Dança
Campêlo Cia de Dança estreia espetáculo ORI-Ô
Criada pela dançarina, professora e coreógrafa, Tatiana Campêlo em 2007, a Campêlo Cia de Dança chega aos palcos do Teatro Gregório de Mattos, em Salvador, para a estreia do espetáculo ORI-Ô, que conta a história de uma luta ancestral inspirada nas relações de sobrevivência, trazendo uma crítica referente às questões da identidade preta na sociedade. A apresentação única será dia 6 de abril, às 19h, só para convidados. Mas haverá sorteio de ingressos no Instagram da Cia (@campelociadedanca e @campeloafrodance).
A obra aborda a construção de relações a partir da espiritualidade como um todo, tendo foco na conexão do ancestral com o atual, e o arquétipo dos orixás das religiões de matriz africana afro-diaspóricas.
Através da formação das cabeças (ori), o espetáculo busca trilhar caminhos a partir da espiritualidade, trazendo a essência do equilíbrio e o cuidado e promovendo a conexão ancestral a partir da crença e da fé enquanto conscientização.
“Trazemos aos intérpretes uma conexão espiritual e artística, partindo da dança afro contemporânea como base de pesquisa, através dos cheiros e energias. Trabalharemos o arquétipo de orixás como forma de conscientizar e falar mais sobre nossa saúde mental através das movimentações, fazendo narrativas de corpos que são guiados por uma potência diaspórica”, diz Tati Campêlo.
Ela busca mostrar, nessa obra, a importância do cuidado com o seu eu, fazendo uma leitura do quão é necessário o equilíbrio mental. Dessa forma, através da dança afro contemporânea com base na religião de matriz africana, o espetáculo ORI-Ô vem como forma de mensagem e conscientização para a sociedade.
“…mostrando que, acima de tudo, a fé está presente em todos os lugares, e o quão é ancestral o sentir das divindades presentes em tantas vidas”.
A Companhia
A Campêlo Cia de Dança foi criada em 2007 por Tatiana Campêlo, inicialmente com alunos do Curso Profissional em dança da Escola de Dança da Funceb, grupo de artistas de experiências diferenciadas, que se apoiavam na ideia de experimentações. A coreógrafa mobilizou ações de pesquisas nas quais a Cia tomou novas formas, com outros corpos, dando continuidade às atividades e montando o atual espetáculo “ORI-Ô”, que surge como um marco para a retomada dos trabalhos.
Artes
Lunna Montty é confirmada no Festival Frequências Preciosas
Lunna Montty, DJ convidada por Beyoncé a fazer o DJ set do Club Renaissance Salvador, é mais uma atração confirmada do Festival Frequências Preciosas. Em sua primeira edição, no dia 28 de setembro, o evento traz a DJ para animar o público na Praça dos Coqueiros, Piatã, a partir das 16h. O projeto tem patrocínio da Natura Musical e do Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda.
Coreógrafa e dançarina, Lunna Montty performou em festivais como o The Town e já trabalhou com artistas de grande porte como Iza, Gloria Groove e Psirico. Mas não só das artes ela é conhecida: também é modelo. Em sua carreira, desfilou nas passarelas do São Paulo Fashion Week, Afro Fashion Week e foi a primeira travesti a estampar uma campanha de moda em Salvador.
Lunna alcançou os holofotes mundiais em dezembro de 2023 com sua participação no Club Renaissance Salvador, evento de estreia do documentário homônimo da mega-star Beyoncé. A artista, que era a diretora artística e criativa do evento, foi elogiada e convocada pela Queen B para fazer o DJ set mais importante da noite, sua maior realização enquanto DJ.
“Bom, eu sempre falo que o meu set é sempre elevar um outro local de musicalidade, né? Sempre tento o máximo elevar questões e musicalidades de pessoas pretas, como Afrobeat, Afrohaga, Dancehall. Além disso também performo, então eu atribuo set a um processo do que eu faço também, que é a minha arte, minha dança. Vou levar um pouquinho disso para esse evento tão incrível, tão importante. Eu acho que tudo é um lugar de caminhos, e sempre tentei levar esses caminhos pretos para o meu set, um pilar de todo o processo”, diz Lunna.
Além de Lunna Montty, quem marca presença no Frequências Preciosas é Miss Tacacá, DJ de Belém do Pará conhecida por seus sets de Tecnobrega e Funk. Ela traz em seu set sonoridades nortistas a travestilidade amazônica, transfigurando o estilo brega com características típicas da cultura periférica paraense.
