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#Opinião – Envelhecer tem cor? – Por Sérgio Barreto

Sergio Barreto

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Crescemos (pelo menos minha geração) ouvindo que o Brasil era o país do futuro. Isso em alusão a uma sociedade com presença muito maior de jovens do que idosos. As famílias tinham prole numerosa e a expectativa de vida era mais baixa quando comparada com hoje.

Enquanto, segundo dados do IBGE, em 1980 vivia-se aproximadamente até 66 anos hoje subiu para 76,2 anos. Estamos nos tornando um país com um grande contingente de idosos e menor taxa de natalidade.

O envelhecimento, de uma forma geral, é um fenômeno universal e inerente à condição humana, que deve ser compreendido pela relação que existe entre os fatores biológicos, psicológicos e socias. Porém, somente pode ser compreendido, tanto como conceito como vivência, quando percebemos esse processo como dinâmico e influenciado por marcadores como gênero, classe e raça, por exemplo.

Recentemente fui convidado por Pai Wellberty Luís (Pai Well), sacerdote da Tenda Umbandista do Saber, um terreiro de umbanda em Salvador/BA, para falar sobre o tema envelhecimento da população negra numa vivência do terreiro sobre pretos(as) velhos(as).

Durante a pesquisa bibliográfica, me deparei com o artigo” Envelhecimento e Desigualdades Raciais”, publicado neste ano de 2023, pelo CEBRAP (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), de extrema importância para essa discussão.

Da análise dos dados coletados em Salvador, São Paulo e Porto Alegre, alguns merecem destaque: os homens e mulheres pretas vivem menos que homens e mulheres brancos; as mulheres brancas vivem mais que os três grupos citados; quando utilizado para análise indicadores de bem-estar e segurança financeira, por exemplo, as pessoas pretas novamente aparecem com resultados mais baixos que o grupo das pessoas brancas.

É obvio que outras pesquisas anteriores traziam resultados semelhantes, mas por que para a população preta a expectativa de vida é menor quando comparado com a população branca?

Acredito que a compreensão dos resultados passa por entender a história da população negra no Brasil. No processo da Diáspora, foram violentados de diversas formas, sequestrados de onde viviam, foram transformados em objetos e em seres designados como sem alma. Após a “abolição” não tiveram nenhum tipo de apoio ou benefício que os auxiliasse a alavancar as suas potencialidades e mudar seu futuro. A eles restou continuar onde eram escravizados ou se submeter a empregos com remuneração inferior. Ainda hoje, o fato de ser negro já é desvantagem em uma série de situações, tais como pior condições de moradia; dificuldade em acesso à educação e saúde de qualidade; salários mais baixos e trabalhos mais desgastantes; insegurança alimentar; dentre outros.

Entendamos que as desigualdades raciais se iniciam, muitas vezes, antes do nascimento de um indivíduo preto e ao longo de sua vida vão se acumulando outras situações de violência até chegar na velhice.

Seja nos índices maiores de violência obstétrica ou no número elevado de suicídio entre pessoas jovens, a população negra se encontra, na maioria das vezes, em situações violência e de vulnerabilidade.

Esse racismo estrutural e institucional causa todo um processo de exclusão social desta população, gerando ausência de acesso a direitos básicos ao longo da vida e, concomitante, inviabiliza melhores condições de vida, impedindo que possam alcançar determinadas esferas.

Por conta dos agravos citados anteriormente, vemos maior incidência de diabetes e hipertensão, além de maiores taxas de problemas na saúde mental como depressão e transtorno de ansiedade. Observamos, assim, uma política de descaso e morte (necropolítica) a essa parcela da população.

Pensar nessa trajetória é concluir que a negligência e falta de acesso a direitos e serviços básicos geram uma série de precariedades e vão se acentuando na velhice da população preta e pobre, gerando muitas vezes perda da sua autonomia.

Sendo assim, vemos que apesar de envelhecer ser um processo comum a todos, são as pessoas brancas que chegam a idades mais avançadas. É imprescindível entender que o envelhecimento avito, onde o idoso mesmo com as doenças controladas comuns para a idade continua inserido na sociedade e não um “peso” como é visto, seja uma realidade para todos.

