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#Opinião Uma Alvorada para as mulheres! – Por Luciane Reis

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Kelly Adriano de Oliveira, em sua tese ” Deslocamentos  Entre  o  Samba e a Fé ”, afirma que as mulheres tiveram um grande papel para que o samba conseguisse resistir, em especial dentro dos terreiros de candomblé,  espaço de criação do samba. Ao pensar nesta afirmação, não tem como não lembrar de um dos momentos ímpares do carnaval de Salvador, quando um dos importantes blocos de samba levou para a avenida o tema “Alvorada das Mulheres”, pautando a força das mulheres e seu protagonismo cultural.

Para muitas mulheres esse tema pode parecer algo natural, mas nem sempre foi assim, se pensarmos que o samba naturaliza a presença masculina, enquanto as mulheres lutam para não ser reduzidas a dançarinas. Logo, valorizar a figura feminina em um universo musical domindado pelos homens, é um momento de evidenciar o que já vem sendo notado há um bom tempo nas rodas de samba soteropolitana. O poder do cavaquinho, pandeiro, microfone e tantan indo para a mão de outras realezas como Gal do Beco, Josiane Clímaco, Juliana Ribeiro, Rita Nolasco, dentre outras.

Se o samba faz parte do resgate e resistência da cultura negra. É impossível contar essa história, sem que as mulheres negras ganhem o destaque de preservação e manutenção deste ritmo desde do período pós-escravidão. Estamos falando do resgate da importância de mulheres que mantiveram e mantém economicamente suas famílias e   foram essenciais para a resistência do samba. Tia Ciata e Jovelina Pérola Negra são duas destas mulheres que se destacam na memória coletiva por abrigarem o samba quando esse ainda era proibido.

Ver  uma “Alvorada para as mulheres” é ver o reconhecimento do seu papel nesse movimento que toma Salvador, com uma força única e é um marco feminino dentro da história do samba, em meio a toda essa imensa dificuldade de reconhecimento do seu protagonismo e papel. É preciso dar visibilidade musical à participação das mulheres, principalmente as negras no samba, já que esse espaço continua difícil embora haja nomes femininos de destaque. Não falo do samba como alguém que o vivencia com o mesmo amor que diversos amigos, mas ao transitar por esse espaço, é visível ainda a grande dificuldade de ser mulher nesse espaço, principalmente com os grupos mais novos.

A não compreensão do samba como espaço de contação de histórias negras e de beleza diferenciada, ainda esconde na sombra da ‘amistosidade’ muitos conflitos, em especial o preconceito de gênero.  Ao falar do protagonismo das mulheres no samba, não podemos deixar de pensar a presença destas como produtoras, seja tocando, cantando ou compondo.

É preciso evidenciar a construção de beleza feminina neste espaço, que diferente da apresentada pela mídia, traz mulheres em sua diversidade que desfilam estilo, beleza e auto estima a cada gingado. O samba, contam histórias, questiona a realidade, ameniza dores e festeja alegrias, contrariando as mazelas cotidianas que oprimem a população negra. Ao desfilar pelas rodas de samba, elas mostram que o verdadeiro samba valoriza a tradição e mulheres que foram detentoras da sua resistência. Elas vem a cada dia mostrando que samba é sim assunto de mulher. Uma “Alvorada para as mulheres”, mostra que não podemos esquecer do papel exercido por elas na difusão e preservação da cultura popular brasileira, com destaque especial para o samba que se universaliza e se mantém vivo na voz de cantoras antigas e jovens.

 

Luciane Reis é publicitária, colunista do Portal Soteropreta, idealizadora do MerC’afro e pesquisadora de Afro empreendedorismo, Etno desenvolvimento e negócios inclusivos.

Confira aqui suas contribuições.

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#Opinião: Os ensinamentos de Nossa Senhora Aparecida – Por Januário

Ana Paula Nobre

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Foto: Divulgação

O dia infrutífero deixava João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia, tristes. Os três pescadores haviam tentado por várias vezes retirar das águas o seu sustento, mas, todo o esforço foi em vão. Contudo, um deles, ainda esperançoso, lançou a rede ao mar e ao retirá-la, identificou uma imagem de madeira negra, sem a cabeça. Lançando novamente a rede, a cabeça foi achada. Era Nossa Senhora da Conceição.

