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Políticas

Movimento Mulheres Negras Decidem anuncia candidatas ao STF

Jamile Menezes

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Foto das três mulheres candidatas do movimento Mulheres Negras Decidem

 

Três juristas são indicadas na campanha Ministra Negra Já!, lançada pelo movimento Mulheres Negras Decidem (MND). A campanha quer sensibilizar a sociedade civil e a comunidade jurídica sobre a importância de haver mulheres negras ocupando cadeiras no Superior Tribunal Federal (STF).

A juíza carioca Adriana Cruz, a promotora baiana Lívia Sant’Anna Vaz e a advogada gaúcha Soraia Mendes são os nomes defendidos pelo movimento para assumir uma cadeira na alta cúpula do Poder Judiciário, com a saída da então Ministra Rosa Weber em outubro.

Se uma das juristas assumir o cargo, será a primeira vez que o Brasil terá uma mulher negra como Ministra do STF, em 132 anos de atuação do órgão. “Não se trata de representação, apenas. Nosso maior objetivo com a campanha é chamar atenção para um assunto que define a vida cotidiana da população brasileira. Enquanto o Poder Judiciário for formado majoritariamente por pessoas brancas, a aplicabilidade das leis será baseada no falso argumento de que ‘não existe racismo no Brasil’, e isso mantém pessoas negras em lugar de vulnerabilidade em todos os setores da sua vida social”, afirma Tainah Pereira, Coordenadora de Política do MND.

O movimento Mulheres Negras Decidem é uma organização da sociedade civil que qualifica e promove a agenda liderada por mulheres negras na política institucional, através da elaboração de pesquisas, dados e publicações. Conheça: mulheresnegrasdecidem.org.

“Ser uma mulher negra no sistema de justiça é ser uma exceção que confirma a regra de sub-representação, quase ausência, de mulheres negras nos espaços de poder e decisão no Brasil. O racismo naturaliza ausências e limita os nossos sonhos e propósitos individuais e coletivos. Por isso, até o momento, eu nunca havia me enxergado nesse lugar, como possível Ministra do STF. Assumir esse desafio de ter o meu nome considerado surgiu justamente da coletividade, dos movimentos sociais, o que muito me honra, não apenas pela necessidade de diversidade de gênero, raça e regional, mas pelo reconhecimento de uma longa trajetória de defesa dos direitos humanos e de compromisso com a democracia”, afirma a promotora de Justiça, Lívia Sant’Anna Vaz.

Sobre elas

Soraia Mendes – Jurista. Escritora. Advogada criminalista especialista em Direitos das Mulheres. Autora das obras “Criminologia Feminista: novos paradigmas”, “Processo Penal Feminista” e “Pacote Anticrime: comentários críticos à Lei 13.964/2019”.

Adriana Cruz – Juíza Federal no Rio de Janeiro. Doutora em Direito Penal. Professora da PUC-Rio.

Lívia Sant’Anna Vaz – promotora de Justiça no Ministério Público do Estado da Bahia,  coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação. Autora dos livros “A Justiça é uma mulher negra” e “Cotas Raciais”.

 

Políticas

 SOBEJO retorna às periferias da cidade contra as violências de gênero

Iasmim Moreira

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Sobejo

Após impactar comunidades com arte e escuta ativa nos últimos anos, o projeto SOBEJO – Arte e Empoderamento: As Vozes que Ecoam na Periferia retorna em sua segunda edição, com ações gratuitas entre os meses de julho e agosto, em bairros periféricos. A iniciativa, idealizada pela atriz e produtora Eddy Veríssimo e realizada por A Outra Companhia de Teatro, propõe uma jornada artística de conscientização e enfrentamento às violências de gênero por meio do teatro, audiovisual, poesia e mediação cultural.

A programação passa por bairros como Arenoso, Cajazeiras 5, Paripe e Uruguai, com uma série de atividades que incluem a exibição da websérie SOBEJO – Processo Indeferido, o monólogo teatral SOBEJO, saraus com poetas negras da periferia e debates sobre violência doméstica, feminicídio e empoderamento feminino. Todas as ações contam com acessibilidade em LIBRAS e audiodescrição.

“Nosso intuito é instigar reflexões sobre o empoderamento feminino e a urgência do combate às violências que ainda atingem tantas mulheres, sobretudo as negras e periféricas”, afirma Eddy Veríssimo.

