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#Opinião – Vamos Falar Sobre Masculinidades? – Por Sérgio Barreto

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Nos dias 01 e 02 de Setembro deste ano recebemos aqui em Salvador o evento “Uma Jornada Com Três Homens Pretos – Trauma, Ritual & a Promessa do Monstruoso”. Os 3 homens pretos, o professor e filósofo, Bayo Akomolafe, o mestre em pensamento sistêmico, Orland Bishop, e o escritor e terapeuta, Resmaa Menaken, objetivaram no encontro refletir com outras pessoas negras, questões como ancestralidade, cura e o futuro da população negra. Participei do primeiro dia, que foi voltado exclusivamente para homens negros, quando se trouxe, de forma visceral, o tema masculinidade para o debate.

Mas do que se trata o termo masculinidade?

Não temos como pensar masculinidade sem pensar nos estudos feministas sobre gênero. É importante desses estudos entendermos que a questão das desigualdades entre homens e mulheres não ocorrem a nível biológico, mas sim como resultado de processos socioculturais nos quais se determina os comportamentos associados à feminilidade ou à masculinidade.

Então o gênero é construído através de mecanismos e práticas culturais que reforçam o que determinados comportamentos são esperados por homens e outros por mulheres, ao mesmo tempo se invalida o que não diz respeito a essa construção. Isso constrói uma rede de privilégios aos homens, gerando dominação masculina. (VALÉRIO; CASTRO; FLORÊNCIO, 2022).

Então a masculinidade pode ser entendida como uma série de comportamentos, ideias, símbolos e sentimentos que constroem o caminho de categorização do indivíduo de acordo com o gênero.

Se constrói a partir de uma relação de poder construída na desigualdade de gênero (sexismo), mas também em relações de desigualdade de raça, etnicidade, sexualidade e geração, por exemplo. Sendo assim, essa masculinidade hegemônica padrão diz respeito a essas práticas que designam o que é esperado.

Connell (2013) sintetiza que o ideal esperado pra esse homem (a partir de uma visão eurocêntrica) é que seja heterossexual, cisgênero, branco, forte, rico, tenha sucesso e poder, esteja sempre no controle das situações, conquiste diversas mulheres, não demonstre muito as emoções e eu complemento: ser cristão, dentre outros atributos. Por aí já vemos um grande problema. E quem não se encaixa nesse perfil?

Gays, homens trans, negros e indígenas, que Kimmel (1998) chamou de masculinidades subalternas, não estariam incluídos na dita masculinidade hegemônica, sendo encarados como uma categoria inferior. Percebamos que o perfil citado reforça o poder de um grupo sobre as outras possibilidades de masculinidades.

Essa construção no imaginário coletivo sobre o que é ser um homem me faz pensar: e homem negro nessa sociedade marcada, construída pela colonização, escravidão, Cristianismo e patriarcado, como se configura?

Não temos como deixar de refletir principalmente no que o processo de sequestro e escravização fez ao povo africano. Destituídos de sua liberdade, cultura, crença e povo ficaram à mercê dos colonizadores.

O processo da diáspora e a sociedade escravagista determinou o lugar do negro usando como referência o branco colonizador. Seu lugar, o lugar da sua cor negra é o da inferioridade.

Frantz Fanon (1952), psiquiatra e ativista, afirmou que “O homem negro não é um homem”. A escravidão tirou do povo africano sua humanidade, colocando-o numa posição de animalização. Os corpos negros masculinos, assim como os femininos, foram objetificados no sentido de servir como força de trabalho, mas também servir sexualmente.

Teriam somente algum valor a partir de determinados padrões, que para o homem negro se resume, na maioria das vezes, ao tamanho do pênis e sua performance sexual.

Para se sentirem pertencentes, homens negros, indígenas, trans e outros corpos masculinos dissidentes buscam se aproximar dessa masculinidade ideal que é baseada no machismo. No entanto, ao tentar reivindicar esse espaço de proximidade, esbarram justamente na estrutura social que privilegia determinado grupo (brancos) e deslegitima o que vem de outros.

Julgamos, por exemplo, que fenômenos como o índice mais alto de homicídios de homens negros, maior número de suicídio de jovens negros do sexo masculino, de falta de comprometimento em assumir a paternidade, seriam por questões do negro ser menos comprometido afetivamente, mais violentos, vagabundos, marginais, irresponsáveis, quando devem ser lidos por um viés interseccional, principalmente pelo aspecto da classe.

Sobre os esforços que os negros fazem para “ser gente”, Neusa Santos (1982) no livro Torna-se Negro afirma que:

“Foi com a disposição básica de ser gente que o negro organizou-se para a ascensão, o que equivale a dizer: foi com a principal determinação de assemelhar-se ao branco – ainda que tendo que deixar de ser negro – que o negro buscou, via ascensão social, tornar-se gente”.