Daí por diante, os peixes encheram as redes dos pescadores. Compreendendo que foram abençoados, um deles levou a imagem para a casa. Entre rezas e graças atendidas, a devoção se espalhou, rápida e fervorosa. Nascia ali o maior culto popular do cristianismo brasileiro: a devoção por Nossa Senhora Aparecida. A fé se tornou tão ardente que em 1929, o Papa Pio XI proclamou Nossa Senhora, Padroeira Oficial e Rainha do Brasil.

Alguns detalhes na imagem encontrada pelos pescadores nas águas do Rio Paraíba do Sul nos convidam a uma reflexão profunda sobre o sentido de Nossa Senhora em nossas vidas. Todavia, antes de trazer esses aspectos, afirmamos o respeito a todas as crenças e não-crenças. O nosso objetivo é abordar a mensagem silenciosa trazida pela aparição: mesmo sem falar, a imagem de Nossa Senhora ensina muito. Feita em terracota, resultado do cozimento da argila no forno, a imagem nos transmite calor e conforto, tal qual a mãe que abriga o filho amado em seus braços. As mãos em prece remetem a humildade de quem sabe estar na presença de Deus.

Encontramos a meia lua sob os pés da Mãe do Mestre Maior: esse símbolo, retratação do Sagrado Feminino de Tempos Ancestrais, brilha para nós, através do Sol. Jesus, o Sol para nosso mundo, na mística cristã, emana a Sua vibração para Maria, a Lua Amorosa, iluminar o caminho daqueles nas trevas da noite dos extremismos, da ignorância, ainda tão escravizados aos pseudos prazeres que dilaceram a própria condição humana.

Negra e descoberta antes da abolição oficial do sistema escravagista, Nossa Senhora Aparecida nos convoca a destronar a branquitude e o machismo dos seus opressivos tronos. Sem dúvida, é obrigação diária contribuir para o surgimento de uma sociedade equitativa e firme no combate à discriminação racial e à desigualdade de gênero. Somos chamados pela Doce e Sagrada Mãe Aparecida, encontrada por pescadores, ao empoderamento de quem respeita as diferenças e se dedica a eliminar com luzes do conhecimento as trevas do ódio.

Armando Januário dos Santos é Trabalhador da Luz, Mestre em Psicologia, Psicólogo (CRP-03/20912) e Palestrante. Contato: (71) 98108-4943 (WhatsApp).

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#Opinião – A função esotérica do incenso – Por Januário

Ana Paula Nobre

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Januário
Foto: Divulgação

Há quase dois milhões de anos, os povos denominados pela arqueologia como primitivos “conheceram” o fogo. Além de preparar alimentos, clarear ambientes e enfrentar predadores, percebeu-se A Tarefa Superior desse elemento: iluminar o caminho até A Grande Consciência Cósmica. O plasma formado por átomos livres, resultantes da combustão, revela a sutileza d’A Sabedoria Universal.

Paralelo a esse conhecimento, os humanos também identificaram como determinados aromas produzem alterações psicológicas, exercendo efeitos nos sete centros energéticos do corpo, os chakras[2] da cultura hindu. Logo, aquecer ervas aromáticas ao fogo tornou-se costume entre nossos ancestrais. Nasciam as primeiras tradições místicas, reconhecendo os efeitos terapêuticos do incenso, um importante amplificador da consciência e purificador de ambientes.

A palavra latina incendere, literalmente, acender ou queimar, remete às escolas herméticas do Antigo Egito, passando pelas tradições da umbanda, candomblé, xintoísmo, budismo, judaísmo e cristianismo, encontramos a utilização do incenso como chave para acessar os Planos Espirituais. Diversas escolas esotéricas, como a maçonaria, o martinismo, o rosacrucianismo, o sufismo e algumas tradições do Yoga guardam consigo os segredos do preparo de incensos específicos para a transmutação do espírito, buscando a perfeição.