SERVIÇO:
[Música] Festival Frequências Preciosas terá Lunna Montty(1ª edição)
Data: 28/09/2024
Horário: a partir das 16h
Entrada: gratuita
Local: Praça dos Coqueiros de Piatã – Av. Octávio Mangabeira – Piatã, Salvador – BA
Endereço: Av. Octávio Mangabeira, 11988 – Piatã, Salvador – BA, 41610-160
Dança
Bailarina Maju Passos apresenta solo “Dona de Si” na Alemanha
A performer e bailarina baiana, Maju Passos, apresentou o espetáculo de dança “Dona de Si”, nos dias 31 de agosto e 01 de setembro, em Berlim, na Alemanha, dentro da programação do festival internacional de arte site-specific ONSITE, no Museum Kesselhaus Herzberge. A obra é um solo para se reconhecer e se permitir ser inteira.
As apresentações integram a Residência Artística Interdisciplinar do Festival, em que 20 artistas de diferentes nacionalidades, entre eles Maju Passos, desenvolvem trabalhos interativos em colaborações transdisciplinares. Vale pontuar que, o Museum Kesselhaus Herzberge já abrigou um dos mais importantes complexos hospitalares e psiquiátricos alemão, inaugurado no final do século XIX. Hoje, reformado, se tornou um complexo para exposições e outras apresentações artísticas.
“Uma das coisas mais interessantes dessa residência no ONSITE é que ela nos provoca reverberar esse intercâmbio em nossas pesquisas e obras. As trocas têm sido bem potentes e tenho sentido os atravessamentos no meu corpo de mulher negra, mãe solo e brasileira, nesse solo estrangeiro e isso, com certeza, irá reverberar no estágio corporal da minha performance. Mas, Dona de Si é também sobre esse estágio de metamorfose, é sobre me questionar dentro desse complexo”, ressalta Maju Passos.
“Dona de Si” faz parte da pesquisa de mestrado da artista, no Programa de Pós-Graduação em Dança da UFBA (PRODAN), que aponta a maternidade como dispositivo de criação e identifica a dança quanto uma tecnologia ancestral de conexão com o próprio corpo, com a própria história.
Bufalá
Com direção artística de Edileuza Santos e assistência de Sueli Ramos, “Dona de Si” tem como inspiração o itan “Oyá transforma-se em Búfalo” do livro “Mitologia dos Orixás”, do autor Reginaldo Prandi, e o livro “Tornar-se negra”, de Neusa Santos Souza, e dança o caminho de poderamento percorrido por Maju Passos após a maternidade para reconhecer-se.
No itan citado acima, Iansã deixa a sua pele de búfalo escondida para passear como mulher, ao voltar não a encontra e se sente perdida. Neste momento, encontra Ogum, que jura amor e promete cuidado. Eles casaram. Mas, o que Matamba não sabia era que Nkosi tinha a pele dela na mão. Vale lembrar que, a pele é o nosso maior órgão, nele toda a nossa vivência é registrada.
Maju complementa que socialmente a “nossa pele de búfala geralmente está sob a custódia de quem deveria nos proteger, de quem nos promete amor. Se eu pego de volta o que é meu, não compactuo mais ao que está estabelecido para a manutenção de uma ‘ordem social’ que não tem espaço para a mulher que sou”.
Trajetória
Importante pontuar que, as primeiras células performativas de “Dona de Si” foram criadas e apresentadas dentro do próprio festival “ONSITE”, através de residência artística ocorrida em 2023. Na ocasião, a performance apresentada foi intitulada “Owner of Herself” e ocorreu dentro do Brucke-Museum. Agora, as células já ganharam corpo em estado constante de metamorfose.
A obra é também um espetáculo continuidade de uma série de montagens produzidas desde em 2019, como “Donna”, um solo que coloca o corpo no limite a fim de responder de onde vem sua dor; “À Vista”, performance solo para eternizar o amor no corpo; “Funda” (2020/2021), um experimento de olhar e buscar, voltar para pegar o esquecido, abandonado ou roubado; o filme “Evocar” (2021), um convite para evocarmos nossos desejos de dentro; e “Passos” (2022), vídeo performance sobre uma mulher que busca na natureza um lugar de conexão para se libertar.
Dança
Iara Cassano oferece aulas de samba no pé em Salvador
A dançarina e coreógrafa, Iara Cassano, passista do Salgueiro, traz à Salvador, pela primeira vez, o projeto de intercâmbio cultural AfroConexão Rio X Salvador, promovendo trocas de aprendizados entre as culturas afro-carioca e afro-baiana. A programação acontece na Casa de Cultura SoMovimento, com aulas de samba no pé “Vem Sambá Iaiá”, de quinta (29) a sábado (31). Além disso, ela apresentará um fragmento de seu espetáculo solo “Em Gira: Ela Encruzilhada”, a qual intitula “Encruzilhada: A Passista”, nos sábados 24 e 31, no evento ArtEmCena. Iara também participará das diversas atividades e aulas oferecidas pela casa.
