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#Opinião – Nunca mais o despotismo nessa nação Bahia! – Por Mirtes Santa Rosa
A Cultura voltou. E voltou na Bahia, onde ela desde os primeiros respiros do Brasil em 1500 já existia. Os povos originários de nosso país já estavam aqui. Foi impossível não se emocionar em ver um dos espaços mais democráticos do mundo tão cheio e vibrante. A Concha Acústica é esse lugar pra mim. Se eu que estava assistindo pela TV sentia a energia, imagina quem pôde ir para formar aquela grande egrégora em prol de um país diverso, cultural e verdadeiramente democrático. Sabemos que nós fazedores da cultura em todas as dimensões estávamos ansiosos por aquele ato, a ansiedade pelo dia que chegou era tamanha que o sorriso não saía do rosto de ninguém. Foi emoção por cima de emoção em cada ato do espetáculo.
Aí veio o meu choro quando o ator Jackson Costa recita uma das frases que mais me toca quando escuto: “Vou aprender a ler para ensinar meus camaradas”. Essa frase mexe comigo, ela vai nas minhas entranhas, ela é uma frase mais do que real, ela sou eu e é você que percebe o poder da educação e que vive essa transformação no momento que se apossou do que nos foi negado por mais de 300 anos.
A liberdade só existe e é verdadeira quando ela caminha com a educação e emancipa o cidadão. E aqui digo a educação oral e formal, pois posso afirmar que muito do que faço e vivo aprendi com os meus que vieram primeiro. A segunda frase que me tocou foi dita no discurso de nossa ministra da Cultura, uma baiana, negra, mulher linda e forte, que tantas vezes me fez sentir sua força através de suas canções, que tantas vezes foi exemplo na minha casa quando se falava de racismo, pois para minha mãe ela só não estava na TV o tempo todo por ser negra.
Sim, fui craida entendendo que, apesar de dançar muitas músicas do movimento Axé Music, ele moía gente e quem é moído sempre somos nós. Margareth ministra nos representa de uma forma tão louca e disruptiva que nesse caso, eu digo, precisa saber o mínimo de interseccionalidade para entender o poder transformador e emancipatório dela ao estar nesse cargo tão caro e estratégico na retomada de nosso país. Para nós mulheres negras e indígenas deste país, o Master Card não vai conseguir comprar nunca esse momento da história. Quando ela nos lembra que na Bahia não estamos nos postos de poder ela me faz chorar mais uma vez nesse feliz dia.
Me lembra que preciso continuar caminhando, que preciso que mais pessoas caminhem comigo, entendendo que essa transformação não é apenas uma lei que fará, somos nós, sociedade civil, que mais uma vez precisamos tomar o poder realizando o nosso 2 de Julho, 200 anos depois, assumindo uma responsabilidade que é de uma nação mais principalmente é de cada brasileiro no seu viver diário, de não esconder as lutas por espaço de poder que Maria Felipa fez e que, por muitos anos, nos negaram o saber de sua existência na nossa história, olhar com olhos verdadeiros e aceitar sua sombra que dialoga todos os dias com o racismo estrutural e institucional dessa sociedade que fala de nossa cultura, que enriquece com nossa cultura, mas que continua com pensamentos e ações escravagistas, mandonistas e coronelistas no dia a dia.
É nessas horas que mais precisamos conversar sobre a branquitude e seus privilégios e oligarquias.
Para realizarmos o nosso 2 de Julho contemporâneo, não basta ter o valor de R$286 milhões de reais para a Bahia investir na cultura. É preciso permitir o acesso de todos para fazer suas artes e depois comunicar onde estão essas artes para que o povo possa ir onde o espetáculo está. Esses são os desafios postos para todos que choraram, se emocionaram no dia de ontem em cada passo que a Cabocla deu para voltar. O bom é que o ditado popular nunca falha.
A Cabocla voltou e tenho certeza que quando choramos aos pés dela por toda uma pandemia ela não esqueceu nossos pedidos. Viva a Cultura da Bahia inclusiva, democrática e soberana! Que nasceu ao Sol do dia de hoje. Nunca mais o despotismo nessa nação Bahia. Que possamos reger nossas ações com a verdade da Cultura no centro da transformação social que precisamos para todos os brasileiros.