São raras as pessoas que conhecem o sentido profundo do incenso. A superstição vulgarizou o uso, distorceu o seu propósito original, substituindo-o por dogmas. Não obstante, encontramos nos livros adotados por várias religiões, referências ao incenso como presente para celebrar o nascimento de alguns avatares: foi assim com O Mestre Jesus[3].

Tecnologia espiritual, útil para queimar miasmas e larvas astrais, o incenso protege, purifica e auxilia a entrar em contato com O Caminho Ancestral Superior. Um meio para REunir-se aos Arcanos do Conhecimento Eterno. A fumaça que se desloca pelo ar da aspiração humana, rumo A União Secreta e Suprema com O Todo.

[1] Armando Januário dos Santos é Trabalhador da Luz, Mestre em Psicologia, Psicólogo (CRP-03/20912) e Palestrante. Contato: (71) 98108-4943 (WhatsApp).

[2] Em artigo posterior, falaremos sobre os sete chakras e a sua importância para equilibrar os nossos sete corpos: físico, mental, emocional, astral, essencial, espiritual e energético.

[3] “Entraram na casa e encontraram o menino com Maria, a sua mãe. Então se ajoelharam diante dele e o adoraram. Depois abriram os seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra” (Mateus 2:11).

 

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#Opinião – João: um sol místico na Judeia – Por Armando Januário

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Entre os santos mais populares do Brasil, São João Batista é uma das figuras mais importantes na tradição judaico-cristã. Reverenciado pela cultura nordestina nas celebrações de junho, o Batizador de Jesus, desde os primórdios da sua existência, cultivou intimidade com os arcanos da Sabedoria Universal.

João foi educado nos preceitos judaicos e logo adentrou ao nazireado, costume típico do judaísmo, no qual algumas famílias destinavam seus filhos para uma vida ascética: os nazireus deixavam crescer a barba e os cabelos, se privavam de bebidas alcoólicas e uvas, e não tocavam em cadáveres. Essa moral era o caminho encontrado para a introdução em conhecimentos profundos sobre A Energia Criativa. O Batista afirmava que batizava em água, contudo, viria Aquele que batizaria em fogo, sendo maior que ele (Mateus 3:11). Essa passagem bíblica dá a entender que João já conhecia a iminente Manifestação Crística em Jesus de Nazaré. Com efeito, ele é o filho de Isabel, que ainda no ventre da sua mãe, pula de júbilo quando ela ouve a saudação de Maria, grávida de Jesus (Lucas 1:41-44). Esse momento indica que João e Jesus se conheciam de outras existências.

Antes de o imperador Justiniano, no Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 553, condenar a reencarnação, o cristianismo primitivo encarava a pluralidade das existências como realidade. Por isso, quando Jesus afirmou que João “[..] é Elias, que havia de vir” (Mateus 11:14), o Mestre alude a vida pregressa do Batista, algo que certamente não causou surpresa aos presentes. A própria encarnação de João, anunciada pelo anjo Gabriel confirma a existência pretérita de João como Elias: “[…] e [João] irá adiante dele com o espírito e a virtude de Elias, a fim de reconduzir os corações dos pais para os filhos” (Lucas 1:13).

João Batista é uma figura tão especial que os festejos em sua homenagem uniram certas tradições antigas[1], na qual a data está inserida no solstício de verão, quando o ângulo do sol se distancia ao máximo da Terra. Esse fenômeno ocorre apenas duas vezes por ano: em junho, no Hemisfério Norte e em dezembro, no Hemisfério Sul. Temos, portanto, dois sóis: João, o sol que vem para anunciar a chegada de outro sol, reluzente e soberano: Jesus, o Cristo Planetário.

[1] Os celtas comemoravam o solstício de verão em honra ao deus Sol, para o qual pediam proteção contra maus espíritos e pragas nas colheitas. As festas incluíam fogueiras e fartura, apontando para o desejo de prosperidade espiritual e física.

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