Para isso nós enquanto sujeitos políticos devemos nos posicionar defendendo direitos às particularidades existentes em nossa sociedade. Envelhecer de forma saudável física, emocional e social, deve ser um direito de todos as cores.

 

BIBLIOGRAFIA

  • Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa e ao Controle Social. Óbitos por suicídio entre adolescentes e jovens negros 2012 a 2016. Observatório de Saúde de Populações em Vulnerabilidade. Universidade de Brasília. 2018.
  • SANTOS, L.D.S.F.D.; ESPINOLA, S.P.; BERTHOLY, C.R.D.S.S.; SANTOS, P.R.D.; SEVERIANO, S.G.D.C.; FREITAS, S.E.D.S. Doenças e agravos prevalentes na população negra: revisão integrativa. Revista Nursing. Vol. 22. 2019.
  • BERNARDO, L. D. & TOZATTO, A.  Racismo e Saúde Mental da População Negra no Brasil: Notas para uma Psicologia Contemporânea. Revista Ibero-Americana De Humanidades. Revista Ciências e Educação. Vol 8. 2022.
  • CEBRAP – Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. Envelhecimento e desigualdades raciais. 1. ed. São Paulo. 2023.

 

Sérgio Barreto é psicólogo, negro, gay e macumbeiro. Apaixonado por seres humanos.|sergio_psy@hotmail.com|@sergiobarreto_psicologo

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#Opinião: 2025: Conselhos do Tarot Maria Padilha – por Januário

Ana Paula Nobre

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Januário
Foto: Divulgação

O ano de 2025 é regido pelo resultado do somatório 2 + 0 + 2 + 5 = 9. Temos o número 2 se repetindo e a presença do número 5, além do próprio 9. O que esses arcanos representam? Afinal, como será 2025? Encontramos as respostas nas Lâminas de Maria Padilha.

Em julho de 1997, A Senhora da Magia comunicou a Eliane Arthman, através de projeção astral, as 36 cartas do Seu tarot. Se manifestava, então, o Tarot Maria Padilha, com o verso preto e cores marcantes – vermelho, dourado e branco – para gerar impacto visual e promover a cura interior. Essas foram exigências da própria Dona Padilha: o Seu tarot é terapêutico, preciso e objetivo; cada lâmina orienta para O Caminho da Luz.

Através da Carta 2 – O Lápis – Maria Padilha revela a necessidade de aprimorar a nossa capacidade de expressar ideias. Em paralelo, somos convocados a estudar e planejar a vida, para que novidades interessantes aconteçam. A repetição do número 2 em 2025 traz ênfase para esse chamamento: estruturar ideias, com planos estabelecidos e metas bem traçadas.

Na Carta 5 – As Moedas – temos a Lei da Atração. Aqui, Dona Padilha mostra a importância de vibrar no Positivo, para acessar a riqueza espiritual e material. Amar sempre, praticar a gratidão, evitar fofocas, meditar, perdoar e ouvir músicas de alta vibração, são hábitos a desenvolver durante o ano. Pobreza de espírito e crenças limitantes atraem prejuízos, logo, devemos evitar frequências empobrecidas, porque elas trazem consigo presenças espirituais negativas.

Quem estuda e planeja a própria vida dificilmente terá tempo para se intrometer na vida alheia. Percebemos, nesse ponto, a relação entre as cartas 2 e 5: organizar o cotidiano sempre é favorável, seja por dar forma aos nossos objetivos, seja por estabelecer distância daquilo que pertence aos outros, e, portanto, não nos diz respeito.

Por fim, a Carta 9, se apresenta como mensagem central para 2025: uma poltrona na cor preta, vazia, como se estivesse abandonada, pois parece velha e empoeirada. Aqui, Maria Padilha, Espírito de Luz, incentiva a encerrar ciclos o mais rápido possível. Devemos aceitar o passado como um instante de aprendizagem para o crescimento espiritual: a poltrona talvez tenha sido confortável por algum tempo, porém, chegou o momento de abandoná-la e cultivar nobres valores. Sobretudo, precisamos nos abrir ao novo, deixando aquela poltrona – com velhos hábitos empoeirados – de lado, para seguir firmes, rumo à prosperidade e abundância.