Fotos: Lucas Malkut
Mirtes Santa Rosa é publicitária e especialista em Comunicação e Gerenciamento de Marcas também trabalha com planejamento estratégico comunicacional de projetos culturais, no qual pode mesclar suas duas maiores habilidades profissionais: gestão e comunicação. É umas das idealizadoras e apresentadoras do Umbu Podcast. Confira aqui outros artigos de Mirtes.
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#Opinião – A função esotérica do incenso – Por Januário
Há quase dois milhões de anos, os povos denominados pela arqueologia como primitivos “conheceram” o fogo. Além de preparar alimentos, clarear ambientes e enfrentar predadores, percebeu-se A Tarefa Superior desse elemento: iluminar o caminho até A Grande Consciência Cósmica. O plasma formado por átomos livres, resultantes da combustão, revela a sutileza d’A Sabedoria Universal.
Paralelo a esse conhecimento, os humanos também identificaram como determinados aromas produzem alterações psicológicas, exercendo efeitos nos sete centros energéticos do corpo, os chakras[2] da cultura hindu. Logo, aquecer ervas aromáticas ao fogo tornou-se costume entre nossos ancestrais. Nasciam as primeiras tradições místicas, reconhecendo os efeitos terapêuticos do incenso, um importante amplificador da consciência e purificador de ambientes.
A palavra latina incendere, literalmente, acender ou queimar, remete às escolas herméticas do Antigo Egito, passando pelas tradições da umbanda, candomblé, xintoísmo, budismo, judaísmo e cristianismo, encontramos a utilização do incenso como chave para acessar os Planos Espirituais. Diversas escolas esotéricas, como a maçonaria, o martinismo, o rosacrucianismo, o sufismo e algumas tradições do Yoga guardam consigo os segredos do preparo de incensos específicos para a transmutação do espírito, buscando a perfeição.
São raras as pessoas que conhecem o sentido profundo do incenso. A superstição vulgarizou o uso, distorceu o seu propósito original, substituindo-o por dogmas. Não obstante, encontramos nos livros adotados por várias religiões, referências ao incenso como presente para celebrar o nascimento de alguns avatares: foi assim com O Mestre Jesus[3].
Tecnologia espiritual, útil para queimar miasmas e larvas astrais, o incenso protege, purifica e auxilia a entrar em contato com O Caminho Ancestral Superior. Um meio para REunir-se aos Arcanos do Conhecimento Eterno. A fumaça que se desloca pelo ar da aspiração humana, rumo A União Secreta e Suprema com O Todo.
[1] Armando Januário dos Santos é Trabalhador da Luz, Mestre em Psicologia, Psicólogo (CRP-03/20912) e Palestrante. Contato: (71) 98108-4943 (WhatsApp).
[2] Em artigo posterior, falaremos sobre os sete chakras e a sua importância para equilibrar os nossos sete corpos: físico, mental, emocional, astral, essencial, espiritual e energético.
[3] “Entraram na casa e encontraram o menino com Maria, a sua mãe. Então se ajoelharam diante dele e o adoraram. Depois abriram os seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra” (Mateus 2:11).
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#Opinião – João: um sol místico na Judeia – Por Armando Januário
Entre os santos mais populares do Brasil, São João Batista é uma das figuras mais importantes na tradição judaico-cristã. Reverenciado pela cultura nordestina nas celebrações de junho, o Batizador de Jesus, desde os primórdios da sua existência, cultivou intimidade com os arcanos da Sabedoria Universal.
João foi educado nos preceitos judaicos e logo adentrou ao nazireado, costume típico do judaísmo, no qual algumas famílias destinavam seus filhos para uma vida ascética: os nazireus deixavam crescer a barba e os cabelos, se privavam de bebidas alcoólicas e uvas, e não tocavam em cadáveres. Essa moral era o caminho encontrado para a introdução em conhecimentos profundos sobre A Energia Criativa. O Batista afirmava que batizava em água, contudo, viria Aquele que batizaria em fogo, sendo maior que ele (Mateus 3:11). Essa passagem bíblica dá a entender que João já conhecia a iminente Manifestação Crística em Jesus de Nazaré. Com efeito, ele é o filho de Isabel, que ainda no ventre da sua mãe, pula de júbilo quando ela ouve a saudação de Maria, grávida de Jesus (Lucas 1:41-44). Esse momento indica que João e Jesus se conheciam de outras existências.