A psiquiatra Neusa Santos traz essa profunda reflexão sobre umas das estratégias que os negros tentam usar para se legitimarem. Porém, percebe-se que mesmo que ascendamos social e culturalmente nunca somos completamente aceitos pela sociedade patriarcal, racista, branca.

No encontro que citei no início do texto, dialogamos que é de extrema importância nos reconectarmos com nossa ancestralidade, com a história de nosso povo. Quando percebemos essa potencialidade, o poder de nossa história desde África; que não precisamos do machismo para nos legitimar; que as mulheres não precisam ser coagidas ou dominadas; que existem várias expressões dessa masculinidade e todas tem seu valor poderemos deixar de nos colocarmos a tentar nos legitimar usando o modelo da branquitude. A viagem não é de volta pra África mas sim para dentro de nós.

Se wo were fi na wosan kofa a yenki – Não é tabu voltar atrás e buscar o que esqueceu.

Provérbio Africano.

Sérgio Barreto é psicólogo, negro, gay e macumbeiro. Apaixonado por seres humanos.|sergio_psy@hotmail.com|@sergiobarreto_psicologo

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#Opinião: “E eu não sou uma criança?” Uma análise sobre a ausência de crianças negras de favelas na literatura por Aline Lisbôa

Ana Paula Nobre

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Demorei anos para compreender porque que não me encontrava nas literaturas infantis. Para além da ausência de representatividades, onde coelhinhos não ficassem pretos ao entrar em um balde de tinta, também sentia o distanciamento dos ambientes apresentados naquelas literaturas. Eu, que era uma menina negra, de comunidade, filha de pais e avós negros, oriundos dessa mesma comunidade, sabia que aquela infância, branca, colonial e elitizada representada nas literaturas infantis não era a minha.

Durante a infância no ambiente escolar, eu sentia um desinteresse muito grande pelas literaturas, que hoje com bastante transparência, explica-se pelo fato de que como a maior parte das crianças, eu iniciava a escolha e desejo de ler um livro através da linguagem não verbal, mensagens transmitidas pelas ilustrações daquela literatura. Insubmissa desde sempre, ao não me ver como criança, que aprende, que ensina, que convive e que é educada pelo viés psicoeducativo da literatura infanto-juvenil, recusava-me a ler e participar com engajamento, de tais atividades, das quais eu e o meu lugar não pertencia.

A ausência de crianças negras de favelas na literatura infantil tem uma mensagem excludente e muito profunda, sobre lugares. Considerando que a primeira lei da educação proibia pessoas negras de frequentar as escolas, a educação, feita para perpetuar modos de vida, que aqui no Brasil são coloniais, tenta negar os espaços das aprendizagens, academia e intelectualidade às infâncias negras desde sempre.

Assim, a estratégia de não representar essas crianças, bem como a potencialidades que existem nas favelas, é a manutenção do racismo estrutural, assegurando o privilégio de aprender com engajamento a um grupo social e negando aprendizagens sólidas e dialógicas a um outro grupo. Se a alfabetização é a forma de começar a ler o mundo, entende-se a existência de alguns “planetas” nessa cosmovisão literária, que deveria ser diversa, onde muitas histórias não são contadas, mas sim apagadas e controladas  pelo epistemicídio que atravessa as literaturas.

Quando pensou-se em uma única imposição de lugares para as nossas crianças, surgem autores e autoras negras compreendendo o ato político de contar as nossas próprias histórias. Pois agora, ainda que com poucas literaturas, as favelas, marginalizadas e estereotipadas pela sociedade, já fazem parte de uma luta contra o apagamento literário das nossas crianças da comunidade.

Como educar através do imaginário construído nas literaturas, a nós, que também somos crianças, se não estamos ali?

Como educadora e escritora enraizada em uma periferia, digo-lhes, que a poesia do slam, rodas de freestyles, assim como das ladainhas de capoeira e rodas de samba, calçaram a minha escrita, poética ou não, mas sobretudo a representatividade do eu-lírico que proponha-se a contar sua própria história, me fez alçar a escrita com mais propriedade. Há muita potencialidade, assim como fragilidades a serem contadas por nós, para os nossos.

O ouvir e aprender periférico nos distancia da perspectiva de quem somos, através do olhar do colonizador. Crianças negras precisam de representatividades positivas dentro de uma perspectiva construtiva, mas sobretudo, decolonial. As infâncias são diversas, mas todas urgem a descolonização literária das histórias, e falar de favelas nas literaturas, é descolonizar as escritas.