Teatro como denúncia e acolhimento

No centro do projeto está o espetáculo solo SOBEJO, protagonizado por Eddy Veríssimo. A peça narra a trajetória de Georgina Serrat, mulher que enfrenta as múltiplas violências no ambiente conjugal — física, moral, patrimonial, sexual e psicológica. Com direção de Luiz Buranga, a montagem é um convite à denúncia, ao reconhecimento das dores e à reconstrução da dignidade.

A potência do teatro se soma à exibição da websérie “SOBEJO – Processo Indeferido”, composta por cinco episódios que abordam diferentes formas de violência de gênero, seguida de rodas de conversa e práticas de mediação cultural.

“A arte é uma ferramenta política de escuta, acolhimento e transformação. Seguimos mobilizando espaços em que as vozes femininas, especialmente da periferia, possam ser ouvidas, respeitadas e fortalecidas”, destaca Veríssimo.

Confira a programação gratuita

10/07 – Arenoso
Colégio Estadual Clarice Santiago dos Santos
 9h às 12h – Exibição da websérie SOBEJO: Processo Indeferido
15h às 17h – Sarau Poético

11/07 – Arenoso
16h às 18h – Espetáculo SOBEJO + Debate

24/07 – Cajazeiras 5
Casa do Sol Padre Luís Lintner
9h às 12h – Exibição da websérie
15h às 17h – Sarau Poético

25/07 – Cajazeiras 5
15h às 17h – Espetáculo SOBEJO + Debate

07/08 – Paripe
Colégio Estadual Barros Barreto
9h às 12h – Exibição da websérie
 15h às 17h – Sarau Poético

08/08 – Paripe
15h às 17h – Espetáculo SOBEJO + Debate

21/08 – Uruguai
Espaço Cultural Alagados
9h às 12h – Exibição da websérie
15h às 17h – Sarau Poético

22/08 – Uruguai
19h às 21h – Espetáculo SOBEJO + Debate

Foto: Elizabete Jesus de Araújo

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Opinião

Trançar é trabalho: o reconhecimento oficial é vitória, mas a luta continua

Iasmim Moreira

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Trançar

Em junho de 2025, o Brasil deu um passo histórico: a profissão de trancista foi oficialmente reconhecida na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), sob o código 5193-15. Isso significa que o Estado, através do Ministério do Trabalho e Emprego, reconhece, de forma tardia, que trançar cabelos é ofício, é arte, é cuidado, é economia viva. E mais do que tudo isso: é trabalho.

O reconhecimento representa uma conquista fundamental para milhares de mulheres, em sua maioria negras, que sustentam suas casas e comunidades com as mãos, os fios e os saberes ancestrais que atravessam gerações. Trata-se de uma reparação simbólica e política, que marca o início de uma nova etapa para essas profissionais: a da reivindicação por direitos reais.

Mas é preciso deixar claro: esse reconhecimento, apesar de histórico, não resolve os problemas estruturais enfrentados pelas trancistas no cotidiano. A informalidade ainda é massiva. A precariedade também.

Trançar é estar horas seguidas em pé, muitas vezes sem pausas, sem ergonomia adequada, sem alimentação garantida. É adoecer com dores musculares, tendinites, varizes e não ter acesso a atendimento médico regular ou benefícios trabalhistas. É trabalhar em casa, dividindo o espaço com filhos pequenos, improvisando berços ao lado da cadeira de trança. É ser artista, psicóloga, educadora — tudo isso num ambiente que raramente é chamado de “profissional”.

Além do desgaste físico e emocional, existe o estigma. Por muito tempo, a atividade foi vista como “bico”, “coisa de quem não tem estudo”, ou “trabalho informal de periferia”. Esse racismo estrutural que desvaloriza o fazer preto, que silencia os saberes afrocentrados, também se manifesta nas ausências do Estado: não há linhas de financiamento específicas para esses negócios, nem políticas de formação técnica acessíveis, nem políticas de saúde do trabalho voltadas à realidade dessas mulheres.

O reconhecimento na CBO precisa ser mais que um selo burocrático. Ele deve abrir caminhos para políticas públicas efetivas: acesso facilitado à formalização, capacitação profissional gratuita, inclusão previdenciária, incentivos para empreendedoras da beleza negra, cuidados com a saúde física e mental dessas profissionais. Precisa ser prioridade nos planos municipais e estaduais de economia criativa, de cultura e de geração de renda.

