seus opressivos tronos. Sem dúvida, é obrigação diária contribuir para o surgimento de uma sociedade equitativa e firme no combate à discriminação racial e à desigualdade de gênero. Somos chamados pela Doce e Sagrada Mãe Aparecida, encontrada por pescadores, ao empoderamento de quem respeita as diferenças e se dedica a eliminar com luzes do conhecimento as trevas do ódio.
Armando Januário dos Santos é Trabalhador da Luz, Mestre em Psicologia, Psicólogo (CRP-03/20912) e Palestrante. Contato: (71) 98108-4943 (WhatsApp).
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#Opinião – A função esotérica do incenso – Por Januário
Há quase dois milhões de anos, os povos denominados pela arqueologia como primitivos “conheceram” o fogo. Além de preparar alimentos, clarear ambientes e enfrentar predadores, percebeu-se A Tarefa Superior desse elemento: iluminar o caminho até A Grande Consciência Cósmica. O plasma formado por átomos livres, resultantes da combustão, revela a sutileza d’A Sabedoria Universal.
Paralelo a esse conhecimento, os humanos também identificaram como determinados aromas produzem alterações psicológicas, exercendo efeitos nos sete centros energéticos do corpo, os chakras[2] da cultura hindu. Logo, aquecer ervas aromáticas ao fogo tornou-se costume entre nossos ancestrais. Nasciam as primeiras tradições místicas, reconhecendo os efeitos terapêuticos do incenso, um importante amplificador da consciência e purificador de ambientes.
A palavra latina incendere, literalmente, acender ou queimar, remete às escolas herméticas do Antigo Egito, passando pelas tradições da umbanda, candomblé, xintoísmo, budismo, judaísmo e cristianismo, encontramos a utilização do incenso como chave para acessar os Planos Espirituais. Diversas escolas esotéricas, como a maçonaria, o martinismo, o rosacrucianismo, o sufismo e algumas tradições do Yoga guardam consigo os segredos do preparo de incensos específicos para a transmutação do espírito, buscando a perfeição.
São raras as pessoas que conhecem o sentido profundo do incenso. A superstição vulgarizou o uso, distorceu o seu propósito original, substituindo-o por dogmas. Não obstante, encontramos nos livros adotados por várias religiões, referências ao incenso como presente para celebrar o nascimento de alguns avatares: foi assim com O Mestre Jesus[3].
Tecnologia espiritual, útil para queimar miasmas e larvas astrais, o incenso protege, purifica e auxilia a entrar em contato com O Caminho Ancestral Superior. Um meio para REunir-se aos Arcanos do Conhecimento Eterno. A fumaça que se desloca pelo ar da aspiração humana, rumo A União Secreta e Suprema com O Todo.
[1] Armando Januário dos Santos é Trabalhador da Luz, Mestre em Psicologia, Psicólogo (CRP-03/20912) e Palestrante. Contato: (71) 98108-4943 (WhatsApp).
[2] Em artigo posterior, falaremos sobre os sete chakras e a sua importância para equilibrar os nossos sete corpos: físico, mental, emocional, astral, essencial, espiritual e energético.
[3] “Entraram na casa e encontraram o menino com Maria, a sua mãe. Então se ajoelharam diante dele e o adoraram. Depois abriram os seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra” (Mateus 2:11).
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#Opinião – João: um sol místico na Judeia – Por Armando Januário
Entre os santos mais populares do Brasil, São João Batista é uma das figuras mais importantes na tradição judaico-cristã. Reverenciado pela cultura nordestina nas celebrações de junho, o Batizador de Jesus, desde os primórdios da sua existência, cultivou intimidade com os arcanos da Sabedoria Universal.
João foi educado nos preceitos judaicos e logo adentrou ao nazireado, costume típico do judaísmo, no qual algumas famílias destinavam seus filhos para uma vida ascética: os nazireus deixavam crescer a barba e os cabelos, se privavam de bebidas alcoólicas e uvas, e não tocavam em cadáveres. Essa moral era o caminho encontrado para a introdução em conhecimentos profundos sobre A Energia Criativa. O Batista afirmava que batizava em água, contudo, viria Aquele que batizaria em fogo, sendo maior que ele (Mateus 3:11). Essa passagem bíblica dá a entender que João já conhecia a iminente Manifestação Crística em Jesus de Nazaré. Com efeito, ele é o filho de Isabel, que ainda no ventre da sua mãe, pula de júbilo quando ela ouve a saudação de Maria, grávida de Jesus (Lucas 1:41-44). Esse momento indica que João e Jesus se conheciam de outras existências.
Antes de o imperador Justiniano, no Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 553, condenar a reencarnação, o cristianismo primitivo encarava a pluralidade das existências como realidade. Por isso, quando Jesus afirmou que João “[..] é Elias, que havia de vir” (Mateus 11:14), o Mestre alude a vida pregressa do Batista, algo que certamente não causou surpresa aos presentes. A própria encarnação de João, anunciada pelo anjo Gabriel confirma a existência pretérita de João como Elias: “[…] e [João] irá adiante dele com o espírito e a virtude de Elias, a fim de reconduzir os corações dos pais para os filhos” (Lucas 1:13).
João Batista é uma figura tão especial que os festejos em sua homenagem uniram certas tradições antigas[1], na qual a data está inserida no solstício de verão, quando o ângulo do sol se distancia ao máximo da Terra. Esse fenômeno ocorre apenas duas vezes por ano: em junho, no Hemisfério Norte e em dezembro, no Hemisfério Sul. Temos, portanto, dois sóis: João, o sol que vem para anunciar a chegada de outro sol, reluzente e soberano: Jesus, o Cristo Planetário.
[1] Os celtas comemoravam o solstício de verão em honra ao deus Sol, para o qual pediam proteção contra maus espíritos e pragas nas colheitas. As festas incluíam fogueiras e fartura, apontando para o desejo de prosperidade espiritual e física.