Aline Lisbôa é mulher, negra, nordestina, mãe, educadora antirracista, consultora de diversidade, equidade e inclusão, pedagoga, psicopedagoga e pesquisadora, além de articulista e escritora.

 

 

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#Opinião: Como experimentar relações sexuais positivas? – Por Januário

Ana Paula Nobre

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Já se sentiu drenado e em confusão mental, após ter relações sexuais? Do ponto de vista espiritual, isso ocorre porque somos seres cósmicos, com espírito, alma e corpo. Vibramos em padrões energéticos diferentes, portanto, todas as nossas interações com outras pessoas são trocas de frequências energéticas. Em outras palavras, nossa energia – sexual, inclusive – se mistura à da outra pessoa. Por isso, é útil tomar determinados cuidados, se queremos trocas sexuais que agregam positividade.

A energia sexual tem origem no Swadhistana, nome hindu para o chakra sexual, localizado abaixo do umbigo, até o sacro, osso triangular da base da coluna vertebral. Durante o ato sexual – casual ou em um relacionamento estável – através dos chakras, entrelaçamos espírito, corpo e alma. Esse fenômeno possibilita a criação de um cordão energético, e, com ele, o estreitamento dos laços entre os corpos espirituais. Esse processo pode nos impregnar com a energia da outra pessoa e vice-versa, levando, no mínimo, seis meses para se desfazer.

Contudo, em situações violentas, como estupro, o cordão energético pode continuar por anos, repercutindo de maneira negativa e dificultando a nossa iluminação espiritual. Por esse raciocínio, percebemos a covardia moral na atrocidade do estupro e compreendemos que as leis humanas refletem, mesmo imperfeitas, o nosso caráter divino, ao penalizar estupradores. Em paralelo aos prejuízos psicológicos, encontramos no estupro um ataque energético, que revela a corrupção moral dos autores dessa barbárie.

Neste respeito, compreender o sentido maior ligado ao conceito de cultura do estupro – na qual os meios de comunicação fomentam e enfatizam violências múltiplas contra as mulheres, objetificando os seus corpos – nos ajuda a compreender que aos prejuízos causados contra os corpos de quem é violentado, opera a violência espiritual de sujar o campo energético das vítimas.

Contudo, para além dos estupros, nossa aura também pode ser intoxicada em intercursos sexuais feitos com irresponsabilidade. Sexo é uma necessidade orgânica, mas, sobretudo, uma afirmação do nosso caráter divino, logo, buscar nessas relações, a reciprocidade do prazer sexual, utilizando nossos corpos para erotizar o outro, promove o bem-estar, a saúde mental e o contentamento. Isso harmoniza os chakras das pessoas envolvidas e gera uma psicosfera que potencializa a intimidade e o gozo. Devemos lembrar que a energia sexual é poderosa e quando utilizada para a satisfação mútua, potencializa o deleite, durante e mesmo após o enlace, contribuindo para que as pessoas se sintam acolhidas.

Longe de estabelecer um modelo ideal para as condutas sexuais, devemos levar em conta as subjetividades da outra pessoa com quem temos tal intimidade. Isso funciona como uma espécie de preservativo energético: utilizar o próprio corpo para colaborar com o orgasmo do outro demonstra respeito e empatia, que, além de aumentar a probabilidade da união cósmica, também previne contra a ação de larvas astrais.

Quando, durante o sexo, levamos carinho e cumplicidade, evitamos o surgimento de criações mentais, causadoras de insônia, cansaço e frustração. Em termos simples, o que pode ser melhor? Ser egoísta ou altruísta? Ir para a cama visando apenas o próprio prazer ou contribuir para que, independente de compromissos pautados por uma moral sexual dita civilizada, haja generosidade e troca?

Talvez na história do Ocidente, nunca tenha se falado tanto sobre sexo. Por outro lado, a frustração com esse tema nunca tenha sido tão alta: a pesquisa Love Life Satisfaction, realizada pelo Instituto Ipsos, em fins de 2022, revelou que a população brasileira tem um nível de satisfação sexual em 60%, 3 pontos percentuais abaixo da média mundial. Pouco ou nenhum diálogo e falta de conhecimento sobre o próprio corpo são os principais motivos listados pelos brasileiros. De fato, sem comunicação, como é possível desfrutar do sexo com plenitude? Como é possível ser positivo sexualmente, sem conhecer o corpo físico, mental e espiritual?

Enquanto a ideia comum sobre o ato sexual se restringir a uma mera descarga de hormônios, o aumento da insatisfação será cada vez mais provável. Por outro lado, quando compreendemos a nossa natureza espiritual, percebemos o aspecto transcendente desse maravilhoso Jardim das Delícias, que nos aproxima do Sagrado.