2025 é um ano de encerramentos. Será necessário “morrer” ante determinadas questões, para, daí, renascer e caminhar por novas estradas. Deus, através do Mestre Jesus, na figura de Dona Maria Padilha nos abençoe e proteja para viver esse ano com coragem, verdade e paixão! Laroyê, Pombogira!

Armando Januário dos Santos é Taroterapeuta do Baralho de Maria Padilha, Mestre em Psicologia e Palestrante. Instagram: @tarot.maria.padilha / WhatsApp: (71) 99278-9379

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#Opinião: Quando Ogum abre estrada pra Oxum, Xangô acompanha – por Patrícia Bernardes Sousa

Ana Paula Nobre

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Foto: Divulgação

Salvador amanheceu na primeira segunda-feira útil de 2025 com um novo ciclo de reparação promovido pelas águas do Terreiro Ilê Axé Iyá Nassô Oká, mais conhecido como Terreiro da Casa Branca. A filha de mamãe Oxum, ekedji de pai Ogum e advogada Isaura Genoveva, tomou posse cercada pela doçura sagaz de sua mãe das águas doces, as boas estradas de seu pai e seu filho Ogum e da justiça estratégica do amalá que já te acompanha desde que se formou em Direito em Salvador.

O que esperar dessa equação espiritual que sucede o pioneirismo pedagógico da secretária e professora negra Ivete Sacramento que ocupou este cargo dignamente por longo 12 anos?! Pai Ogum já definiu. Você não percebeu? A palavra de ordem é percorrer as boas estradas de reparação e justiça racial na Bahia e no mundo.

Em sua primeira ação internacional em Reparação e Justiça Social, a jovem ekedji e advogada já despontou no “grande pássaro de ferro” – o avião – e foi para as terras africanas ao lado do prefeito Bruno Reis, para selar e forjar ainda mais esse acordo tácito de mudança e planejamento estratégico para o nosso povo preto, em sua nova estrada como gestora pública de uma secretaria cercada de altos e baixos quando o assunto é as palpitações e taquicardias das políticas públicas sociais e  letramento racial empresarial na capital baiana. Expectativas em excesso geram frustração, sempre dizem, mas a menina preta do imaterial Terreiro Casa Branca já notou que tão quão a sua cadeira de ekedji, a sua cadeira como gestora pública do enfrentamento racial ela pouco irá sentar para descansar.

Como assim, Bernardes? Na agonia e na beleza de organizar o antes, o durante e o depois de um sirè (xirê), a ekedji e advogada também será cobrada pelos seus ancestrais e pelas lideranças do movimento social, membros dos conselhos municipais das mais diversas frentes de trabalho e dos seus próprios colegas de gestão pública do governo municipal de Bruno Reis, a respeito da sua capacidade de “matar a sede” de justiça social dos soteropolitanos negros que também são cristãos, católicos, kardecistas, budistas e até mesmo ateus.

Injúria racial, racismo institucional, letramento racial, intolerância religiosa, racismo ambiental, LGBTfobia, desemprego, assédio moral e racismo religioso são alguns dos ingredientes que já “temperam” a palma das mãos dessa gestora pública, para que o açúcar e o quiabo façam justiça aos pés do machado sagrado de seu pai. Jesus Cristo entre nós, mas Obatalá também. Sem paz no ori (cabeça) não se faz justiça e nem se planeja reparação concreta para “estancar” os corações de Terreiros e Templos Religiosos das mais diversas denominações que clamam com acaçá e óleo ungido por uma escuta ativa, sensível e com estradas de resolução para as inúmeras demandas que já cercam a jovem Isaura Genoveva.