Antes de o imperador Justiniano, no Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 553, condenar a reencarnação, o cristianismo primitivo encarava a pluralidade das existências como realidade. Por isso, quando Jesus afirmou que João “[..] é Elias, que havia de vir” (Mateus 11:14), o Mestre alude a vida pregressa do Batista, algo que certamente não causou surpresa aos presentes. A própria encarnação de João, anunciada pelo anjo Gabriel confirma a existência pretérita de João como Elias: “[…] e [João] irá adiante dele com o espírito e a virtude de Elias, a fim de reconduzir os corações dos pais para os filhos” (Lucas 1:13).
João Batista é uma figura tão especial que os festejos em sua homenagem uniram certas tradições antigas[1], na qual a data está inserida no solstício de verão, quando o ângulo do sol se distancia ao máximo da Terra. Esse fenômeno ocorre apenas duas vezes por ano: em junho, no Hemisfério Norte e em dezembro, no Hemisfério Sul. Temos, portanto, dois sóis: João, o sol que vem para anunciar a chegada de outro sol, reluzente e soberano: Jesus, o Cristo Planetário.
[1] Os celtas comemoravam o solstício de verão em honra ao deus Sol, para o qual pediam proteção contra maus espíritos e pragas nas colheitas. As festas incluíam fogueiras e fartura, apontando para o desejo de prosperidade espiritual e física.
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#Opinião – O sentido místico do Dia dos Namorados – Por Armando Januário
Por aspectos históricos e econômicos, o Brasil celebra o Dia dos Namorados em 12 de junho. A 1948, o publicitário João Dória, pai do ex-governador de São Paulo, foi contratado por uma loja. Ele percebeu que o Mês das Mães era rentável para o comércio, em oposição a junho, um mês de queda nos lucros. Planejando estender os ganhos comerciais, Dória escolheu a véspera do Dia de Santo Antônio – na tradição católica, O Santo Casamenteiro – para aquecer os corações e o comércio. A estratégia deu certo e temos o Dia dos Namorados em junho, mais de 4 meses após a data tradicional, 14 de fevereiro, Dia de São Valentim. Contudo, essas tradições oficiais envolvem um mistério muito anterior.
No Império Romano, havia a celebração do deus Lupercus, para afastar os maus espíritos e atrair fertilidade. A Lupercália era marcada pelo momento em que os homens retiravam de um jarro o nome das mulheres que seriam suas companheiras nessa festa e nas seguintes. Posteriormente, alguns desses casais se apaixonavam e se casavam, porque teriam o que se considera “sorte no amor”. Essa expressão envolve ser agraciado através do sorteio, que, inicialmente, seria puro acaso. Não obstante, o sentido esotérico de sorte abrange saber o instante adequado para consolidar um plano. Percebemos, então, que o sentido dado a esta palavra se afastou significativamente do seu conceito original. Fica também evidente a inexistência da sorte como percebida nos tempos atuais, mas, sim, que ela obedece às Leis Cósmicas, sobretudo, a Lei de Atração. O oculto no Dia dos Namorados se apresenta.
A celebração dos apaixonados potencializa a vibração e atrai a pessoa amada para o campo magnético do emissor. Não se trata de magia ou acaso. Antes, falamos do Poder Divino[3] manifesto em nós. Por isso, quando pensamos em viver um amor com a firme convicção de sua existência, a materialização dessa realidade ocorre, obedecendo o Mistério denominado Tempo.
Portanto, o Dia dos Namorados, longe de uma data comum, oferece a oportunidade vibracional para ser A Unidade Eterna, Princípio de Todas As Coisas, que utiliza o desejo para cocriar sonhos.
[1]Dedico esse texto a minha noiva, Andrêina.
[2]Armando Januário dos Santos é Trabalhador da Luz, Mestre em Psicologia, Psicólogo (CRP-03/20912) e Palestrante. Contato: (71) 98108-4943 (WhatsApp)
[3]Em João 10:34, Jesus de Nazaré argumenta com seus opositores: “na Lei de vocês está escrito que Deus disse: “Vocês são deuses”” (O Mestre Jesus, em João 10:34). Deixamos com a pessoa do leitor a perspicácia para compreender o ensino secreto do Mestre.