Armando Januário dos Santos é Taroterapeuta de O Baralho de Maria Padilha, Mestre em Psicologia e Palestrante. WhatsApp: (71) 99278-9379 / Instagram: @tarot.maria.padilha

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#Opinião: 2025: Conselhos do Tarot Maria Padilha – Por Januário

Ana Paula Nobre

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Januário
Foto: Divulgação

O ano de 2025 é regido pelo resultado do somatório 2 + 0 + 2 + 5 = 9. Temos o número 2 se repetindo e a presença do número 5, além do próprio 9. O que esses arcanos representam? Afinal, como será 2025? Encontramos as respostas nas Lâminas de Maria Padilha.

Em julho de 1997, A Senhora da Magia[1] comunicou a Eliane Arthman[2], através de projeção astral, as 36 cartas do Seu tarot. Se manifestava, então, o Tarot Maria Padilha, com o verso preto e cores marcantes – vermelho, dourado e branco – para gerar impacto visual e promover a cura interior. Essas foram exigências da própria Dona Padilha: o Seu tarot é terapêutico, preciso e objetivo; cada lâmina orienta para O Caminho da Luz.[3]

Através da Carta 2 – O Lápis – Maria Padilha revela a necessidade de aprimorar a nossa capacidade de expressar ideias. Em paralelo, somos convocados a estudar e planejar a vida, para que novidades interessantes aconteçam. A repetição do número 2 em 2025 traz ênfase para esse chamamento: estruturar ideias, com planos estabelecidos e metas bem traçadas.

Na Carta 5 – As Moedas – temos a Lei da Atração. Aqui, Dona Padilha mostra a importância de vibrar no Positivo, para acessar a riqueza espiritual e material. Amar sempre, praticar a gratidão, evitar fofocas, meditar, perdoar e ouvir músicas de alta vibração, são hábitos a desenvolver durante o ano. Pobreza de espírito e crenças limitantes atraem prejuízos, logo, devemos evitar frequências empobrecidas, porque elas trazem consigo presenças espirituais negativas.

Quem estuda e planeja a própria vida dificilmente terá tempo para se intrometer na vida alheia. Percebemos, nesse ponto, a relação entre as cartas 2 e 5: organizar o cotidiano sempre é favorável, seja por dar forma aos nossos objetivos, seja por estabelecer distância daquilo que pertence aos outros, e, portanto, não nos diz respeito.

Por fim, a Carta 9, se apresenta como mensagem central para 2025: uma poltrona na cor preta, vazia, como se estivesse abandonada, pois parece velha e empoeirada. Aqui, Maria Padilha, Espírito de Luz, incentiva a encerrar ciclos o mais rápido possível. Devemos aceitar o passado como um instante de aprendizagem para o crescimento espiritual: a poltrona talvez tenha sido confortável por algum tempo, porém, chegou o momento de abandoná-la e cultivar nobres valores. Sobretudo, precisamos nos abrir ao novo, deixando aquela poltrona – com velhos hábitos empoeirados – de lado, para seguir firmes, rumo à prosperidade e abundância.

2025 é um ano de encerramentos. Será necessário “morrer” ante determinadas questões, para, daí, renascer e caminhar por novas estradas. Deus, através do Mestre Jesus, na figura de Dona Maria Padilha nos abençoe e proteja para viver esse ano com coragem, verdade e paixão! Laroyê, Pombogira!

[1] Atributo pelo qual a Pombagira Dona Maria Padilha também é conhecida. Existem outros, a exemplo de Dama da Madrugada e Rainha da Encruzilhada. Mais informações sobre as Pombagiras, ou Pombogiras, são encontradas em dois artigos escritos por mim e publicados no Portal Soteropreta: Quem são as Pombagiras? (https://portalsoteropreta.com.br/2024/05/20/opiniao-quem-sao-as-pombagiras/) e Quem são as Pombagiras? Um mistério revelado (https://portalsoteropreta.com.br/2024/06/04/opiniao-quem-sao-as-pombagiras-um-misterio-revelado-por-armando-januario/)

[2] Cantora e compositora, Eliane Arthman é oraculista há várias encarnações. Ela também recebeu outras comunicações do Plano Espiritual e manifestou os Tarôs de Dona Sete e Seu Zé Pelintra.

[3] As informações neste parágrafo são resultado da minha aprendizagem junto a plataforma de e-learning Ûdemy, na qual realizei a formação O Baralho de Maria Padilha. Aproveito para expressar gratidão à Professora Lua Cigana.

Armando Januário dos Santos é Taroterapeuta do Baralho de Maria Padilha, Mestre em Psicologia e Palestrante. Instagram: @tarot.maria.padilha / WhatsApp: (71) 99278-9379

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