Às vésperas da festa momesca, os trabalhos de Exú e Arcanjo Miguel não param. Pedindo sempre licença e agradecendo os seus ancestrais, a nova Secretária da Reparação de Salvador já entendeu que a ronda de Ogum agora é outra em seu benefício, pois é no asfalto de terras brasileiras e estrangeiras que faz morada os negros, negras e negres esquecidos nos viadutos, no isopor da sua vida diária como ambulante e até mesmo nos barrancos que assombram os seus Terreiros e Templos Religiosos por conta da especulação imobiliária ano após ano.

Os esquecidos serão exaltados? Os já amparados pelas leis federais continuaram sendo abençoados pela atenção da gestora pública que bebe água doce como todas as outras que a antecederam? São diversas as perguntas que são feitas pelas pessoas comuns como eu e você que lê esse artigo e sabe que nem tudo Ifá pode “alafiar” ou Jesus Cristo testificar nesse momento. Como em Eclesiastes e como bem afirma pai Tempo, tudo tem o tempo certo de acontecer entre o céu e a Terra na capital baiana neste novo momento.

Sigamos em cortejo sagrado acompanhando os próximos passos que virão…

Patrícia Bernardes Sousa é yawo de Oxum do Terreiro Ilê Axé Ejigbo (Cajazeiras XI), jornalista, gestora e mobilizadora de projetos de Impacto Social e colunista do Portal Soteropreta.

 

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#Opinião: Os ensinamentos de Nossa Senhora Aparecida – Por Januário

Ana Paula Nobre

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januario
Foto: Divulgação

O dia infrutífero deixava João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia, tristes. Os três pescadores haviam tentado por várias vezes retirar das águas o seu sustento, mas, todo o esforço foi em vão. Contudo, um deles, ainda esperançoso, lançou a rede ao mar e ao retirá-la, identificou uma imagem de madeira negra, sem a cabeça. Lançando novamente a rede, a cabeça foi achada. Era Nossa Senhora da Conceição.

Daí por diante, os peixes encheram as redes dos pescadores. Compreendendo que foram abençoados, um deles levou a imagem para a casa. Entre rezas e graças atendidas, a devoção se espalhou, rápida e fervorosa. Nascia ali o maior culto popular do cristianismo brasileiro: a devoção por Nossa Senhora Aparecida. A fé se tornou tão ardente que em 1929, o Papa Pio XI proclamou Nossa Senhora, Padroeira Oficial e Rainha do Brasil.

Alguns detalhes na imagem encontrada pelos pescadores nas águas do Rio Paraíba do Sul nos convidam a uma reflexão profunda sobre o sentido de Nossa Senhora em nossas vidas. Todavia, antes de trazer esses aspectos, afirmamos o respeito a todas as crenças e não-crenças. O nosso objetivo é abordar a mensagem silenciosa trazida pela aparição: mesmo sem falar, a imagem de Nossa Senhora ensina muito. Feita em terracota, resultado do cozimento da argila no forno, a imagem nos transmite calor e conforto, tal qual a mãe que abriga o filho amado em seus braços. As mãos em prece remetem a humildade de quem sabe estar na presença de Deus.

Encontramos a meia lua sob os pés da Mãe do Mestre Maior: esse símbolo, retratação do Sagrado Feminino de Tempos Ancestrais, brilha para nós, através do Sol. Jesus, o Sol para nosso mundo, na mística cristã, emana a Sua vibração para Maria, a Lua Amorosa, iluminar o caminho daqueles nas trevas da noite dos extremismos, da ignorância, ainda tão escravizados aos pseudos prazeres que dilaceram a própria condição humana.

Negra e descoberta antes da abolição oficial do sistema escravagista, Nossa Senhora Aparecida nos convoca a destronar a branquitude e o machismo dos seus opressivos tronos. Sem dúvida, é obrigação diária contribuir para o surgimento de uma sociedade equitativa e firme no combate à discriminação racial e à desigualdade de gênero. Somos chamados pela Doce e Sagrada Mãe Aparecida, encontrada por pescadores, ao empoderamento de quem respeita as diferenças e se dedica a eliminar com luzes do conhecimento as trevas do ódio.

Armando Januário dos Santos é Trabalhador da Luz, Mestre em Psicologia, Psicólogo (CRP-03/20912) e Palestrante. Contato: (71) 98108-4943 (WhatsApp).

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