Também é hora de rever o que se entende por “profissão”. O saber que vem da oralidade, da prática cotidiana e da vivência comunitária precisa ser valorizado tanto quanto aquele que vem da academia. Os saberes se der trancista são ensinados de mãe pra filha, de amiga pra amiga, nas vielas, nos quintais e nos salões. E isso é educação também. Isso é conhecimento.

Reconhecer as trancistas é reconhecer o valor da cultura afro-brasileira, a potência das periferias e a força das mulheres negras que movem o país com suas mãos. É legitimar que fazer trança é mais que estética — é identidade, resistência e construção de futuro.

Hoje, o nome das trancistas está, enfim, no papel. Mas a dignidade do trabalho vai além da formalidade. Exige investimento, cuidado e respeito. Porque trançar é trabalho. E como todo trabalho, merece ser protegido, valorizado e vivido com dignidade.

 

Por Iasmim Moreira

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Políticas

“Rua Sinalizada” promove arte e acessibilidade em Libras

Iasmim Moreira

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Rua Sinalizada

Entre os meses de junho e dezembro, Salvador vai se tornar palco de ações culturais acessíveis com o projeto “Rua Sinalizada: Ações em Libras para uma cidade-ateliê”. A iniciativa do coletivo Rua Sinalizada leva às ruas da capital baiana uma programação gratuita que une arte, acessibilidade e protagonismo de pessoas surdas, pretas, mulheres, quilombolas, indígenas, LGBTQIAPN+ e pessoas com deficiência. Todas as ações contam com intérprete de Libras e audiodescrição aberta.

Idealizado pelos artistas Elinilson Soares, Cintia Santos, Daisy Souza Santos e Lucas Sol — integrantes da comunidade surda — o projeto nasce de uma inquietação coletiva sobre os direitos de acesso à cidade e à cultura. Desde 2021, o grupo desenvolve atividades que aproximam surdos e ouvintes por meio das artes visuais, da música e da convivência nos espaços públicos.

As ações do Rua Sinalizada se destacam também por suas placas sinalizadoras — que indicam os locais das intervenções, mas também se tornam elementos artísticos das atividades, estimulando o público a refletir sobre inclusão e comunicação nos espaços urbanos.

“O projeto ‘Rua Sinalizada’ representa um esforço significativo para promover a inclusão e a acessibilidade nos espaços urbanos através da arte, da cultura e da linguagem”, afirma Cintia Santos, integrante do coletivo. “Tem o potencial de transformar a maneira como vemos e interagimos com a cidade, tornando-a mais acolhedora e inclusiva para todos os seus habitantes.”

Confira a programação:

JUNHO

  • 07/06 (sábado), 14h – Espaço Cultural da Barroquinha
    Construção de Placas Itinerantes
    Participação da comunidade na criação de símbolos de acessibilidade.

  • 15/06 (domingo), 14h – Lagoa do Abaeté
    Piquenique Acessível com Oficina de Libras e Palestras ao Ar Livre

JULHO

  • 05/07 – Local a definir
    Menu Poético: cardápio com poesias em Libras e português para o público escolher.

  • 20/07 – Centro Histórico
    Janelas de Libras: relatos e histórias compartilhadas nas janelas da cidade.

AGOSTO

  • 02/08 – Parque da Cidade
    Mapeamento Afetivo: criação de mapas em folhas secas a partir da vivência no espaço.

  • 17/08 – Parque da Lapinha
    Improvisual: jogos de improviso com temas escolhidos pelo público.

SETEMBRO (Mês da Visibilidade Surda)

  • 06/09 – Porto da Barra
    Dissecando a Cena: criação coletiva de cenas e poesias com múltiplas linguagens.

  • 21/09 – Museu de Arte Moderna da Bahia
    Construção de Placas Itinerantes

OUTUBRO

  • 05/10 – Jardim de Alah
    Piquenique Acessível

  • 19/10 – Mercado Modelo
    Menu Poético

NOVEMBRO

  • 02/11 – Centro Histórico
    Janelas de Libras

  • 16/11 – Barra
    Mapeamento Afetivo

DEZEMBRO

  • 07/12 – Praça da Sé
    Improvisual

  • 21/12 – Museu de Arte Moderna da Bahia
    Dissecando a Cena

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