O projeto de aulas de samba no pé “Vem Sambá Iaiá” iniciou em 2020, realizou turnês por cidades da França, Alemanha, Itália e Cabo Verde. Atualmente, reside no Centro Cultural Fundição Progresso na Lapa, no Rio de Janeiro, e já recebeu mais de 600 alunas. Agora em Salvador, as aulas serão gratuitas para moradores; é solicitado apenas a contribuição de algum material para a manutenção da limpeza da Casa. Para pessoas de fora, R$100 (curso completo), R$50 (apenas uma aula). As aulas são destinadas tanto para quem já tem experiência quanto para iniciantes.
“Vem Sambá Iaiá” propõe uma experiência de autoconhecimento através da conexão com a ancestralidade do samba, a partir de uma metodologia própria. “Nas aulas compartilho minhas vivências nas encruzilhadas do samba, desde as rodas de samba do quintal da minha avó, passando por jongos e terreiros guiados por malandros e pombagiras, até chegar ao universo do carnaval das escolas de samba”, explica Iara.
O projeto Casa de Cultura SoMovimento, idealizado e produzido por seus diretores e fundadores, Nei Sacramento e Vera Passos, tem acolhido, ao longo de seus cinco anos, grandes artistas da dança e da música, criando um espaço de trocas culturais e artísticas. Vera Passos, diretora do projeto, destaca a importância da chegada da artista carioca: “Com Iara Cassano, teremos mais um momento para mergulhar em nossas histórias, nutridas pelas ancestrais. Será uma troca de saberes, um fortalecimento da comunidade e uma oportunidade de compartilhar conhecimentos herdados da família. Ela traz uma trajetória dançante profundamente enraizada nas práticas de seu pai desde a infância. Sua colaboração será fundamental para os processos de formação continuada e diversificada que a Casa de Cultura SoMovimento se compromete a oferecer como missão.”
Durante sua estadia, Iara também apresentará um fragmento de seu espetáculo “Em Gira: Ela Encruzilhada”, que já circulou pelo Rio de Janeiro, Turquia, França e Cabo Verde. A performance questiona padrões impostos pelo sistema racista e patriarcal acerca do corpo afro-carioca da passista, a partir da combativa desobediência da Pombagira. Além de discutir o samba através de Exú, com um corpo que vibra as potências da imprevisibilidade e se faz estratégia de resistência e sabedoria ancestral, como nos ensina a poética das encruzilhadas. “Através de mitologias pessoais, compartilho as buscas por caminhos (encruzilhadas)”, conta a passista.
Ela também participará das atividades oferecidas pela Casa de Cultura SoMovimento, como ‘Diálogos em Corpo Terreiro – Orixá’ com Vera Passos, ‘Danças de Bloco Afro’ com a Rainha Vânia Oliveira e ‘Dança de Reis e Rainhas de Blocos Afro’ com Gisele Soares, enriquecendo sua própria pesquisa e prática artística. “As culturas afro-cariocas e afro-baianas têm uma profunda conexão e essa vivência contribuirá para um entendimento mais completo da nossa ancestralidade e história”, destaca.
Nascida em uma família de sambistas de Guadalupe, Iara Cassano traz desde a infância corporeidades sincopadas nas brincadeiras de improvisos nas rodas de samba no quintal da Vovó Eminha. Em busca por caminhos que honrem sua ancestralidade, em 2008 decide voltar sua pesquisa artística para as diferentes manifestações da cultura afro-carioca, como Samba de Gafieira, o Jongo, Samba no Pé e o carnaval de rua e da avenida. É artista em multilinguagens, Bacharela em Dança pela UFRJ, atualmente integra a premiada ala de passista G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro, é coreografa no Bloco Amigos da Onça, Dançarina do Cantor Diogo Nogueira, cantora e compositora na Banda Flor de Manacá.
O intercâmbio cultural faz parte do projeto AfroConexão Rio X Salvador, idealizado pela dançarina Iara Cassano, selecionado pela Fundação Palmares para a Bolsa Mobilidade Cultural Afro-Brasileira.
SERVIÇO:
AULAS DE SAMBA NO PÉ
Data: 29 a 31 de Agosto
Local: Casa de Cultura SoMovimento
Endereço: Rua Democrata, 21, Dois de Julho
Horários:
Quinta-feira de 16h30 às 18h00
Sexta-feira de 18h30 à 20h30
Sábado de 10h às 11h30
Valores para pessoas que não são de Salvador:
R$100,00 – Curso completo (3 aulas)
R$50,00 – Uma aula avulsa
APRESENTAÇÃO “ENCRUZILHADA: A PASSISTA”
Data: 24 e 31 (aos sábados)
Horário: Sempre às 20h
Local: Casa de Cultura SoMovimento
Mais informações:
21 996329297